A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 5
Simples assim, 2 anos se passaram desde que eu renasci? Reencarnei? Bem, não importa, o fato é que 2 anos se passaram.
Durante esses dois últimos anos, eu segui uma rotina estrita de treinamento. Durante os intervalos da escola eu treinava minha esgrima junto com Mari, chegando em casa eu treinava minha capacidade e controle do poder mental e depois disso, eu iria para o parque para treinar meu físico.
Minha relação com Mari melhorou muito, ao ponto de que ela não é mais um grande incômodo pra mim, ela está mais para um conhecido útil pra mim, afinal, sem ela minha esgrima ficaria estagnada.
Já para Hana, ela ficou bastante ligada a mim nesses últimos anos. Eu continuei cozinhando e brincando/treinando com ela, tornando o corpo dela várias vezes mais saudável que aquela forma esquelética de quando eu a encontrei.
Não posso negar que talvez ela tenha ficado um pouco apegada a mim, quero dizer, como eu sou basicamente seu cuidador e o único que ajudou ela por dois anos completos, era inevitável que ela se apegasse um pouco a mim. Eu também descobri sua identidade na novel “original”, no curso normal dos eventos ela seria nomeada Zero, uma das pessoas mais perigosas e poderosas da novel inteira, além de ter seu próprio nível de loucura.
Também descobri sobre o porquê dos pais dela chamarem ela de demônio, a verdade é que ela era um tipo raro entre os [contratantes], ela era um [contratante] natural. Embora eu não soubesse exatamente que tipo de espírito que ela contratou.
O que é isso? Bem, eles não precisam usar um altar para convocar o espírito que lhe cabe, eles são escolhidos desde o nascimento por um espírito que tenha gostado deles. E como eles são [contratantes] desde a infância, isso os torna muito mais poderosos que os [contratantes] comuns, além da vantagem de afinidade com o elemento.
Enfim, minha relação com minha família seguiu o mesmo, algumas piadas de duplo sentido da minha mãe… um rosto eternamente irritado do meu pai… nada fora do comum da minha nova vida.
Neste momento, eu estou me recuperando da minha rotina de treinamento recém concluída, quando algo me veio à mente…
‘Eu não sei onde exatamente Hana viveu por esses últimos 2 anos…’
— Hana, será que posso visitar sua casa? — Eu perguntei repentinamente ao coelho, que estava atualmente incrivelmente animado com um jogo que eu trouxe.
O jogo chamava [Guerra!], se eu tivesse que descrevê-lo, eu diria que seria como um xadrez do meu mundo anterior só com alguns retoques para se encaixar a esse mundo. Algumas peças foram adicionadas como os [contratantes], [variantes] separados em suas respectivas categorias [controle], [poder] e [velocidade], mais alguns cargos militares e políticos.
Esse jogo também tinha outras versões como o [Guerra entre mundos], que tinha a adição de peças não humanas como [orcs], [kobold], [esqueletos] e etc.
— … — Ela manteve o silêncio, mas eu consegui ver claramente ela murchar.
— …Se é um problema pra Hana não precisa fazer isso… — Isso realmente não me incomodava, afinal, todo mundo tem seus segredos e coisas que não gostaria de contar ou mostrar para ninguém, isso é bastante comum.
Embora ela pareceu não ver isso dessa forma.
— Não! Não, Hana vai mostrar pra Silv sua casa, Hana vai — Ela puxou minha mão rapidamente, me levando mais a fundo no parque.
Isso me pegou de surpresa, mas eu não resisti, deixando ela me guiar por entre as árvores do parque.
‘Será que ela pensou que eu a deixaria se ela não fizesse isso ou algo do tipo? Eu pensei que já tínhamos passado dessa fase muito tempo atrás… parece que 2 anos não forma o suficiente pra apagar o trauma dos pais’
Durante esses últimos 2 anos eu nunca toquei no assunto sobre os pais dela esperando que ela pudesse esquecer isso com o tempo, bem como pensei que tivéssemos construído uma relação de confiança durante esse tempo, mas parece que vai levar mais do que isso para ela esquecer.
Algum tempo depois, chegamos a uma barragem de arbustos que eu pensei marcar o fim do parque, porém, Hana não parou de andar e seguiu em direção aos arbustos sem se importar com isso. Quando eu pensei que ela acertaria a parede por trás do arbusto, ela simplesmente atravessou como se não existisse enquanto eu fiz o mesmo no momento seguinte.
O que me deu as boas-vindas por trás dos arbustos foi o que eu chamaria de oásis, um lago cristalino tão grande quanto uma piscina olímpica, se tornando completo com uma cachoeira que deságua sobre ele. Também era rodeado por vários tipos de flores, muito mais do que eu poderia nomear.
— Wow…só wow — Eu não tinha palavras para expressar o quão bonito isso é.
— Hihihi, Silv está fazendo uma cara estúpida — Um certo coelho riu enquanto apontava para mim.
O que? Meu estilo de vida anterior era cheio de morte e tragédia, eu nunca tive a chance de ver esse tipo de paisagem, não dá para me culpar por isso.
— Oho, então você tem a coragem pra zombar de mim agora não é? — Eu olhei para ela, antes de sorrir. Isso acabou com a bela cena de um jovem de cabelos negros e um rosto fofo, perseguindo um coelho enquanto eles corriam e brincavam em cima de um lindo campo de flores com o calmante som da cachoeira de fundo.
Quando ambos cansamos de brincar, ela me guiou pelo caminho atrás da cachoeira onde se encontrava uma caverna. O lugar tinha uma pequena abertura por onde o sol poderia entrar, e as estalactites deveriam ter algo a ver com os espíritos já que seu brilho prateado se espalhava pela caverna. No canto dela, podia ser visto algumas malas e roupas junto de alguns recipientes de comida e uma pelúcia de coelho.
As roupas e os recipientes estavam bastante limpos, a causa disso foi o meu treino de controle que me tornou capaz de queimar com certa facilidade os resquícios de comida e a sujeira da roupa, mas não foi tão simples assim no início, o que acabou com algumas roupas queimadas e um coelho inconsolável.
O coelho de pelúcia foi um presente que eu dei para Hana, isso aconteceu porque no ano anterior eu descobri que ela vinha tendo problemas para dormir, então eu comprei esse coelho para ela não se sentir sozinha, Ray foi como ela o chamou, ele não só ajudou ela com seu sono como tornou ela várias vezes mais animada que antes.
Não demorou muito para que ela dormisse agarrando o coelho, me deixando sozinho na caverna. Eu decidi explorar um pouco mais já que não tinha muito o que fazer em uma caverna, não importa o quão bonita ela fosse. Depois de algumas voltas, eu não achei nada de especial ou algo que se destacasse.
‘Isso é meio decepcionante… de alguma forma eu pensei que essa caverna poderia ter algo de especial mais parece que eu me enganei.’
Alguns segundos após pensar isso, eu encontrei um portão prateado em um canto da caverna pelo qual eu já tinha passado. O portão era muitas vezes mais alto que eu, e também tinha algumas linhas douradas decorando, que pareciam pulsar como se estivessem vivas. Não conseguindo conter minha curiosidade, eu encostei no portão, que se abriu e imediatamente me sugou para dentro de si.
— Ok Silver, você tinha que tocar no portão super estranho que apareceu do nada… você é realmente um gênio! — Finalmente percebendo minha própria estupidez eu gritei ao vento antes de forçar meus olhos a se abrirem.
Uma quantidade desconhecida de tempo se passou, até que eu pudesse abrir meus olhos de novo mesmo os forçando. Ao abrir, eu consegui a visão de um salão repleto de adornos prateados e dourados e um portão em destaque com as cores preto e vermelho. Haviam duas estátuas douradas em frente ao portão como se guardassem algo importante.
Analisando elas mais de perto, elas pareciam bastante padrões, ambas com o mesmo estilo de armadura leve e estranhamente sem espada alguma em mãos. Quando eu me aproximei mais, eles subitamente abriram os olhos, e assim começou a minha primeira real luta nesse novo mundo.