33: Depois de Salvarem um Mundo - Capítulo 248
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- Capítulo 248 - Septuagésima Página do Diário - parte 2
Septuagésima Página do Diário – parte 2
Valquíria é uma das pessoas mais calmas que eu já conhecia, nem mesmo toda a minha experiência em ser irritante foi suficiente para causar uma fazido de testa mínimo, enquanto Catarina era como um pinscher raivoso depois de três dias de fome.
No momento em que fiz uma gracinha a comparando com uma miniatura do Hulk, Catarina arremessou metade de uma carroça em minha direção, o que foi bastante incômodo, uma vez que, com a minha visão bloqueada, ela e Valquíria podia me atacar pelos flancos ou diretamente.
E como sempre, na dúvida, faço o mais inesperado.
Me agarrei à carroça partida e, enquanto voava, girei por cima. Tinha conseguido ganhar distância ao preço de um pouco de dor nos braços e na caixa toráxica. Lembrando que meu objetivo nunca foi lutar com elas, e sim sabotar o carregamento de suprimentos para os inimigos.
Mal pude sentir o chão firme sob meus pés e outros destroços voavam em minha direção. Dessa vez estava longe o suficiente para juntar o Rancor em uma lâmina longa e partir para o contra-ataque.
Todos os sobreviventes, com exceção de mim e das duas heroínas, estavam espalhados pela campina ao redor da zona de luta a uma distância segura. Não consegui ver se Shiduu e Surii estavam em segurança, no entanto, não tive tempo de ter certeza.
Uma chuva de pedaços metálicos pontiagudos e extremamente afiados começou a cair, me obrigando a transformar minha lâmina de rancor em um guarda-chuva. Não foi rápido o suficiente, muitos fragmentos conseguiram rasgar minha armadura fina de Rancor e me ferir.
Não foram ferimentos profundos, apenas arranhões chatos e que doíam um pouco. Me irritava ter sofrido ferimentos tão bestas no meio de uma luta onde eu poderia matar ou morrer, então percebi que minha morte poderia não estar muito longe.
Os pedaços de metal começaram a flutuar e girar ao redor de mim, a cada segundo aumentando a velocidade, e com isso, a capacidade de corte. Aquilo era coisa de Valquíria, que nunca teve a intenção de me acertar para valer com a chuva de metal, apenas queria me prender no meio de sua armadilha mortal.
Bem pensado, eu confesso.
E era por isso que eu não gostava de pessoas como ela: calma e analítica. Tinham sempre um plano para o caso o plano anterior desse errado, e estavam dois passos à minha frente, enquanto eu não era o melhor quando o assunto era planejar.
Sabia que tinha que focar tudo na minha defesa, então me cobri por inteiro com uma armadura de Rancor sem aberturas, o que me deixou protegido dos pedaços de metal rodopiantes que insistiam em me atingir.
Minha mobilidade havia sido reduzida, e isso era 50% do meu potencial de luta. Pelo menos a baixinha da super força não teria como me alcançar enquanto eu estivesse sob ataque.
O maior problema era ficar sem ar depois de um tempo, já que o máximo que eu conseguia prender o ar era em torno de três minutos. Engraçado pensar que não foi isso que me abalou, e sim o soco na altura do estômago que mais parecia que eu tinha levado um tiro de canhão à queima-roupa.
No meio da adrenalina eu esqueci que a Catarina era invulnerável, além de ter super força. Se não fosse a armadura reforçada de Rancor, eu teria sido rasgado ao meio com aquele soco.
Enquanto recuperava o fôlego e tentava controlar o Rancor em forma de névoa, percebia que a roupa de Catarina tinha alguns rasgos, o que mostrava que ela não tinha blefado quanto a ser invulnerável.
Entendi que ela e Valquíria formavam uma boa dupla, com uma atacando de longe para restringir meus movimentos enquanto a outra partia para o soco sem medo de ser atingida.
Ainda não tinha visto dois heróis atuando em tamanha sincronia, e olha que vários deles já tinham tentado me matar. Restar a capacidade delas de lutar em conjunto não tirava o risco de morte que eu estava correndo.
Lembrei mais uma vez de Shiduu e Surii, torci que elas estivessem bem.
O truque para vencer era atacar a que fosse mais fraca na defesa, ou seja, Valquíria. Até porque bater de frente com Catarina era uma burrice, e eu não era idiota o suficiente para ir para o suicídio.
É óbvio que elas estariam esperando um ataque na retaguarda, ou não assumiriam uma estratégia tão ousada. Cabia a mim encontrar uma brecha na formação delas, o que estava difícil com Catarina sempre à minha frente, arremessando coisas à meia distância e tentando me acertar à curta, enquanto Valquíria mandava pedaços de metal afiados pelos pontos cegos.
O que eu precisava era criar um ponto cego igualmente bom e de forma natural. A névoa de Rancor serviria, eu só teria que fazer de forma inesperada ou elas poderiam encontrar uma forma rápida de reverter a situação.
A melhor oportunidade seria irritando Catarina.
— Do que adianta tanta força se não consegue me acertar uma? — perguntei de forma debochada.
Foi naquele exato momento que entendi porque os soldados não interferiram na luta: Uma carroça apareceu na minha frente tão rápido que eu nem sei de onde veio, me arremessando algumas centenas de metros para fora da estrada.
Doeu muito, mas era o que eu queria.
Enquanto estava preso debaixo das ferragens, longe das minha oponentes, liberei o máximo de Rancor que consegui e criei um par de manoplas reforçadas, o restante do poder eu deixei em forma sólida debaixo da carroça.
Minha vontade era desistir e ficar ali, deitado naquela grama macia. Para falar a verdade, eu não tinha necessariamente nada contra as duas, inclusive, já tinha concluído meu objetivo e se não fosse pela vontade delas de me matar, eu não tinha motivos para lutar.
Mas era a minha sobrevivência que estava em jogo, e precisaria mais uma vez, como em tantas outras, usar o poder do Rancor para sobreviver. Não sei o que seria de mim se não fosse esse poder.
Se eu não fosse rápido em liberar o poder, não teria sobrevivido, já que Catarina usou a força das pernas para se arremessar em cima de mim com um soco preparado para me enterrar ali mesmo. E sem ter tempo para pensar, retribuí com um soco coberto por puro Rancor.
Nossos punhos se chocaram gerando uma onda de impacto com um estrondo ensurdecedor. Senti meu pulso doer muito e a manopla ser danificada, no mesmo instante esquivei e transformei todo o Rancor restante em vapor, me jogando debaixo da carroça destruída.
Enquanto Catarina se recuperava da queda bruta e tentava visualizar algo, criei uma armadura com mais ou menos a minha forma e fiz se mover pela névoa, chamando a atenção da baixinha, enquanto rastejava tentando não fazer barulho para o mais longe possível.
Estava cansado e agora o punho doía demais, precisava acabar com aquela luta logo ou seria o meu fim em breve. Conforme Catarina começou a tentar acertar a armadura-isca, corri na direção oposta visando atacar Valquíria.
Quando achei que estava longe o suficiente de catarina, atraí toda a névoa de Rancor para minha direção, sendo cuidadoso para usar um pouco em torno de mim, como uma armadura leve, protegendo os órgãos vitais.
O restante do poder eu moldei em uma lança, segurando com a minha mão que doía mortalmente, usei toda a minha força para arremessar em direção a Valquíria, corrigindo a trajetória e a velocidade com o meu domínio do Rancor.
A heroína dos metais atraiu várias peças das carroças em volta para criar uma escudo improvisado, mas fui rápido em dividir a lança em duas faltando pouco para atingir o escudo, atacando ela por ambos os lados.
Ao mesmo tempo, ouvi um grito de ódio atrás de mim e, quando me virei, vi a Catarina prestes a me acertar.