A Ascensão do Dragão Prateado - Vol. 2 Capítulo 38
Em um domo, repleto de espelhos que refletiam o gentil brilho da lua o ajudando a se espalhar pelo local, junto ao leve farfalhar da grama tornava a atmosfera gentil.
Algo que contribuiu para criar um grande contraste entre tal paisagem, e aqueles localizados no lugar.
Separados por alguns metros, duas pessoas residiam no meio de uma área circular, criada para propósitos de treino.
Lá havia uma garota, de cabelos roxos escuros e seus olhos brilhavam em um leve azul, refletindo sua beleza, os raios lunares pareciam se concentrar ao seu redor, como se encontrassem seu lar.
Vestindo uma roupa de treinamento, ela encarou aquele que estava no seu lado oposto, ajeitando levemente sua postura de combate.
Do lado oposto ao da jovem, havia um homem.
Seus cabelos eram pretos e os olhos verdes, de expressão séria, algo que o tornava feroz ao adicionar as cicatrizes em seu rosto.
Cada uma delas continha sua própria história, por conseguinte, atravessavam elas seus lábios, bochechas, um de seus olhos e queixo.
De repente, ele aproximou-se e lançou um soco direto contra a jovem, que por pouco, foi capaz de desviar.
Sentindo o punho se esfregar levemente contra sua bochecha, o brilho azul nos olhos da garota aumentou, forçando o homem a se curvar enquanto ela seguia com um soco.
Aparando o ataque sem esforço, ele sentiu o peso da gravidade em seus ombros desaparecer, quebrando seu equilíbrio.
Tal ação foi seguida com um chute giratório da jovem, que quando defendido, liderou a outro com a perna oposta.
Defendendo-se de ambos ataques, ele forçou o recuo da garota, a qual utilizou de cambalhotas para diminuir sua velocidade.
Se encarando por um momento, ambos deram continuação à luta.
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Agora vestindo uma yukata, Moon sentava em uma poltrona, apoiando um de seus braços na mesa.
Ao seu lado, o mesmo homem com o qual lutara a pouco estava de pé.
— Arai, eu não estou melhorando mais, né? — Perguntou a jovem matriarca, soltando um leve suspiro.
O nome do seu subordinado mais confiável, Amaterasu Arai, ele era um [Guerreiro].
Ele foi o motivo da garota desprezar aqueles não-contratantes que usavam isso como uma desculpa para deixar de revidar, simplesmente apanhando e sendo humilhados passivamente.
Arai agia como seu treinador, conselheiro, guarda-costas e braço direito. Após passar por diversas guerras, ele ganhou experiência, algo provado por suas diversas cicatrizes.
— Senhorita, não é exatamente assim… — O homem tentou explicar.
— Sigh, deixa pra lá, sei que meu talento não é grande. Desnecessário me confortar — Moon interrompeu.
A falta de talento já a acompanhava desde que ela ‘tomou’ este corpo.
Assim, seu foco foi ganhar experiência e algo que chamou de ‘tentativa, erro e esforço’.
Tentar alterar os estilos de combate ou estratégias para caber no seu corpo ou habilidades.
Errar era autoexplicativo, corrigir cada erro que apareça, se aperfeiçoando o máximo possível.
Esforço não era nada além de treinar até desmaiar de exaustão. Claro, ela mudou isso com a chegada dos seus deveres em relação à família.
— Já sei! Vou encontrar Silver, talvez ele saiba como eu melhoro meu estilo — Moon trouxe sua ideia.
Era uma desculpa para encontrar ele e a garota sabia disso, mas se importava? Claro que não.
— Minhas palavras não vão mudar sua decisão, você pode ser realmente cabeça-dura quando quer. Pode deixar as coisas daqui comigo — Arai assegurou.
— Isso! Ar-ar é o melhor! — Gritou a animada matriarca, antes de correr para a saída.
O que foi um erro, já que por estar usando uma yukata, a garota tropeçou e quase deu de cara com o chão.
Se recuperando rapidamente, ela andou devagar até a saída, sem arriscar tropeçar mais uma vez.
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Por outro lado, em uma sala no estilo vitoriano antigo, cinco pessoas estavam reunidas.
Usando um haori prateado, com a estampa de um dragão em dourado, estava um jovem sentado na poltrona principal do escritório.
Ele tinha cabelos e olhos na mesma cor da roupa, apoiando o queixo com o punho.
Esse era Silver.
Frente a ele, uma garota, de cabelos brancos puros e olhos vermelhos. Vestindo um pijama com estampa de coelhos, dando a ela uma aparência fofa.
Hana sentava de pernas cruzadas em sua cadeira.
Ao lado dela estava uma jovem, com uma jaqueta branca em seus ombros e calça jeans, seus cabelos eram pretos se estendendo ao seu pescoço.
Próximo a Ai estava Hikari. Com a usual expressão fria.
Vestindo roupas pretas e um cachecol vermelho, usando o mesmo coque em seus cabelos pretos.
Leon brincava com seus dedos, usando uma jaqueta cinza e um lobo desenhado em seu peito.
— Depois da Midgard, Ragnarok surgiu. E então, começaram a correrem soltos pelo nosso território, é isso? — Silver perguntou, folheando levemente o relatório em sua mesa.
— Yup boss! Eu cacei um pouco para causar problemas às cobras, já os outros… — Leon coçou a cabeça em embaraço.
Ele passou tempo demais preocupado com Midgard. Pouco tempo atrás foi a primeira vez dele ouvindo sobre outra gangue estar causando uma bagunça por aqui.
— Os recém-chegados ainda são fracos. Deveríamos fazer um acordo com as cobras? — Hikari sugeriu.
Para falar a verdade, a garota não tinha problemas em juntar as mãos com Midgard. Podendo colocá-los em cheque a qualquer momento, era difícil achar uma boa razão para recusar.
— Não! Me recuso a me agrupar com eles. Especialmente com ela lá — Ai rejeitou firmemente a ideia.
— Mudando de assunto, Silv quando é nosso encontro? — Hana perguntou, tiltando levemente a cabeça.
— Por enquanto, vamos só observar. Se Ragnarok passar dos limites, finalizamos eles — O dragão prateado decidiu aguardar.
Objetivamente falando, o melhor era focar na Midgard por agora.
Soltando um suspiro cansado, Silver concluiu a reunião e mandou os outros voltarem aos seus deveres.
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Meia hora depois, Hikari voltou.
Mas dessa vez, estava acompanhada de um grupo, muito familiar para o jovem.
Lina, Freud, Mari, Seiji e Moon.
Não levou muito tempo para perceber que eles deviam ter se metido em problemas.
— Sinceramente, algo assim vindo deles eu poderia esperar, mas você… Aliás, quem é a criança? — Silver soltou um suspiro decepcionado vendo a matriarca junto ao grupo, foi quando ele percebeu outra pessoa junto.
— Ei! — A dríade reclamou para a frase, que pareceu um insulto.
Ignorando a garota, ele olhou para o integrante desconhecido.
Era uma criança, não podia ter mais que doze anos, de cabelos cinza-escuro com alguns fios em azul.
Seus olhos tinham um tom de amarelo forte e ele vestia uma blusa de frio cinza larga demais para o seu tamanho.
Olhando de longe, Silver e ele eram bastante parecidos, com a diferença estando nas cores e estilos de cabelo e roupa.
Enquanto isso, Moon tinha um olhar injustiçado no rosto, tendo acabado de ser acusada de algo além do seu controle.
Para explicar isso, temos que voltar algumas horas atrás.
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Subindo no trem, Mari e Seiji se entreolharam, podendo ver o choque nos olhos um do outro.
O metrô era automatizado, com um simples passar de cartão, a dupla foi enviada diretamente para sua cabine via esteira.
Além do mais, não demorou muito para que chegassem ao destino.
O lugar era uma cidade ‘baixa’, onde um dos irmãos de Mari os mandou com o objetivo de encontrar um velho amigo do mesmo.
Aparentemente ele era chefe de uma gangue bastante renomada pela área.
Saindo do veículo, a dupla encontrou rostos familiares.
Lina e Freud estavam lá, o que era surpreendente, afinal, ela avisou sobre sua estadia em sua família referente ao treino.
Depois de uma leve discussão, o grupo decidiu se juntar na busca pelo tal amigo.
Seguindo através das ruas, eles viram diversos tipos de pessoas. De um lado ao outro, poderiam perceber crianças vestindo roupas rasgadas passando pelos becos escuros.
Quando tentaram pedir informações para os moradores, todos ignoravam e saiam de perto o mais rápido possível, como se eles fossem uma praga.
Virando a esquina de uma rua qualquer, encontraram-se com um perceptível assédio, que parecia ser ignorado pelos transeuntes.
Claro, Seiji e Mari os quais tinham complexo de herói foram os primeiros a subjugarem o perpetrador. Não muito depois, eles foram forçados a fugir da perseguição dos ‘donos’ do território.
No meio da fuga, o grupo bateu de frente com Moon, que só estava fazendo seu caminho furtivamente ao atravessar um campo hostil.
Por que? Foi só o que a matriarca pensou quando um dos idiotas gritou seu nome, a tornando automaticamente inimiga dos perseguidores.
Todos reunidos correram por muito tempo.
Até que uma criança chamou eles, no que o grupo hesitou, mas rapidamente seguiu.
Entre diversos becos e vielas, cortando rua após rua em lugares onde nunca pensaram em passar, o garoto atravessou sem parar por um instante.
— O quê pessoas como vocês estão fazendo aqui? — Finalmente parando, ele perguntou em suspeita.
— Nós viemos procurar um amigo do meu irmão. Ele disse que o cara é um chefe de gangue — Mari respondeu, sem suspeita alguma contra a criança.
— Eu vim procurar por Silver — Moon respondeu de sua própria forma.
— Hm? Primeiro, você conhece aquele cara? E segundo quem é esse tal conhecido? — O garoto questionou a matriarca e então a espadachim.
— Sim, conhecemos ele. Mas, como você conhece ele e qual o seu nome criança? — Seiji disse, com alguma raiva ao mencionar o dragão prateado.
— Não tem ninguém que não ouviu falar dele por aqui. E meu nome é Hibiki, vivo nesse lugar há anos, não me trate como criança — Hibiki reclamou.
Após as apresentações do grupo, ele começou a liderá-los ao objetivo de Moon, encontrar Silver.
O garoto se movia fluidamente, e enquanto o seguiam, nenhum deles se encontrou novamente com nenhum membro de gangue.
Algum tempo depois, o grupo trombou com Hikari no meio do caminho que, os reconhecendo, levou eles até Silver.
E essa foi toda a história contada para o dragão prateado pela matriarca.