A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 41
Deixando Seiji se virar com seu novo trabalho, Silver liderou os outros para fora da sala.
No meio do caminho, Mari finalmente conseguiu fazer sua reclamação.
— Qual o sentido em deixá-lo com aquele degenerado?! — A garota gritou exasperada.
Na visão dela, o homem sujo que encontrara a pouco só podia ser um depravado.
Sem indício algum de honra roubando pessoas diretamente em suas faces.
— Sinceramente… Não gosto de me repetir, mas não subestime Settō — Disse o jovem tranquilamente.
Embora o homem parecesse ser extremamente sem noção, ele era forte. Principalmente quando contava com seu espírito.
Na verdade, Settō caia na posição de variável, sendo ambos, forte e fraco ao mesmo tempo.
— Como eu sei que isso não é uma vingança sua?! — A espadachim levantou mais um questionamento.
— Se eu fosse me vingar seria muito mais violento do que algo simples assim — O dragão prateado retorquiu.
Mari sentiu um arrepio correr pela espinha, lembrando do ocorrido com os homens pouco tempo atrás.
Nenhuma outra questão foi feita, portanto, eles seguiram seu caminho em silêncio.
A próxima parada, alcançou outra porta, desta vez pesava para o estilo japonês da coisa.
Deslizando-a ao lado, o grupo entrou e Silver se sentou em seiza esperando seu anfitrião aparecer. Enquanto o resto observou curiosamente a sala.
Não o decepcionando, pouco tempo se passou antes do homem aparecer no local, vestindo um chapéu de palha e roupas que lembravam os samurais.
Além disso, uma espada ficava pendurada em sua cintura.
— Como posso ajudá-lo hoje, meu senhor? — Disse, curvando-se de uma forma respeitosa.
Ele não sentou, permanecendo em pé e com os nervos tensos, preparado para uma luta. Mas ainda sim, cordialmente serviu uma bebida aos seus convidados.
Seu objetivo com tal ação estava distante da busca de uma batalha contra Silver, o homem estava agindo mais como um guarda-costas.
— Honda Tadakatsu, essa aqui é a irmã de Reinhart, preciso que você a ensine os básicos — O dragão prateado pediu.
Olhando a garota de perto, o samurai fez uma expressão engraçada.
A razão disso era a postura da mesma, estando completamente relaxada sem nenhum indício de cuidado enquanto jazia em um território desconhecido.
Os olhos de Honda subitamente se tornaram afiados, e ele desembainhou rapidamente sua espada, atacando diretamente Mari.
O som da lâmina cortando o ar se seguiu, parando frente ao rosto da espadachim.
A garota por sua vez, não conseguiu reagir rápido o suficiente e simplesmente viu as bordas frias da arma aproximarem-se dela.
— Sigh, posso tentar ensiná-la o bastante para que ela sobreviva. Já ultrapassar o senhor ou Reinhart é impossível — O samurai disse, enquanto gentilmente embainhou novamente a espada.
— Ei! O que há com esse ataque súbito!? — A espadachim gritou após se recuperar.
— Um teste, boa sorte Honda — Silver tapou as orelhas enquanto dizia.
Se levantando, gesticulou para que a dupla restante o seguisse.
Lina cumpriu, ainda atordoada pela virada dos acontecimentos. Não houve nenhuma conversa antes do samurai atacar e eles saírem.
— Posso levar o copo? — Hibiki se sentiu relutante em sair sem terminar a bebida.
Foi uma das melhores que já tomou desde quando começou a viver nas ruas.
Olhando fixamente para o copo, ele não pensou nem um segundo antes de pegar e sair, sem esperar a resposta.
Tal coisa fez Honda suspirar, mas suas preocupações eram grandes demais para se importar com isso.
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Saindo da sala junto aos dois, Silver tomou a iniciativa de falar.
— Os dois vão me seguir durante sua estadia aqui — Começou, e sem dar espaço para resposta — Seu treino vai ser regido por mim. Como você é a primogênita da sua família, te ensinarei a gerir um clã — Finalizou.
A dríade o observou antes de assentir, era certeza de que suas palavras não valeriam nada aqui.
Seiji foi servir de babá a um excêntrico e Mari foi aprender sobre seu ofício com o samurai desconhecido.
Moon seguiu a comandante de cabelos brancos para Deus sabe onde, e Freud fez o mesmo.
Ao menos ela estava com alguém conhecido, sem perigo algum quanto a um treinamento infernal ou estranho.
Pouco sabia a garota o quão enganada estava.
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Alguns dias passaram, muito mais calmos que os anteriores.
Bem, isso para algumas pessoas.
Moon teve um tempo tranquilo lidando com Hana. A garota se tornou uma boa amiga de seu ‘comandante’, conversando sobre diversas coisas com a mesma.
Algumas vezes o assunto era relacionado a Silver, o grupo entre muitos outros.
A matriarca, apoiada pelo coelho, conseguiu melhorar seu estilo de luta através de alguns spars, resolvendo o ‘motivo’ por ela estar aqui.
Freud também teve o tempo de sua vida. O raiju começou a questionar se devia unir-se à gangue.
As caçadas o divertiam e ele teve um grande senso de pertencimento nesse grupo onde foi colocado.
Sua relação com Leon melhorou muito, e a liberdade durante a caça o agradava muito. Gradualmente, se sentiu mais inclinado a ajudar seus companheiros quando problemas surgissem.
O raiju também ficou mais forte durante o tempo que passou na gangue.
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Em uma sala cheia de produtos diferentes, indo de relógios de pulso até SC’s muito caros.
Um adolescente fechou seus olhos cansados, baixando o rosto. De repente, moveu seu braço impedindo uma mão de chegar até ele.
— Será que dá para você parar com essa merda!? — Gritou, suas olheiras se tornaram aparentes quando o levantou a cabeça.
O dono de tal mão, a mexeu rapidamente, fazendo o jovem segui-la com os olhos.
— Já não te ensinei sobre as técnicas de distração? Por que eu tenho tal discípulo inútil? — O homem reclamou, olhando para os céus em lamento.
— Você nunca me ensinou nada seu fudido! E que é seu discípulo?! — Berrou o garoto, e seguido de um súbito raio de luz, uma armadura e espada surgiram nele.
O jovem era Seiji, cuidar de Settō fez ele se arrepender de ter seguido Mari. Não houve um dia tranquilo desde sua chegada aqui.
A cada momento, o apostador roubaria algo de si, além de seu sono sempre ser interrompido, seja pelos gritos ou alguma pegadinha do homem.
Da última vez, ele foi pendurado no teto enquanto dormia.
Agora, aqui estava, atacando um degenerado que por algum motivo, era capaz de desviar dos seus golpes sem problema nenhum.
— Muito previsível, tinha mais de noventa por cento do seu ataque cair lá — Settō chacoalhou a cabeça em arrependimento.
A cada desvio ele dava uma dica de onde acertar, causando em um Seiji ainda mais furioso e vários cortes se seguirem.
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Enquanto isso, Mari estava sentada em uma pedra de pernas cruzadas e apoiando sua espada sob elas.
Ao seu redor havia um lago cristalino, com a leve brisa do vento percorrendo as árvores e atingindo o rosto da espadachim.
Algumas outras pedras criavam um caminho para o lugar onde ela sentava.
O clima no local era calmo, sem poluição sonora alguma deixando de lado o suave cantar dos pássaros.
Contrariando o ambiente, a expressão da garota não era nada calma, se retorcendo cada vez mais e demonstrando suas emoções.
— Por que diabos estou aprendendo isso!? Eu quero ser uma espadachim, como posso me tornar uma sem treinar com a maldita espada!? — Vociferou, levantando-se para encarar seu ‘mestre’.
Do lado oposto, Honda estava bebendo chá tranquilamente, sem se importar com os gritos da jovem.
— De que adianta te ensinar o caminho da esgrima, quando você não consegue ficar cinco minutos parada? — Perguntou o samurai, sentindo a contrastante diferença entre ela e seu irmão.
— Minha especialidade é a velocidade, porque eu deveria ficar parada? — Continuou com convicção.
Se levantando, o homem saltou entre as pedras para se aproximar da jovem.
Chegando lá, desembainhou a espada, posicionando a mesma do seu lado direito e ficou parado na frente da garota.
— Me ataque — Ordenou Honda, ainda em tom calmo.
Vendo que suas palavras não funcionariam, decidiu mostrar com ações.
— Felizmente! — Replicou Mari, iniciando seu ataque.
O corte foi aparado levemente pelo samurai, onde a espada pareceu acertar um rio, fluindo de volta para si.
Atordoada, ela voltou a golpear, desta vez na diagonal, sendo defletido de forma que passou no vazio ao lado do homem.
Acertando o vazio, a espadachim perdeu o equilíbrio e, recebendo um leve chute de Honda, foi lançada no lago.
— Sua vontade não é muito forte… — Comentou sabiamente.
Ele olhou para a garota, que colocou o rosto para fora e esfregou os olhos.
— Puff, e o que isso significa? — Questionou duvidosa, logo após sair da água.
— Que você é burra — Respondeu como se olhando um idiota.
— Seu…!
Essa cena ocorreu várias vezes desde o dia em que ela chegou.
Por algum motivo, a espadachim não deixava passar uma única chance de reclamar. Seja sobre o treino ou Silver por si só.
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Em uma sala de escritório, uma garota de cabelos e olhos verdes, vestindo um terno simples, franzia olhando para a papelada à sua frente.
— Droga! Quem foi o imbecil que autorizou essa merda!? — Esmagando a palma contra a mesa ela desabafou.
Eram os documentos sobre uma reforma agendada por um dos ‘administradores’.
Esses caras eram basicamente peões de Silver, sem poder aquisitivo algum e serviam só para supervisionar as obras.
Pelo que ela leu há pouco, algum deles teve a audácia de fazer mudanças na construção que supervisionava, e isso com certeza não deixaria o dragão prateado feliz.
A porta abriu chamando a atenção de Lina, que levantou seus olhos para o local.
— Algum problema? — Uma voz calma atravessou a sala.
Quem entrou foi nada mais nada menos que o mesmo no qual ela estava pensando.
Se sentando em uma das poltronas, o jovem questionou observando as expressões da dríade.
Sem pensar duas vezes, a garota abriu o jogo.
Por tentativa e erro, ela veio a descobrir qual seria a punição se escondesse algo. E tal coisa valia muito menos que a compensação por ser legal.