A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 45
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- Vol.2 Capítulo 45 - Início da contagem regressiva
No meio de uma plataforma redonda se encontrava um jovem, parado tranquilamente.
De repente, ele recuou sua cabeça rapidamente para trás.
Onde antes estava seu pescoço, uma foice passou com um belo e ainda sim, mortal arco. O autor do golpe foi uma garotinha de cabelos brancos, segurando a arma que era um pouco desproporcional ao seu tamanho.
Sem tempo para respirar, o jovem defletiu diversas estocadas vindas das adagas gêmeas nos punhos de outra garota. Esta que percebendo ser inútil recuou, dando espaço para o próximo atacante.
Utilizando armas semelhantes a anterior, o seguinte usou golpes não ortodoxos e imprevisíveis, alterando várias vezes a postura, ângulo e alvo dos ataques.
Hana, agora afastada, olhou para sua companheira Ai e, sem precisar de palavras, fez com que ela retirasse as lâminas da [Armadura Real], sendo estas duas espadas curtas.
Leon, que estava mantendo Silver ocupado, interrompeu abruptamente seus ataques, dando um passo atrás enquanto as duas outras retomaram seus próprios.
Evitando por um fio a borda das espadas, o dragão prateado saltou para esquivar de outro arco mortal vindo da foice. Neste momento, o trio trocou olhares antes do próximo avanço.
Acompanhado de um estrondoso tinido, o coelho foi lançado para trás com os braços tremendo do impacto. A causa disso foi a shinai que surgiu pouco antes, interrompendo forçadamente o golpe no meio.
Em seguida, Ai foi empurrada graças a um chute recebido e, mesmo quando bloqueado a arrastou para longe. Leon no meio de sua emboscada, só pôde observar uma palma crescer diante seus olhos até cobrir completamente o campo de visão.
— Urgh! — grunhiu o lobo sendo esmagado contra o chão.
Recuando para abrir espaço para os comandantes, Silver observou eles imóveis sem intenção de dar continuidade e franziu.
— O que estão esperando? Um convite? — disse gesticulando que viessem.
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Enquanto a luta acontecia, os convidados e um dos comandantes estavam à volta da arena, acompanhando tais acontecimentos.
— Como ele consegue? Ainda não tem sons nos seus movimentos — Hibiki perguntou incrédulo.
— Descreva os sons que você escuta — Hikari ordenou ainda seguindo o tom frio usual.
A criança fez uma pose pensativa, contemplando profundamente esta frase. Escutar e interpretá-los era uma coisa comum dele fazer, porém descrevê-los foi muito mais complicado.
— A de cabelo branco soa… Brutal? Mortal e um pouco incômodo… — respondeu parecendo inseguro — A outra sente… Fluído. Meio… Como se fosse o… — Seguindo seu raciocínio, não conseguiu encontrar a palavra certa.
— Vento — completou a comandante geral, recebendo uma confirmação do garoto.
— E Leon? — Quem perguntou foi Freud, que havia ficado quieto até agora — O de cabelo laranja — Vendo a confusão no rosto do garoto, ele explicou.
— Oh, essa é… Selvagem e imprevisível — Hibiki finalizou suas descrições.
Ouvindo estas palavras vindas dele, o grupo expressou surpresa enquanto a maioria pensava como seria seu próprio som.
Voltando a luta, como exatamente ela começou?
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Após conversar com Midgard sobre uma possível aliança, os gêmeos fizeram seu caminho de volta para sua base, deixando o grupo restante sozinho na sala.
— Vamos voltar — ordenou Silver imediatamente saindo do local.
Sem outra opção, eles seguiram a ordem, partindo de volta ao centro de operações da gangue.
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No território da gangue, Leon poderia ser visto saindo do escritório pertencente a nada mais nada menos que, o dragão prateado.
Seu rosto era feio, e ele parecia estar repassando toda sua vida. Esperando o lobo porta afora estava Freud, que simplesmente o encarou sem dizer uma palavra.
— Ok, eu fui hipócrita satisfeito? Agora dá para parar de me olhar assim? — disse com um rosto ainda pior que antes.
Isso pareceu cair em ouvidos surdos, e o raiju continuou olhando. Cansado dessa situação, o homem achou a solução.
— Que tal voltarmos para terminar a festa de despedida? O pessoal deve estar cheio de saudade — perguntou sorrindo.
Após algum silêncio decidiu voltar seus olhos ao beta, logo, descobriu ele analisando cada pedaço do corredor como se fosse incrivelmente interessante. Bufando em desdém, Leon ignorou isso e seguiu fazendo seu para a ‘alcateia’.
Todos pensamentos dele neste instante, retornaram às últimas palavras de Silver.
“Já que você parecia tão energético, quando voltarmos para a base vamos ter uma pequena sessão de treino”
Por causa da sua raiva, a luta entre o dragão prateado e quase todos seus comandantes se iniciou.
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— Como derrubar uma cidade?
Essa foi a pergunta que o jovem de cabelos prateados fez antes de arquitetar a chamada Operação Odin. Falando objetivamente, todo terreno que Ragnarok chamava de seu não se comparava nem mesmo a um bairro.
Lá eles faziam real justiça ao nome ‘cidade baixa’, sem leis nem nada para a proteção dos seus habitantes.
Finalmente a dupla de idiotas fez algo útil em tudo, graças ao pequeno incidente com a ‘injustiça’ acontecida durante o primeiro dia deles aqui, Silver teve a ideia de começar pelo povo.
Afinal, uma cidade é composta por seus cidadãos, certo?
Já que o território era próximo a anarquia, ninguém fora da Ragnarok estava realmente seguro e isso criou um vão fácil de se explorar.
A primeira fase foi alimentar o sentimento de insatisfação da população. Algo muito fácil quando considerado a situação atual dos mesmos.
O passo seguinte foi iniciar uma rebelião. Aqui passou a ser mais complicado, pois não haviam muitas pessoas loucas o suficiente para lutar contra [Contratantes] mesmo com todos os problemas causados a eles.
Este deveria ter a melhor organização possível, já que sem ele, diversos inocentes seriam arrastados para o conflito e Silver não era fã de envolver um pedestre qualquer nas suas batalhas.
Em suma, implodir a organização.
Esta bagunça toda seria o prelúdio do real embate entre as gangues. Agora, por que foi chamado de Operação Odin?
A resposta era simples. Embora o deus da sabedoria e da morte soubesse sobre seu próprio fim, ele decidiu apenas lutar na batalha final.
Admirável, mas não era viável para o dragão prateado e companhia. O jovem então decidiu arrastar a guerra até a casa do inimigo, sem esperar que o contrário fosse feito.
Com um plano na mesa, se iniciou a contagem regressiva até a explosão.
— Odeio esquematizar assim, mas… Acha possível completar essa missão? — perguntou a uma das pessoas mais confiáveis que já conhecera.
A resposta recebida foi um simples aceno, mas ele pôde ver uma fagulha surgir nos seus olhos. Para bem ou mal, era nítida a motivação.
— Tic tac… Vamos ver quanto tempo sua arrogância dura… Criança.
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Caminhando pelas ruas do território da Ragnarok, um homem percebeu certa estranheza enorme no lugar.
Tudo estava quieto. Muito além do comum onde, mesmo com todos os problemas prováveis de se acontecer só por sair de casa, alguns ainda saíam para sentir na pele.
Cada único beco estava vazio, e adicionando as sombras naturais do local, tornava bastante incômodo.
Tap! Tap!
Neste momento, passos apressados soaram de uma das vielas escuras, o deixando em pânico pela chance de ser um dos infames membros da Ragnarok chegando.
Estes que eram considerados monstros em pele humana. Correndo por aí desenfreados enquanto seus instintos e ignorando os danos causados graças a isso.
Congelado em puro medo, ele encarou apreensivo a do tal membro. Cada passo o tornava mais ansioso, como uma lâmina se aproximando lentamente de seu pescoço.
Terminando todo o mistério, quem apareceu foi outro homem comum. Suando profundamente, esta pessoa segurava algumas malas nos braços e tinha suas pupilas dilatadas, sugando o ar tão profundamente quanto podia.
— Ei! Sabe me dizer por que aqui está tão vazio? — perguntou se aproximando do indivíduo, que saltou de susto quando escutou.
— Ufa! Você me deu o maior susto agora, pensei que era um daqueles lunáticos revolucionários ou os cachorrinhos de Fenrir — suspirou aliviado por não encontrar nenhum dos grupos.
— Oh, a pergunta foi sobre o toque de recolher, né? — Parando um pouco, o homem continuou — No mês passado, uma tal organização revolucionária apareceu. Dizendo ser o fim do reinado de terror da Ragnarok…
— E depois?
— Hah, aí começaram as brigas onde muitos membros da gangue morreram. O toque de recolher veio depois das primeiras duas semanas e então, a revolução chamou todos moradores para suas ‘casas seguras’. Por isso tudo aqui tá vazio.
Finalizando seu discurso, ele deu uma boa olhada no indagador. Suas roupas eram limpas demais para um morador e seu rosto seguia a mesma linha.
— Você não é um morador daqui, é? — questionou com suspeita.
— Haha, fui pego? Eu vim por conta do aniversário da minha irmã, quem pensaria que um filme de ação iria acontecer aqui — respondeu com alguma vergonha.
— Me responde uma última pergunta? Quais são seus pensamentos sobre previsões?
Surpreso pela questão, o homem esqueceu de sua respiração ofegante para apenas encará-lo sem palavras.
— Mas o…!? — Prestes a berrar sobre a estupidez da pergunta, ele sentiu uma leve picada no pescoço.
Alcançando a origem desta dor súbita, arrancou rapidamente antes de sua visão começar a borrar.
O culpado era uma pena e, olhando para a pessoa incrédulo, despencou.
— Eu prevejo… Que você vai morrer! — decretou.
Não recebendo resposta, o assassino encarou o corpo já no chão.
— Ei! A previsão estava certa, né? Em? Respon… Ah, ele morreu… Isso quer dizer que eu acertei?
Mais uma vez sem respostas ele decidiu sair de lá, deixando um inocente morto sem nenhum remorso.