A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 16
Irritada. Isso é pouco para descrever o que eu senti depois que eu terminei de ler essa obra.
Bem, para começar, eu sou uma colegial com o hobby de ler novels, livros, jornais… não importa o que, se for para ler, pode contar comigo.
Em termos de aparência, pode-se dizer que eu sou bastante comum, e, eu tenho um total de zero relacionamentos românticos com o sexo oposto, muito menos com o mesmo.
Ter muitos amigos não era o meu tipo, então os poucos que eu tinha, eram amantes de livros como eu, embora a maioria deles só lessem coisas simples e histórias do tipo herói escolhido para salvar o mundo e blábláblá…
Não há muito que eu possa fazer sobre isso, afinal, é um gênero bastante popular.
Seguindo a história, eu fui recomendada por um deles a ler certa novel, o que eu facilmente aceitei já que não tinha muito o que ler naquele momento.
Um erro.
Quer dizer, tiveram partes boas na leitura dele, ou devo dizer, um personagem bom que fez com que eu continuasse a ler a história mas, em geral, a novel era o cúmulo do clichê sem pôr ou tirar nada.
O enredo era simples, um jovem Yoshiaki Seiji, que conseguiu de alguma forma fazer um [Contrato] com um espírito do elemento luz. Começa sua jornada lutando com inimigos poderosos e recruta seu harém, acabando por não escolher nenhuma delas no fim.
Ápice do clichê.
Exceto por um personagem, Silver Crawford, esse personagem que começou e terminou a obra tendo um enorme desprezo por Yoshiaki Seiji, enquanto sentia um amor incondicional por um dos personagens mais irritantes da novel, Fumiko Mari.
Eu comecei a me interessar por ele quando sua primeira luta aconteceu. Somente com seu punhos, ele derrotou um personagem que havia usado o protagonista de saco de pancadas, além de humilhá-lo completamente enquanto fazia isso.
O que aprofundou esse interesse, foi a revelação do seu talento e, ainda mais, o porquê dele escondê-lo.
Resumindo, ele explicou que se ele realmente usasse todo seu potencial, ele deixaria sua amada completamente na sua sombra, deixando-a consequentemente triste e ele não queria que isso acontecesse.
Pode parecer uma razão estúpida, mente fechada e ingênua… ok, realmente era, mas isso a tornava ainda mais genuína. Tal motivo ingênuo trouxe ainda mais carisma ao personagem, o que me levou a ler a história completa para saber mais sobre ele.
Quanto mais eu lia sobre ele, mais intrigada eu ficava e isso levou a mais leitura…
Demorou algum tempo para eu perceber… que eu me apaixonei pelo personagem chamado Silver Crawford.
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Um dia, eu estava andando tranquilamente quando uma dupla de arruaceiros apareceu.
— Aí mocinha, vem aqui que a gente quer conversar com você — Um deles falou.
Quando eu ouvi isso, meu corpo congelou.
Não importa o quanto eu me esforçasse para movê-lo, ele não me ouviu. Respirar ficou cada vez mais difícil, e eu comecei a tremer descontroladamente.
Foi quando ele voltou a falar.
— Tá surda!? Eu disse para você vir aqui — Ele gritou irritado, me fazendo tremer ainda mais.
— Chefe, tem certeza que a gente devia mesmo ficar aqui? — Um deles perguntou tremendo, o que foi incompreensível para mim.
— Acha que eu tenho medo daquele cachorro louco? Se ele aparecer eu mesmo vou dar uma lição nele — Ele disse com desprezo.
— Mas, chefe… — O lacaio começou a falar antes de ser interrompido.
— Cala a porra da boca, ou você quer que eu mesmo te ensine uma lição? — O chefe disse levantando o punho contra o lacaio, que recuou com medo.
— Aí menina, escutou o que eu disse ou quer que eu soletre? Vem… até… aqui — Ele se voltou novamente para mim, fazendo lágrimas começarem a cair dos meus olhos.
Foi quando ele começou a vir até mim, nesse momento, eu só consegui rezar para que uma pessoa viesse me salvar.
E a única que veio em minha mente foi Silver, embora ele não existisse fora da novel.
— Que porra vocês estão fazendo aqui? — Uma voz fria soou, fazendo toda a atenção se concentrar no lugar de onde ela veio.
Lá estava um jovem, provavelmente da mesma idade que eu, seus cabelos eram pretos com um par de olhos afiados.
— V-v-você, o-o q-que você está f-fazendo aqui? — O chefe disse, recuando e apontando seu dedo, agora trêmulo, para o jovem.
— Como assim o que eu estou fazendo aqui? Por acaso não sabe onde está? — O jovem disse desdenhosamente.
Isso fez com que os dois arruaceiros tremessem ainda mais.
— E-então v-você é realmente…
— O cachorro louco? Me chamam de muitas coisas, mas, sim. Agora rala, antes que eu resolva te dar uma lição — Aparentemente, o jovem era a pessoa que o lacaio temia que aparecesse…
Só o que ele fez para ser temido assim?
— O que você está fazendo parada aí? Volta logo para casa, antes que fique tarde.
Ele disse, me fazendo acordar e fugir correndo dali. Quando, no meu caminho para casa, uma luz forte brilhou, me forçando a fechar os olhos.
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Quando eu reabri meus olhos, eu tinha as memórias de Amaterasu Moon, uma criança da família Amaterasu, adoradores da deusa do sol Amaterasu.
Em um surto de choque, eu fiquei por um ano completo trancada em meu próprio quarto, recebendo comida através da porta pela minha nova ‘família’, me recusando a acreditar que eu tinha ‘morrido’ e me tornado outra pessoa.
Quando eu finalmente me recuperei do meu surto, me dei conta do mundo em que eu atualmente estava.
Com espíritos, [Contratantes] e [Variantes], eu estava na novel recomendada pelo meu amigo como uma personagem não-descrita, ou, uma figurante se preferir.
Saindo do meu quarto, eu fui recebida pela minha ‘família’, que fizeram uma festa em celebração a minha saída. Isso aqueceu meu coração, pois minha família anterior nunca fez tal coisa por mim.
Durante os anos seguintes, eu treinei combate desarmado só para descobrir que eu não tenho talento algum nisso.
Então, eu treinei diversos outros tipos de artes como a esgrima, a arquearia, entre outros. Embora, não importa o quanto eu tentasse, eu nunca melhorei nelas.
Isso me decepcionou, afinal, se eu continuasse assim, eu nunca seria capaz de ficar lado-a-lado com Silver.
Alguns anciãos da minha família sugeriram me exilar por ser uma ‘falha’, o que foi firmemente recusado pelos meus pais.
Como decisão final, eles decidiram me mandar na trilha de Amaterasu, o que era nada mais nada menos que, uma trilha para decidir se eu era ‘digna’ para fazer um contrato com a deusa Amaterasu.
Durante a trilha, eu experienciei muitas dores.
Ilusões sobre a morte dos meus pais de ambas as vidas, sobre nunca encontrar Silver, ele me matar ou a forma que ele me trataria depois de me encontrar.
Eu também tive que sentir um frio intenso, o que foi estranho. Essa não é a trilha da deusa Amaterasu? Ela era a deusa do sol, então por que eu tinha que passar por tal frio? Não era Tsukiyomi o deus da lua então, por que isso?
Em outro momento, eu também senti um calor extremo, o que finalmente fez sentido.
Para aguentar tudo isso, a minha vontade de encontrar Silver e reencontrar meus pais foi o que me manteve de pé.
Andando pela trilha, eu perdi minha noção de tempo até que, eu encontrei dois seres.