A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 34
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- Vol.2 Capítulo 34 - Torneio interno(pt.5) Memórias
Uma semana se passou desde as ‘preliminares’ do torneio interno.
Durante este tempo, Silver se focou nos assuntos da sua ‘gangue’. Recentemente um grupo novo surgiu e começou sua própria ascensão, causando leves ondas nos assuntos inacabados com Midgard.
Por ele só poder ajudar a distância, os problemas começaram a se acumular, com a nova gangue ganhando mais espaço para criar uma base sólida.
Claro que seus subordinados não eram estúpidos, e logo, Hana resolveu ‘cortar’ as bordas dos recém chegados em busca de impedir seu crescimento.
Moon por sua vez, também estava ocupada com os assuntos de sua família então não treinou pesadamente pela semana.
Mia e Lina estavam em situações semelhantes, nenhuma das duas achava que participaria na luta seguinte, mas ainda sim treinaram o máximo possível.
Freud simplesmente acompanhou a dríade como sempre.
Mari foi a integrante do grupo que menos treinou neste período de tempo, ela ainda não teve a oportunidade necessária para provar seu valor então tentou se manter no estado de pico até lá.
Seiji… Esperou entediado o dia da luta.
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Enfim, a data marcada para o final do torneio interno chegou.
A escola se encheu de animação para o momento tão aguardado por alguns.
Os estudantes que participaram do treinamento de Moon se prepararam para torcer pela matriarca e sua equipe.
Freud, Lina e Silver eram famosos por si só e tinham suas próprias torcidas na plateia.
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Entrando na arquibancada, foi dada a vista para uma arena diferente de antes.
Nesta não tinha a base quadrada no centro e somente a planície que dava muito mais espaço para uma atual luta.
Em nenhum ponto específico havia uma atual tecnologia de ponta, deixando Silver sem palavras.
Eles queriam fazer uma surpresa, ou a tecnologia não existia ainda?
O jovem decidiu deixar essa parte para lá, não havia sentido em se prender a isso.
Adicionalmente, a aparição do próprio diretor deixou as expectativas no ápice de onde deveriam estar entre os alunos. Haviam diversas lendas sobre o diretor e como ele perdeu o olho.
Novamente, somente rumores e nada mais.
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Com tudo preparado, a arena ficou silenciosa aguardando o discurso que iniciaria o combate.
Acima da sala de descanso onde a classe D se encontrava, havia um espaço simples com duas cadeiras e visão aberta ao centro.
De lá, saíram Shirou e Lorie.
O tigre branco tinha sua usual face fria e tapa-olho, andando calmamente até sua cadeira.
O dragão vermelho por sua vez, emanava um ar anormalmente digno, nada parecido com todas as vezes que ela e Silver se encontraram.
A dupla se sentou confortavelmente e então, Byakko abriu a boca para discursar.
— Mostrem seu valor. Prove que são dignos de representar esta academia, se quer vencer de cada gota de suor para fazê-lo acontecer. Podem descer — Com o tom frio de sempre, ele declarou substituindo a voz robótica.
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— Sinceramente, não sei se ele é péssimo fazendo discursos ou nem mesmo tentou — Mia comentou, olhando para sua irmã que também tinha um rosto desconcertado.
— Então eu vou… — Seiji começou, mas foi interrompido.
— Eu vou — Silver disse, sem deixar nenhum espaço para recusa.
— O quê?! Mas é minha… — Mais uma vez o jovem foi calado por um olhar do dragão prateado.
— Tch, faz o que você quiser — Resmungou enquanto partiu para desenhar círculos num canto.
Mari abriu a boca tentando intervir, mas essa foi calada pelo olhar gelado da matriarca.
Freud nem tentou, na sua opinião se Silver queria entrar lá não havia um bom motivo para recusar e provocar uma briga entre eles.
Mia confiava bastante no jovem e Lina não via problema com os arranjos.
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Após resolver o assunto da luta pacificamente, Silver desceu na arena encontrando Corlin já aguardando sua chegada.
— Você realmente deixou sua marca em Adrian, não foi? — Perguntou casualmente.
Haviam alguns rumores sobre a condição do espadachim, diziam que ele se isolou por não conseguir lidar com a derrota, já outros diziam estar traumatizado.
— O cara mereceu, muitas pessoas devem estar me agradecendo por lidar com ele — Respondeu o marionetista, soando orgulhoso.
— Não importa realmente, eu só vim aqui para descobrir seus truques — Silver estava curioso para entender o tipo de ilusão que Adrian sofreu.
Assim, a familiar armadura prateada e dourada junto a sua shinai surgiu.
— Logo logo você vai descobrir — Colin respondeu.
— Comecem! — Substituindo novamente a voz, Byakko anunciou.
Assim como nas lutas anteriores, o marionetista não convocou uma [Armadura Real].
Mas para Silver, havia algo diferente. Os olhos negros que eram comuns agora se assemelhavam a um buraco negro.
Focando-se neste detalhe, a visão do dragão prateado de repente escureceu.
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Quando ele conseguiu ver novamente, o lugar onde estava era diferente.
Olhando ao redor, percebeu que não lhe era estranho, mas o garoto não sentia seu próprio corpo o impossibilitando de se mover.
‘Mas esse lugar… Oh, então é assim…’
Foi onde Silver pode ter uma última conversa normal com seu irmão, e ele se lembrava claramente de cada detalhe daquele dia…
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Em uma oficina qualquer, fora de seu horário de funcionamento e peças desorganizadas pelo local, havia três pessoas reunidas.
De um lado estava um adolescente, com cabelos pretos curtos e olhos límpidos de mesma cor.
Ele tinha bandagens enroladas nos punhos e seu rosto estava machucado, com um corte no lábio que o fazia desconfortável ao falar.
Oposto a ele, havia um homem de aparência semelhante, uma versão madura do mesmo utilizando mitenes sem ferida alguma visível.
A última pessoa era uma garota, que trazendo consigo um kit de primeiros socorros se aproximou do ferido.
— Não sei porque você insiste em usar bandagens nas mãos, essas coisas ferram com os dedos — O homem falou.
— Elas são legais, ok? Eu também não entendo seu amor por carros, motos são melhores — Respondeu o jovem, gesticulando em direção às partes de carros espalhadas pela loja.
— Tch, você é estúpido demais para perceber a beleza dos meus carros — Retorquiu, com uma face que o garoto identificou como ‘você não é digno’.
— Seu… Ow! Qual o motivo? — Perguntou a mulher, que acabara de forçar álcool contra sua ferida.
— Vai com calma garoto, ‘bandagens são legais’, e você também ‘meus carros são minha vida’ ou eu mesma acabo com os dois — Ameaçou e ambos se calaram, ainda que fazendo faces estúpidas um para o outro.
— Sigh, como exatamente os dois idiotas se tornaram temidos mesmo? As contas não batem para mim — Vendo a expressão orgulhosa em seus rostos, ela apertou a ferida com mais força que antes.
— O idiota maior ainda diz ser o dono de uma gangue — Continuou a mulher com outro suspiro.
— Ei! Eu sou o dono de uma gangue!
Ignorando eles, ela decidiu voltar a se focar nas feridas.
— Vamos, Selena não seja assim, explique a Jay o porquê de carros serem melhores — O homem insistiu.
— Ainda nessa Vincent, primeiro você tira o dinheiro que eu ganhei e agora com essa coisa de carros — Jay reclamou.
— Jay Angel, eu já te disse. Nós não roubamos pessoas comuns — Com uma rara expressão séria, o homem afirmou.
Ele somente usava o nome completo para falar quando estava sério, o que era uma real raridade.
Outro dia, o homem forçou Jay a retornar o dinheiro que havia conseguido através do pickpocket ensinado pelo mesmo.
A razão foi o fato do garoto ter roubado de pessoas comuns as quais, gentis ou não, simplesmente tinham um estilo de vida completamente oposto ao deles.
— Tá tá, entendi. Vou dar uma volta — Falando isso, o jovem saiu sem esperar a resposta.
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— Seriamente… não fazem nem cinco minutos que eu saí para uma caminhada…
Ao redor de Jay, havia corpos no chão. Nenhum deles morto é claro, mas bastante machucados.
— Selena vai me matar quando vir isso — Resmungou o garoto, vendo as bandagens encharcadas de sangue.
Pensando sobre isso, a imagem dela o mergulhando em álcool para apaziguar as feridas poderia ser facilmente visualizada.
Nesse momento, ele cometeu um erro que pesou em sua mente pelo resto da vida.
Ele virou suas costas para um oponente…
— Jay!
Bang! Bang!
Quando se virou, um corpo pesou sobre o seu, o qual ele inconscientemente abraçou.
Olhando para suas mãos ele viu vermelho… Muito vermelho.
Levantando os olhos, lá estava seu irmão. Com um sorriso no rosto pálido e sangue escorrendo da boca.
— Parece que eu te ensinei… Cough cough, realmente mal, huh? Já esqueceu o básico… Não virar as costas para o inimigo… Argh… Primeira regra, lembra? — Entre grunhidos e tossidos relembrou.
Observando os arredores, Jay percebeu que não havia mais ninguém.
Foi organizado, todos tomaram seu rumo após os tiros. Nenhum deles esperava que participar de tal evento traria seu fim muito antes do esperado.
De volta ao seu irmão, o garoto podia ver a vida lentamente desaparecendo de seus olhos sem poder fazer nada a respeito.
— Ei! Olha para mim! Me promete que vai cuidar do nosso território! Ouviu? Promete! — Gritou, com seus últimos resquícios de força.
— E-eu… — O garoto não teve tempo de responder, pois os olhos de seu irmão já haviam se fechado.
Apoiando o corpo de seu irmão, Jay vagou por aí sem rumo, no fim chegando ao ponto de encontro da gangue.
Onde mais notícias ruins o aguardavam.