A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 67
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- Vol.2 Capítulo 67 - Ondas(pt.2) Um teste e uma aliança
— Bem… Isso é Interessante.
Um homem comentou ao terminar de ler certo relatório que foi deixado em sua mesa pouco tempo atrás.
O conteúdo não era muito detalhado, e parecia propositalmente ter sido escrito para deixar a imagem de que aquele mencionado no documento era um monstro sem coração.
— Agora, o que ela quer que eu faça com isso?
Nos papéis estavam descritas as ações recentes de um jovem chamado Silver Crawford. Desde a guerra, que foi apresentada como sendo um resultado de sua incomparável arrogância.
Aparentemente, eliminar membros de uma facção inimiga que se infiltrou em seu território foi considerado arrogante aos olhos de quem escreveu o documento.
Em seguida vinha o fato da guerra ter ocorrido em uma cidade baixa, onde muitas pessoas ‘inocentes’ viviam consequentemente colocando várias vidas ‘inocentes’ em risco.
E então vinham seus atos ‘tirânicos’ de buscar o domínio total da cidade, algo que, mesmo com a visão totalmente parcial buscando pintá-lo como um monstro, pareceu ser muito bem aceito por todos moradores do local.
Inclusive, uma facção que dominava certa parte da cidade se juntou a Silver por quaisquer razões que fossem, diminuindo bastante a credibilidade do documento.
O homem que recebeu tal relatório foi Shiroi Byakko, diretor da [Academia Shoutai]. Por algum motivo, Lorie passou em seu escritório para deixar o relatório antes de fugir dando algumas desculpas.
Ela sabia claro que suas intenções por deixar isso seriam descobertas mas, a mulher estava confiante de que o tigre branco não recusaria.
Afinal, ambos lutaram lado a lado por muito tempo. Tempo o suficiente para que ela entendesse que não poderia enganá-lo, então por que tentar? O documento foi mera formalidade, só para ter uma razão documentada que justificasse sua interferência.
— O que você acha sobre isso? — perguntou o homem para a pessoa à frente dele.
Ela era uma mulher de cabelos brancos e olhos azuis com uma expressão fria em seu rosto. Magina Yuki é o seu nome, também conhecida como bruxa sangrenta.
Shiroi a chamou aqui pois, de uma forma ou de outra ela acabaria descobrindo e seria muito melhor ser com ele dizendo ou as coisas ficariam feias.
Para ser sincero, o tigre branco preferia se tornar inimigo de Lorie ao antagonizar Yuki. Simplesmente porque o dragão vermelho era cabeça quente e fácil de prever enquanto a mulher à sua frente era o completo oposto.
— Pode jogar com os planos dela, isso pode servir como um teste para ele — respondeu a mulher com um rosto ainda frio.
Todos os anos que ele passou lidando com essa personalidade dela não ajudaram nenhum pouco Shiroi a desvendar o que Yuki poderia estar sentindo agora. Mas talvez, e só talvez o homem tenha visto algum orgulho nos seus olhos quando Silver foi mencionado.
— Como queira — Já que ela decidiu não havia mais o que falar.
Aprovando o pedido de Lorie, o tigre branco só podia esperar para ver como isso iria se desenrolar. Já que foi uma decisão de Yuki, ele não seria o alvo de uma possível vingança de Silver.
Ele não tinha medo do garoto, simplesmente não era seu estilo atrair ódio desnecessário.
Bem, ele estaria mentindo se dissesse que não estava curioso para saber até onde o discípulo da bruxa sangrenta iria.
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Enquanto Shiroi e Yuki decidiam acabar com o descanso se Silver, Moon tinha seus próprios problemas a resolver.
— Sigh, tão problemático… — suspirou a matriarca cansada por todo planejamento que fez.
Para contextualizar, antes de sair do território de Silver a jovem formou uma aliança com ele.
Os termos eram bastante simples, já que nenhum dos dois tinham isso como objetivo inicial e nem queriam tomar vantagem um do outro, as negociações acabaram sendo tranquilas.
‘Muito melhor do que lidar com aqueles patriarcas prepotentes de merda’
A negociação foi somente uma conversa casual onde eles estabeleceram termos que foram satisfatórios para ambos os lados.
Haviam diversas pequenas condições porém as mais importantes se limitavam a três delas.
Primeiramente foi o apoio mútuo. Se houvessem problemas que um não conseguiria resolver, o outro deveria ajudá-lo o máximo possível. Isso e se a ajuda fosse solicitada diretamente.
O empréstimo de tropas vinha logo em seguida. Moon mandaria alguns dos membros de seu clã para se juntarem ao grupo de Silver, formando uma nova divisão liderada por Hana.
A matriarca achou que o coelho merecia isso, e tratou parcialmente como um agrado pelos ensinamentos recebidos no tempo que ficou lá. O contrário também seria feito, o acordo foi que os membros da divisão death foxes viriam para o seu lado. Como eles eram especialistas em assassinatos e espionagem, ela pôde encontrar muitos meios de usá-los ao seu favor.
Claro, nenhum dos dois pretendia perder sua força de combate principal ao fazer isso, portanto, eles enviaram combatentes fortes, mas não seus melhores.
Por último veio o tempo. Alianças geralmente eram forjadas por interesse, quando conseguiam tudo que buscavam com ela era natural que acabasse. Haviam exceções claro, como aquelas criadas por amizade ou amor, porém este tipo de laço poderia ser quebrado e o que viria após não seria algo divertido.
Eles decidiram deixar como duração um mínimo de dez anos para essa aliança. Não que nenhum dos dois planejava trair o outro, foi puramente por precaução.
Silver já teve sua parcela com traições e não queria ter este tipo de problema novamente tão cedo.
O jovem não sabia que dependendo de Moon esta ‘aliança’ não acabaria tão cedo, sendo passada até mesmo para os filhos que teria com certo dragão prateado.
De volta ao ponto principal, a matriarca teve bastante trabalho nos últimos dias por conta desta aliança.
O clã Amaterasu sempre foi e continua sendo uma monarquia, mas os problemas começaram quando certo ancião decidiu que ela não era adequada para a posição de matriarca.
Ele proclamou que ela era uma herege, pois nunca a viu usando o poder da deusa do Sol, então o homem iniciou um conselho com outros que viram a ‘verdade’ entre suas mentiras. Pesquisando um pouco sobre seu passado, ficou claro para a jovem que ele era só um velho com delírios de poder.
Antes dela ser feita matriarca do clã, este ancião tinha a maior parte do poder de decisão da família em suas mãos e, outros anciões relataram que ele agia como o patriarca do clã por muitas vezes e foi aquele quem ficou mais incomodado quando ela subiu ao poder.
Essa situação alertou Moon para um problema do qual nunca parou para pensar, a lealdade deles nunca foi direcionada a ela. Eles seguiram única e exclusivamente a portadora da vontade da deusa Amaterasu.
— Não vai ser um problema por muito tempo.
Neste momento, Arai entrou na sala e isso só queria dizer uma coisa.
— Eles já estão esperando — perguntou a jovem casualmente.
— Sim — O homem assentiu antes de olhar profundamente para sua senhorita — Certeza que quer fazer isso?
— Tenho. O velho fez questão de juntar todas as maçãs podres por mim, seria uma pena não aproveitar isso.
O homem se esforçou para reunir todos aqueles que tinham a leve ideia de ir contra ela, seria rude não apreciar todo esse esforço, não?
— Eu poderia simplesmente cortar suas cabeças.
Simples e fácil, como nos tempos em que Arai esteve em campos de batalha.
— Não estamos em um tribunal de guerra — A jovem rolou os olhos para a simplicidade de seu braço direito.
Em tempos de guerra, seria perfeitamente aceitável eliminar um traidor desta forma, mesmo agora, ela poderia o fazer com repercussões leves vindas do clã. Para qualquer um que ficasse insatisfeito com isso, bastava dizer que o ancião foi contra a reencarnação da deusa Amaterasu e o homem seria apagado dos registros do clã.
Mas a matriarca já havia decidido fazer dele um exemplo para impedir outros de seguirem esse mesmo caminho.
— Quer saber, você pode cortar a cabeça dele depois que eu terminar — comentou Moon, percebendo que não havia sentido em mantê-lo aprisionado.
Ambos foram em direção ao lugar onde todos estavam esperando. Observando a paisagem pelo caminho, a matriarca analisou o quanto ela mesma havia mudado.
‘Quem teria pensado que alguém como eu, uma garota simples e ávida leitora, governaria um clã inteiro’
Certamente não ela. Tudo que a jovem queria era andar lado a lado com sua paixão, que acabou por ser um personagem fictício naquela época, mas acabou ganhando o peso de diversas vidas a cada decisão que fazia.
— Chegamos — A voz de Arai tirou a jovem de seus pensamentos e, respirando fundo ela se preparou para o que viria.
Olhando para frente, sua expressão se tornou indiferente e ela assentiu para que seu braço direito abrisse a porta.
— Vamos com o estilo Silver — murmurou enquanto a porta se abria.
O lugar a lembrou da sala onde enfrentou Fenrir e, comparado ao lobo que queria nada mais que matá-la, seus inimigos atuais eram como filhotinhos.
Membros do seu clã rodeavam as beiras da sala como uma plateia, e em certo espaço aberto no centro estavam dez pessoas vestidas com yukatas. Todas estas pessoas eram anciãos, homens e mulheres de aparência arrogante.
Ignorando os berros do grupo que deu as boas-vindas à sua chegada, Moon acompanhada de Arai caminhou até seu trono, o qual tinha uma lua em seu braço esquerdo e um sol no direito.
Sentando-se no trono, a matriarca apoiou o queixo em sua mão escaneando o grupo friamente.
O lugar ficou em completo silêncio, enquanto todos presentes aguardavam as palavras de sua matriarca.
— Então, deveríamos começar?
Essas palavras foram o início do fim para os anciãos, mas eles ainda não sabiam disso. O clã por sua vez, viu um futuro mais próspero após este acontecimento.