A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 73
Para começar, nenhum dos três queria realmente fazer o discurso, por isso foi tão fácil ‘persuadi-los’ a não fazê-lo. O único motivo deles terem insistido no assunto foi o fato de não estarem dispostos a perder um para o outro.
A raiva causada pela derrota acabou sendo direcionada obviamente para o oportunista, a pessoa quem os livrou de um peso e, ao mesmo tempo que deu a vitória nas mãos do tigre branco.
Vocês são tão incrivelmente magnânimos que não vão voltar atrás em suas palavras, afinal, o discurso está muito abaixo do seu nível.
Essas foram as palavras de Shiroi para eles, somente para esfregar em suas faces o fato dele ter saído por cima nesta disputa.
O homem que acabara de recuperar de sua crise existencial se encolheu ao sentir os olhares odiosos das pessoas mais fortes do salão.
‘A culpa não é minha que vocês foram estúpidos, tá bom?!’
Mais uma vez ele não teve a coragem de dizer isso em voz alta, podendo só reclamar mentalmente.
Se juntando ao grupo de diretores, ele tentou parecer o menor possível para não chamar mais atenção do que já tinha.
— Sentem-se! — A voz de Shiroi ecoou enquanto ele olhava para certo trio que estava de pé.
Dois deles claramente se encolheram um pouco pela frieza da voz, e o restante pareceu ignorar completamente isso. A jovem de cabelos pretos e o loiro correram de volta ao seu grupo, deixando aquele de cabelo prateado para trás.
Silver olhou brevemente para o tigre branco antes de fazer o mesmo com todos diretores no topo da escadaria e, só então ele caminhou calmamente de volta à sua mesa.
Neste tempo o salão ficou em silêncio, nenhum dos estudantes queria irritar os diretores por interromper já que eles também não disseram nada sobre a petulância desta pessoa.
Quando o jovem se sentou, o tigre branco seguiu com seu discurso.
— Ouçam com atenção porque eu não vou responder qualquer dúvida que vocês tenham — declarou o homem sem se importar com as reações dos alunos.
— Na primeira fase, seu objetivo é dominar o reino. O tempo limite é de três meses e, em caso de falha, esqueça o torneio — Houve um largo silêncio após ele terminar, como se esperassem algo mais dele.
— O que estão esperando, aproveitem o baile enquanto vocês podem — Num piscar de olhos, todas as mesas foram preenchidas com comidas e bebidas pelos trabalhadores que apareceram no lugar, e uma música leve começou a tocar.
De volta ao segundo piso, mesmo que todos diretores acreditassem poder ter feito isso melhor que Shiroi, todos mantiveram para si… Ou melhor, quase todos.
— Qual o problema? — perguntou o tigre branco ao se cansar do bater nada rítmico de Taijin na mesa.
— Eu poderia ter feito melhor — disse com uma expressão de desgosto ao lembrar do ‘discurso’ feito pelo homem.
— Mesmo? — A indiferença era óbvia em seu tom.
Antes do diretor fazer mais comentários não solicitados, outra pessoa que tinha problemas com o discurso falou.
— Faltou muito mais sangue nesse discurso. Não é Kōri? — Arseus também apoiou as críticas de Taijin.
‘Isso ao menos faz sentido?!’
Se questionaram os outros diretores ao escutar tal besteira dita com grande convicção.
— Não me envolva. Foi objetivo. Bom o suficiente — A mulher não tomou nenhum dos lados, embora pensasse que o discurso feito por Shiroi era só um pouco mais longo do que ela mesma faria.
Após o término do assunto, o foco dos dos demais diretores se voltou para a melhoria das relações entre suas escolas, possíveis parcerias e etc.
Alguns se abstiveram do debate, como os quatro grandes e aqueles que não queriam se relacionar com seus rivais.
༺═──────────────═༻
De volta a mesa da academia Shoutai, o trio se tornou o centro da atenção de todos sentados nela.
— Foi realmente necessário? — perguntou Mia e, percebendo a confusão da dupla, ela esclareceu — Eu quero dizer, vocês terem saído para provocar nossos rivais.
O jovem dragão simplesmente deu de ombros despreocupado enquanto o duo mostrou olhares ainda mais confusos.
— Meio que… Não são todos aqui tecnicamente nossos rivais? — A espadachim estranhou o raciocínio da fênix, todos aqui estavam competindo pelo mesmo objetivo, então todos eram seus inimigos, certo?
‘E não é como se eu estivesse tentando provocá-los…’
Ela realmente era fã do violinista e pode ter ficado um pouco animada demais quando viu que ele aqui. No entanto, agora Mari não gostava mais tanto embora a música ainda fosse boa.
— Sim, eles são. Mas nem por isso deveríamos trazer o foco deles para nós — disse uma exasperada Mia.
— Relaxa aí franguinho, não é algo tão surpreendente vindo desses dois — comentou Lina, ignorando as reclamações vindas do trio sobre o apelido e o comentário.
A dríade ainda se lembrava que a guerra no território de Silver foi basicamente causada pela dupla. Claro que a interferência deles serviu somente como estopim mas, ainda sim, eles fizeram uma bagunça por pura estupidez ou então heroísmo, chame como quiser.
— Agora sobre a tarefa, eu sugiro eu e Silver para participarmos dela — sugeriu Moon quando a briga entre Lina e o trio esfriou.
Não foi por egoísmo de querer monopolizar algum tempo com ele, e sim porque dado seu conhecimento sobre a tarefa, era a melhor escolha. A primeira parte vinha só como um bônus.
— E por que tem que ser vocês?! — reclamou Mari. A espadachim não contribuiu nenhum pouco para o grupo desde o início do torneio, por isso ela queria se provar em ao menos uma tarefa.
— Você por algum acaso sabe como dirigir um reino? — Percebendo que sua pergunta era um pouco demais, Moon a refez — Ou melhor, sabe liderar um grupo? Tanto faz quantas pessoas tenham. Você me dá sua palavra que pode fazer isso?
E o que a matriarca recebeu foi silêncio. O resto, com exceção de Seiji, não teve muita simpatia pela aparência desajeitada da espadachim. Parte do motivo pelo qual eles não objetaram foi que eles não tinham muita experiência liderando pessoas, embora Lina tecnicamente tenha feito algo semelhante durante sua estadia no grupo de Silver, ela não estava confiante considerando que o dragão prateado e a matriarca já faziam isso há muito mais tempo.
O grupo não teve mais tempo para discutir o assunto, já que alguém se aproximou da mesa.
— Há quanto tempo Seiji, como você esteve? — Mesmo falando com o loiro, a jovem se sentou entre Moon e Silver que estavam do lado oposto do mesmo. Isso fez a matriarca semicerrar os olhos, ficando pior quando ela percebeu quem era o intruso.
— Shōri! — Exclamou Seiji, surpreso por vê-la aqui.
Shōri Shina uma das duas amigas de infância do protagonista e a mais perigosa dentre elas. Ademais, ela foi uma das que nunca escondeu seus sentimentos pelo loiro.
‘Então por que ela sentou tão longe dele?’
A dupla que conhecia a história estranhou essa situação.
— Shizu também está aqui, mas acho que ela não tá afim de falar com você agora — A jovem comentou, dando uma breve olhada para sua amiga.
— Eh? Por que?
— Quem sabe?
Shōri deu de ombros, reclamando internamente sobre a ignorância do jovem sobre os sentimentos seus e de sua amiga.
— Essa deve ser sua namorada não é? — disse ela, claramente se referindo a Mari quem estava sentada ao lado dele — Eu sou um amiga de infância desse idiota.
— O que?! Eu não sou a namorada desse cara! — gritou a espadachim indignada, resposta que o jovem espelhou quase que perfeitamente.
Neste momento, a dupla entendeu o porquê da atuação de Shōri parecer inconsistente com seu eu da novel. Como a escola de onde veio, a jovem prezava pela força e, a demonstração de Mari diante a academia Souzan não deu uma impressão muito boa.
A razão dela não desprezar Seiji por ter feito a mesma coisa foi por lembrar nitidamente da força que ele mostrou durante sua infância.
— Deveria esperar que você não estivesse com alguém tão fraca e indigna — A jovem sorriu ao terminar, antes de ficar surpresa pela raiva que seu amigo mostrou.
— Quem você acha que é para chamar Mari de indigna!?
Observando a expressão chocada no rosto da loira quando as palavras de Seiji saíram, Silver parecia desinteressado no drama.
‘Eu deveria impedir isso?’
Essas palavras deram início ao arco de ‘redenção’ da jovem, onde no fim ela abandonaria a mentalidade de “o forte devora o fraco” e adotaria o ‘heroísmo’ de Seiji.
‘Ela pode ser muito útil. Deveria impedir?’
E Moon teve o mesmo pensamento do dragão prateado, mas, para saber por que a jovem era importante, você deveria saber as habilidades dela primeiro.
Shōri Shina ou a invencível como foi apelidada, até o momento em que o torneio aconteceu, formou um contrato com Nike, a deusa da vitória. Como a deusa do triunfo, sua [Contratante] obviamente deveria ganhar algo não que diminuísse, mas sim que anulasse qualquer chance de derrota.
O que a jovem ganhou e que a tornou perigosa foi a capacidade de alterar levemente a realidade.
Cansado de escutar o sermão de Seiji, Silver se levantou da mesa antes de dizer as palavras que certa garota sempre quis ouvir.