A Ascensão do Dragão Prateado - Vol. 2 Capítulo 135
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- Vol. 2 Capítulo 135 - Nos Bastidores da Cidade
No centro de uma sala, duas pessoas estavam sentadas lado a lad
— E isso é tudo. — Recostando-se na cadeira, Silver apoiou uma mão no queixo olhando para Hikari.
— Deixe-me adivinhar, você quer destruir todo o submundo. — Com seus olhos azuis gelo colados no jovem ao seu lado, a kunoichi perguntou.
O prata que engoliu a íris dele a lembrou do momento que ele decidiu dominar completamente a cidade baixa. Eram os mesmos olhos, a mesma expressão e loucura presente no tom.
— Não é engraçado? Aqueles merdas pensaram que seria bom atacar minha família também. Hahaha! — A risada de Silver não foi em deleite, e pareceu tornar o clima na sala incrivelmente mais pesado.
— Não ria assim. — Mantendo uma expressão neutra, Hikari disse. Pausando sua risada, o jovem olhou para ela em confusão enquanto sua íris retornava ao dourado reluzente.
‘Melhor assim’
Apenas o fato de Silver ter contado tudo isso significava que ele precisava dela para fazê-lo acontecer. Nem mesmo por um momento a kunoichi pensou nele estar falando da boca para fora.
— Destruí-los está além das nossas capacidades ainda. — Após ponderar por um momento, ela disse. — Precisamos expandir nossos números, influência e força individual.
— Você disse que havia uns idiotas se autodenominando chefes das cidades baixas a nossa volta, certo? — O jovem perguntou, levantando-se logo após. — Reúna toda a informação possível sobre eles.
‘Eles não vão ser o suficiente… Vamos ter que voltar para dominar minha família, e também tem a aliança com Moon’
— Sua expressão me diz que só eles não vão fazer o trabalho. — Caminhando até ficar de frente para a porta, Silver disse. — Mas eu só preciso de uma resposta…
— Entendido. — Suspirando profundamente, Hikari olhou nos olhos dele enquanto dizia.
Um sorriso se formou no rosto do jovem. — Isso que eu queria ouvir.
Dito isso, ele saiu da sala, deixando a kunoichi com seus próprios pensamentos. O silêncio que se seguiu foi tanto relaxado quanto pesado. Olhando para a porta por onde Silver havia saído, ela também se levantou.
— Que líder problemático eu tenho, não? — Mesmo dizendo isso, o rosto dela manteve um sorriso idêntico ao que o jovem havia mostrado momentos atrás.
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Entrando em um escritório que seguia um estilo vitoriano, Moon deu uma rápida ao redor. O local não estava preenchido por decorações, mas parecia bastante aconchegante. As paredes eram bem ‘limpas’ sem nenhum quadro ou adorno muito extravagante, apenas duas prateleiras preenchidas com alguns livros um pouco velhos.
‘Parece que eles seguiram a sério o tema mais antigo’
Seus passos fizeram ruídos quase inaudíveis graças ao tapete fino que se estendeu no chão da sala, porém, o som não era irritante, apenas preenchendo o lugar de uma forma estranhamente satisfatória.
Aproximando-se da mesa presente no local, ela se sentou na cadeira estofada, observando também todos os objetos dispostos nela. Alguns papéis para rascunho estavam meticulosamente organizados, lado a lado com algumas canetas e um tinteiro simples.
O que mais chamou sua atenção foi um colar, cujo reflexo pingente de lua minguante aumentou drasticamente sua beleza.
‘Parece que essa sala foi realmente construída para mim’
— Silver provavelmente construiu essa sala por conta da nossa aliança. — A jovem murmurou.
Quando eles saíram da sala de reunião, ela perguntou para Mitis se havia algum lugar onde seria possível fazer uma ligação e a ‘santa’ apontou para esta sala. Isso a deixou feliz, bem como arrependida de não ter feito o mesmo em seu próprio território.
‘Ok, está decidido. Após o fim do torneio eu vou construir o melhor escritório possível para ele!’
Ajustando seus pensamentos, Moon colocou uma mão no bolso antes de retirar seu [SC] e posicioná-lo na mesa. Depois de encontrar o melhor ângulo possível, ela navegou pelas opções do objeto antes de ligar para o seu braço direito.
Logo a imagem de um homem com cabelos pretos e olhos verdes surgiu, com um rosto sério e cansado que continha diversas cicatrizes nele.
[Senhorita, como posso ajudá-la?]
Embora sua voz soasse um pouco rouca, o respeito nela era claro, enquanto ele curvava a cabeça brevemente.
— Não precisa ser tão formal Arai. — Pegando o colar da mesa, a jovem deslizou ele em sua palma, fazendo o reflexo da iluminação navegar pelo objeto. — Como estão as coisas por aí?
[Bem depois da sua última demonstração, eles estão bastante silenciosos]
Após a matriarca decidir seguir o exemplo de Silver e mostrar para sua ‘família’ quem realmente tinha a mão maior, os anciões se mantiveram harmoniosamente quietos.
‘E eu só precisei matar alguns deles..’
Foram anos tentando apaziguá-los sem nenhum sucesso, mesmo quando seu clã chegou em uma altura que nunca foi alcançada por seus predecessores. Embora ela pudesse mostrar as habilidades de Amaterasu para ganhar o respeito dos anciões, a jovem sabia que isso era apenas uma desculpa.
Um pretexto usado por eles em busca de manter as rédeas do clã, mesmo quando ela era a matriarca.
— Arai, eu sou uma tirana? — Pensando em suas ações, a jovem perguntou.
[Não.]
— Uma resposta instantânea. Se importa de elaborar? — Olhando para o seu braço direito, Moon questionou.
[Você ainda considera a opinião deles não importa o quão idiota seja]
‘Isso foi meio inesperado…’
Inicialmente era para ser uma pergunta retórica, ela não esperava que Arai respondesse sua primeira questão sinceramente.
— Você ainda tem conexões no submundo? — Incerta sobre como responder ao elogio, a garota mudou de assunto.
[Sim.]
— Consegue juntar informações sobre as pessoas que atacaram Silver hoje? — Ao ver a sobrancelha do seu braço direito se arquear, ela lembrou que ainda não havia dito para ele. — É o seguinte…
[Vou retornar com as informações o mais breve possível]
Após receber uma explicação sobre os eventos no hospital, Arai se despediu, trazendo novamente um silêncio à sala.
Focando novamente no colar em suas mãos, a jovem se perguntou o que deveria fazer a seguir. Por ter deixado o grupo para fazer a ligação, ela preferiu não retornar e atrapalhar o tour.
‘O que eu deveria fazer agora?’
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— O que vocês querem ver primeiro? — Quando o grupo chegou na saída, Mitis virou-se para perguntar.
A mão da jovem ainda estava entrelaçada com a de Argent, e não parecia que ela iria soltar tão cedo. Como tal, o olhar da ‘santa’ focou-se na mulher.
— Que tal um tour pela cidade? Eu adoraria ver a cidade que meu filho criou. — A mulher sugeriu, olhando para o restante do grupo.
Oliver colocou as mãos nos bolsos antes de dar de ombros, mostrando não se importar muito com a decisão. Yuki teve uma reação semelhante, mantendo sua expressão neutra como sempre.
Beatriz e Hans se entreolharam por um momento, antes do homem responder — Estamos bem com o que vossa senhoria decidir.
— Por mim tudo bem. — Eve disse, enquanto seus olhos passavam pelas construções da cidade.
‘Eu quero ver o que aquele monstro é capaz de criar…’
— Estou sendo paga apenas para cuidar de você. — Ajustando o óculos em seu rosto, Carol continuou. — Vou te acompanhar independentemente da sua decisão.
‘Minha curiosidade vem depois, trabalho primeiro.’
— Prefiro ir para o meu quar… — As palavras de Lorie foram interrompidas por outra pessoa antes dela terminar.
— Eu gostaria de ver a cidade! — exclamou Mia, com os olhos brilhando em animação. Assim que ela o fez, seu corpo congelou e a garota olhou para sua irmã com um sorriso apologético.
— Sigh, vamos ver a cidade… — A mulher suspirou, esfregando sua testa enquanto mantinha a mão longe da franja.
— Por que você está agindo como se esse não fosse seu trabalho? — Yuki olhou para a ruiva de soslaio, perguntando com um tom indiferente.
Tecnicamente, Lorie havia sido chamada única e exclusivamente para proteger os pais de Silver, então não fazia sentido ela se afastar da dupla.
— Oh, você sabe falar? Pensei que não tinha voz. Por que, sei lá, não usou para responder a pergunta? — Os lábios da mulher tremeram enquanto retrucava, devolvendo um olhar irritado para Yuki.
— Hmm, eles já estão indo… — Interrompendo a ‘disputa’ da dupla, Mia apontou para o grupo, que estava se afastando lentamente.
Deixando a disputa de lado, o duo caminhou rapidamente para alcançar o grupo.
Uma brisa leve escovou os cabelos do grupo, trazendo não só um ar fresco mas também o caótico e estranhamente agradável som causado pela movimentação dos habitantes.
O grupo atravessou a cidade, observando cada uma das construções do local. Elas não eram intrincadas ou belas, mas era possível ver que havia algum cuidado posto em cada uma delas. A distância entre elas foi mínima, evidenciando uma leve falta de planejamento antes de sua construção.
Em contrapartida, a pintura presente nelas parecia recém renovada, dando um ar mais caloroso e único.
Para cada local que eles passavam, a santa deu uma breve explicação sobre sua função, até mesmo dando algumas informações sobre seus donos. Durante o caminho, cada um dos moradores que passou por eles cumprimentou tanto Mitis, quanto todos os demais.
Isso mostrou que cada um deles conhecia e gostava da santa, porém, por mais agradáveis que seus cumprimentos fossem, havia alguma desconfiança em seus olhos quando olhavam para os membros ‘novos’ do grupo.
Eve principalmente, tendo crescido em um ambiente hostil como uma cidade baixa, conseguiu perceber a diferença nestes olhares.
— Ah, estamos quase chegando no meu lugar favorito! — Mitis exclamou com entusiasmo, direcionando o grupo para um prédio próximo.
Ao entrar, o grupo foi agraciado com um ar caloroso. O lugar poderia ser simples, mas, ainda sim, muito bem cuidado. Haviam algumas famílias presentes, as quais acenaram para a santa assim que ela surgiu em seus olhos.
— Oh! Senhorita Mitis, a quanto tempo! — Enquanto a jovem replicava o gesto, um dos cozinheiros disse, levantando uma mão calejada para cumprimentá-la. — Senhor Hans, Senhorita Beatriz. Novos amigos?
Assentindo para todos presentes, o homem sorriu olhando para a santa. — Será o mesmo de sempre?
— Sim, por favor! — Soltando a mão de Argent, a jovem levantou um punho cerrado em animação. — Ah! Esses são Argent e Oliver, os pais de Silv.
Enquanto os olhos do cozinheiro se arregalavam, olhando para as pessoas para quem Mitis apontou, a garota continuou. — E estes são Carol, Eve, Yuki, Mia e Lorie. Todos amigos de Silv.
— É um prazer enorme conhecer todos vocês! — Sorrindo para o grupo, gesticulou para um jovem que estava próximo. — Ei Jean, arrume uma mesa para os convidados do nosso anjo.
— Sim senhor! — Rapidamente, um garoto de cabelos castanhos levemente desgrenhados saiu do balcão, se apressando para ajeitar um local para o grupo. Seus movimentos eram rápidos e precisos, enquanto ele arrumava a mesa.
Assim que Jean terminou de organizar, ele esticou os braços para que o grupo se sentasse. Com o grupo todo sentado, o jovem retirou um bloco de anotações do bolso seguido de uma caneta. — Posso anotar seu pedido?
Embora fosse muito abrupto, o garoto esperou calmamente enquanto eles observavam o cardápio recém colocado na mesa. Como não havia um fluxo tão grande de clientes, ele pôde permanecer na mesa por algum tempo.
‘Além disso, elas são lindas!’
Outro motivo para sua presença foi a beleza das integrantes do grupo. Ele já conhecia Mitis, mas todas aquelas presentes tinham um nível próprio de charme.
Após anotar os pedidos, Jean saiu da mesa com um sorriso no rosto, tendo presenciado uma cena um tanto engraçada.
— Sinceramente, não pode ser um pouco menos estrita? — Inflando as bochechas, Argent cruzou os braços enquanto reclamava.
— Sou paga justamente para isso. — Ajustando os óculos em sua face, Carol comentou calmamente.
A dupla teve uma discussão unilateral quanto aos pedidos de Argent, com a doutora assegurando que o prato decidido fosse o mais nutritivo possível. Enquanto a dupla tinha uma disputa silenciosa, certa ruiva teve uma ideia diferente.
— Mitis, não quero ser rude nem nada mas… Por quê esse é o seu lugar favorito? — A voz de Mia atravessou a mesa.
— Silv me trouxe aqui depois de me encontrar… — Os cabelos azuis da jovem foram banhados pela luz neste momento, e seus olhos produziram um brilho caloroso.
Ela ainda lembrava daquele dia, foi a primeira vez que a jovem teve a oportunidade de passear por uma cidade. Cada prédio, pessoa e mesmo alimentos eram novos para a santa. Embora a garota estivesse fazendo diversas perguntas, Silver respondeu tudo com um sorriso gentil no rosto, a incentivando a perguntar mais.
Olhando para a figura de Mitis, o grupo sentiu o apreço que ela tinha por essa memória, com cada um tendo pensamentos diferentes sobre isso.
‘Aquele demônio seduziu uma santa?!’
Dentre eles, Eve era quem tinha a linha de raciocínio mais estranha.
— Foi Silv que te encontrou? — perguntou Argent, curiosa sobre as aventuras de seu filho.
— Sim, ele me disse que poderia me levar até pessoas necessitadas da minha ajuda… — Sem perder o sorriso, a jovem respondeu.
Logo, o grupo conversou harmoniosamente… Bem, apenas Argent, Mitis e Mia o fizeram, o restante contribuiu pouco ou nada para a conversa. Com um clima tranquilo, a breve apresentação da cidade foi encerrada.