A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 18
Em um café haviam duas pessoas, uma delas estava relaxadamente aproveitando uma xícara de café enquanto a outra olhava curiosamente para a primeira.
Mia Rosenfeld. Ela era uma pessoa inatamente curiosa, mesmo nascendo em uma família antiga do tipo rigorosa, ela sempre teve este tipo de personalidade.
Durante a novel, ela demonstrou uma grande curiosidade em torno do protagonista, Yoshiaki Seiji, o que no fim, se tornou paixão.
Sendo um dos personagens mais aceitáveis da novel por sua personalidade, ela foi aquele quem apelidou o Silver anterior de ‘sombra’. Algo que na opinião do Silver atual, era compatível com o modo de agir do anterior.
Ela tinha algum tipo de complexo em torno da irmã, que era conhecida como o dragão vermelho, um dos antigos estudantes e membro do conselho estudantil da [Academia Shoutai]. Por fazer parte da família Rosenfeld, ela foi alvejada por diversos inimigos que tinham como objetivo enfraquecer sua família.
Um desses inimigos sequestrou ela, iniciando um dos arcos da novel onde floresceu seu amor por Seiji.
Atualmente, ela estava olhando com curiosidade Silver, que tomava calmamente sua xícara de café.
— Ok, já deu disso. Me diga o porquê você me chamou aqui srta.Rosenfeld — Silver disse, apoiando sua xícara na mesa e olhando diretamente nos olhos de Mai.
— Muito simples, eu quero que você seja meu! — Ela declarou com o queixo erguido, mostrando grande convicção nas suas palavras.
— … — Silver não respondeu, ele só olhou fixamente para ela.
— O que foi? Ficou atordoado com a grandeza dessa senhorita? — Ela perguntou, vendo o olhar fixo do jovem em si mesma.
— Foi mal mas, você não é o meu tipo… — Ele disse voltando à sua xícara de café.
— Hm? O que isso quer dizer? — Mia estranhou as palavras usadas por Silver nessa frase.
Revendo suas próprias palavras, ela subitamente ficou vermelha como um tomate.
— N-não f-foi i-isso que eu q-quis dizer… — A garota disse balançando loucamente as mãos — Sim! Da minha família, eu quero que você faça parte da minha família — Ela disse como se tivesse encontrado a resposta certa.
— Como isso é diferente da primeira frase? — O jovem apontou.
Com isso, a garota começou a se debater, tentando encontrar as palavras certas para expressar sua frase, falhando diversas vezes e ficando cada vez mais vermelha como consequência.
— Hahaha… — De repente, Silver riu, fazendo com que a garota ficasse ainda mais envergonhada.
— Eu entendi o que você quis dizer vermelhinha, e a resposta é não — Ela estava prestes a reclamar, quando Silver interveio.
A recusa deixou Mia perplexa, afinal, a família Rosenfeld é uma das maiores famílias de [Contratantes] e, embora isso trouxesse diversos inimigos, os benefícios eram muitas vezes maiores do que os perigos, sem contar a influência da família Rosenfeld, que englobava uma boa parte do mundo dos [Contratantes] e se expandia até o ramo militar.
— Mas, por que? Minha família pode te dar fama, riqueza, influência, cargos militares, reconhecimento então, por que você recusou? — Mai questionou, nunca passou por sua mente alguém que realmente recusaria todos esses benefícios.
— Os benefícios são realmente grandes, mas, eu estou afim de ser o cachorrinho de alguém — Ele disse com olhar cheio de arrogância.
— Você não teme a morte? Sem nenhum apoio mesmo fazendo parte da [Academia Shoutai] não vai te proteger de tudo — Ela disse agitada — Só por ter entrado na academia já colocou um grande alvo nas suas costas, e eles não seriam tão gentis como eu de pedir para que você se juntasse a mim apenas com palavras — Ela continuou falando seriamente, como se a garotinha que se avermelhou por um simples erro de palavras nunca tivesse existido.
— Temer a morte? Temer a meus inimigos? Eu não temo inimigo algum, na verdade, são eles quem deveriam temer a mim já que se eles se meterem no meu caminho, eles vão ver como um dragão de verdade se parece — Durante seu discurso, seus olhos se tornaram fendas e ele começou a emitir uma aura de dominância que fez com que Mia achasse difícil de respirar.
Após dizer isso, ele terminou sua xícara de café e saiu sem dizer uma palavra mais deixando Mia sozinha no café.
‘Essa aura e esses olhos são os mesmos da minha irmã… Silver Crawford… uma pessoa realmente interessante…’
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Voltando para minha casa, eu pensei na proposta que Mia havia feito.
Foi tentador de fato, mas ser um pau-mandado não era meu estilo, já para os inimigos da família, quem se importa com eles? Eles não são nada mais que algumas formigas tentando derrubar um elefante.
Ainda sim, a personalidade de Mia era interessante, na novel, nunca houve nenhum arco que abordasse em muito sua personalidade, houve o seu sequestro e o início de sua paixão por Seiji, e então um arco em que ela se tornou a matriarca da sua família para apoiar Seiji em uma guerra com um grupo inimigo.
Nada que realmente contasse muito sobre ela.
Enfim, foi bastante interessante descobrir um pouco mais sobre sua personalidade.
Eu fiz meu treinamento diário antes de tomar um banho. Olhando para o espelho, eu pensei novamente na minha atual realidade. Eu era Silver Crawford, nunca em toda a minha vida anterior, eu teria pensado que eu me tornaria um personagem de uma novel, ainda mais um que eu odiava.
Depois de ter me trocado, eu fiz meu café e estava prestes a tomar quando meu SC tocou.
O SC ou spiritual communicator, era o método mais avançado de comunicação que existia nesse mundo. Ele usava do [Poder espiritual] vindo da [Armadura real] de um [Contratante], para marcar o usuário e ligar dois comunicadores. O comunicador tinha que ter uma amostra do [Poder espiritual] de ambos usuários, assim, era impossível de se usar sem ser um [Contratante].
Tinha uma versão para [Variantes], onde o [poder mental] era a base, mas eram raros de se conseguir assim como os próprios [Variantes].
Atendendo o meu SC, a imagem de duas garotas apareceu.
Uma delas tinha cabelos brancos e olhos vermelhos, tinha um rosto parecido com o de uma boneca e usava roupas pretas. Ela era Akame Hana, a mesma garota que eu encontrei no parque quando eu era novo.
A outra tinha cabelos pretos que escorriam até os ombros, com olhos da cor caramelo, ela vestia uma blusa de frio branca e jeans. Ela era Miyuki Ai, meu braço direito na organização que eu criei. Seu espírito convocado era do tipo [Bestial] na forma de lobo, assim, eu apelidei ela de lobinho.
— Como vocês estão indo coelhinho, lobinho? — Eu perguntei para as garotas.
[Silv! Eu me diverti muuuuuito hoje!]
O coelho disse dando saltinhos de animação.
[É uma forma estranha de chamar aquilo que você fez…]
O lobo disse impassível.
[Aposto que seus inimigos não acharam nada divertido]
O lobo continuou sem emoção.
[Hmph!]
O coelho inflou as bochechas para isso.
— Enfim, como estão as coisas com a Midgard? — Ignorando o coelhinho irritado, eu perguntei sobre a atual situação com um dos nossos autoproclamados ‘rivais’.
[Silv! Você não está vendo que esse lobo idiota me insultou?]
Não satisfeita, Hana jogou a carta de culpa para cima de mim.
[A situação com a Midgard está um tanto tranquila, eles não ousam se mover contra nós enquanto não têm certeza que aguentam uma luta contra você. Leon começou seu projetinho para incomodá-los, então eu acho que aquelas cobras vão estar com as mãos cheias demais para planejar como lidar conosco]
O lobo disse sem mudar de expressão, ignorando completamente a tentativa do coelho de usar suas cartas.
[Hmph! Silv estúpido e o lobo idiota realmente se merecem, por que vocês não juntam os trapos logo?]
O coelho disse sarcasticamente de braços cruzados.
— Claro, por que não? E aí você topa Ai? — Eu perguntei.
[Por mim, tudo bem]
O lobo respondeu.
[Naaaaaaaaaaaão]
O coelho gritou desesperado.
— Hahaha…
[Hahaha…]
Com ambos, dragão e lobo rindo, o dia terminou.