A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 55
Durante o treino de Honda, Mari imaginou estar chutando uma parede com força toda luta.
O samurai simplesmente não permitia que ela o acertasse nenhuma vez. Cada momento que pensou estar próxima foi lançada no lago.
Tão difícil quanto foi, tal treinamento não se comparava a batalha atual. A garota simplesmente não teve a oportunidade de atacar, quanto mais ferir o inimigo.
Seiji estava na mesma situação, infelizmente para o jovem, parecia que Tsuchi tomou algum gosto por ele. A espadachim não tinha ferimento algum, embora tivesse sido golpeada algumas vezes.
O vaga-lume, por outro lado, sofreu com cortes espalhados pelo corpo. Nenhum deles prejudicou a capacidade de combate, mas não quer dizer que doíam menos. Sua armadura não era mais tão brilhante graças ao seu sangue e a espada só ficou mais lascada.
Ele há muito abandonou a defesa e focou em desviar dos ataques, o jovem duvidou se o inimigo estava se segurando quando atacava Mari pois, tecnicamente a arma em suas mãos deveria ser mais forte que a dela, então por que só a sua ameaçava quebrar?
Ela defendeu a maioria dos golpes enquanto Seiji os evitou, isso simplesmente não fazia sentido.
A espadachim se defendeu dos ataques de Tsuchi, porém, ainda estava em desvantagem.
‘Eu tenho que achar uma forma de sobrepor ele… Espera o quê?’
Algo clicou em sua mente, se o inimigo era mais forte que eles, por que raios eles tentaram subir ao mesmo nível dele?
Pensando rapidamente, a espadachim cortou contra o oponente. Eles trocaram golpes e se movimentaram pela garagem ficando de costas para o seu companheiro. Pressionando outra disputa de força, a garota sorriu antes de gritar:
— Seiji, luz!
Reagindo instintivamente, o vaga-lume abriu a palma da mão e acendeu uma luz forte que cegou o espadachim por um instante. Usando essa oportunidade, a garota mudou de lado e atacou contra o pescoço de Tsuchi.
O homem impediu pouco antes de alcançar seu rosto, mas recebeu um chute na costela. Recuando levemente ele seguiu o movimento da garota, desta vez somente defendendo.
Da esquerda para a direita, de cima a baixo a garota balançou. Se camuflando entre os flashes de luz criados por Seiji, ela se moveu em busca de pressionar o espadachim.
Sua mente rolou de volta às palavras que seu professor disse enquanto a treinava.
Você é burra e não estúpida. Seu erro é continuar martelando um erro muitas vezes.
Agachando para evitar um arco vindo da espada do inimigo, Mari fez um corte crescente que foi aparado facilmente.
Se especializar na velocidade não quer dizer atacar mais rápido. E se o oponente for mais forte que você?
Braços tremendo e joelhos dobrados demonstraram a clara diferença em força bruta, mas isso não a desencorajou.
Quando isso acontece você muda os ângulos.
Outro flash surgiu, fazendo com que Tsuchi cerrasse os olhos. Essa foi a oportunidade para recuar e fugir desse teste de força.
Logo ela se resumiu a atacar de todos os lados possíveis, esperando desestabilizá-lo mesmo que por um único instante. Porém foi fútil pois o homem permaneceu intocado.
Se isso não funcionar, adicionamos fintas.
Cortando em direção a cintura do oponente, Mari aguardou que ele posicionasse sua lâmina para defesa antes de mudar forçadamente o trajeto do golpe, indo contra a face do mesmo.
‘Interessante…’
A melhora súbita da espadachim surpreendeu o homem e, deliberadamente, ele a pressionou para que tirasse o máximo disso.
De forma subconsciente, a garota expandiu seu leque de golpes incorporando os conselhos de Honda neles. Assim a luta se tornou várias vezes mais acirrada.
Sua velocidade ainda não se equiparava a do inimigo e sua força muito menos, mesmo assim, eles pareciam lutar ferozmente por um empate. O espadachim aumentou consistentemente seu ritmo, só o suficiente para que Mari continuasse a acompanhá-lo.
Ela não percebeu, mas seus golpes se tornaram afiados e a esgrima mais precisa.
Vendo um corte vertical vir, a garota copiou subconscientemente a postura e como água, o ataque do homem fluiu por sua espada e a espadachim imediatamente contra-atacou. Para a surpresa de todos os três presentes, ele foi atingido pela primeira vez desde o início da luta.
— Parece que eu te peguei~ — Com um sorriso cansado, ela comentou.
— Heh, nada mal — Parecendo compartilhar de sua animação ele respondeu sorrindo.
Neste momento Seiji sentiu- se de fora. Ele só funcionou efetivamente como apoio, seus golpes foram inúteis contra o inimigo. Embora tenha alguma parcela neste ataque de sucesso, o garoto não se sentiu feliz.
‘Qual o sentido de estar aqui se é ela que faz todo o trabalho? O discurso de Silver é tão poderoso assim?’
Do seu ponto de vista, as palavras pareciam incrivelmente poderosas.
‘Imagine o que aconteceria se ele fizesse isso para a gangue toda? Não quero nem pensar no resultado’
Observar a melhora da espadachim também fez o vaga-lume querer espelhar suas ações. O nível de habilidade deles era igual, então ele também poderia fazê-lo certo?
Dobrando os joelhos, ele carregou contra o espadachim levantando a espada na vertical, semelhante ao que fez durante a ‘luta’ com o dragão prateado.
— Bem, eu inventei o nome agora mas lá vai… [Julgamento]!
Condensando luz na lâmina da arma, Seiji gritou antes de cortar violentamente causando uma grande explosão. Poeira subiu no local, vinda do concreto destruído no chão e cegando o campo de visão do trio.
༺═──────────────═༻
— Meu discípulo é incrível não é? Não é? — Settō perguntou de forma irritante para o homem ao seu lado.
Ele usava uma roupa extravagante ainda assim, estranhamente se misturou com as sombras do lugar.
— Pode ficar quieto? Quer tanto assim que eles nos encontrem? — reclamou o samurai.
Honda também estava presente, vestindo seu chapéu de palha e uma armadura feita em placas. Isso faria muito barulho se ele não estivesse acostumado com ela.
— Minha aluna é melhor — disse presunçosamente.
Mari era obviamente quem estava fazendo a maioria do trabalho, então se fosse para comparar, ela claramente seria a melhor entre os dois.
— Analisando mais a fundo este último golpe, não havia controle nenhum na luz que ele produziu. Era mais uma massa amontoada de [Poder espiritual] e não um corte — pausando por alguns momentos, ele continuou — Afinal, o que exatamente você ensinou para ele?
Settō revistou seus momentos de ‘treinamento’ através da sua memória. O homem lembrou da vez em que ele pendurou Seiji de cabeça para baixo enquanto dormia, o olhar de pânico do garoto o fez sorrir.
Houve também o dia em que o vaga-lume acordou no alto mar, pois seu ‘mestre’ o colocou sobre as águas e o permitiu boiar para longe. Como adição, haviam as muitas, mas muitas tentativas de roubo.
— Autopreservação — respondeu parecendo confiante.
— O garoto é um [Contratante]. Com treino o suficiente ele pode destruir cidades apenas por balançar levemente a espada. Qual a necessidade de autopreservação?
— Se você cair no fundo de um rio, explodir tudo balançando uma espada não vai te salvar vai?
— …
Olhando para o samurai, ele viu que o homem começou a ignorá-lo e voltou a assistir a luta. Dando de ombros, ele seguiu o exemplo.
༺═──────────────═༻
— Patético. Puro desperdício de poder bruto.
Com a espada na horizontal, Tsuchi tinha sua lâmina travada junto a de Seiji. O ataque por si só, se dispersou após a colisão entre elas.
O homem ainda aceitou o golpe para testar vaga-lume. Foi uma decepção mas havia espaço para melhora.
Olhando a figura de Mari que tinha a respiração ofegante e, embora sem ferimentos, parecia estar prestes a despencar de cansaço. Depois de todo avanço em sua esgrima, um descanso era merecido.
Suspirando, o espadachim escolheu deixá-la por enquanto. Após decidir isso, ele voltou-se para Seiji.
‘Quem não tem cão, caça com gato’
O lutador restante era ruim ainda que interessante mas, para dar tempo suficiente para Mari se recuperar, ele poderia aceitar.
— Eu sinto que além de dizer, você pensou algo realmente insultante sobre mim — Levantando uma sobrancelha o jovem comentou.
Deixando isso de lado, ele avançou posicionando sua espada na horizontal e cortando com o máximo de força possível.
Tal golpe não foi impedido completamente, Tsuchi somente posicionou a lâmina de forma que reduzisse o impulso inicial. Quando foi atingido, o homem subiu ligeiramente ao ar, simultaneamente chutando a face do inimigo.
Seu pé atingiu diretamente o rosto do vaga-lume que foi ejetado para longe, enquanto o espadachim pousou tranquilamente após perder impulso.
— Merda, você não era um espadachim? Use a espada pelo amor de Deus — reclamou Seiji sentindo o sangue em sua boca.
Levantando aos tropeços, o vaga-lume desistiu da ofensiva, apenas aguardando o movimento seguinte do oponente. Percebendo suas intenções, Tsuchi tomou a iniciativa carregando em direção ao jovem enquanto mantinha uma única mão na espada.
O movimento que ele fez foi incrivelmente largo, tornando fácil deduzir qual seria a trajetória do golpe. Seu braço subiu acima da cabeça antes de descer novamente.
‘Esse ataque é tão len…’
No meio do caminho, o espadachim apoiou sua mão livre no cabo da espada e, graças a isso, a velocidade de queda da lâmina se multiplicou.
‘…to’
Antes mesmo de Seiji terminar sua linha de raciocínio a lâmina já havia despencado completamente. O jovem não se moveu por alguns momentos, buscando digerir o acontecido enquanto uma pequena linha se formou em sua testa, com sangue escorrendo lentamente por ela.
— Hm? Podia jurar que eu ataquei para matar… — murmurou Tsuchi — então você é um daqueles?
Como se para confirmar sua questão, ele reiniciou sua investida contra o vaga-lume.