A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 54
Caminhando pelas ruas da cidade, Fumiko e Seiji finalmente encontraram seu destino.
Um lugar semelhante a uma garagem, espaçosa o suficiente para caber aviões dentro.
— Parece que é aqui — afirmou a garota.
— Sério? Não tinha percebido, tem algo a adicionar capitão óbvio? — disse o jovem com óbvio ridículo.
— Por quanto tempo vai ficar irritado assim? Tudo porque Silver não fez um discurso para você.
Rolando os olhos, a espadachim caminhou até a entrada da garagem. Seguindo logo após, o garoto reclamou:
— Quem quer um discurso daquele cara?! É só estranho você ficar toda animada por isso.
Ele queria sim que o dragão prateado dissesse algo motivador para si, mas não admitiria isso.
De alguma forma, algum tipo de admiração nasceu dentro dele quanto ao seu ‘chefe’. Claro, o vaga-lume ainda o odiava muito mas foi muito mais um rancor por antes do que ódio pela pessoa.
— Se você conseguisse um com certeza estaria mais animado — Dando de ombros, ela ignorou as reclamações seguindo de encontro ao seu inimigo.
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Dentro do lugar era ainda maior do que a dupla pensou e, no centro do lugar estava seu alvo.
Tsuchi Kuraudo. Silver escolheu os dois para enfrentá-lo por três motivos e um deles era testar o avanço da esgrima de Mari contra outro espadachim. Já os outros dois ele manteria para si.
— Tsuchi Kuraudo! Saque sua espada e venha me enfrentar! — declarou a garota desembainhando sua lâmina.
Isso não ganhou a atenção do homem, que continuou olhando para o nada como de costume.
Insatisfeita com a resposta, a espadachim escolheu começar o ataque já que seu inimigo não o faria.
‘Se você não vem até mim, eu vou até você’
Pisando fortemente no chão, ela entrou na primeira postura de sua esgrima antes de avançar contra ele. No meio do assalto, seus instintos gritaram para que desviasse e, decidindo confiar neles, a garota o fez.
Saltando rapidamente para o lado, viu o lugar onde estava anteriormente se partir em uma pequena ravina. Com os olhos arregalados, Mari voltou a olhar na direção do inimigo, que agora a encarava de forma estranha.
— Qual sua relação com Itto Shura?! — demandou o homem desta vez, cheio de emoções no rosto.
— Itto quem? — A garota por outro lado estava confusa com a explosão súbita.
Mas ela não teve tempo para pensar antes dos ataques seguintes virem.
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— Silv, Silv! — Um coelhinho ansioso chamou pelo jovem.
— Hm? Qual o problema Akame?
— O homem que você mandou os dois irritantes para lidar. Nos papéis está escrito que ele faz parte dos pwuros… O que é isso? — perguntou curiosamente.
Ela só leu aquilo por tédio, mas acabou por achar algo interessante. Também tinha o fato dela querer saber mais informações sobre o oponente da sua única subordinada, mas isso não vem ao caso.
— Os [Puros], huh? São um pessoal peculiar. Não pense demais sobre isso.
— Heeeh? — A resposta decepcionou ela um pouco — E sobre aquele I… Itte… — franzindo profundamente, a garota procurou a palavra certa.
— Itto Shura? — O jovem ganhou um aceno em resposta.
— Tsuchi foi derrotado por ele e acabou por ficar obcecado pelo homem. Talvez fosse amor? — ponderou.
— Oh, e ele também é o pai de Mari — O dragão prateado sorriu vendo os olhos do coelhinho se arregalarem.
Click!
Uma ótima foto foi tirada pelo jovem com o [SC], antes de Akame sair de seu transe. Se recuperando, ela percebeu a situação e perseguiu Silver para tentar apagar a foto, mas não teve sucesso.
— Silv, se ele era tão obcecado com o pai da menina irritante… Não é possível que fique obcecado por ela também?
— Hmmm… Talvez?
Era uma boa pergunta realmente, mas essa resposta só viria após a luta entre eles.
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Cortando mais uma vez contra a garota, Tsuchi foi forçado a se defender por Seiji, que finalmente saiu do seu estado atordoado juntando-se à luta.
O jovem já estava equipado com sua [Armadura Real] e a familiar espada de duas mãos colidiu com a lâmina de seu oponente.
— Não me interrompa! — Diferente dos golpes anteriores, este foi muito mais rápido.
Desviando rapidamente, o jovem sentiu o sangue escorrer por sua bochecha. Neste momento ele agradeceu do fundo de seu coração a Settō por todas tentativas de roubo. Se não fosse por isso ele não teria sua cabeça.
Uma nova luz surgiu nos olhos do espadachim ao vê-lo desviar de seu ataque. Sem entrar em uma postura de combate, Tsuchi levantou novamente sua lâmina.
— Demorou demais para entrar na luta — reclamou Mari agora próxima de Seiji.
— A culpa não é minha que você correu primeiro. O cara com certeza é mais forte que nós, isso foi estúpido! — retorquiu sem tirar os olhos do oponente.
— Se…
Antes que ela pudesse continuar sua briga verbal, o jovem desapareceu de sua frente e seu corpo se moveu instintivamente para trás.
Suas pupilas refletiram uma lâmina afiada e fria passando perigosamente perto de si. A morte estava tão próxima que ela poderia sentir seu toque frio.
Mais atrás, o vaga-lume tinha seus braços tremendo de dor e sua espada lascada. Ele havia defendido um golpe do homem e, por isso, foi lançado para trás por alguns longos metros antes de parar.
‘Não bloquear, entendi. Mas minha espada é tão frágil assim?’
Pensou depressivamente, no primeiro dia de aula ela também foi quebrada por Silver. Isso o fez questionar a resistência de sua arma principal.
— Parece que não é muito animador sem o discurso…
Enquanto ele tinha seus pensamentos tristes, Mari estava tentando seu melhor para ganhar tempo esperando que Seiji encontrasse uma abertura.
A tarefa era difícil mas o homem parecia facilitar para ela, sua velocidade inicial não estava lá embora ainda estivesse a pressionando mesmo sem isso.
Esquerda, direita, estocada, diagonal os ângulos eram mudados constantemente impedindo Mari de se acostumar com um padrão fixo, além da pressão contínua.
— Agora! — Encontrando uma abertura, a espadachim usou o que aprendeu com Honda e, desviando o golpe seguinte, tentou ferir seu inimigo.
A técnica deu certo no início, porém, sua felicidade não durou muito e ela sentiu uma dor enorme na costela, sendo jogada para longe. Rolando no chão, a garota cuspiu alguma saliva antes de se levantar.
— Ótimo! Esse é o caminho, venha novamente — Seu tom era mais uma ordem do que um pedido, sem escolha a luta se seguiu.
O som do impacto entre as lâminas soou como música no lugar. Estranhamente, Mari sentiu como se estivesse ficando melhor a cada momento, além de parecer que o homem era o mais feliz com isso.
— Vamos aumentar o ritmo!
O sorriso no rosto de Tsuchi se alargou e seus ataques se tornaram mais rápidos e fortes. Os braços da garota começaram a ficar dormentes com cada colisão, seu corpo todo tremia graças ao peso dos golpes.
Forçando um ataque, ela grudou sua espada com a dele arrastando para uma disputa de força onde obviamente tinha a desvantagem.
Felizmente, Seiji decidiu aparecer e com luz vindo de sua arma, ele lançou um corte largo que produziu um golpe poderoso.
O espadachim chutou contra o estômago da jovem, empurrando ela para fora do alcance do ataque. Em seguida, proferiu:
— Tudo neste mundo pode ser cortado pela minha lâmina, observem e aprenda Shura… Este é o próprio conceito corte.
Após sua frase todo som no lugar morreu, parecia como se o ar pudesse literalmente ser cortado por uma faca. Movendo seu pulso, o espadachim cortou contra o nada e assim, o feixe de luz foi separado ao meio antes de se aproximar.
Mesmo cortando o golpe, o ‘corte’ não parou. Seiji sentiu a borda da lâmina pressionada em seu pescoço.
— … — Em silêncio, o vaga-lume encarou o espadachim com sua respiração presa.
‘Sério Silver? Não tinha nenhum oponente um pouco menos… Insanamente forte?’
— O que foi essa luz? — Interesse brilhou mais uma vez nos olhos de Tsuchi.
Essa pergunta deixou a dupla confusa novamente. Nenhum deles iniciou os ataques pois não tinham vantagem alguma, principalmente depois de ver o golpe anterior.
— Parece que vocês são só outros fracos — O interesse morreu logo em seguida e ele tirou uma das mãos da espada.
Como nenhum dos dois continuou a luta, o espadachim fez isso sozinho. Avançando novamente, ele cortou contra o vaga-lume. Sua força estava prejudicada pela falta de um braço, mesmo assim, o jovem não teve chance de revidar.
Posicionando a espada na diagonal, Tsuchi aparou um ataque surpresa vindo de Mari. Com um pontapé na espada de duas mãos, ele mudou momentaneamente seu alvo.
Isso continuou acontecendo durante a batalha. A espadachim e o vaga-lume finalmente decidiram cooperar ao invés de atacar por conta própria.
Desta forma, eles conseguiram contra-atacar mais vezes que antes, embora não conseguissem a vantagem.
Alterando novamente o alvo, Tsuchi abriu uma brecha minúscula que Mari utilizou e, cortando de baixo para cima com toda sua força, a colisão entre as espadas afastou o braço que seu oponente apoiava na espada.
Faíscas voaram do impacto, e Seiji usou esta oportunidade para cortar contra o torso do inimigo.
Isso não causou insatisfação no espadachim, foi o completo oposto. Um sorriso surgiu no rosto de Tsuchi quando ele posicionou sua mão disponível como uma espada e estocou contra os olhos do jovem.
Entre a escolha de recuar esquecendo do golpe e continuar pressionando o vaga-lume escolheu a última. O que ele não esperava foi a velocidade a que a palma chegou.
Se curvando para evitar, Seiji de repente sentiu algo pressionar em seu ombro. Era Mari que segurando uma abertura de sua armadura puxou o jovem para perto.
Logo um corte apareceu no braço dele e olhando de volta para Tsuchi, ambos perceberam um leve ferimento na cintura. Sua espada ainda havia alcançado o espadachim embora não fosse tão bom quanto o esperado.
— As coisas estão ficando melhores — Interesse retornou aos olhos do homem observando a dupla.
— Sinceramente, esse maluco me dá arrepios… Será que eu ainda posso mudar de oponente? — perguntou o jovem vaga-lume para Mari.
Haviam só dois cortes no seu corpo, no rosto e outro próximo ao ombro. Nada que prejudicasse sua movimentação ou força em batalha.
— Não seja tão dramático. Yosh! É hora de mostrar meu avanço no treino! — gritou motivada.
‘Você fala isso porque teve um professor de verdade. Tudo que tive foi um ladrão, que inclusive tentou me roubar todo dia’
Rolando os olhos, o jovem se posicionou novamente. A batalha atual precisava de alguma concentração, ou sua próxima parada seria o cemitério.
— Preparados? Então vamos continuar, luzinha e pequena Shura!
Sem esperar a resposta, Tsuchi avançou mais uma vez contra a dupla.