A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 39

Olhando para o garoto, Silver pensou seriamente em chutá-lo porta afora.

Não era como se a criança fosse muito importante, e não mudava em nada o que aconteceria com ele após sair pela porta.

Pode parecer insensível, mas dentro de seu próprio território, o garoto poderia viver tranquilamente enquanto não roubasse ou entrasse em conflitos desnecessários.

— Você vai me expulsar né? — Hibiki questionou, fazendo o dragão prateado confuso.

O jovem não acreditou ter demonstrado algo em sua expressão, então era um mistério como foi descoberto tão fácil assim.

— Seu som me disse isso — A criança continuou, limpando as dúvidas.

— Certo, então você é um [Contratante]. Mas como sabia o que eu estava pensando? — Silver assentiu e perguntou.

Neste momento, Hibiki tinha um olhar triste. Lágrimas começaram a se juntar em seus olhos tornando sua aparência de dar pena.

— Foi o mesmo som que as cuidadoras fizeram antes de me chutar do orfanato — Ele disse fracamente.

Essas palavras fizeram com que a maioria do grupo tivesse pena da criança, exceto por Silver, Hikari e Moon.

Hikari foi chutada brutalmente pela própria família e adicionalmente, foi chamada de traidora.

Silver e Moon simplesmente viram através da atuação, graças aos seus anos lidando com pessoas.

— Pode cortar o ato. Vou te deixar ficar aqui por enquanto — O dragão prateado assegurou, vendo as lágrimas desaparecem instantaneamente.

— Valeu, Silver! — A criança comemorou animado.

Parando subitamente, o dragão virou seu olhar novamente para ele.

A frase e o tom o lembraram de alguém que viu tempos atrás. Olhando mais de perto, até mesmo a aparência era bastante parecida.

‘Mas “ele” foi morto já faz anos… Pode ser só coincidência’

Relevando isso, seguiu seu caminho.

O grupo ficou chocado com a súbita mudança, mas foram ignorados e levados até o escritório principal.

Na sala Silver se sentou, apoiando seu punho no queixo.

Em sua frente, Mari lhe passou a carta entregue por seu irmão relutantemente, sem acreditar que o garoto era mesmo o velho amigo mencionado.

[Eai “demônio prateado”, é como te chamam agora né? Ouvi rumores sobre os problemas entre você, a Midgard e agora, Ragnarok também. Então mandei minha irmãzinha e um amigo dela para te ajudar, pode usá-los como quiser, garanto que vão ser úteis.

Ass. Reinhart]

‘Sigh, aquele autoproclamado cavalheiro acabou de me dar mais dores de cabeça’

Reinhart era um crente fiel do cavalheirismo, nenhum ‘mal’ podia passar por ele sem sua interferência.

Depois de averiguar sua gangue, o cavalheiro decidiu ajudá-lo a cuidar das pessoas no seu território. Isso aconteceu nos primeiros dias quando seu o havia sido criado recentemente.

Soltando mais um suspiro, Silver começou a pesar os prós e contras de aceitá-los como novos membros, fazendo com que um silêncio caísse sobre o lugar.

Infelizmente, o silêncio não durou muito. Logo quando chegaram, a porta foi aberta e um membro da gangue entrou.

— Chefe, tem um pessoal pedindo para falar com você — Disse o homem.

— Parece que não vou ter um descanso hoje…

Logo, ele saiu seguido pelo grupo de perto.

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No pátio principal, todos estavam reunidos, aguardando pelo seu chefe.

O lugar tinha paredes prateadas e alguns desenhos representando tanto os esquadrões quanto os membros principais.

Havia uma foice negra desenhada, seguida de um lobo e uma raposa, todos cobertos por um dragão dourado.

Ao redor, diversas mesas se encontravam junto a um bar dos lados. Desenhado no teto estava um olho reptiliano.

Um grupo grande de pessoas vestindo haoris, yukatas e jaquetas. Todos estampados com lobos ou raposas.

Entre eles, estavam dez homens, que aparentavam ser arruaceiros. Olhando para os demais em desdém.

Na sua visão, embora o lugar fosse bonito, isso logo seria deles. Seu chefe já estava organizando tudo para a dominação dos três territórios.

De repente, a porta central se abriu, revelando Silver seguido do grupo.

Vendo ele aparecer, homens e mulheres arrumaram sua postura em sincronia.

— Bem vindo chefe! — Suas vozes ressoaram pelo local, assustando os arruaceiros e surpreendendo parte do grupo que o seguia.

— Como o esperado dele… — Hibiki murmurou, escutando a performance.

Ignorando as boas vindas, o dragão prateado se virou para os ‘convidados’.

— O quê exatamente vocês estão procurando aqui? — Perguntou calmamente.

Os homens se entreolharam, antes de decidir rapidamente um representante.

— Isso não tem nada a ver com você, nós viemos por eles — Disse um deles, apontando para o quinteto.

Seiji e Mari ficaram nervosos, nenhum dos dois tinha uma relação muito forte com Silver, embora um fosse amiga de infância do jovem. Por isso, ambos sentiram que havia a possibilidade de serem entregues.

Já o trio restante estava tranquilo, principalmente Moon, que sabia graças aos seus anos como matriarca o insulto vindo em tal afirmação.

Para exemplificar, tinha o mesmo peso de um qualquer entrar na sua casa, no seu território sem ser convidado e exigir algo diretamente.

Sem chance de Silver concordar com isso, se ele fizesse também causaria danos à sua própria reputação. Fora que com sua personalidade era improvável de acontecer.

— Hana, deixa eu ver se entendi. Eles entraram no nosso território, e agora estão demandando que entreguemos algo? O que vocês acham disso? — O jovem primeiro chamou o coelhinho, antes de virar para os membros.

Como resposta, eles só encararam os intrusos.

— Parece que suas palavras não tem peso aqui — Silver disse com um sorriso.

— É melhor pensar bem… — Um homem, de rosto retorcido em fúria, ameaçou.

— Oho? É uma ameaça que estou ouvindo? Inicialmente todos poderiam sair ilesos, mas mudei de ideia — Após essas palavras, seguiu com um simples gesto.

Em um piscar de olhos, somente um dos dez homens ainda estava de pé.

Sangue jorrou pelos ares, deixando o único restante suando frio.

Hikari, Hana, Ai e Leon agora se encontravam ao lado de seus corpos.

— Tch, fui lento — Resmungou o lobo.

— Hehe, eu peguei três~ — O coelho riu de modo fofo.

— Será que dá para vocês não tornarem isso uma competição? — A ladra reclamou irritada.

— Quatro — Ainda de rosto gelado, a kunoichi afirmou, deixando claro ser a vencedora aqui.

O quarteto propositalmente deixou um deles vivo para enviar a mensagem, afinal, seria mal-educado da parte deles não deixar alguém para mandar a mensagem, né?

Ignorando a infantilidade de seus comandantes, Silver continuou.

— Leve a cabeça dos seus companheiros e avise para o seu chefe não entrar no meu território, ou haverão consequências — Ele disse, enquanto suas pupilas se tornavam fendas.

O homem por sua vez, se sentiu sem esperança. Recolhendo as cabeças no chão fugiu dali rapidamente.

Observando a saída do intruso, o dragão prateado usou suas chamas para tornar o restante dos corpos em cinzas, antes de mandar seus membros voltarem ao trabalho.

Olhando para os dois idiotas, agora de olhos fechados por conta dos corpos, coisa que nem mesmo Hibiki fez.

‘Essa semana vai ser uma dor de cabeça…’

Pensou o jovem quanto a situação caótica na cidade.

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Duas figuras, sentavam em suas poltronas, com seus dois pares de olhos amarelos encarando o homem à sua frente.

— Dez idiotas fizeram seu caminho para a base e só um voltou? O que há de novo aqui? — Questionou a figura masculina.

Era uma ocorrência comum. Várias pessoas tiveram a ótima ideia de incomodar Silver só para acabarem se tornando corpos.

— Foi a Ragnarok mais uma vez… — Pronunciando isso o homem sentiu sua garganta apertar.

— Que merda aqueles cuzões queriam? — Disse a figura, segurando o pescoço do informante.

— Irmão, abaixa o braço. E aí talvez ele possa falar — Brincou a figura feminina.

— Hmph! Você é a minha vice-chefe, não tem o direito de me dar ordens — O ‘chefe’ cuspiu.

E logo se sentiu arrependido instantaneamente.

— Heee~ eu sou o que? — Questionou em um tom ameaçador.

— Haha, quem disse vice-chefe? Foi você? — Rindo secamente, ele não teve a mínima vergonha de jogar a culpa no informante, que pôde só aguentar ser chacoalhado em silêncio.

— Não se preocupe, vou lembrar disso irmão…

Ouvindo a afirmação soar doce demais, o ‘chefe’ escolheu baixar o homem obedientemente.

— Então, a Ragnarok está espalhando suas garras para os três lados diretamente. Eles tiveram a audácia de tentar meter o nariz no nosso território — A mulher disse, com sua voz se tornando mais e mais profunda.

Sua raiva com o grupo estava chegando aos limites. A única coisa impedindo ela de chutar a porta e invadi-los eram seus problemas com Silver, e sua rival é claro.

‘Aquele cachorrinho odioso!’

— Irmã, não é melhor tentar um acordo com… — O homem foi interrompido antes de terminar.

— Eu já te falei, nem fodendo que eu vou me juntar com ela — Gritou irritada.

‘Ela realmente vai querer me matar mais tarde… Por dois motivos’

O ‘chefe’ olhou furtivamente para o seu SC, onde o nome Leon Hardie estava escrito. E, observando o histórico de chamadas junto ao de mensagens, decidiu nunca mostrar isso a ela.

— Ei, tá me ouvindo? — De repente, escutou a voz dela novamente.

— Claro! Você estava dizendo o quanto aquela garota é odiosa e só te venceu daquela vez por sorte — Em pensamento rápido, puxou o assunto mais recorrente que ela mencionava.

— Hm? Não era isso, mas isso é verdade. Se não fosse por causa do…

Limpando o suor, pensou ter desviado da bala, mas de repente seu SC tocou. Como um reflexo involuntário, atendeu imediatamente.

[Aí brother, você não vai acreditar no que aconteceu hoj… Ahaha…]

Vendo a ‘vice-chefe’ presente, Leon riu estranhamente antes de desligar.

— Esse filho da…! Hahaha, eu posso explicar isso…

Ele tentou explicar, mas infelizmente sua irmã já não estava escutando.

Em último pensamento, o homem amaldiçoou Leon com todo seu ser.