A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 70
Um mês se passou desde a visita de Moon à cidade baixa. Muitas coisas mudaram nesse período de tempo e, uma delas foi o progresso da conquista.
Atualmente 80% da cidade estava sob seu controle mas, seu avanço se tornou cada vez mais lento graças a certo grupo de pessoas.
No início, todos moradores aceitaram facilmente sua tomada ao poder. Isso aconteceu pois seu assunto com Fenrir se espalhou junto a sua fama por ser um ‘anjo’.
Ele não sabia como qualquer conhecido seu dia tempos no coliseu reagiria ao saber que o demônio prateado que tanto temiam, havia se tornado um anjo para tantas pessoas. Talvez eles ririam sobre essa ironia ou só ignorariam e seguiriam seus próprios assuntos.
Essa ‘aceitação’ durou até certo grupo desacreditar dos boatos, com certa razão, e criar uma resistência. Outro ponto foi que eles acreditavam que tudo, desde a guerra, foi um plano do dragão prateado para tomar o controle da cidade.
Silver pensou em métodos violentos para lidar com isso, mas decidiu contra. Ser violento demais o tornaria um real tirano e daria mais credibilidade à resistência, além de tornar aqueles que o aceitaram céticos sobre ele.
— Alguma ideia para lidar com a resistência? — perguntou Silver para qualquer um que desejasse falar.
Ele estava numa sala, sentado na parte mais alinhada de uma mesa redonda e rodeado pelos seus comandantes.
— Eu posso lidar com eles — disse Astrid com confiança transbordando em sua expressão.
A serpente para a surpresa de todos e desprazer de Ai, aceitou se juntar ao dragão prateado há tempos atrás. Ela não era estúpida o suficiente para lutar contra ele enquanto ainda ferida de sua batalha com Ai.
Ainda pior era que seu irmão tinha uma relação próxima demais com Leon, tornando possível que ele desistisse de ir contra Silver por isso.
— Sem matar todos eles? — questionou o cético dragão prateado.
— Sim.
Até mesmo o irmão dela parecia duvidoso, olhando para ela estranhamente.
— Quem é você e o que fez com minha irmã? — Logo que fez essa pergunta ele se arrependeu tremendamente. O olhar que ela o deu trouxe arrepios à sua espinha e o fato dela não dizer nada só piorou.
— Não acho que essa cobra seja a pessoa certa para o trabalho — Sem dúvida alguma, foi Ai quem levantou essa questão.
— Hah?! Quer brigar vira-lata?!
— Vem para cima, cobra.
Outra briga parecia prestes a estourar entre as rivais e, enquanto isso, Leon se aproximou de Vidar.
— Trinta que minha querida Ai vai ganhar desta vez — sugeriu o lobo.
— Eu dobro — disse o gêmeo com convicção.
— O triplo que Silver vai interromper no meio — Se intrometeu o apostador Settō.
Durante essa breve interação entre o trio, Silver olhou para cada um presente na sala. Não haviam novas adições fora os gêmeos e todos eles tiveram reações diferentes a essa briga.
Hikari parecia indiferente, mas estava os condenando silenciosamente. Ela provavelmente prepararia uma aula de ‘etiqueta’ para as duas.
Hana estava mais interessada na coroa de flores que estava fazendo do que na briga entre as rivais.
Settō tinha uma expressão entretida e Honda não ligou muito para isso e se focou em Silver.
— Quietos! — Após algum tempo observando, o jovem decidiu falar.
O apostador olhou significativamente para Leon e Vidar, fazendo a dupla clicar a língua em irritação, mas ainda assim se mantiveram calados.
Com o silêncio retornando a sala, ele começou a pensar em suas opções.
A reestruturação do seu grupo deixou seis divisões à sua disposição. As Death foxes, ainda lideradas por Hikari e que ele acreditou serem as mais aptas para este serviço. O único problema era que os recém-chegados ainda precisavam ser treinados, e com a chegada do torneio ficou difícil para a kunoichi trabalhar nisso em conjunto com as preparações para o evento.
Em suma, ele não queria mandá-las para o campo sem Hikari aqui para supervisioná-las.
Ambas divisões dos Wrath Wolves lideradas por Ai e Leon eram esquadrões de caça, nada adequados para este tipo de trabalho.
As duas novas divisões criadas foram a própria Midgard, obviamente liderada por Astrid. E a divisão Zero, comandada por Hana.
A Zero foi composta pelos membros do clã de Moon e por alguns recrutas. Infelizmente eles eram mais executores do que emissários da paz.
Isso deixou apenas a Midgard sobrando e, com o apoio de certa santa, talvez fosse possível concluir o trabalho sem problemas maiores.
— Certo, mas leve Mitis com você — comandou Silver.
— O que? Aquela metida a santa? Nem fodendo! — No pouco tempo que teve para conhecer a garota, Astrid não gostou nada dela.
— Você vai levá-la. Mostre que merece a posição que te dei — O jovem deixou claro que não era um pedido, e sim uma ordem.
Sem escolha a não ser aceitar, a serpente encostou na cadeira que estava ficando mais irritada ao ver o olhar satisfeito de Ai.
— Como vai o treinamento de Hibiki e dos recrutas? — perguntou Silver para sua vice-comandante.
Outra mudança neste mês foi que ele não treinava mais Hibiki. Depois do acontecido com Raymond, o jovem pensou ser melhor não treinar alguém que lembrava tanto a si mesmo como o traidor fazia.
— A criança está melhorando. Mas ele e os recrutas precisam de tempo — disse Hikari.
Era compreensível. Não é como se colocar armas em suas mãos os tornassem bons guerreiros. Um mês não era o suficiente para treiná-los a um nível aceitável.
Considerando que seus números saíram dos antigos 150 até os 1.000 e poucos. Não era muito se comparado aos clãs mas, era um bom número e aumentava a cada dia.
Quando os recrutas estivessem bem treinados, eles seriam certamente uma força a se temer. Afinal, Silver sempre preferiu qualidade acima de quantidade.
‘Parece que minha ideia de ter um exército de dragões não parece tão longe…’
— Qual a situação do centro médico?
Com Mitis aqui, o jovem cobrou a dívida de Reinhart por ter protegido sua irmã para que o autoproclamado cavaleiro arranjasse médicos bons e confiáveis para se juntarem ao seu grupo.
Assim, o talento da santa seria melhor utilizado e junto aos médicos mais experientes, tanto os moradores quanto os membros de seu grupo se beneficiariam desta situação.
Quando os doutores e enfermeiros chegaram, o centro já havia sido criado por Silver com grande ajuda dos moradores e eles só precisavam começar o trabalho. Os habitantes ficaram felizes por terem médicos para cuidar deles, e não se importaram com os termos que deram prioridade aos subordinados do seu ‘anjo’ pois, como eram combatentes, era natural que eles se machucassem mais frequentemente, certo?
Já que Silver tornou a cidade segura, a chance dos habitantes serem feridos enquanto roubavam ou eram roubados foi reduzida a zero.
Então foi fácil para eles aceitarem que quem luta por eles seria priorizado quanto aos cuidados médicos.
— Mais eficiente que no início — Uma resposta simples, mas ela passou um relatório detalhado para o jovem ler mais tarde.
A reunião seguiu com o grupo decidindo como seriam divididos os recrutas entre as divisões, projetos para aprimorar a cidade, entre outros.
No fim da reunião, Hikari tinha uma coroa de flores na cabeça e ninguém na sala se atreveu a rir dela, sabendo que não só provocaria a fúria da mesma, como também a de Silver e de Hana.
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Em um tatame, cercados por paredes que seguiam um design tradicional japonês, dois homens se encaravam enquanto empunhavam espadas.
De repente, um deles atacou com um corte na vertical que pela distância entre eles não parecia ter alcance para atingir seu oponente.
A vítima por sua vez levantou sua espada para se proteger e, junto ao som de metal colidindo, ele não sentiu peso algum no ataque.
— Este truque só funciona quando o oponente não sabe sobre ele — O homem, Honda, comentou.
— Eu sei, esse foi só meu incentivo para começar a luta de verdade — Silver retrucou.
O truque que ele usou foi simples, o jovem só afrouxou seu aperto no cabo da espada fazendo ela deslizar ganhando mais alcance no golpe, antes de apertar novamente para não perder a arma. Isso infelizmente diminuiu a quantidade de força que ele poderia colocar no golpe, deixando fácil para apará-lo.
O jovem se afastou do samurai e, respirando fundo, ele voltou a trocar golpes com seu inimigo. O som metálico e da respiração da dupla foi a única coisa que restou no local, sem nenhum deles ganhar vantagem na disputa.
Desviando mais um golpe, Honda contra-atacou errando por um milímetro de distância pois Silver atacou uma segunda vez para interrompê-lo.
A dupla se separou e seguiu observando os movimentos um do outro, preparando o próximo ataque.
— Suas preparações para o torneio? — Honda perguntou, sem tirar os olhos de seu oponente.
— Feitas. Mas existem coisas para as quais seria fútil se preparar — respondeu o dragão prateado.
Ele estava falando sobre certa amiga de infância do protagonista Seiji. Isso é certo, como uma novel de harém era necessária a aparição de uma amiga de infância do protagonista.
O elemento dessa garota era incrivelmente problemático e, embora tivesse certeza que iria ganhar, entre os participantes do torneio ela fez parte daqueles que tinham a maior chance de dar problemas a ele.
— Me parece que você vai se divertir bastante.
— Talvez.
Sem mais conversa a dupla voltou a trocar golpes, muitas vezes chegando perigosamente perto de matarem um ao outro.
Esquecendo todo o resto, somente a batalha importava para eles neste momento.
No dia seguinte, Silver e os outros já estavam no local do baile, preparados para encontrar seus futuros oponentes.