A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 21
Atendendo seu SC, Silver viu a imagem de uma mulher. Com seus cabelos e olhos vermelho-fogo se materializando.
Ela vestia um uniforme militar, com a insígnia de um dragão vermelho em seu peito.
— E aí garoto, como vai sua pequena investigação? — A mulher perguntou, olhando para Silver que estava atualmente fazendo seu café enquanto folheava uma pasta de documentos.
— Como conseguiu a minha assinatura de [Poder espiritual]? — Silver questionou, com um tom ameaçador ainda que, sem tirar seus olhos do documento.
— Vamos vamos, não fique tão irritado. Yuki foi quem me deu — Ela disse, de uma forma brincalhona — Sabe… Você não deveria dar um cristal preenchido com seu [Poder espiritual] para qualquer um — Continuou.
Quando Lorie disse isso, Silver finalmente entendeu o que aconteceu. Durante seu treino com Yuki, ele preencheu diversos cristais com seu [Poder espiritual] e [Poder mental] para treino.
No fim aprendendo a fundir ambos. Embora Yuki tenha sido aquele quem ficou com os cristais, o jovem nunca esperou que ela daria para outras pessoas.
— Sigh, parece que vou ter que conversar com Yuki mais tarde… E, minha ‘pequena investigação’ está indo muito bem. Consegui diminuir a lista de possíveis atacantes em 20 — Isso era mentira. Usando a novel como base, ele já sabia quais seriam aqueles que realmente atacariam e os que apenas ficariam nas ameaças.
— Oh, parece que você colocou algum esforço nisso — Lorie disse, com um olhar surpreso em seu rosto.
Uma lista de 20 famílias pode parecer pouco. Mas, levando em conta que a família Rosenfeld tinha diversos inimigos, só 20 deles possivelmente atacarem era um número favorável.
Voltando seu olhar para o documento, Silver observou com certo desdém a lista dos trabalhos que o homem de cabelos espetados vinha fazendo nos últimos meses.
Os trabalhos se focaram na intimidação para coleta de dívidas e afins. Como o dono de uma pequena gangue em um bairro qualquer sem nenhum [Contratante], esse era o esperado. Ao menos ele não se envolveu em nada muito brutal ou que ultrapassasse a linha ou Silver seria aquele que se livraria deles.
A única incoerência disso era o homem que havia o contatado. Os trabalhos da gangue nunca ultrapassaram a intimidação mas, de repente, o homem mascarado apareceu pedindo para que sequestrassem Mai.
De acordo com o cara de cabelos espetados, seria o grupo do mascarado que criaria a oportunidade e a gangue só precisava aproveitá-la.
‘Mesmo que eu saiba exatamente quem é, não posso deixar de me surpreender com sua estupidez. Confiar em uma gangue de rua qualquer para sequestrar alguém importante? É ainda mais surpreendente que isso tenha funcionado’
— Será que dá para não me ignorar? — Lorie disse, visivelmente irritada por ter sido ignorada desta forma.
— Hm? O que você quer? — Finalmente se lembrando dela, Silver perguntou duvidosamente.
— Hmph, não está feliz por ter uma mulher bonita te ligando? Realmente um pirralho — Ela disse com desdém.
Uma frase completamente irracional, fazendo com que Silver a olhasse estranhamente.
— Sigh, diga logo o porque me ligou antes que eu corte a ligação — Tomando seu café, ele ameaçou.
— Eu só queria ver como estava indo, satisfeito? Você é realmente u… — Lorie estava prestes a repetir seu insulto, quando o garoto simplesmente desligou seu comunicador.
— Irritante — Ele murmurou, enquanto pensava sobre o interrogatório da noite anterior.
Não foi algo realmente difícil, tudo que Silver fez foi perguntar e o cara com o cabelo espetado cuspiu tudo o que sabia.
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— Galera, temos que sair — O homem de cabelos espetados gritou.
Houveram alguns momentos de silêncio enquanto ele esperava a resposta de seus companheiros.
Mas isto nunca aconteceu…
— Galera? — Não recebendo resposta alguma, o homem chamou mais uma vez.
— Eles não vão te responder…
Uma voz veio das suas costas, fazendo suor frio escorrer pelo seu pescoço.
Se virando, o que era seu pior pesadelo se tornou realidade. A pessoa encapuzada voltou para matá-lo.
— Vamos ter uma boa conversa, ok? — Ela disse, levando-o para uma das salas de sua base.
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Com três pessoas amarradas ao lado, a figura encarou o homem que se identificava como Josh.
— Então, que tal começar me explicando o que aquele cara pediu para seu grupinho fazer? — Questionou friamente o encapuzado, mostrando que se referia a todas as quatros pessoas na sala.
— Eles estão mortos? — Josh perguntou, a sua voz estava tremendo, assim como todo seu corpo.
— Ainda não, mas isso pode ser facilmente resolvido — Balançando seu pulso, uma adaga apareceu na sua mão, antes da figura apontá-la para o pescoço de um daqueles que estavam amarrados.
— Espera! Eu juro que vou te dizer tudo, tá bom? Só não machuca eles, ok? — O homem gritou amedrontado.
Para resumir, ele nunca havia visto o mascarado na sua vida antes do dia de hoje. Por conta de um débito, o grupo acabou tendo que fazer diversos trabalhos não comissionados dados pelo dono do cassino onde eles conseguiram suas dívidas.
— Patético… vocês são simplesmente peões dos peões. É melhor você e seu grupinho desaparecerem desse lugar, com certeza vão voltar para te caçarem — A figura disse, antes de desaparecer.
— Mas e o… — Josh começou a falar, parando logo após perceber que só haviam quatro pessoas na sala.
‘Esse cara… como ele faz essa coisa de aparecer e desaparecer fácil assim? Além disso, isso foi incrivelmente rude!’
Chacoalhando sua cabeça para esquecer isso, o homem acordou rapidamente seu grupo finalmente sumindo para sempre desse lugar, que um dia eles chamaram de lar.
Já Silver fez uma pequena visita ao dono do tal cassino, persuadindo-o a ‘voluntariamente’ entregar todos os registros dos trabalhos concluídos pela ‘gangue’.
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Revisando rapidamente o documento que o dono entregou, o jovem se preparou para ir para academia assistir mais aulas entediantes.
Porém, o que ele não esperava era que algo diferente aconteceria…
Chegando a sua sala, Silver sentou-se no seu lugar habitual com Mia sentando ao seu lado e, como sempre, ignorando todos olhares que recebia de seus colegas.
Com a chegada do professor, o tempo passou sem que um certo garoto de cabelos prateados prestasse atenção nas aulas. Sob o olhar ocasional duma futura e uma atual matriarca, seguiram-se as lições.
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Essa rotina terminou quando uma pessoa entrou na sala. Diferente dos professores anteriores, sua aparência gritava ‘sou importante para história’ ou, no mínimo, ‘personagem de destaque’.
Era uma mulher, com cabelos cinza-escuros que escorriam até sua cintura mesmo que estivessem amarrados em um rabo de cavalo e uma franja frente a sua testa. O que mais chama atenção nela eram seus olhos.
Eles eram roxos claros com suas pupilas brilhando em um tom forte de vermelho-rosado, dando um grande destaque acrescentando em muito a sua beleza.
— Boa tarde turma, meu nome é Shinjitsu Hitomi e eu serei sua professora de estratégia — Ela disse, com um leve sorriso em seu rosto.
— Por que nós temos que aprender este tipo de coisa? Não viemos aqui para ficarmos mais fortes? Então que uso tem isso? Deveríamos ter mais aulas de combate ao invés disso — Sem surpresa alguma, foi Mari quem disse isso.
— Típico de alguém com músculos no lugar do cérebro, você deveria pensar mais e se exercitar menos. Maníaca da espada — Mia respondeu, fazendo com que a garota amante de esgrima se irritasse.
— O que disse passarinho!? — Gritou, preparando-se para uma briga.
— Silêncio! — Disse friamente o jovem dragão, antes de se virar para a professora — É uma honra conhecer a famosa ‘Hitomi dos mil olhos’ — Continuou com alguma admiração em seu tom.
Isso surpreendeu Mia.
‘Quem diria que a pessoa que falou tão arrogantemente no café admiraria alguém’, pensou a garota. Que em seguida, olhou cuidadosamente para a recém-chegada, tentando descobrir algo de especial nela.
— Posso dizer o mesmo do famigerado ‘Demônio prateado’, mas devo dizer que não sou a maior fã desse apelido, pode me chamar de Hitomi — A mulher replicou, com um sorriso agora doce em seu rosto.
O que aumentou a vigilância de Moon sobre ela, principalmente quando Silver respondeu com seu próprio.
— Então somos dois — Retorquiu o jovem, olhando diretamente para aqueles olhos mesmerizantes.
Ele realmente não gostava muito desse apelido que o deram, afinal, o mesmo se considerava realmente piedoso comparado a aqueles que lutaram junto a si. Sendo assim, por que ele foi o único a ser chamado de demônio?
Por alguns momentos, ambos agiram como se estivessem hipnotizados um pelo outro. Fazendo com que o clima na sala ficasse estranho para os outros, já que a dupla estava em seu próprio mundinho, conversando como se eles não existissem.
— Professora, o que vamos fazer hoje? — Quem impediu isso foi Moon, uma das pessoas mais incomodadas com essa situação.
— Oh certo. Para a aula de hoje, vamos jogar [Guerra!] — Acordando do seu transe, Hitomi anunciou sobre o que seria sua aula.
— Mas [Guerra] não é um jogo infantil? — Dessa vez, foi Mia quem expressou suas dúvidas.
— Essa é a sua opinião. Há mais nesse jogo quando não simplesmente se olha por cima — Ela disse, misteriosamente — Enfim, que tal começarmos? —