A Ascensão do Dragão Prateado - Vol. 2 Capítulo 35
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- Vol. 2 Capítulo 35 - Torneio interno(pt.6) Vingança
Ainda carregando o corpo de seu irmão, Jay entrou na oficina ele se encontrou com puro caos.
Membros correndo de um lado ao outro, retirando corpos sem vida do chão e apoiando os feridos.
Olhando para o centro do local, viu algo que estraçalhou sua alma já ferida.
Os familiares cabelos loiros agora encharcados em sangue e o par de olhos sem uma única fagulha de vida.
Colocando gentilmente seu irmão no chão, ele se sentou entre os dois corpos.
Sem dizer nada, Jay somente observou o vazio.
As pessoas ao redor já o haviam percebido, mas não ousavam incomodá-lo neste momento. Principalmente depois de entender quem eram os donos dos corpos em sua frente.
— T-te-teve um ataque… E a-a tentaram capturar a senhorita… — Um dos membros tomou coragem, e esclareceu.
Escutando isso, o jovem virou-se para direção do dono da voz.
Algo que fez o mesmo dar um passo atrás pela estranheza do olhar.
Seus olhos estavam vazios, sem indício de calor neles.
— Arranje alguém para limpar tudo e organize o funeral — Ordenou em um tom neutro.
Assim, até o fim do dia o local foi limpo, funerais foram agendados, feridos tiveram seus atendimentos e o jovem tomou seu tempo para colocar seus pensamentos em ordem.
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Dias se passaram e Jay estava no escritório de seu irmão. O layout da sala foi feito no estilo vitoriano antigo ou, como Selena chamava, vintage.
Ele se lembrava exatamente de quando perguntou o porquê disso a resposta foi ‘não dá um ar de máfia?’.
Agora sentado na poltrona, o garoto soltou uma nuvem de fumaça. Hábito que recebera quando começou a fumar.
— Olhando para o passado, meu irmão e eu fomos ingênuos. Nós tratamos todos nossos membros como parte da nossa própria família, e esperamos o mesmo deles… — Comentou, olhando para os quase vinte homens reunidos na sala.
Cada um deles estava de pé, como uma demonstração de ‘respeito’ a ele.
— Agora vejo que nem tudo é como parece. Alguns deles sim, merecem tal tratamento já outros… Eu não os entregaria aos meus piores inimigos. Não acham? — Jay direcionou sua pergunta a eles, que visivelmente ficaram tensos pela afirmação.
O clima na sala ficou cada vez mais pesado, graças ao silêncio do jovem, o qual estava calmamente observando a expressão de seus ‘membros’.
— Sigh, imaginei… — Com um suspiro decepcionado, ele retirou algo debaixo da mesa e, antes que os outros pudessem reagir.
Ratatata!
O leve tilintar das cápsulas de bala atingindo o chão e a fumaça expelida pelo superaquecimento da arma foram os únicos sons que permaneceram na sala.
Todos aqueles, agora mortos, membros repousando no piso eram traidores.
A emboscada contra ele dias atrás foi combinada e a tentativa de sequestro contra Selena também.
Quanto a morte do seu irmão? Efeito colateral.
A porta da sala se abriu lentamente, e logo, seu recém nomeado braço direito entrou. Olhando para os corpos caídos, ele não tinha uma fagulha sequer de pena e quando seus olhos se voltaram para Jay, o mesmo se curvou.
— Acredita Vitor? Eu e meu irmão conhecíamos a família de todos eles, fomos no casamento e vimos o filho daquele ali nascer. Mesmo assim, os filhos da puta tiveram a coragem de nos trair — O jovem apontou para um dos corpos.
Ele não se importou sobre o fato de tê-lo matado, assim como o homem fez sobre sua própria morte, de seu irmão ou de Selena. Sobre a família dele, isso não mudava nada.
Jay ainda os protegeria como o de praxe, só não se esqueceria sobre os fatos.
— Arrume alguém para os buracos de bala e para despachar os corpos, espero não ver nenhum deles sujando meu escritório. Agora nós temos um funeral para atender — Ordenou, passando por Vitor e saindo da sala.
Durante o funeral, ele agiu normalmente mesmo se tratando da família daqueles que matou. Não porque era sangue frio, mas sim pelo fato de conhecê-los a tempos e se importar com a maioria deles.
Houveram alguns que o culparam? Sim, mas era um acontecimento inevitável, simplesmente uma forma de se sentir melhor culpando outra pessoa e direcionando seu ódio para ela. Nada menos que a natureza da psique humana.
Quanto aos traidores, foram dados como mortos durante o ataque, sendo ‘honrados’ durante sua morte.
— Irmão… Não consegui te prometer que protegeria nosso território diante sua morte… Mas vou fazê-lo mesmo assim. Agora de um jeito diferente do que fazíamos…
Jay jurou frente ao túmulo de seu irmão, e cumpriu sua promessa.
❂❂❂
Durante os meses seguintes, poderia ser dito que o jovem mergulhou em um mar de sangue.
Primeiramente ele visitou todas as gangues, que pela morte de seu irmão acreditaram estupidamente estarem no próprio domínio.
Obviamente, Jay foi recebido com risadas e escárnio da outra parte. Dito isso, o jovem ‘gentilmente’ os enviou para uma sala particular a sete palmos abaixo da terra.
Com a contínua limpeza acontecendo, começaram a chamá-lo de cachorro louco.
Motivo? Disseram que seu irmão era sua ‘coleira’, após a morte do mesmo, as restrições se foram. Restando apenas cão de caça sedento por sangue.
Não durou muito até os rumores morrerem. Isso porque metade deles estavam muito ocupados fugindo, enquanto outros já tinham sua ‘sala particular’.
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Em um escritório qualquer, dois homens estavam tendo uma disputa de interesses.
— Como assim não podemos sair?! — O mais agitado de ambos gritou.
Ele tinha cabelos lambidos para trás e um rosto incrivelmente pálido.
— Samuel, nós dois sabemos que não é assim que funciona! O direito de tomar essa decisão não está nas minhas mãos — Respondeu o homem, sabendo por si só que estava tão nervoso quanto seu amigo.
Infelizmente as ordens vieram do seu ‘empregador’, ordenando todos a ficarem na cidade.
— Pouco me importa se é permitido ou não, eu tô saindo agora! — Samuel exclamou, movendo-se em direção a porta.
— Espera!
A porta subitamente se abriu, e uma figura encapuzada reduziu a distância, chegando em um piscar de olhos na frente de Samuel.
Bang! Bang! Bang!
Cintura, torso e quando o homem abriu sua boca para gritar em dor, a parede foi pintada de vermelho.
Movendo o corpo sem vida frente ao seu próprio, a figura escutou o familiar som de balas sendo disparadas atingindo somente o próprio companheiro e então um click, soou levemente.
Largando seu escudo, ela se aproximou do homem e forçou seu rosto contra a mesa.
Com um leve balançar do pulso, perfurou uma faca contra a mão dele.
— Argh!
— Bem, senhor Marcos. Espero que, como um homem esperto, você coopere me dando as respostas certas…
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Jonathan estava se sentindo um idiota.
Alguns meses atrás foram os melhores da sua vida. Ele tirou dois dos maiores empecilhos do seu caminho, efetivamente tirando o apoio emocional de Jay.
Claro, a morte do chefe foi acidental mas…
Por outro lado, não durou muito para que isso fosse destruído.
Começou com o menino que mal saiu das fraldas decidiu destruir cada gangue e anunciou como seu domínio.
A primeira ele achou a decisão idiota, além de arrogante e prepotente.
Tudo mudou quando o destino decidiu dar a ele outro soco na cara. Metade deles foram destruídos, já os restantes fugiram com o rabo entre as pernas.
Soltando um suspiro cansado, Jonathan entrou no bar, o qual era dono.
— Oh! Você não sabe o quão bom é te ver por aqui! — Escutou uma voz, de tom alegre contrastando com o rosto do dono.
— Ah, porra! — Foi aí que o homem sabia que tudo deu errado.
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Sentado na mesa do bar estava Jay, posicionando algumas bebidas sobre o mesmo.
— Você sabe, esses dias eu vi um filme. Do tipo vingança o que tem sido bastante frequente para mim desde aquele dia… Enfim, o personagem principal no fim faz uma cena bastante badass de atirar o atestado de óbito do filho dele no assassino, e então faz ele ler. O ponto é que o cara no fim acaba com uma bala em cada lugar onde acertou o garoto — Parando um pouco, Jay observou as expressões de Jonathan antes de sorrir.
— Sei o que você está pensando, mas não. Sem chance de eu te dar uma morte tão calma — O rosto do homem se distorceu mais uma vez, mas ele não respondeu.
Cansado de ouvir o monólogo de Jay, Jonathan levou sua mão até onde sua arma estava.
— Procurando isso? Cara, meu pickpocket é tão bom assim? — Perguntou, pousando levemente a pistola na mesa do bar.
Ignorando o desdém na voz do jovem, procurou a sua reserva.
Sem nenhum retorno ele se virou para Jay, que tinha um sorriso simples no rosto deixando a resposta clara.
— Nunca fui cristão muito menos religioso, agora recentemente decidi começar a acreditar. Infelizmente para você, embora espere com todo meu coração que exista, não posso garantir — Continuando seu monólogo, sua expressão ainda estava fria.
— Consequentemente, pouco importa se o inferno realmente existe ou não. Vou criar um bem aqui na terra especialmente para você.
Ao terminar do seu discurso, uma cacofonia, que assustaria até mesmo fantasmas ressoou no bar.
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— Selena já me mostrou algumas obras de arte horrendas, ela chamava de abstratas… Agora isso é um show de horrores — Com uma expressão pensativa Jay observou sua mais recente ‘arte’.
— Cough cough, Cê… d-d-devia apre-nder a t-tort-urar, sabia? Haha… Cough — Jonathan disse rindo.
— Meh, quem te vê assim pensa que não estava gritando tanto daquele jeito…
— Devo comentar o fato do seu canto não ser tão bom quanto o da sua filha ou da mãe dela — Ouvindo essas palavras, o rosto do homem ficou ainda mais feio.
Claro, Jay não encontrou muito menos tocou em nenhuma das duas, mas assistiu um dueto de mãe e filha na escola.
Se você estava pensando que o jovem fez… Urgh, a menininha tem só onze…
O método foi efetivo, e abalou a mente do perpetrador então…
Desestruturado, Jonathan olhou para Jay e, se olhares matassem o jovem estaria muito mais que morto.
— Hahaha, era esse rosto que eu queria ver… Hahaha
Gargalhando com o conteúdo do coração, o carrasco demonstrou felicidade imensa.
— Lembra do filme que eu te falei? Então… Eu menti — Posicionando a pistola, voltou a dizer.
— Baço, pulmões, fígado e coração — Seguindo sua declaração, um tiro foi disparado em cada devido lugar, finalizando a vida de Jonathan.