A Ascensão do Dragão Prateado - Capítulo 7
Entrar nessa postura pareceu deixar tudo mais fácil, e me lançando contra as estátuas, eu cobri meus dedos com minhas chamas fazendo um corte em x contra a estátua mais próxima que se separou em fatias com o ataque.
— Esse eu vou chamar de [Arrancada] — Sorrindo, eu decidi tornar essa postura em um estilo de luta próprio.
Avançando novamente contra as estátuas, eu melhorei essa postura me tornando cada vez mais acostumado a usar ela. Durante a hora seguinte, eu me resumi a cortar, melhorar a forma, afiar meus ataques, cortar, desviar, contra-atacar, cortar… eu já falei cortar?
Enfim, eu finalmente entendi o porquê do autor ter escrito que o meu talento ultrapassava o do protagonista da história, a cada momento que eu atacava eu tinha a sensação de que eu poderia fazer melhor. E foi exatamente assim que eu fiz.
Quando finalmente essa tortura acabou, meu mundo escureceu mais uma vez…
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Alguns minutos depois, eu ainda estava no escuro, o que me deixou meio impaciente.
‘Que demora toda é essa? Com o tempo todo que eu esperei, eu já poderia ter finalizado mais umas 100 estátuas com meu nível atual’
Depois da luta anterior, eu senti que meu nível de força deu um grande salto em comparação com o que era só com meu treino físico dos últimos 2 anos, o que mais uma vez tornou aparente o tamanho do meu talento.
De repente, eu pude voltar a ver e, antes que eu pudesse analisar o novo ambiente, uma voz profunda ecoou por todo o lugar.
[Garoto, o que uma criança como você faz neste tipo de lugar?]
— Que tipo de pergunta é essa? Eu vim aqui pra conseguir me tornar um [Contratante] é claro — Mentindo sem pensar duas vezes, eu respondi para voz a qual eu acho que posso chutar quem é, enquanto olhava ao redor para saber onde exatamente eu vim parar.
Eu não estava mais em uma sala do trono, eu estava em um altar. Ele era circular e prateado com algumas linhas douradas, no centro tinha um desenho de um olho dourado com um traço preto atravessando ela, o que eu acreditei ser uma pupila reptiliana.
[Acha que eu sou estúpido garoto? Não existe uma pessoa nesse mundo que tenha coragem o suficiente para tentar me enganar, ainda mais com uma desculpa tão ruim assim. Você por acaso sabe quem eu sou!?]
A voz mudou durante essa frase, ela se tornou muito mais imperial e eu pude sentir que ela estava transbordando de arrogância quando mencionou o fato de outros temerem ela. Para ser sincero, isso lembrou um pouco meu irmão…
— …Não? — Com uma expressão estranha no rosto eu continuei — Você nem sequer se apresentou, como diabos eu vou saber quem é você? — Esse cara acha que eu sou algum tipo de adivinho?
Depois da minha frase, só o silêncio restou no lugar. Eu não sabia se a voz estava constrangida ou algo do tipo, mas ela não falou nada por muito tempo.
[Cough cough, meu nome não importa. Agora, responda minha pergunta, garoto, o que você veio fazer aqui?]
Ok, a voz com certeza estava constrangida e, de alguma forma, tentou fazer um discurso legal do tipo ‘Você não é digno de saber meu nome’ ou algo assim, mas eu só rolei meus olhos para isso.
— Ceeeerto… eu só achei um portão legal e encostei nele, aí bam! Eu vim parar aqui — Eu respondi de uma forma infantil, embora tecnicamente não fosse mentira, eu realmente achei o portão bonito e encostei nele antes de vim parar aqui.
[Tudo bem, eu não vou perguntar exatamente quem é você, mas pelo fato de ter chegado aqui sem um grupo quer dizer que você alcançou os requisitos mínimos para se tornar meu sucessor]
Sem me dar tempo para responder, a voz continuou.
[Eu vou fazer algumas perguntas, se você me der respostas satisfatórias o suficiente, vou te dar o direito de ser meu sucessor e, ainda mais se tornar um [Contratante]. De outra forma, sua vida acaba aqui]
Dessa vez a voz soou calma, mas eu senti o lugar inteiro chacoalhar assim que ele terminou, além de sentir uma pressão imensa quase que me forçando a ajoelhar. O sentimento de estar frente a um predador não saiu da minha cabeça mesmo depois da pressão desaparecer.
‘A sensação de ser uma presa realmente não é nem um pouco agradável’
Sentindo o suor escorrendo pela minha testa e pelas minhas costas, eu não pude deixar de pensar no quão fraco eu era. Essa era a segunda vez em ambas as minhas vidas que eu fui forçado a me sentir tão impotente e a sensação não era nada prazerosa.
[Porque você busca poder?]
A voz voltou a ter um tom imperial, fazendo sua voz ecoar pelo lugar como uma demonstração de solenidade.
Uma pergunta simples, mas ainda sim complicada. Porque eu busco poder? Para sobreviver nesse mundo? Isso está certo, mas não é só isso, sobreviver é só a consequência da força e não a causa. Por auto-satisfação? Não, eu posso ser meio maníaco por lutas, mas isso já é muito mesmo para mim. Para me tornar algum tipo de Deus? Isso também não está certo, muito trabalho além de parecer ser incrivelmente entediante. Para me tornar um rei… nah, mesma razão da anterior. Para…
Para não perder! Não perder para ninguém em uma luta, não perder nenhuma das pessoas que me importam novamente, não ter que sentir essa impotência que eu senti diante um inimigo mais uma vez. Para não perder para esse mundo! Eu não posso fraquejar, meus inimigos que devem temer a minha presença e não o contrário.
— Para não perder! — Eu respondi com uma voz resoluta, batendo com meu estado mental.
‘Finalmente decidi um objetivo específico nesse novo mundo, eu não vou perder!’
[Muito bem. Próxima pergunta, como você acredita que esse mundo funciona?]
‘Hm? Essa é bastante simples, tem algum tipo de armadilha nisso?’
Isso não estava certo, de acordo com o julgamento da voz, a pergunta anterior seria muitas vezes mais fácil do que está, afinal, uma criança poderia achar 1001 motivos para querer poder, enquanto dificilmente saberia como o mundo funcionava.
— O forte acima do fraco, no fim, não importa quantas formigas avancem contra um dragão é só isso que elas são, formigas. —
No mundo criado pelo autor, só se consegue cargos mais altos quando sua força é reconhecida, e não existe algo como força em números ou algo do gênero, já que ele também escreveu sobre personagens capazes de dizimar exércitos sozinhos.
No fim, tudo se resumia a força, enquanto você fosse o mais forte da sala todos os outros se curvariam a sua vontade, ao mesmo tempo que essa arrogância poderia te matar. Em um caso em que você não fosse o mais forte da sala, sua vida estaria à mercê de outra pessoa.
[Garoto, tenho que admitir que suas respostas me surpreenderam, principalmente vindo de um pirralho como você. Buscar poder para proteger? Se vingar? Ganhar? Honestamente isso não importa, existe algum motivo para querer poder? Eu acredito que se deve ter o objetivo de fazer o inimigo lhe temer e não o contrário. Existe uma única lei neste mundo, e não são palavras bonitas nem a força em números que irá salvar os penosos insetos da força absoluta]
Surpreendentemente, suas opiniões eram bastante parecidas com as minhas. O que eu acho que deveria ser normal certo? Levando em conta o mundo em que vivemos, ao menos deveria ser…