A Ascensão do Dragão Prateado - Vol. 2 Capítulo 121
‘Isso é estranho…’
A luz do sol atingiu os olhos de Freud, destacando seus olhos roxos e banhando seu rosto agora sem máscara. Ele e Iris se encontraram com Hikari na cidade, mas, desde então, o trio não trocou mais do que três palavras.
Movendo seu corpo de um lado para o outro, o jovem deslizou os olhos pelo local, apreciando a arquitetura rústica do local. Talvez por estar afastada do ‘centro’ do lugar, parecia mais uma vila do que uma cidade.
Eles estavam esperando por alguns minutos na borda da cidade, com uma visão clara da floresta na qual estavam lutando pouco tempo atrás.
Sinceramente, ele já esperava não ter nenhum assunto em comum com Hikari. Já sobre Iris, depois dos primeiros minutos em silêncio, Freud achou que seria forçação de barra puxar o assunto de sua luta em ‘conjunto’.
O que estava fora de seus ‘cálculos’ foi o fato da kunoichi não ter nenhuma sincronia com Iris.
‘Eu não esperava que ela fosse como Nikkō mas… Silêncio absoluto foi meio inesperado’
Quebrando seu fluxo de pensamentos, Silver e a pequena kunoichi saíram das árvores.
Exceto pelo olhar repleto de emoções mistas, a garota não tinha nenhum ferimento visível. O dragão prateado, por outro lado, tinha sangue espalhado pela sua [Armadura Real], manchando o prateado de antes em um vermelho carmesim.
Involuntariamente, o jovem comparou a aparência atual de Silver com a visão que teve após ser derrotado no coliseu, chegando a uma conclusão simples:
Silver não era tão invencível quanto Freud pensava.
‘Se for assim, eu posso…’
— Eu conheço essa expressão. — A voz do dragão prateado cortou os pensamentos do jovem — O cãozinho de repente criou coragem para me desafiar?
Apenas observando a mudança constante na feição dele, o dragão prateado tirou essa conclusão e, dada a surpresa que surgiu na face do jovem, ele estava certo.
Um sorriso se espalhou no rosto de Silver, mas o desdém em seus olhos ficou claro para Freud.
Uma onda de raiva surgiu no peito do jovem, mas se segurou. Ele não lutaria com Silver, não agora, com os ferimentos que estavam visíveis no seu corpo.
— Vamos voltar para lá. — Apontando para a floresta atrás de si, ele continuou — Deve ter algum bom lugar onde eu possa martelar algum juízo na sua cabeça.
— Não vou lutar com você nesse estado vulnerável. — Silver tinha alguns cortes em sua [Armadura real], mostrando que ele estava definitivamente ferido.
‘Uma vitória com ele nesse estado não seria nem um pouco gratificante’
O estado de Freud também não foi dos melhores, porém no seu caso foi mais por um grande uso de [Energia espiritual] do que algum dano físico.
— Vulnerável? Hahaha… — O dragão prateado riu por alguns segundos, antes de finalmente controlar sua respiração — Fuuh, foi uma boa piada.
A expressão do raiju se contorceu em fúria escutando isso. Sim, ele controlou bastante seu temperamento ao redor de Silver para não ser alvejado, mas isso era puro desrespeito.
Enquanto suas emoções fluíam, raios roxos serpentearam entre seus dedos, sinalizando que seus sentimentos estavam a ponto de ebulição.
— Ahem! — Uma tosse forçada quebrou a ‘disputa’ entre eles.
Voltando seus olhos para Hikari, Silver percebeu apenas pelos olhos da kunoichi que ela queria uma explicação.
‘Com certeza não é sobre Freud, então…’
— Nik já sabe a razão da nossa ‘visita’ e veio aqui só para se despedir de você e Iris. — Pausando momentaneamente, o jovem olhou na direção da garota com os cabelos arco-íris. — Falando em despedidas… Iris, você vai voltar conosco para o meu território ou prefere fazer suas próprias coisas?
Levando uma mão ao queixo, ela inclinou sua cabeça e suas sobrancelhas baixaram um pouco. O sol que atingiu seu rosto destacou seus olhos multicoloridos, criando uma cena digna de uma obra de arte.
‘Como ela consegue ser tão fofa naturalmente?’
Tão bela quanto fosse a paisagem, ele iria cortar isso agora para poder lutar com Freud.
— Não precisa pensar tanto assim, você tem até nós pegarmos o trem de volta para decidir. Pode aproveitar o tempo com Nik tranquilamente até lá.
A garota assentiu calmamente, e Silver tinha certeza que viu um pequeno sorriso no rosto inexpressivo dela, que desapareceu rapidamente.
Encerrando a conversa, o dragão prateado caminhou na direção da floresta com Freud seguindo logo atrás.
A saída do duo deixou apenas o trio de garotas presentes no local. Tal situação poderia ser muito estranha considerando que duas das três não eram as pessoas mais expressivas, no entanto, Nikkō era um ponto fraco nesse quesito para ambas, Iris e Hikari.
— Vocês preferem assistir a luta ou fazer alguma outra coisa nesse meio tempo? — A kunoichi perguntou.
Foi mais direcionado a sua ‘pupila’ já que Iris não era a pessoa mais apropriada para escolher entre esses, afinal, batalhas eram todo seu ofício.
— Acho que minha cota de lutas já encheu por hoje. — Por mais que Nikkō não tenha assistido nenhuma delas, apenas saber que, fora aquela que ela mesma impediu, outras também aconteceram já acabou com sua vontade de ver uma nova.
— Mas isso não quer dizer que eu desisti de saber o motivo completo por trás disso. — Deixando isso claro, a pequena kunoichi partiu para a cidade, acompanhada pelas outras duas, buscando fazer uma coisa normal hoje.
❂❂❂
Insatisfeito.
Era assim que Silver estava se sentindo. Novamente, foi um erro dele sua luta ter sido interrompida por Nikkō, mas isso não diminuiu sua insatisfação.
Por esse motivo, ele provocou Freud até finalmente acabar chamando para um ‘duelo’.
‘É, eu também tenho que “ensinar” ele depois de tudo’
O ‘acordo’ que fez o raiju acompanhá-lo até aqui não foi esquecido, apenas deixado de lado, pois ele acreditava que a dor era o melhor professor e oportunidades para Freud aprender foi algo que não faltou nesse lugar.
— Aqui já é o suficiente — comentou o dragão prateado, parando seus passos, consequentemente fazendo o jovem que te seguia parar também.
A área que ele escolheu se aproximava de uma clareira. Em uma região onde o dossel das árvores era uma característica proeminente, onde a dupla acabara de pisar apresentou um ponto raro onde a luz do sol atingia quase sem impedimentos.
Observando os olhos dourados do seu oponente, Freud não tinha palavras para descrever o que sentiu.
Silver estava apenas parado lá mas, apenas isso trouxe uma enorme pressão para ele, somado à lembrança de seu embate no coliseu, fez toda a coragem que ele ganhou ao vê-lo ferido quase desaparecer.
— Você não vem? — O tom do dragão prateado foi calmo, porém, talvez por estar se sentindo pressionado, o raiju sentiu algum deboche em sua voz.
E essa foi a gota d’água, e a familiar espada larga surgiu em suas mãos, cobrindo seu corpo em raios roxos.
— Não vai usar sua espada? — Vendo que Silver permaneceu parado, os olhos de Freud brilharam em um roxo neon, como se reforçasse sua fúria.
— Me force.
Um raio atravessou a clareira, deixando um rastro roxo por todo o caminho até Silver.
A lâmina obscura da espada se pôs a alguns centímetros de distância da face do dragão prateado, com algumas faíscas a rodeando.
O golpe foi pausado por apenas uma mão, a qual se encontrou com o punho de Freud, impedindo completamente seu avanço.
— É surpreendente que você ainda não tenha corrigido isso. — O jovem comentou casualmente, com seus olhos dourados se encontrando com os roxos do raiju.
O pé de Silver atingiu o estômago de seu oponente com força, o atirando sem resistência ao ar.
Reajustando o corpo, Freud pousou enquanto sugava gananciosamente o oxigênio presente no lugar e, assim que olhou para cima, percebeu que seu inimigo havia desaparecido.
— Vou te mostrar como se faz.
Foi tudo que o jovem escutou antes de ver o dragão prateado ressurgir frente a ele. Antes dele conseguir pensar, sua lâmina se moveu cortando o vazio à sua frente. O golpe não atingiu o seu alvo por uma diferença de centímetros.
Na visão do raiju, Silver tinha uma expressão impassível assistindo a espada passar perigosamente próxima ao seu rosto e, em seguida, suas costas atingiram uma das árvores da floresta.
— Cough! Cough!
Tossindo, Freud limpou o sangue em seus lábios, levantando com um pouco de dificuldade enquanto usava a árvore como apoio.
— Use fintas, idiota. — Rolando os olhos graças a expressão estúpida de seu oponente, Silver continuou — Seus ataques são muito previsíveis.
Esse era o problema da maioria dos combatentes corpo-a-corpo focados em velocidade, e mesmo para Silver que não se apoiou nisso, acabou enfrentando isso graças ao seu [Estilo lobo].
Após isso o dragão prateado não atacou novamente, apenas esperou o raiju se recuperar e retomar sua postura de combate.
‘Esse filho da…’
O rosto de Freud se contorceu em fúria pelo desrespeito e logo que se recompôs, não hesitou em avançar novamente.
Sob a luz do sol, um raio roxo atravessou a clareira continuamente. Um cheiro de queimado se espalhou pelo lugar, causado pelo movimento do raiju.
O ambiente então foi preenchido com o som da descarga elétrica, seguido do impacto entre carne e aço.
Rolando no chão, o raiju esquivou de um chute machado vindo de Silver, o qual rachou o chão, levantando pedaços de terra ao ar.
Olhando para seu oponente, a realidade atingiu Freud como um meteoro. Por mais que seu oponente estivesse ferido, o sangue que manchou seu rosto e roupas não foi derramado por ele.
Frustração surgiu em seu peito.
Tum Tum!
O som do seu coração martelando em seu peito afogou suas orelhas, impedindo que ele escutasse a própria respiração.
‘Até quando eu vou ficar na sombra dele?’
Tum Tum!
‘Até quando ele vai ficar no meu caminho?’
De repente sua espada teve um peso insuportável em suas mãos então ele a largou.
Suas palmas alcançaram o chão, a umidade do solo se espalhou pela sua pele, e seu corpo pareceu espelhar essa sensação.
Mas isso não era uma forma de desistência.
A perna direita de Freud deslizou na terra, deixando uma marca no solo enquanto raios roxos começaram a serpentear seu corpo. Levantando o rosto, seus olhos se travaram no seu inimigo.
Na visão de Silver, o raiju entrou em uma postura similar a de um cachorro, com seus olhos brilhando em um roxo neon olhando para si sem piscar.
A respiração que escapou dos lábios de Freud se condensou à sua frente, antes dele morder o cabo da espada ao seu lado sem se levantar.
— Eu sei que te chamei de cachorro mais cedo mas… Você vai realmente agir como um? — Levantando uma sobrancelha, o dragão prateado perguntou.
Mas ele não recebeu uma resposta.
Se não fosse pelo aumento constante da eletricidade que o rodeava, Silver acreditaria que seu oponente estava inconsciente.
O barulho de um relâmpago quebrou o silêncio da dupla, e a figura de Freud desapareceu junto ao ruído.
Havia outra forma de sobrepor a fraqueza criada pela dependência da velocidade no estilo de combate, uma que Silver escolheu não falar para o raiju pois ele não poderia realizar naquele momento.
E ela é, simplesmente, mais rápido do que seu inimigo.
Arregalando brevemente os olhos, o dragão prateado inclinou a cabeça a tempo de conseguir apenas um corte na bochecha.
‘Sinceramente… Qual o problema desse pessoal com o meu rosto?’
Essa era a segunda vez hoje que sua face foi atacada pelo seu oponente e, se ele não tivesse uma regeneração alta, com certeza haveriam cicatrizes nela.
Porém esse instante não foi o mais apropriado para pensar nisso, movimentando o corpo um pouco ao lado, o jovem evitou outro golpe, desta vez visando o torso dele.
Demonstrando uma grande flexibilidade, Freud deslizou no solo, manobrando e rapidamente atacando novamente.
Bang!
A lâmina da espada presa em sua boca se encontrou com o punho de Silver, agora coberto de chamas prateadas.
Todos os quatro membros do raiju afundaram no chão durante o impacto, mas seus olhos roxos brilhando em neon não vacilaram nem um pouco.
‘Claro que ele tá alcançando uma nova parte da [Autoridade] do espírito dele’
Faíscas fluíram no ar enquanto Silver e Freud trocavam diversos golpes.
A diferença entre o raiju atual e aquele em seu estado normal ficou clara com este embate, anteriormente o jovem mal poderia alcançar o oponente mas, agora, ambos estavam iguais.
Observando essa mudança, o dragão prateado se surpreendeu outra vez com o quanto ter avançar na [Autoridade] poderia mudar um [Contratante]
Com Shōri foi o mesmo, a invencível pôde ferí-lo também assim alcançou esse estado, única diferença era que para ela, a técnica quem sofreu uma alteração dramática enquanto Freud se tornou mais rápido.
‘Eu imagino o quanto vou ficar mais forte assim que tiver mais acesso à força de Fenris…’
A eletricidade e a chama se encontraram múltiplas vezes neste meio tempo, sem nenhum conseguir a mão superior.
— É realmente formidável, mas ainda tem falhas…
Dizendo isso, Silver atirou um gancho na direção do inimigo. Movendo a cabeça, o raiju posicionou a espada em seus lábios, bloqueando o golpe perfeitamente.
Mas ainda não havia acabado, deslizando a perna e deixando um rastro no solo, o dragão prateado socou novamente e, mesmo ao bloquear, o corpo de Freud subiu um pouco ao ar.
Aproveitando da situação vulnerável do oponente, o jovem usou suas chamas para impulsionar um chute que atingiu em cheio o estômago dele.
Uma dor enorme se espalhou pela barriga de Freud, o fazendo abrir a boca para respirar, consequentemente perdendo o aperto que tinha na espada. A figura dele sobrevoou a clareira descontroladamente, e seus olhos se voltaram para o dossel das árvores.
O que cruzou sua visão não foi o que ele esperava, uma luz prateada cobriu o céu e, enquanto protegia a vista, o raiju sentiu um impacto forte atingindo seus braços.
Booom!
A colisão entre ele e o chão ressoou na área, criando rachaduras no solo. A visão do jovem escureceu por um momento após o impacto e, antes dele conseguir se recuperar, um punho deu boas vindas a ele.