A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 50
— Dêem a eles a visão de quem os esmagou!
Quando esta ordem chegou aos ouvidos das figuras encapuzadas, todas elas prontamente retiraram os capuzes e máscaras.
Entre eles estavam Freud e Lina. Ambos foram mandados por Silver, para que sentissem na pele como funcionava uma guerra.
O dragão prateado os enviou esperando que a futura matriarca aprendesse com essa situação. Afinal, era senso comum alguém estudar e experimentar algo, antes de ser considerado capaz de passar isto para outro.
Somente participar numa guerra faria a dríade capaz liderar seu clã, caso uma situação semelhante ocorresse.
Freud era o guarda-costas da garota e, se o destino seguisse na mesma direção que na novel, ele seria futuramente seu braço direito. Por esse motivo, o raiju inicialmente fez trabalho de campo ao invés de gerenciar a gangue como Lina.
Silver levou a sério o propósito de ensiná-los, não só pensando no presente como no futuro. Em contrapartida, eles também deviam uma a ele por tê-los ensinado.
Desde que sua gratidão não fosse como a de Raymond, o dragão prateado nem mesmo iria cobrar esta dívida.
Voltando para a batalha, a dríade convocou sua [Armadura Real] e como no torneio, manipulou vinhas retiradas do chão para atacar seus inimigos.
As movendo de um lado ao outro, a garota garantiu o máximo de dano causado a seus oponentes.
Chicoteando suas videiras contra um motim próximo, ela controlou minuciosamente buscando evitar seus aliados que estavam envolvidos nele. Um belo sorriso não pôde deixar de se formar em seus lábios, quando viu os membros da Ragnarok se debatendo sem sucesso sob suas plantas.
O que a futura matriarca não percebeu foi um deles se esgueirando entre elas.
— Morra!
Saltando com uma espada em mãos, o homem a balançou, já imaginando sua lâmina atravessando essa inimiga que restringiu muitos dos seus. Para seu azar, ele escolheu a pessoa errada para atacar.
Ainda no ar, dois golpes o atingiram. O primeiro foi um chute poderoso na face, se aproveitando da própria velocidade, o dono do golpe aumentou a força do ataque por muito.
Sozinho, este poderia tê-lo finalizado. Mas infelizmente, ainda não havia terminado.
Logo em seguida, a borda de uma espada se aproximou num flash. Deslizando através de sua cintura e cobrindo seu corpo com raios roxos.
— Você está bem? — Ambos atacantes perguntaram simultaneamente.
— Freud?
— Ray?
Nenhum dos dois esperava que sua reunião acontecesse desse jeito.
Este Ray era o mesmo do sequestro de Mia. Ele trabalhou como mensageiro junto com o raiju, sendo aquele quem fazia quatro vezes mais comparado ao jovem.
Após ter feito um acordo com Silver, o homem se esforçou para garantir tanto a segurança de sua irmã baseado no seu desempenho, quanto validar o acordo nestes mesmos termos.
Ele ainda tinha seus olhos laranjas e orelhas bestiais, porém agora vestia o uniforme da unidade Wrath Wolves. Composto pela jaqueta com estampa de lobo e uma calça larga escura.
Freud vestia sua [Armadura Real] e seus olhos brilhavam em roxo, exibindo o uso da [Sobrecarga].
A pouco, ele estava cruzando o campo de batalha quando viu Lina cair numa situação perigosa. Sem hesitar levemente, o jovem correu para salvá-la e acabou reencontrando um velho companheiro.
— Eh, obrigado. Mas quem é você? — perguntou olhando para o guepardo.
Ela não o conhecia, afinal, nem mesmo presenciou o evento do sequestro de Mia.
— Sem problemas, gracinha — sorriu tentando parecer um cavalheiro.
Olhando estranhamente para ele, Freud começou a processar o que acabou de escutar. Percebendo a expressão no rosto da garota, o raiju se acalmou.
— Gracinha? Quão antiquado — bufou em desdém.
— Ei! Essa é a melhor que eu tinha — reclamou antes de se virar para Lina — Pode me chamar de Ray belezura.
— Sou Lina Woods, mas me chame de srtª.Woods. — Com um rosto levemente estranho, ela respondeu.
Era para a garota receber este tipo de cantada, ainda mais quando muitos tinham medo do seu pai ou da sua família inteira. Freud poderia ser considerado o homem mais próximo dela fora seus parentes.
— Nem tente.
Vendo que Ray tentou continuar, o raiju impediu rapidamente. Assistir alguém flertar com Lina foi irritante para ele e, além do mais, fazia parte do seu trabalho impedir imbecis deste tipo.
Suas preocupações eram desnecessárias. Mesmo que a garota soubesse sobre a participação de Ray no incidente de Mia, sua impressão a respeito dele não aumentaria, na verdade, diminuiria muito.
Ela já não tinha uma boa opinião graças a tentativa falha de cantada, imagine quando descobrisse que ele teve parte no sequestro do integrante de uma família tão grande quanto sua própria.
‘E se eu fosse seu alvo?’
Seria comum imaginar esse tipo de possibilidade na posição dela.
— Que tal uma aposta? Quem derrotar mais inimigos ganha um encontro com ela — propôs o guepardo.
— Não force… — Freud franziu começando a se enfurecer com a insistência do homem.
— … — Lina não comentou, mas sua expressão expôs a ira que sentia.
— Calma, eu posso… — Percebendo que o resultado não foi como esperado, ele tentou explicar, porém, foi interrompido por uma explosão.
Boooom!
Vinhas se enrolaram pelos dois garotos, arrastando eles para trás com a dríade também recuando.
Onde o trio estava anteriormente, uma cratera surgiu, causada por uma rajada de ar acompanhada de um líquido verde escuro que corroeu o chão ao atingi-lo.
— Woah! Isso foi perigoso.
Ray olhou para a garota com gratidão, ele tinha a irritado poucos segundos atrás mas, ainda sim, ela o salvou. Lina simplesmente ignorou esse olhar, voltando-se para a causa de sua retirada.
A fonte do ataque foi a disputa entre Ai e Astrid. Na área onde elas se chocavam, uma grande tempestade começou, perturbando todas lutas que aconteciam por perto. Além disso, a cada instante passado o fenômeno piorava e as rivais pareciam longe de terminar.
— Se afastem!
Um grito ressoou através do campo de batalha, sendo amplificado pelo vento que interminavelmente se espalhava no local.
— Também deveríamos nos afastar.
Assim, o trio tomou distância do combate fervoroso entre o lobo e a serpente.
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— Foi isso. E agora estamos aqui — Lina finalizou a história.
— Entendi — assentiu o comandante em entendimento, gravando tudo em seu [SC] antes de enviar para Silver — Cara, você realmente seguiu a sugestão que James deu?
Durante a estadia de Freud no grupo, o garoto demonstrou poucas expressões. Tentar fazê-lo reagir virou quase que um passatempo para os membros. Antes da luta acontecer, James, um dos subordinados de Leon, teve a ideia de que chamar Lina para sair poderia fazer o raiju mostrar mais emoções.
— Então você me usou para atingir Freud?! — questionou indignada.
— Ahem! Olha lá, parece que a luta está prestes a acabar! — anunciou o lobo, retirando tentando tirar a atenção da garota de seu subordinado.
— Isso não acabou… — Infelizmente não deu certo.
O guepardo, Vidar e Freud ficaram de lado, com os dois últimos aproveitando o sofrimento de Leon e Ray.
Sabendo do lado vingativo da dríade, o raiju sabia que ela planejaria uma devolução e estava feliz por ser um espectador.
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Vendo a lâmina da espada cair em sua direção, Astrid decidiu mudar de estratégia. Ao invés de continuar se apoiando em [Ouroboros] para revidar, ela ajeitou sua postura, aceitando todo o peso do ataque.
Com um audível estrondo, a pressão do vento fez rachaduras no chão enquanto a serpente segurava a arma com dificuldade.
— Urgh, essa é toda a força que você tem? — Tentando encobrir sua situação, a mulher provocou.
Essa tentativa foi fútil, pois Ai pôde ver seu braço tremendo claramente e, sorrindo, moveu o punho pretendendo atacá-la novamente.
No meio do caminho, a comandante alterou a direção da lâmina, cortando num ângulo horizontal contra sua rival. A serpente percebeu isso antecipadamente, agarrando o pulso do lobo e a arrastando para uma disputa de força.
Tentando loucamente se libertar deste aperto, percebeu o rosto de Astrid se aproximando cada vez do seu e, sentindo o golpe em sua face, recuou inconscientemente.
Infelizmente para ela, a serpente tinha intenções opostas a esta, restringindo a garota ainda mais. Sem outra alternativa, Ai forçou uma separação, mesmo que por um instante. Isso foi o suficiente para abrir alguma distância entre as duas e, esticando sua perna ao limite, a comandante revidou com um chute também no rosto de sua oponente.
Quando o golpe conectou, o aperto em seu pulso se afrouxou levemente, fato que ela não deixou passar. Libertando seus braços rapidamente, ambas seguiram trocando golpes loucamente sem se importar com os arredores.
Essa disputa continuou até que Astrid percebeu Leon encarando um [Sc], o lobo então trocou olhares com Vidar e os dois assentiram. Não importa como ela olhasse, parecia suspeito. Pensamento que foi compartilhado pela sua rival, quem respondeu criando uma distância considerável entre elas.
— É melhor decidirmos isso logo — A serpente propôs enquanto suspirava. Mesmo que odiasse essa situação, isso só ficaria mais complicado se continuasse.
— Concordo. Não quero arrastar e arriscar qualquer intervenção daqueles dois — concordou Ai.
Do lado da comandante, ela firmou os pés no chão e posicionou suas espadas em um X. Este embate iria decidir a luta, portanto, estava determinada a ir com tudo.
— [Florescer tempestuoso] — disse a garota, fazendo com que o vento fluísse de forma ainda mais violenta.
Em suas costas, uma imagem que lembrava a de uma flor desabrochando surgiu, formada somente pelo fluxo do ar. Esta imagem a seguiu durante seu avanço final contra sua rival.
Astrid por outro lado, relaxou os braços, posicionando o direito mais para trás investir e, junto a formação de uma grande serpente venenosa ao fundo, ela anunciou:
— [Serpente do mundo]
O embate entre ambos ataques definiria o desfecho da batalha. Porém, era impossível ver claramente o resultado, pois a colisão dos golpes fez com que uma enorme explosão surgisse, espalhando por todo lugar veneno e rajadas de ar, originadas do movimento de Ai.
A última imagem visível foi o entrelaçar da serpente e da flor, formando um verdadeiro desabrochar nocivo.