3552 Sem Memórias - Capítulo 9
A tensão do início da batalha ressurgiu, principalmente do lado da Caveira, onde Épsilon demonstrava uma concentração superior à do seu adversário.
— Qual é o seu codinome? Quero saber quem vou derrotar hoje — disse o membro da Caveira.
— Épsilon. E você? — Ele estalou os dedos, encarando o inimigo com um sorriso.
— Não tenho codinome, apenas um número. Sou o número 065.
— Então, vamos começar. Estou começando a ficar impaciente.
— Estou esperando você me atacar para começarmos a luta.
— Se é isso que deseja. — Épsilon avançou com velocidade total para atacar seu oponente, desferindo um chute no rosto e continuando seus ataques sem hesitar.
O rosto de 065 começou a sangrar com a ferocidade dos ataques, apesar disso ele se manteve consciente. Após o oitavo ou nono chute, ele contra-atacou com um agarrão na perna do oponente e o jogou para longe. Épsilon com uma bela acrobacia caiu de pé no chão. 065 limpou o rosto e elogiou o seu adversário:
— Espetacular, normalmente bastam dois golpes para que eu aprenda os movimentos do meu inimigo.
Épsilon tentou outro ataque, mas foi facilmente detido por 065, que aproveitou uma abertura para desferir um gancho de direita.
— Um golpe não funciona duas vezes comigo. Posso prever os seus movimentos.
— Percebi. — Épsilon cambaleou um pouco zonzo pelo golpe. — Essa é a sua habilidade adrenalix? Previsão?
— Se eu conheço o meu inimigo, posso vencer qualquer batalha, você não pode me acertar mais.
Épsilon avançou novamente, desviando dos ataques de 065 e saltando sobre ele com grande força, desferindo um chute. 065 caiu com o impacto, enquanto Épsilon permanecia de pé.
— O que foi? Não consegue desviar do que não conhece? — zombou ao olhar o adversário caído.
— Também posso ganhar uma batalha de atrito, seus golpes não são infinitos e uma hora ou outra irei descobrir todos. — Ele se levantou do chão e limpou o sangue que escorria pelo nariz e boca.
— Não comemore antes da hora.
065 iniciou uma série impressionante de socos e chutes, ganhando vantagem na luta. Épsilon tentava se esquivar, mas era constantemente detido e lançado ao ar.
A situação era desfavorável para ambos. 065 sangrava dos ferimentos sofridos no início da luta, enquanto Épsilon lutava para encontrar uma brecha para atacar, mostrando sinais de cansaço. Eu já havia deduzido as habilidades adrenalix de Épsilon, sua velocidade e agilidade, demonstradas anteriormente no túnel.
Épsilon decidiu atacar com toda a força, movendo-se rapidamente e colidindo com objetos ao redor. Sua velocidade era impressionante, tornando difícil prever seus movimentos, mas mesmo assim, 065 conseguia bloquear e desviar dos golpes com dificuldade.
Não demorou muito para o 065 segurar Épsilon, tentando se defender antes de ser arremessado para longe. Épsilon desferiu uma cabeçada, seguida por um chute que lançou 065 contra um banco, que se quebrou com a força do impacto.
065 se levantou rapidamente, sedento por vingança. Sem piedade, desferiu um combo de golpes até Épsilon cair ferido no chão. 065 ergueu os braços em comemoração e olhou para os seus companheiros que já celebravam sua vitória. Épsilon parecia ter sido derrotado, mas uma reviravolta ocorreu.
— In nomine patris, in nomine filii, in nomine Imperii! — Épsilon levantou os olhos para o céu e se ajoelhou.
— Omnes impugnatores Imperii mori debent — gritaram todos, exceto eu, que estavam no nosso grupo com um tom uníssono.
Mi levantou sua espada para o céu e então gritou:
— Impetum!
— O que vocês estão falando? Usando códigos? — 065 e os seus colegas não entendiam nada, e eu também não.
Épsilon se ergueu como se nada tivesse ocorrido e golpeou o chão, levantando pedras, poeira e escombros. Com os pequenos rochedos que se soltaram do concreto pela força de seu golpe, ele os arremessou em direção a 065, que inicialmente bloqueou os ataques. No entanto, seus imensos músculos não resistiram à velocidade e força dos projéteis, e seus braços foram perfurados pelas pedras lançadas.
O que se seguiu foi uma cascata de rochas e escombros, enquanto 065 lutava para desviar, sua resistência diminuía rapidamente. Épsilon utilizava as caneleiras de aço de suas pernas para chutar e lançar os detritos rígidos do concreto em direção ao seu adversário. Incapaz de resistir à força dos projéteis, 065 caiu no chão, completamente perfurado; não restava dúvida para mim sobre sua morte.
— Você não pode escapar de algo voando em sua direção aleatoriamente. Sua estratégia de focar nas fraquezas do inimigo em vez das suas próprias causou sua ruína. — Épsilon ficou de costas para o corpo e caminhou como se nada tivesse acontecido.
Alguns dos colegas de 065 foram verificar seu corpo e confirmaram sua morte. Isso deixou a Caveira ainda mais impaciente, já que dois de seus melhores guerreiros haviam sido derrotados, um estava morto e outro gravemente ferido. Em contrapartida, do nosso lado, não parecia ter havido ferimentos graves. Mi sangrava um pouco, e Épsilon, apesar da intensa luta, demonstrava uma calma impressionante..
Uma grande movimentação ocorria do lado de fora, uma horda de cranyus nos esperava, os céus já começavam a ficar negro com os cranyus águias voando ao redor da cúpula da guarita.
— Parece que para mim é vencer ou vencer, sem chances para erro. — Um homem andou para frente. Era um brutamontes maior que 065.
Ele facilmente ultrapassava os dois metros de altura, indiscutivelmente o mais alto de seu grupo. Seu longo cabelo negro dançava ao vento, destacando-se tanto quanto seus músculos imponentes. Sem dúvida, ele representava uma ameaça para qualquer oponente. Para surpresa de todos, e especialmente para meu infortúnio, ele apontou para mim e declarou:
— Quero desafiar o garoto. Se o trouxeram para a batalha, deve ter habilidades.
Se pudesse ver o rosto de Mi, provavelmente perceberia sua surpresa e irritação com mais clareza. Enquanto isso, Gama, Iota e Épsilon riam da situação, deixando-me em dúvida se zombavam de mim ou da previsão falha de que eu não lutaria. Mi respondeu ao desafiante:
— Escolha outro de nós, o garoto é… — Ele hesitou, como se algo o impedisse de completar a frase. — Esqueça, ele pode lutar contra você.
— O que? — perguntei, confuso.
— São ordens superiores, não posso fazer nada.
— Mas eu não… — gaguejei desesperado.
— Esqueça o que disse antes. Se queria lutar, aqui está sua chance. — Mi soltou uma pequena gargalhada.
Avancei até o centro da praça, encarando meu oponente. Ele olhou para mim e riu, como se a ideia de lutar com um garoto muito menor o divertisse. Retirou duas adagas do bolso, ambas polidas e brilhantes, com relevos e molduras. Jogou uma para mim, e eu a agarrei com uma confiança que nunca havia sentido antes. Eu estava determinado a vencer, não podia falhar.