A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 49
No campo de batalha, Vidar e o encapuzado se encaravam enquanto Astrid continuava sua luta com a figura restante.
— Então… Vamos continuar ou ter o papo amigável que deveria acontecer desde o início?
O homem perguntou com um sorriso. Ele não tinha medo algum de uma luta, mas achou várias vezes mais divertido assistir a briga da sua irmã.
— Trégua por agora? — perguntou o mascarado.
— Feito!
E então, ambos se tornaram espectadores da guerra no geral. Observando não só as lutas individuais, como também o embate entre os outros membros.
Neste momento, o grupo revolucionário estava no lado superior. Contando aqueles que residiam de pé, os números eram de cinco para um.
— A situação parece não estar boa para os seus subordinados. — Uma voz rouca comentou, após analisar a situação da batalha.
Vidar simplesmente deu de ombros. Esses não eram seus membros, na realidade, Astrid recusou qualquer pedido para empréstimo de tropas vindo do lobo.
E, como Fenrir não poderia ofender a garota levemente, ele esqueceu o assunto.
— Sigh, acho que esconder nossa real identidade não é mais necessário…
Suas ordens foram permanecer disfarçado enquanto fosse benéfico para a missão. Após a operação se iniciar isso se tornou oficialmente inútil.
Agora que a guerra já explodiu, não era mais importante se eles sabiam suas identidades pois viriam à tona eventualmente querendo ou não.
Com esse pensamento em mente, ele passou suas ordens.
— Dêem a eles a visão de quem os esmagou!
A voz já não era mais rouca, mas era muito familiar aos gêmeos. Seguido dessa frase, todos membros dos revolucionários no campo de batalha retiraram as máscaras e os mantos, expondo sua real face.
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— Dêem a eles a visão de quem os esmagou!
Quando estas palavras caíram, Astrid e a pessoa de máscara castanha pausaram por um instante.
— Vamos, tire isso do rosto. Quero ver sua expressão no momento em que perder — provocou a mulher.
Sem hesitar, a figura arrancou seu disfarce, revelando uma Ai incomparavelmente irritada.
Nunca existiram os ‘revolucionários’, foi tudo um plano de Silver para infiltrar seus membros no território inimigo e conseguir a aprovação do povo. Isso tornou mais fácil movê-los para um lugar seguro e, obviamente, como diabos pessoas comuns que mal sabiam lutar matariam alguns integrantes da Ragnarok em um único mês? Seria estúpido envolvê-los neste tipo de coisa.
— Achou que eu estava lutando a sério, cobra? — Rangendo os dentes, a comandante questionou.
Suas habilidades estavam sendo grandemente limitadas pelo seu disfarce, afinal, ela não poderia usar nenhuma habilidade de assinatura sua ou isso entregaria de bandeja seu ‘eu real’. Além de que, combate com as mãos vazias não era seu forte, adagas e espadas eram.
— Veio aqui para acertar o placar? Estava cem a noventa e nove para mim se não me engano.
Vendo a verdadeira aparência da figura, Astrid não demonstrou mudança nenhuma de expressão. Era como se ela soubesse desde o início. E a mulher ainda aproveitou para zombar do lobo.
— Como? — questionou Ai.
— Como o que? Descobri sua identidade? Te destruí? Seja um pouco mais específica vira-lata.
Ela estava obviamente se deliciando com a irritação da comandante e, por isso, continuou a provocar buscando estendê-la pelo máximo de tempo possível.
Sem vontade de continuar jogando o jogo de Astrid, Ai convocou suas espadas gêmeas e avançou mais uma vez contra sua rival.
Respondendo aos movimentos da garota, a serpente convocou um par de manoplas. Elas eram brancas, com olhos puramente azuis se mostrando acima de suas mãos. Haviam também dois chifres negros saindo dos seus lados, tornando-as perigosas mesmo se o ataque fosse desviado.
Um corte simples do lado direito foi aparado pelo chifre no pulso da mulher, produzindo um som estridente e intensamente incômodo. Astrid então revidou socando contra a face do inimigo que prontamente defendeu com a espada reserva.
Sendo expulsa para longe, Ai ajeitou sua postura. Respirando fundo e liberando o ar dos pulmões, ela proferiu:
— [Estilo Crawford de lâminas gêmeas – Tempestade]
Os ares ao seu redor começaram a fluir mais violentamente, as pedras no chão tremeram como se sentisse a mudança da garota e, com um impulso, ela voou na direção de sua rival.
Durante a investida, ela também cortou para os lados provocando uma rajada de ar concentrado, pegando os membros da Ragnarok mais próximos desprevenidos. Metade deles foram mortos diretamente, enquanto outros desafortunados tiveram que sofrer em seus instantes finais.
— Estilo Crawford? Vocês são casados ou o quê? — Suas palavras eram desdenhosas, mas seus olhos se afiaram, prestando atenção a cada movimento do oponente.
— [Ouroboros]
Jörmungandr geralmente é representado por uma serpente que morde o próprio rabo, trazendo consigo uma ideia semelhante ao símbolo de ouroboros.
Eterno retorno e ciclo de movimento são alguns dos significados que ele carregava. Baseada nisso, Astrid criou esta arte marcial usada para nada mais que pura devolução.
O primeiro corte veio de cima, acompanhado de um vórtice composto por ar acumulado. Posicionando a palma da mão de forma que a lâmina deslizou por ela e, se aproveitando do momentum criado pelo golpe, revidou com um soco.
Os próximos momentos poderiam ser descritos, ironicamente, como tempestade. Ai seguia com seus ataques cada um mais rápido e forte que o anterior, enquanto Astrid utilizava desta força para contra-atacar, algumas vezes sendo forçada a esquivar.
Do lado de fora, ventos turbulentos cercavam a área da luta, ocasionalmente expelindo algumas ondas que feriram ou mesmo mataram os atingidos.
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— Cara… Ela tá se esforçando mesmo para acertar o placar… — comentou Vidar assistindo a performance de Ai.
Neste momento, ambas estavam impactando outras partes do campo de batalha. Pulando de um lado ao outro bagunçando todas as lutas paralelas que aconteciam no lugar.
Embora a diferença nos números estivesse a uma vitória de distância mas, o último que saiu vitorioso desta disputa foi a comandante. Sim, ela foi derrotada sucessivamente.
— Isso não importa. Minha querida Ai ainda vai vencer essa — assegurou Leon.
Seu amor pela garota não nublou seu julgamento, ele realmente acreditava nisso. Como alguém que passou um bom tempo trabalhando com ela, o lobo sabia da sua força.
E o que Ai estava mostrando agora, não era seu máximo.
— Mesmo? Eu tenho certeza absoluta da vitória da minha irmã. — Vidar também tinha grande confiança em Astrid.
Os gêmeos dividiram um ventre, e até se apoiaram um no outro para começar andar. Embora ficassem bravos entre si, não havia rancor entre eles.
O homem tinha fé de sobra em sua irmã, e o oposto também era verdade.
— Dez mil — sugeriu.
— Tá falando sério?
Dez mil cristais era uma quantidade alta até para Leon. Mesmo com todas as missões que ele concluiu, nunca passou por sua mente gastar esse tanto só por uma aposta.
— He, então seu ‘amor’ por Ai não vale nem isso? — provocou a serpente.
— Vinte
E foi efetivo já que o lobo dobrou o valor original.
— Acordo!
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— Isso é tudo que você tem? — desdenhou Astrid, devolvendo mais um golpe para a comandante.
— Acabamos de começar — respondeu a garota, que recuou levemente por conta do ataque.
Carregando mais uma vez, sua postura mudou, resultando numa grande mudança no ar.
— [Estilo Crawford de lâminas gêmeas – Vendaval]
Sugando mais ar para seus pulmões, o lobo voltou a golpear sua rival. Desta vez, mais imprevisível e rápido. Os alvos dela variaram muito, ela quase não atingiu o mesmo ponto duas vezes.
Já sua oponente, continuou desviando e revidando com a mesma intensidade.
Esta disputa fez os ares ainda mais turbulentos que antes, porém, isto não pareceu incomodar nenhuma das duas.
— [Desastre tóxico]
Veneno.
Cada serpente que se preze tinha um. Mas Jörmungandr não é uma serpente qualquer, seu veneno foi capaz de matar Thor então não era pouca coisa. Claro, a capacidade de Astrid nem se aproxima deste nível, no entanto, não quer dizer que a letalidade diminuiu.
A colisão entre as rivais fez com que literalmente chovesse veneno e, somado às rajadas de vento, dobrou o perigo para aqueles próximos.
— Se afastem!
Percebendo que a situação atual não era boa, um dos lutadores no local gritou em alarme.
Seus companheiros escutaram seu aviso e se afastaram o mais rápido possível, evitando muitas perdas. Por outro lado, grande parte dos inimigos ignoraram isso, resultando em mortes dolorosas por envenenamento.
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— A coisa tá começando a esquentar…
Vidar continuou parado no mesmo lugar, completamente despreocupado com todo veneno que se espalhava pelo lugar.
Uma pequena quantidade de veneno o acertou, mas ele ignorou isso, somente limpando o líquido do rosto e secando a mão.
— Dá para me ajudar a cobrir aqui? Nem todo mundo tem resistência a veneno — reclamou Leon de lado.
Suas adagas da [Armadura Real] já estavam em mãos, e ele cobrou seus companheiros junto a si mesmo com um domo feito de água. Forçando a água a rotacionar rapidamente, conseguiu evitar que o veneno se aproximasse, mas os constantes golpes do vento eram bastante irritantes.
— Você sabe que se eu fizer isso, não vai ser possível assistir a luta né? — perguntou olhando para seu amigo como se ele fosse estúpido.
Ele tinha alguma resistência a veneno pois este também era seu elemento. Infelizmente, tal coisa não era transparente, se fosse adicionado ao domo seria difícil ver algo fora de lá.
— Tch.
Sem mais reclamações, Leon manteve a defesa enquanto Vidar aproximou-se para ser incluído nesta proteção. O veneno era gerenciável, mas o vendaval se formando não.
— Isso parece perigoso, vocês não deveriam parar elas? — Uma dríade ansiosa questionou.
Toda comoção causada pela luta, atrapalhou cada uma das batalhas que aconteciam no lugar. Lina e Freud participaram da guerra enquanto ela durou e, quando o tornado começou, a dupla foi forçada a recuar.
Nenhum dos dois tinha imunidade a venenos e embora pudessem desviar dos arcos feitos de ar, sua energia se esgotaria em algum momento.
— Nah, elas se viram. Enfim, como foi a luta dos dois? — Respondendo como se a batalha entre as rivais não fosse nada, o lobo mudou de assunto perguntando sobre a experiência da convidada e do seu ‘pupilo’.
— Bem… Foi bastante curta…
‘E um pouco fácil’
Esse pensamento Freud manteve para si, quem sabe o que seu comandante faria se ele dissesse isso. Talvez ele fosse obrigado a cumprir uma rotina de treinamento infernal, então era melhor não comentar.
Na verdade, o jovem raiju pensou demais no assunto. Leon não faria tal coisa, pois, fora Vidar e Astrid, a maioria dos inimigos eram bucha de canhão. O objetivo de Silver os mandando aqui, era simplesmente experienciar o campo de batalha e não arranjar inimigos fortes para batalhar.
Espiando a luta entre as rivais, Leon se voltou para a dupla antes de dizer:
— Temos tempo, então dêem um relatório detalhado.
Ele precisava entregar isso ao seu chefe, então decidiu acelerar o processo agora que a ‘guerra’ já havia acabado.
Então o raiju e a dríade narraram os acontecimentos anteriores, voltando ao ponto que o lobo ordenou a revelação de suas verdadeiras identidades.