A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 37
[POV Miyuki Ai]
Caminhando em uma noite fria, me deparei com uma cena bela.
Uma garota, de cabelos brancos e olhos vermelhos. Dona de um rosto semelhante ao de uma boneca, vestia um sorriso em seus lábios enquanto dançava sob a lua da lua cheia.
Tal cena poderia ser muito mais bela, se não fosse pelos corpos no chão.
— Hihihi, é só que Silv me convidou para um encontro~ — Sua voz doce me trouxe arrepios.
— Essas com certeza não foram as palavras dele… — Murmurei.
Ela era Akame Hana, considerada o primeiro membro do grupo e aquele mais próximo de Silver.
Todos fomos recrutados por ele em situações diferentes, com alguns dos membros era melhor nem tocar no assunto.
Enfim, o importante é que nos juntamos, independente do passado.
Falando em passado, eu posso meio que ter roubado meu atual chefe…
Anos atrás, me encontrei com ele em uma cidade ‘baixa’.
Estas cidades longe da vista da lei. Lugares onde crianças como eu poderiam ‘trabalhar’ em diversas coisas diferentes…
De forma mais simples, uma terra sem lei. Onde cachorro comia cachorro e todos olhavam somente para o próprio umbigo.
Nesse tempo, roubar era minha coisa.
Não me julgue, embora já fosse um [Contratante] na época, acha que é fácil conseguir algo disso?
Ser uma dessas pessoas só me tornaria um achado mais ‘raro’ e muito mais precioso para o tipo de pessoa que eu não me aproximaria nem se pagassem.
O tipo que ‘colecionava’ muitas coisas… Então, preferi me tornar uma ladra.
Oh, sobre o meu espírito. Eu simplesmente fui uma das ‘escolhidas’ a se tornar [Contratante] sem entrar nas [Ruínas].
Adicionalmente, ela se chamou de Nemuri. Um lobo negro.
❂❂❂
Em um dia de trabalho, me encontrei com duas ‘ovelhas gordas’ que por algum motivo, nenhum dos meus ‘concorrentes’ se aproximou.
E obviamente, tomei essa oportunidade.
Haviam duas ovelhas, um garoto e uma garota, ambos com a mesma idade que a minha.
O menino tinha cabelos prateados e olhos dourados, a menina tinha cabelos brancos e olhos vermelhos.
Me aproximando, eu ‘acidentalmente’ trombei neles, retirando fluidamente suas carteiras e rapidamente deixando minhas desculpas eu fugi.
Mais tarde, isso se provou um erro que virou minha vida de cabeça para baixo.
De uma forma boa, no entanto…
❂❂❂
Em uma periferia qualquer, lá estava eu, contando meu dinheiro…
Que foi? Eu roubei, então era meu. Nada de errado com isso.
— Conseguiu bastante hoje, não? — Escutei uma voz imatura vinda das minhas costas, não vi seu rosto mas podia jurar que ele tinha um sorriso nele.
— Sim! Você nem imagina, tinha umas ovelhas gordas dando sopa e aí… — Pausando minha frase no meio, percebi que devia estar sozinha aqui.
— Hm… Ovelhas gordas tipo a gente? — Dessa vez, vi seu sorriso em primeira mão.
Lá estavam, o garoto e a garota que eu roubei pouco tempo atrás. Ele estava sorrindo gentilmente enquanto ela tinha a expressão de alguém que iria matar.
— Calma Hana. Não precisamos derramar sangue, precisamos? — O garoto acalmou a sanguinária com um simples carinho na cabeça e fez a pergunta para mim.
Isso fez seu nível de perigo dobrar, a expressão da garota mudou imediatamente com um simples carinho? Realmente suspeito.
— N-não — Seu rosto era tranquilo, mas senti um arrepio correr na espinha.
— Isso é bom. Meu nome é Silver e o seu? — Essas palavras mudaram minha vida completamente.
Nos próximos dias, ambos me acompanharam no trabalho, Silver até mesmo me ensinou a fazer pickpocket mais eficientemente.
Algo que me levou a ter algumas perguntas é claro, tipo como um garoto vestindo roupas chique poderia ensinar uma ladra a roubar? Onde ele aprendeu isso?
A mais importante delas era por que decidiu me ensinar?
Eu vivia nas ruas enquanto ele tinha sua própria casa e família, uma pessoa como eu não tinha nada que alguém como ele precisasse.
Enfim, roubar se tornou mais fácil para mim.
Teve um dia onde eu roubei uma pessoa comum. Nunca vi Silver tão irritado na minha vida então sem hesitar, devolvi o dinheiro.
O que me fez pensar, eu era uma ladra, então desde quando escuto ordens dele?
Mesmo com essa pergunta ainda o fiz. Ele me disse que roubar de pessoas honradas não era bom, isso poderia destruir a vida delas.
Ainda nessa linha, me instruiu a tomar as coisas só de pessoas esnobes e egocêntricas.
Quando perguntei o porquê ele riu… A pergunta foi meio idiota, eu admito.
Logo, Silver começou a me ensinar a lutar. Como meu corpo era frágil, ele me deu um par de adagas.
Essas que carrego até hoje.
Também aprendi a usar meu espírito, algo que retirou parcialmente o perigo dos [Contratantes] para mim.
Em um dia qualquer, ele me perguntou se eu queria fazer parte de um grupo que havia criado.
E claro que aceitei. Silver era… Como meu irmão mais velho.
[POV Leon Hardie]
Eu já fui um lobo.
Sabe, o tipo que vivia na floresta em matilha, caçava e etc.
Enfim, vamos para o início?
Inicialmente pensei que era um lobo, como meus iguais.
Acha que eu sou idiota não é?
Aposto que se você crescesse entre lobos também pensaria ser um. Quer dizer, quatro ‘patas’, dois olhos, um ‘fucinho’… Fora a falta de pelos somos o mesmo, e isso poderia ser descartado assim como os albinos.
Chega disso, agora como encontrei o ser chamado Silver Crawford que veio a mudar completamente minha vida?
Começou num dia de caçada normal, a única diferença foi a construção de pedra achada por mim.
Lá havia uma coisa feita de pedra com uma fenda bem grande no centro, tudo que fiz foi empurrar e ela deslizou para trás, me mostrando uma floresta estranha para mim.
Mais tarde, descobri o nome da coisa deslizante, porta eles chamavam… Hmph, coisa estúpida. E a floresta não era normal, [Runas]… [Ruínas] que seja! O importante é o fato de ser diferente.
Como o ‘animal’ curioso que eu era, obviamente explorei aquilo. Haviam lá também, embora fossem duas vezes maiores comparados aos meus ‘irmãos’.
Tentei me comunicar, mas eles se recusaram a responder ou não entenderam… Porquê, sabe eu não sou um… Vocês já entenderam né?
A única alternativa restante foi lutar, ou melhor dizendo, ser surrado até receber um beijinho na bochecha da morte.
Felizmente ele decidiu me poupar, assim eu pude lamber minhas feridas e batalhar um outro dia.
Essa cena se repetiu muitas, mas muitas vezes antes de meu objetivo se tornar ‘sobreviver’ ao invés ‘caçar’.
E então eu sobrevivi. Lutando pela minha vida, comendo insetos e vermes, fugindo de inimigos impossíveis… Agora que penso nisso, esse tempo foram os piores da minha vida. Até mesmo durante meu tempo com os animais na floresta foi mais gentil comigo.
Logo, eu fui capaz de matar alguns dos inimigos e me sobrepor.
Foi quando encontrei ele…
Não Silver, o meu espírito contratado.
O lobo era duas vezes maior que os ‘comuns’ na floresta, seus pelos eram cinza e ele também parecia muito mais forte que os outros.
[O que faz aqui filhote?]
Oh, isso é o que eu acredito serem suas palavras… Eu meio que não sabia a língua humana na época então…
[Hm? Ah eu vejo, você não sabe falar, huh? Sigh, esses vão ser longos anos…]
E foram.
Pelos anos seguintes, ele me ensinou a falar e escrever além de afiar minhas habilidades de caça e instintos.
❂❂❂
[Agora, finalmente você aprendeu tudo que eu tinha para te ensinar. Filhote]
Wally me disse, oh eu consegui descobrir seu nome alguns anos atrás.
— Claro, será que dá para parar de me chamar de filhote?! — Sinceramente, odeio esse apelido.
[Vou parar quando você deixar de ser um. Hoje é o dia]
Essas palavras me travaram um pouco, Wally me disse que o dia em que eu deixaria de ser um filhote, seria quando me tornasse um [Contratante]. Mais especificamente, o dele.
Assusta pensar nele desaparecendo da minha vida.
[Oho? Com medo? Ou você gosta de mim tanto assim?]
— Tch, vamo logo com isso — Era uma ocorrência comum no nosso dia a dia.
Bem, ele me levou a um altar estranho e então me mandou ficar no meio.
[Clame meu nome]
Ele disse, com um anormal grunido entre as palavras.
— Auuuuuu!
Não, isso não é possível. Esquece essa parte.
Eu não soltei um uivo, ok?
Saindo das [Ruínas] depois de anos, encontrei com a familiar floresta onde cresci.
Passeando um pouco, consegui dizer as diferenças.
A primeira era que não haviam mais lobos. Provavelmente foram exterminados durante combates entre eles, ou por outros animais.
Claro, fiquei triste pelos meus ‘irmãos’ mas sabe… Eu não sou u… Ok dessa vez parei.
Depois de uma viagem e um pouco de caça, finalmente cheguei onde me encontrei com Silver pela primeira vez.
O que ele estava fazendo por ali? Não faço a mínima ideia. Me esqueci de fazer essa pergunta…
— Oh, o que um filhote como você faz por aqui — Palavras muito familiares para mim.
Mais tarde, quando questionei a razão dele ter usado essas palavras, ele me disse que eu agia muito como um animal.
E o mito de crianças sendo criadas por lobos já tinha sido contado a ele. O resto dá para chutar.
Foi um tempo estranho para mim quando comecei a caçar com ele. Por algum motivo, eu segui suas ordens inconscientemente.
Mais tarde, descobri o motivo.
Ele era meu ‘alfa’.
Enfim, eu aprendi a lutar contra humanos e Silver me deu adagas gêmeas dizendo que assim, tornava possível lutar no ‘estilo lobo’.
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— Ok ok, lobos são legais e tudo, mas eu ainda prefiro coelhos — Silver disse isso.
Algo que eu discordo completamente.
Mas suas palavras seguintes me chamaram a minha atenção.
Ele me disse que tinha uma alcatéia… Ok, um grupo, e pergunta se eu queria me juntar.
Assim, acabei virando um de seus comandantes.
[POV Amaya Hikari]
Eu sou uma kunoichi… Ou melhor, era.
Minha família foi criada por ninjas. Assim, decidiram que todos os membros não seriam nada além disso.
Treinada desde a infância para assassinato, infiltração e especializada em veneno.
Eu não estava feliz com isso, seguindo isso, houveram dois acontecimentos que mudaram completamente meu mundo.
❂❂❂
O primeiro deles foi Saya, uma raposa.
Encontrei com ela pela primeira vez durante uma das missões de assassinato.
Tudo ia como o de usual, me infiltrei na residência do alvo e envenenei sua comida.
Faltava só entregar, nesse momento uma raposa apareceu. Ela tinha três caudas e por algum motivo, decidiu comer a comida envenenada.
Antes que eu pudesse reagir, ela já o tinha feito.
Quando pensei ter matado um animal inocente.
[Você não é das melhores cozinheiras né?]
A raposa falou.
Sem palavras, eu só travei olhando para ela em choque.
[O que foi? A raposa comeu sua língua? Hahaha, entendeu? Raposa, não gato]
Continuou com uma piada que não me importei em escutar.
Quer dizer, eu estava frente a frente com uma raposa falante, o difícil aqui seria não ficar surpreso.
Conversa vai conversa vem, aparentemente foi decidido que ela iria me seguir…
Bem, resumindo, me tornei uma [Contratante] por ter tentado envenenar um espírito.
Oh, e o alvo morreu atualmente.
Assim, voltei ao meu clã com mais um contrato concluído. Quando cheguei, eles estavam tendo diversos conflitos internos.
Meus pais, se é que posso chamá-los assim, se afogaram nisso. Dizendo com convicção sobre a possibilidade de tomar o clã.
Foi então que encontrei com Silver.
Ele disse que estava a passeio, mas era improvável de ser verdade já que estávamos no domínio da minha família.
Por semanas, a cada retorno de contrato ele estava lá. Não muito depois, Silver efetivamente se tornou meu apoio emocional.
Eu podia compartilhar todas as dificuldades do trabalho com ele e, o mesmo até me ajudou com os planejamentos.
Foi quando o coup começou, sendo forçada a participar pelos meus pais.
A ação acabou dando certo, e acreditei que tudo voltaria ao normal. Mas aparentemente eles tinham outros planos…
Resumindo, fui nomeada renegada e fugi dos domínios do clã.
Novamente, Silver estava lá por mim, me auxiliando na fuga e em seguida convidando para o grupo que ele estava criando.
Quando perguntei qual era o sonho dele, a resposta foi ‘a paz mundial’.
Claramente uma brincadeira, mas suas palavras seguintes foram interessantes.
‘Assim, todas as pessoas que eu amo e eu mesmo, podemos viver em paz longe de todo o caos como nos dias de hoje’
E então, eu aceitei.
Exatamente assim, me tornei a comandante geral das Death foxes.