A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 3
— Silver! Silver! Vamos ser amigos! — Um certo incômodo me pediu isso pela milésima vez essa semana.
— Não. — E eu recusei mais uma vez.
— Mas, por queeeee? Eu gosto de esgrima e você também gosta de esgrima, então por que você não quer ser meu amigo? — Ela falou tal estupidez sem nem mesmo piscar.
— Você não tá fazendo isso só porque não tem amigos? E quem foi que teve a ideia de te dar um nome que significa intelectual e verdadeira razão na antiga língua japonesa?
Sim, antiga língua japonesa eu não errei.
O autor não especificou o que aconteceu exatamente mas, todas as antigas civilizações como Brasil, Japão e Estados Unidos desapareceram. Suas línguas e moedas ainda existem, mas estão quase obsoletas enquanto seus nomes são usados até hoje.
Um exemplo disso é minha própria sala, onde metade dos alunos têm nomes japoneses, esses que são bastante famosos pelos significados.
Enfim, o mundo de alguma forma se juntou em uma única língua e moeda universais.
— Mas Silver também não tem amigos, tem? — A garota murmurou em um tom amuado.
— Isso porque eu não quero. Se eu quisesse poderia ter vários deles. — Uma das coisas de que me orgulho na minha vida passada é ter muitos subordina… Amigos leais.
— Hmmm… — Ela me olhou duvidosamente, até que finalmente o sinal tocou, me livrando dessa situação constrangedora.
Em um pequeno parque gramado, eu olhei para o lugar onde o incômodo deveria estar. Durante essa semana eu entendi o porque dela não ter amigos.
Só o fato de estar balançando uma espada o intervalo inteiro já é grande parte do motivo. Uma outra parte considerável é sua falta de senso.
Deixando um grande suspiro sair, eu me aproximei.
— Me dê isso. — Retirando a espada da sua mão, eu comecei a balançá-la.
Sendo sincero, eu estava com um sentimento estranho, e ver ela balançando a espada tão rudemente estava me irritando.
Depois do primeiro balanço, eu tive a sensação de que estava errado, então eu repeti, e repeti e repeti… Sem perceber eu acabei imerso nos balanços e deixando passar despercebido os olhos brilhantes de Mari, que observava atentamente cada movimento.
— Silver! Silver! — Eu fui tirado do meu estado de concentração por uma Mari que estava freneticamente chacoalhando as mãos frente ao meu rosto.
Dando a ela um olhar irritado, eu finalmente percebi que Luísa estava me olhando fixamente ao lado.
— O intervalo já acabou. — Mari me ofereceu uma explicação.
— Há 10 minutos… — Luísa acrescentou, mas eu ignorei e me virei pra Mari.
— Se você trouxer outra espada amanhã, eu concordo em ser seu amigo. — Eu finalmente encontrei uma forma de afiar minha esgrima, e se pra isso eu precisar ser amigo dela, não é um acordo ruim.
— Mesmo? Yaaay! — Mari saltou animada, mais uma vez ignorando os murmúrios de Luísa ao fundo, voltamos à sala para terminar o resto das aulas.
Chegando em casa, fui diretamente para o meu quarto continuar meu treino.
Me sentando no chão do quarto, eu circulei minha energia formando três pequenas chamas e me concentrei em fazer bolas de gude com elas. Depois disso, eu fiz elas circularem umas às outras replicando o sistema solar.
Assim então, treinando o controle do meu [Poder mental] e aumentando a capacidade dele ao mesmo tempo.
Eu só parei com isso quando comecei a me sentir tonto, isso era um dos sinais de esgotamento de poder mental. Sentindo suor escorrer pela minha testa eu me levantei preguiçosamente para tomar um banho.
O modo mais eficaz de treinar o poder mental seria usá-lo até desmaiar, mas eu não poderia fazer isso por dois motivos:
O primeiro é que meu pai e minha mãe poderiam ficar preocupados com meus frequentes desmaios. A desculpa de estar cansado poderia funcionar uma ou duas vezes, mas não funcionaria sempre.
O segundo é porque eu preciso treinar meu físico. Eu só consegui balançar a espada o intervalo inteiro por conta da concentração extrema, meu físico atual era o de uma criança com 5 anos de idade que nunca correu na vida. E isso não se encaixava nos meus objetivos.
Eu consegui sair de casa dizendo que iria brincar com meus amigos. Enquanto ignorava um ‘quero conhecer minha nora’ da minha mãe, segui em direção ao parque que não ficava muito longe da minha casa.
Era um parque de acesso livre, não era o melhor da região, mas era o melhor que eu tinha no momento em relação ao meu treino.
Seguindo a trilha da entrada do parque, ela se dividia em 3 caminhos com portões indicando o que haveria nas áreas.
O lado direito levaria a um playground para crianças, um lugar que eu com certeza nunca escolheria entrar por vontade própria.
O lado esquerdo era uma academia, não acho que conseguiria levantar qualquer um dos pesos de lá, muito menos me deixariam entrar.
O caminho do centro levava pra uma trilha de corrida, que era o lugar perfeito no momento.
Chegando lá a trilha me deixou atordoado.
Era como abrir um presente incrivelmente bem embrulhado para encontrar uma meia dentro. Estava cheio de galhos e folhas que ninguém se incomodou em tirar e com o passar do tempo só se acumulou.
— Bem, vamos começar com 5km pra aquecer… — Eu murmurei enquanto começava a correr.
5km depois eu estava respirando pesadamente com minhas pernas tremendo loucamente.
— Uff, esse físico é realmente uma merda.
Isso realmente não me surpreendeu. No fim, eu só tinha 5 anos, o que realmente me surpreendeu foi minha velocidade de recuperação. Não levou mais do que um minuto para me recuperar da corrida.
— Bem, eu já sei o meu limite quanto a corrida… Agora os próximos — Tomando uma respiração, eu comecei os próximos exercícios.
50 flexões, 50 abdominais e 50 agachamentos, esse foi o meu limite. Isso me levando ao meu máximo, ao ponto de quase desmaiar de exaustão.
Levando meu corpo exausto para casa, eu me joguei na cama e caí em um sono profundo.