A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 48
No território de Silver, antes das explosões causadas por Hikari acontecerem, o dragão prateado convocou uma reunião com seus ‘membros’.
— Vamos decidir os pareamentos das lutas. — Sem dar espaço para recusa, ele decidiu.
Isso soou estranho aos ouvidos de quatro pessoas na sala.
Mari, Seiji, Hibiki e Lina imaginaram que uma guerra seria mais… Desorganizada. Parear as batalhas não foi feito nem mesmo na primeira fase do torneio.
Na reunião para as lutas, Silver simplesmente decidiu que lutaria como espadachim e o resto escolheu algum inimigo a vontade própria.
No campo de batalha, ao menos na imaginação deles, acabaria por ser muito mais caótico e sem tempo para perder escolhendo oponentes. Ainda mais na visão da criança, nascida e criada em um lugar que pensou se assemelhar com uma área de guerra.
Freud estava mais interessado nos métodos do dragão prateado, por isso, ignorou completamente esta parte. Ele já aprendeu um pouco sobre liderança com o patriarca da família Woods, mas acreditou ser melhor escutar e replicar algo que ele mesmo presenciou, simultaneamente fazendo parte do plano.
Desta forma seria mais eficiente desenvolver o próprio senso de liderança.
— Nós não estamos em um torneio fechado! Como você vai nos colocar sozinhos contra eles?!
Sem surpresa alguma, foi o vaga-lume quem iniciou as reclamações. O jovem havia guardado muito rancor de Silver por tê-lo forçado a se tornar babá do seu ‘mestre’, Settō.
Ele poderia concordar com o talento do homem em ser um ladrão, mas que uso isso teria para si? Ser roubado diariamente com a desculpa de estar sendo treinado? Em primeiro lugar, quem disse que ele queria ter um treinador?
Depois de todo aquele sofrimento, alguém vem dizendo algo tão estúpido como ele poderia ficar calado?
Neste momento, o vaga-lume decidiu despejar toda sua raiva no responsável por sua dor.
— Você é retardado? — Essas palavras estavam cheias de desdém, fazendo com que Seiji se recolhesse um pouco.
Isso o trouxe memórias muito ruins do seu primeiro dia de aula, esse tom era familiar demais e não foi de um jeito bom.
— Acha que eu vou lá até eles e pedir para lutarem em rounds? Se sim então você é muito mais burro que pensei.
Não foi a primeira vez que o jovem tentou desafiá-lo então, isso não importou muito. Mas um desafio é um desafio, e ainda mais usando um argumento tão estúpido tinha que ser destacado.
— Se chama informação seu idiota. Silver provavelmente sabe onde eles costumam ou vão estar no dia. Assim, só precisamos ir até lá e encontrarmos com eles.
Novamente demonstrando uma linha de pensamento semelhante a do dragão prateado, Moon repreendeu Seiji diretamente.
Lidar com guerras deste tipo nunca foi sua especialidade, seu tipo era mais o ramo político. Aproveitando-se da política e do fato de ter uma mão maior, ela acabou com os Ludewig.
Fora o vaga-lume, os outros três se sentiram iluminados graças a essas palavras enquanto Freud fazia uma nota mental desta tática.
— Falando nisso, eu quero lutar contra Fenrir — disse a matriarca com convicção.
Isso surpreendeu a todos na sala, pelo simples motivo de que ela não tinha nenhum ressentimento do homem, mas parecia realmente irritada com ele.
Hana, que ficou com Moon este mês, inclinou a cabeça em dúvida, sem saber o porquê disto.
— Motivo? — questionou Silver.
— O nome dele insulta o meu — esclareceu.
Um silêncio caiu na sala por alguns momentos, até que alguém finalmente decidiu perguntar.
— Não era Hati? — Mari indagou.
A espadachim poderia não saber muito sobre mitologia antiga, mas aprendeu muitas coisas para tentar entender os poderes de Silver e do resto.
Isso deixou ela cheia de dúvidas, a primeira foi ‘por que tem tantos lobos por aqui?’.
Freud, Leon, Fenrir, Ai e quem sabe quantos mais tinham que não eram muito conhecidos.
Outra questão foi ‘qual o problema com a cadeia alimentar daqui?’.
Dragão, coelho, lobo, raposa e contando com as adições nas férias… Lua?
— Detalhes Fumiko, detalhes… — Jogando para o lado a questão de Mari, Moon esperou pela resposta de Silver.
— Certo, pode ter sua luta. Agora os seguintes…
Logo, a reunião continuou.
❂❂❂
— Terminamos. Alguma objeção? Não? Então podem sair.
O dragão prateado finalizou o encontro, mandando os membros embora para digerirem a informação.
Contrariando suas expectativas, a espadachim ergueu a mão.
— Tem certeza que quer me dar essa responsabilidade? — perguntou hesitante.
Ser treinada por Honda fez a garota encarar suas próprias limitações.
Lembrando vividamente de todas as vezes onde ela se recusou a admitir sua falta de talento, e todo treinamento feito que não levou a lugar nenhum.
Cada lágrima, cada gota de suor derramada acabou por não servir para nada. Principalmente quando Silver voltou e, durante aquele jogo na aula, ele deixou claro que não era mais a mesma pessoa de antes.
Já ela, continuou o mesmo, seja em força ou mentalidade. Por esse e outros, sua confiança estava abalada.
— É hesitação que estou vendo? Por mais que você mesma não acredite, comparando a Mari do pré com hoje em dia, mudou muito — suspirou decepcionado.
Somente pelo rosto da espadachim era possível ver sua confusão. Para ela não havia diferença alguma, logo, uma explicação veio.
— A garota que conheci quando aos cinco, tinha a plena convicção de alcançar seu pai na esgrima. Ignorava todos os insultos direcionados a ela e usava apenas ações para provar seu ponto.
Isso era verdade, uma característica que ele achou admirável naquela época foi o fato dela ignorar qualquer ofensa das pessoas, tentando sempre colocá-la para baixo.
Algo feito também por ele na sua vida passada, onde muitos o chamaram de impiedoso ou cachorro louco por não ter pena de seus inimigos.
As situações eram, claro, diferentes, mas o contexto permanecia o mesmo.
Mari sentiu como se um raio houvesse a acertado. Silver estava elogiando ela? Além disso, suas palavras provaram que ele a observava mais do que estava disposto a admitir.
— Isso mesmo! Se conversar não funciona, vou mostrá-los com minha lâmina!
Assim a espadachim saiu da sala com sua nova confiança recém-adquirida.
Ao invés de segui-la, Seiji permaneceu sentado como se esperasse algo.
— Não vou fazer nenhum discurso para você. Desaparece! — Infelizmente, o dragão prateado acabou com suas esperanças.
O vaga-lume se retirou relutantemente, seguido de Freud, Hibiki e Lina deixando somente Moon e Hana na sala.
— Tudo que você disse é verdade? — perguntou a matriarca.
Depois da demonstração na primeira aula de John, todos incluindo ela pensaram no acontecimento como uma forma de quebrar seus laços com a garota. Em seguida, o tratamento que ele deu a espadachim reforçou essa crença.
— Parcialmente.
Foi a única resposta recebida.
Pela expressão do jovem, a matriarca sabia que ele não tinha intenção de responder nada mais que isso, portanto, decidiu sabiamente esquecer o assunto.
Com a retirada de Moon, restaram somente o dragão e o coelho no local.
— Hihihi, Silv mentiroso — riu fofamente a garota.
— Não foi uma mentira. Só a verdade distorcida.
Da mesma forma que omissão não é mentir, mudar um pouco a verdade também não. Esse foi o raciocínio usado pelo jovem para desviar disso.
Isso terminou com o pequeno coelho recebendo uma ‘punição’, que consistia em cócegas antes de ambos irem atrás dos seus oponentes.
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De volta ao presente, a guerra entre os revolucionários e a Ragnarok esquentou.
O constante embate entre os membros de ambos grupos, tornou barulhenta a antes calma praça.
Ignorando completamente esse som infernal, os gêmeos e as figuras encapuzadas tinham uma breve disputa de olhares.
Como se planejado antes, a figura de máscara castanha e Astrid se afastaram dos outros dois, não muito longe nem muito perto. Somente o suficiente para evitar qualquer envolvimento de terceiros.
Olhando um para o outro, ambos avançaram e começaram a trocar golpes de mãos vazias.
De repente, o braço da serpente se entrelaçou no ombro do mascarado. Por puro reflexo, a figura tentou afastá-la utilizando o lado oposto. Movimento errado. Se aproveitando disso, Astrid usou o peso colocado no golpe para lançá-la contra a fonte.
Quebrando a fonte com seu corpo, o encapuzado finalmente recuperou o equilíbrio. Sem tempo para pensar nisso, ele evitou o golpe de um membro aleatório da Ragnarok.
Movendo sua perna com força, a figura chutou esse membro, o enviando de volta para onde veio.
Após colidir com seus aliados, o homem não levantou então sua vida ou morte eram desconhecidos.
— Seu combate corpo-a-corpo é só isso? — perguntou Astrid com desdém pingando em seu tom.
— …
O rosto debaixo da máscara se contorceu em fúria mas, por fora, suas ações tentaram transparecer isso. Mais uma vez a dupla se encontrou, e sua batalha recomeçou.
❂❂❂
Ao longe, Vidar e a figura restante não havia iniciado um combate. O gêmeo simplesmente fez alguns comentários sobre a luta de sua irmã.
— Cara eu já recebi um desses e sei como dói. Meus pêsames companheiro mascarado — disse ele, vendo um soco de Astrid conectar com a figura.
No próximo instante a mulher recebeu um chute poderoso no estômago, forte o suficiente para retirá-la do chão.
— Ouch! Minha condolências irmãzinha.
Percebendo que ele não pararia, o encapuzado em sua frente chacoalhou a cabeça desapontado.
Chutando contra o chão, a figura lançou um gancho no queixo do homem. Inesperadamente, Vidar se curvou em noventa graus para trás esquivando facilmente do golpe.
— Ei! Ataque surpresa não vale! — reclamou ainda curvado.
— Isso foi desnecessário — disse a figura.
Apoiando seu punho no ar com o outro fazendo um martelo, o mascarado baixou ambos buscando atingir Vidar.
Ao contrário de suas expectativas, ele não completou o golpe, pois teve que desviar de um chute vindo do vice-chefe. O homem agora estava com as duas mãos no chão e o resto do corpo para cima, foi assim que conseguiu contra-atacar anteriormente.
Voltando a colocar ambos os pés na terra, ele se voltou novamente ao mascarado.
— Deveríamos continuar?