A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 46
Bang! Bang!
Neste momento, Leon estava destruindo qualquer coisa que via pela frente. Mesmo com todos os destroços já espalhados no chão, ele não parecia satisfeito.
A sala era bastante simples, e ficava mais ainda por conta de tudo que fora destruído. Freud, encostado em uma das paredes observava todo ocorrido se sentindo deixado de lado.
O raiju sabia sobre a causa dessa raiva estar conectada à ligação recebida de manhã, embora não soubesse exatamente o assunto dela. Seja qual for, deixou o lobo realmente irritado.
Um momento depois, a porta se abriu e Ai entrou por ela. Parando para observar toda bagunça no lugar, a comandante olhou para o beta procurando explicações.
— Nem ideia — respondeu sem piscar.
— Aí cachorrinho raivoso, que bicho te mordeu? — perguntou a garota.
Escutando essa voz, como o apertar de um botão, toda a atitude de Leon mudou totalmente.
— Minha querida Ai, quer saber por que estou irritado? Foi porque aquela… — grunhindo no fim, ele contou sobre o acontecimento desta manhã.
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Sentado em uma cadeira na própria sala de treino, o lobo estava se preparando para seus exercícios matinais quando seu SC tocou.
[Brother, eu tentei parar ela mas… Você sabe como funciona por aqui não dá para só…]
Sem pausar e recuperar o ar, Vidar tentou explicar algo que Leon não conseguiu entender completamente.
— Cara, respira. Você tá falando nada com nada agora. — Olhando para o vice-chefe da Midgard, ele disse enquanto ainda tentava entender as palavras dele.
[Fuuuh. Ok, primeiro promete não ficar bravo não importa o que eu diga]
Encarando o homem como se fosse um idiota, o lobo nem mesmo pensou em responder tal idiotice.
— Continua enrolando e aí sim, vai me ver irritado — disse enfurecido.
[Tá bom, relaxa. A gente meio que se juntou com a Ragnarok]
O viking tentou de verdade impedir sua irmã de se aliar a esses lunáticos. Infelizmente, ela estava determinada a fazê-lo.
Considerando o motivo, era surpreendente a distância percorrida pela mulher para batalhar com sua rival. Sim, Astrid entrou no time inimigo do dragão prateado apenas em função da sua luta contra Ai.
— Como assim, “meio que se juntou”!? — berrou Leon.
No curto tempo de dois meses, ele se encontrou enfrentando uma segunda traição. Sem contar que o autor da primeira retornou neste mesmo período.
Duas pessoas as quais tratou como irmãos o deixaram para trás e isso causou a fagulha da fúria ascender em seu peito.
[Brother?]
Vidar chamou hesitante, quando percebeu o estado estranho do lobo.
— Fala para mim que isso é brincadeira… — Com a voz já rouca ele implorou.
Isso poderia ser uma pegadinha por conta da última vez com Astrid, certo? Só um simples acerto de contas e nada mais.
O decepcionando, seu ‘irmão’ fez silêncio ao invés de concordar consigo.
Toda tentativa seguinte do vice-chefe se justificar caiu em ouvidos surdos, enquanto Leon repassava a conversa novamente pela sua mente.
Por fim, ele desligou o SC sem responder qualquer chamada de seu agora ex, irmão.
Esta curta ligação, que não alcançou nem mesmo quinze minutos, resultou na destruição da sala completa mais um pequeno escritório.
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— Não vejo nada surpreendente aqui — Escutando a história completa, a comandante comentou.
Por outro lado, Freud estava processando o fato de outra traição ter acontecido.
Após a declaração de guerra, Silver conversou com Astrid sobre uma aliança e a conversa fluiu bem. Como era possível que ela mudasse de ideia tão rápido? Isso deixou o raiju levemente curioso.
— Como assim? Você por acaso não me ouviu? — questionou indignado.
— Ouvi. Nada estranho naquela cobra… — Ai começou a falar, mas foi interrompida.
— Jörmungandr foi uma serpente na verdade… — O beta comentou de lado.
Seu objetivo estava longe de ser apoiar o inimigo, foi somente uma pequena correção. Particularmente havia alguma admiração dele aos mitos históricos, principalmente as nórdicas.
Ambos comandantes pausaram um instante para encará-lo. Percebendo que sua opinião não era bem-vinda, ele levantou as mãos em rendição ficando em silêncio pelo resto da conversa.
— Como eu dizia, aquela cobra obviamente iria para o lado contrário. Veja o lado bom, finalmente tenho uma justificativa para espancá-la — O largo sorriso no rosto da garota expressava suas emoções neste momento.
Embora ainda odiasse que sua rival tivesse ‘traído’ Silver, finalmente poderia ter uma revanche contra Astrid sem se limitar.
— E ensine seu pequeno ajudante a não defender aquela mulher — terminou lançando um olhar afiado ao raiju antes de sair da sala.
Após a garota sair, Leon curvou seus lábios formando um sorriso debochado.
— Você escutou a senhorita, meu ajuda…
— Nem pense nisso.
Freud retrucou imediatamente, também fazendo seu caminho para fora da sala. Fingindo estar cabisbaixo, o comandante sentiu seu SC vibrar.
[Esqueci de te avisar que a operação vai começar daqui a cinco minutos. É melhor você se apressar]
— Merda!
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Enquanto o lobo se apressava para não perder a batalha, na base da Ragnarok as coisas eram diferentes.
— Então, Fenrir… O que você vai… — Uma voz masculina começou a frase — Fazer quanto aos revolucionários? — Sendo finalizada por outra semelhante.
O sentimento trago por esta sincronia e pela forma a qual diziam era medonho. Intencional ou não, este modo de fala trazia incômodo a qualquer ouvinte.
— Vermes tão patéticos assim não são dignos de menção — respondeu o homem.
Sentado no trono, preocupação alguma estava presente no seu rosto. Mostrando óbvio desdém aos autoproclamados ‘libertadores’.
Em sua visão, somente Silver e seu bando importavam. As formigas que tentavam continuamente incomodá-lo por impedir seus planos de se desenrolarem, acabariam sendo esmagadas eventualmente.
— É isso mesmo? Ouvi dizer que alguns ‘administradores’ nossos morreram esses dias… — disse Raymond com dúvida fluindo em seu tom.
A pouco tempo atrás, o grupo revolucionário começou a ‘subir de nível’ durante sua matança. Inicialmente membros comuns morreram entre as lutas e, logo, [Variantes] começaram a ser alvejados.
Não demorou muito para que [Contratantes] entrassem nestes números, com os administradores vindo em seguida.
— Ohya? O grande urso está com medo do lagarto crescido? — Outro disse. Cabelos cobriam seu rosto, mas era audível o desdém contido na sua voz.
— Você não conhece Silver como eu, muito menos sabe do que ele é capaz — retrucou o homem.
Quando sua traição ocorreu, o dragão prateado perseguiu ele e, outra vez, Raymond teve a sensação de como era estar nas portas da morte. Um sentimento realmente ruim se o perguntassem.
— Uma… Ótima… Marionete… — Aquele conhecido como Death murmurou.
Difícil saber a quem este se referia, pois o mesmo encarava fixamente uma foto. As sombras em seu manto flutuavam maliciosamente enquanto os murmúrios aumentavam.
— … — O homem careca não comentou, apenas continuou a observar o nada.
— Eu digo para darmos um ultimato a eles. Se for sua decisão continuar, os esmagamos diretamente — sugeriu o urso.
— Como queira — Fenrir nem mesmo pensou antes de concordar, acreditando que isso não iria interferir nos seus próprios planos.
Para isso, o homem de cabelos longos castanhos olhou cheio de suspeita. Geralmente qualquer discordância com o lobo terminaria em morte.
Além disso ser anormal, foi ainda mais estranho ele não ter debatido minimamente antes de concordar. Um sorriso estranho surgiu em seu rosto por conta dos seus pensamentos.
Tap! Tap!
Passos ressoaram e os gêmeos Astrid e Vidar entraram no hall. Encarando todos com claro desdém, a mulher se aproximou do trono.
— Ora ora, parece que a irmãzinha do chefe decidiu nos agraciar com sua presença — Esquecendo completamente os pensamentos anteriores, o homem de cabelos longos comentou.
— Primeiro, não sou irmã desse vira-lata. Segundo, tenho um único irmão e é Vidar — respondeu rangendo os dentes — Além disso, limpa esse sorriso da cara. É nojento.
A dupla parecia prestes a brigar, enquanto aquele mencionado por ela analisava os membros restantes.
‘Aqueles dois são novos? Eles não estavam na reunião’
Pensou o vice-chefe encarando dois homens que, como a si e Astrid, eram gêmeos. Ambos tinham cabelos pretos levemente espetados e uma cicatriz atravessando o olho em lados opostos do rosto.
— Chegou no momento certo Jörmungandr. Temos uma missão para você.
— Ignorando a pequena disputa entre a mulher e um de seus subordinados, Fenrir afirmou.
Parando com isso, ambos voltaram sua atenção ao lobo que seguiu com a explicação.
— Precisamos finalizar alguns insetos. E eu decidi te deixar responsável por isso — decretou, sem deixar espaço para objeções.
— Não tenho problemas mas, deixem Miyuki Ai para mim. Se alguém encostar um dedo nela, Silver vai ser a última de suas preocupações — ameaçou enquanto seus olhos se tornaram fendas.
A tensão na sala aumentou com essas palavras e, em um cinco contra dois, era fácil dizer quem tinha a mão menor. Vidar espelhou as ações da sua irmã, ainda encarando os membros desconhecidos.
Subitamente, as mãos dela se moveram impedindo alguns projéteis de alcançá-la e o gêmeo avançou contra os atiradores.
Como uma serpente, ambos braços dele se enrolaram nos pescoços das variáveis que não se moveram para impedir. Sem sentir resistência ele apertou mais, foi quando escutou pequenos sons, feitos pela tentativa inconsciente dos gêmeos de respirar.
— No fim, eram só galinhas. — disse Astrid, olhando para as penas em sua mão.
— Satisfeita? — perguntou Fenrir.
Ele sabia que estas ações tinham como objetivo conseguir informações sobre seus membros, mas não impediu. Era fútil fazer algo assim e abalar a sua, já frágil, aliança.
— Muito — replicou a mulher.
— Aceitamos a missão. Considere feito — disse Vidar, finalmente liberando as ‘galinhas’.
— Nós… cof cof — começou um deles — previmos isso — finalizou o outro.
Ignorando isso, os ‘traidores’ saíram de cena, permitindo a continuação da reunião.
— Selvagem ela, né?
Desnecessário explicar quem fez este comentário.