A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 69
Caminhando atrás de sua matriarca, os membros da família Amaterasu estavam se preparando para conhecer seu futuro chefe.
Eles atravessaram uma das tão conhecidas cidades baixas, lugares onde até mesmo cegos eram versados na arte do furto e as menores crianças poderiam te matar sem piscar.
Todos eles nasceram e foram criados no clã Amaterasu e, por isso, não tinham muita experiência com assuntos do mundo exterior. Porém, todos eles escutaram uma ou várias coisas sobre estas cidades.
Rumores diziam que se você sobrevivesse por uma noite aqui já era o suficiente para esgotar sua sorte pelo seu tempo de vida inteiro.
Mas isso foi o que disseram. Caminhando pela fonte de todos rumores, eles acharam um tanto quanto comum. Sem sangue espalhado pelas ruas e nem olhos de demônios sanguinários a cada canto escuro das ruas e becos.
Os moradores que eles viram pelo caminho não tinham dentes afiados feitos para cortar carne, ou então aparências monstruosas como se fossem demônios tirados do próprio inferno.
O lugar que foi dito ser um lar de desespero, miséria, medo, sangue e dor não parecia nada além de uma cidade normal.
Todos eles eram bastante comuns. A cidade tinha um ou dois prédios em construção e os moradores tinham sorrisos felizes no rosto. Parecia um lugar próspero. Não tanto quanto o clã Amaterasu mas, ainda sim, próspero.
Seria isso um truque para fazê-los baixar a guarda?
Pensando nisso, todos eles decidiram continuar atentos e manter a guarda alta para proteger sua matriarca. Não que ela precisasse, afinal, a demonstração que foi feita em frente ao clã inteiro, incluindo os ex- anciãos ainda estava fresca na memória deles.
No meio do caminho, eles encontraram com uma garota de cabelos azuis que pareceu ter deixado sua matriarca surpresa. Talvez uma conhecida?
A garota se aproximou e após algum tempo conversando, ela disse que poderia os acompanhar até o lugar para o qual iriam.
Durante todo o tempo de conversa, essa jovem de cabelos azuis foi incomparavelmente gentil e calorosa, porém, ao descobrir sua afiliação com o chefe da cidade, eles levantaram a guarda que nem perceberam ter baixado.
Talvez esse fosse o objetivo dela e tudo isso fosse parte de um teste de seus, logo para ser, chefe. Se eles estivessem certos, não era hora de descansar.
No caminho a jovem, que se identificou como Mitis Sanctus, tomou a iniciativa de apresentá-los a vários dos habitantes da cidade. Todos os moradores pareciam gostar dela, porém, seu receio em relação ao grupo desconhecido era óbvio.
Chegando ao destino eles foram recebidos por guardas, que os deixaram passar após uma breve conversa com Mitis. Ficou claro que a garota tinha alguma influência entre o povo desta cidade.
O lugar não era tão grande e logo eles chegaram à sala onde seu novo chefe estaria.
Respirando fundo, eles assistiram a garota abrir a porta despreocupadamente. Essa pequena ação levou a outra quebra de expectativa gigante para todos do grupo exceto por Moon.
A pergunta era: Como você espera que o homem, que dominava uma cidade composta por um aglomerado de pessoas malignas e sanguinárias parecesse?
Talvez ele tivesse cicatrizes horrorosas como lembranças de todas suas batalhas? Ou então seria ele incrivelmente corpulento, com um rosto intimidante o suficiente para corresponder com seu objetivo de dominar tão cidade?
E a resposta foi: Nenhum daqueles descritos acima!
O que eles encontraram foi um adolescente, talvez até mesmo mais novo que o mais jovem dentre eles.
Seu futuro chefe tinha cabelos prateados e olhos dourados com uma expressão fria no rosto. Ele era bonito mas, de longe, não foi o que o grupo imaginou ser considerado o lugar onde estavam.
‘Aliás, por que ele está usando uma coroa de flores?!’
— Silv, eles vieram te procurar — disse Mitis, os surpreendendo mais uma vez pelo apelido tão não intimidante.
— Obrigado Mitis, pode voltar ao seu passeio — respondeu o jovem e então a garota se foi com um sorriso no rosto.
Antes do grupo se recuperar, outra pessoa se aproximou rapidamente e abraçou sua matriarca.
— Pequena lua, você veio brincar? — perguntou com animação mais do que aparente em sua voz.
Olhando para a garota, Moon não queria recusá-la, mas não teve escolha. De repente, uma ideia veio à sua mente quando olhou para o grupo que ela mesma trouxe.
— Infelizmente eu vim a trabalho — Vendo a expressão de Hana se tornar cabisbaixa, ela continuou rapidamente enquanto apontava para o grupo — Mas, você pode treinar seus novos subordinados!
Com o ânimo renovado, ela correu até Silver e sussurrou algo que trouxe um sorriso à face do jovem. Quando voltou, a garota tinha as mãos para trás claramente escondendo algo.
Ao chegar perto da matriarca, Hana tirou as mãos das costas e posicionou uma coroa de flores idêntica a de Silver em sua cabeça. Alternando seu olhar entre o jovem e Moon, a garota assentiu para si mesma antes de se voltar ao grupo.
Ajeitando a postura e colocando as mãos para trás, Hana mandou os membros do clã Amaterasu a seguirem, algo que eles fizeram por estarem atordoados demais para reagir.
Haviam muitas razões para isso, o primeiro e mais importante foi sua matriarca tê-los entregue como um brinquedo novo para a garota que aparentemente seria sua nova comandante ao invés de Arai.
Com a saída do grupo, sobraram apenas Silver e Moon na sala.
A dupla não perdeu tempo com conversas casuais e a matriarca contou brevemente os acontecimentos anteriores em seu clã.
Ela o fez principalmente para deixar claro que não haviam traidores entre os seus, antes de passar um documento com informações dos membros que trouxe para o jovem.
— Vamos ver a minha parte do acordo — Assim ambos caminharam pelos corredores da base, que não havia mudado tanto desde a última vez de Moon nela.
O silêncio entre eles não durou muito tempo, pois a matriarca decidiu que teve o suficiente dele.
— Você está bem? — Julgando pelos eventos recentes, Silver estava agindo calmo demais para alguém tão próximo de si.
Ou quem sabe a razão dele procurar dominar esta cidade fosse sua forma de extravasar.
— Estou. E você? — Levantando uma sobrancelha pela estranheza da pergunta, ele devolveu a pergunta.
— Melhor agora — Isso não foi apenas por sua paixão pelo jovem, mas também foi literal.
Após sua luta com Fenrir e seu ‘acordo’ com Amaterasu e Tsukiyomi, ela acabou por se tornar mais forte. Aparentemente quase destruir o próprio corpo usando os poderes da dupla a permitiu ultrapassar os limites que tinha como [Contratante].
Agora ela tinha mais tempo para usar o estado que usou em sua luta contra o lobo, além de ter ganho controle mínimo do elemento da deusa do Sol. A soma de tudo isso a deixou mais do que bem atualmente.
— Preparada para o baile?
— Na verdade não. Odeio bailes.
Como matriarca a jovem participou de muitos deles, e não foram boas experiências.
— Você se preparou? — Essa pergunta fez Silver sorrir por alguma razão.
— Eu cometi o erro de comentar sobre o uniforme com Hana — Com um sorriso resignado, ele continuou — Agora ela cismou em personalizar uma roupa perfeita para mim…
A primeira, a ceifadora ficou triste por não poder participar mas, logo em seguida, decidiu que era seu dever deixar Silver perfeito para o dito baile.
— Parece algo que ela faria — Assentiu Moon, antes de pensar em deixar Hana cuidar do seu uniforme também.
Não porque ela queria combinar com Silver, longe disso, foi apenas para deixar Hana expressar seu lado criativo.
Logo eles chegaram ao seu destino e, abrindo a porta o que viram foi uma área de treinamento. O lugar era aberto e espaçoso, sem nenhum dispositivo ou máquina de treino, apenas um espaço grande o suficiente para se praticar lutas sem se preocupar em destruir acidentalmente a sala.
A área estava ocupada por algumas pessoas, cerca de vinte delas se reunindo em um lado do lugar e concentradas demais se esquivando dos projéteis que vinham em sua direção para perceber a chegada da dupla.
Kunais e shurikens choveram sobre o grupo que se separou correndo através da área para evitar as lâminas. Por muitas vezes, eles paravam abrupta e estranhamente evitando lugares perfeitos para escapar do perigo.
Olhando mais de perto, haviam linhas finas e quase imperceptíveis espalhadas por todo lugar, indo do chão até o teto. Isso tornou a esquiva do grupo mais difícil, no entanto, eles evitaram a maioria dos projéteis habilmente.
Do outro lado da sala havia apenas uma jovem, suspensa no ar provavelmente graças às linhas presentes lá.
Moon reconheceu a jovem suspensa como sendo Hikari, quem atirou mais um bocado de armas antes de olhar para a dupla e reconhecer sua presença na sala.
— O que acha? — perguntou Silver depois de alguns minutos assistindo o treino.
— Elas são habilidosas.
Isso mesmo, elas. O grupo era composto somente por mulheres e todas vestiam a mesma roupa voltada para kunoichis.
— Que bom que acha isso, afinal, elas vão trabalhar para você a partir de hoje.
O treinamento durou por mais meia hora e, durante este meio tempo, Silver e Moon trocaram informações sobre os membros de seus respectivos grupos.
A matriarca perguntou coisas simples sobre Mitis, e o dragão prateado respondeu sem muita preocupação de que a garota houvesse sido reconhecida.
— Ela é uma boa garota, você deveria valorizá-la — Foram as últimas palavras de Moon sobre a santa.
Pela novel, a jovem sabia que os [Paladinos] viriam procurá-la, então ela achou ser uma boa adição ao grupo de Silver.
Quando o treino acabou, Hikari deu ordens para que o grupo se arrumasse e se despedisse antes de partir para sua nova base.
❂❂❂
Moon teve certeza de passar algum tempo com Hana enquanto esperava o grupo se preparar, sem esquecer também de mencionar o assunto do uniforme para o coelho.
Por algum motivo, as pessoas que ela trouxe pareciam muito respeitosas com a garota. Seja lá o que aconteceu no tempo que eles ficaram sozinhos com Hana, os tornou obedientes a ela.
Com tudo preparado Moon se despediu da garota e de Silver, saindo acompanhada por seus novos subordinados.
— Menos um assunto para lidar — O acordo foi concluído e, agora, o jovem só precisava alinhar as coisas sobre seu grupo antes de se concentrar somente no torneio.