A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 84
O céu estava limpo, e a luz natural do sol banhava as planícies que iam tão longe quanto os olhos podiam ver.
— É realmente surpreendente, esse lugar é real demais.
Para um mundo virtual, todos os detalhes presentes na planície eram notáveis. Isso renovou o desejo do dragão prateado de construir um dispositivo deste para si.
Ter qualquer campo de batalha, inimigos e desafios à sua disposição para treinar seus subordinados era incrivelmente atraente e difícil de não querer.
[Todos aqueles quem obtiveram êxito em sua missão estão presentes. Seguindo com a última etapa desta fase…]
[Uma batalha de todos contra todos em dupla]
Olhando ao redor, Silver pôde ver Shōri e Shizukana com suas respectivas duplas e alguns outros participantes dos quais ele não reconheceu, todos separados por uma distância considerável.
Alguns até mesmo tentaram sair da área que apareceram, mas deram de frente com uma parede invisível que os impediu de continuar.
Enquanto Silver observava os outros participantes, seis pares de olhos o encararam abertamente.
Shizukana, Shōri e suas duplas, Komori-uta e Ame tinham seus olhos presos no jovem como se ele fosse uma especiaria rara.
— Mesmo que ela aja como se não tivesse emoções, ela com certeza sabe guardar rancor — comentou Moon. Ame não tinha expressão no rosto, mas seus olhos diziam muito.
— Realmente… E eu não me lembro de ter feito algo para Shōri ou Shizukana. Por que elas estão me olhando com tanto ódio?
Ele já planejava lutar com elas desde o início mas, esse ódio todo era bastante desnecessário.
— Talvez elas tenham ouvido falar do que você fez com Seiji na primeira aula?
— Oh… Bons tempos.
— Acho que isso quer significa que você vai enfrentar as três melhores duplas do torneio.
— Parece que sim.
— Bem, eu acho que posso me virar com os outros — Não deveria ser uma tarefa tão difícil, já que Silver estava lidando com os oponentes mais problemáticos.
[Aviso!]
[A partir de agora os participantes têm acesso livre às suas armas, elementos e armaduras]
Logo, os estudantes tinham suas armas em mãos e suas [Armaduras reais] ativadas, preparados para a batalha que viria.
Todos com exceção de Silver e Moon.
[A batalha acabará automaticamente assim o requisito de duplas restantes for alcançado. Boa sorte!]
— Até mais — disse a matriarca, caminhando na direção das demais academias, as quais já estavam entrando em conflito.
As paredes invisíveis desapareceram assim que a voz terminou de falar, porém nenhuma das outras academias ousou atacar as quatro maiores, preferindo apenas lutar entre si.
Ao mesmo tempo que Moon chegou no seu objetivo, os oponentes de Silver já haviam chego até ele. Havia certa tensão no lugar enquanto o grupo se encarou para decidir quem iria falar primeiro.
— Cinco contra um? Meio injusto não acham? Podem relaxar, eu não vou usar minha [Armadura real] então vocês tem uma chance.
— Wow, isso foi incrivelmente arrogante. Gostei dele. Shizu, o que você acha? — disse a jovem ao lado de Shizukana.
Ela tinha cabelos castanhos e segurava um arco. A garota parecia animada ao contrário de sua dupla, e despreocupada demais frente aos seus possíveis inimigos.
— E você é…
— Grace. Prazer conhecê-lo! — exclamou animada, ganhando apenas um aceno do jovem.
— Bem, a que devo o prazer de ter a invencível, a inútil e duas das sete flores gélidas vindo até mim?
— Eu só vim arrancar esse sorriso arrogante da sua cara — disse Shōri, apontando a lança em sua mão esquerda para Silver.
Shizukana não respondeu e Grace mostrou um sorriso pelo elogio, o parceiro da invencível apenas grunhiu por não ser mencionado e Ame se manteve sem expressão. Komori-uta foi quem pareceu mais irritado por ser ignorado, levantando seu violino como uma ameaça.
— Rato, você deveria estar feliz por eu ter decidido te eliminar primeiro.
O músico colocou o violino sob o ombro, se preparando para tocar algo quando ele ouviu a voz de Silver vinda das suas costas.
— Como eu disse… — A perna do jovem cravou na costela do músico, lançando o mesmo para longe do local — Cinco contra um fica injusto para vocês.
O guarda-chuva de Ame se encontrou com o antebraço do dragão, como ela foi a mais próxima e primeira a reagir. Após o bloqueio do golpe, a ‘arma’ se abriu cobrindo o campo de visão de Silver por alguns instantes.
A jovem recuou vários passos a tempo de desviar da estocada de uma lança, cortesia de Shōri.
— Não se meta. Ele é meu — ordenou a invencível.
— Hoh~ quanta possessividade. Se você fizesse isso por Seiji talvez Mari não tivesse conseguido tão fácil — Silver comentou, recebendo um ataque na vertical de Shōri, quem veio imediatamente para cima dele.
O golpe nunca chegou até ele, já que a invencível teve que desviar do guarda-chuva de Ame.
— Digo o mesmo.
A situação arrancou um largo suspiro de Silver, vendo seus oponentes lutando entre si.
‘Não posso deixar minhas presas se matarem posso? Para onde vai minha diversão se eles fizerem isso?’
Pensando no que provocaria cada um deles, Silver se moveu.
— Ei grandalhão! Sua academia deve ter um tipo de desafio onde é um contra vários não é? Qual o nome?
A academia Álympos era famosa pelas lutas serem permitidas nela e por prezar pela força, então juntando os dois eles com certeza tinham um estilo de desafio onde era um contra vários.
— Unus contra omnes — respondeu a dupla de Shōri.
— Bem, eu te desafio a um unus contra omnes — disse Silver, esperando ser o suficiente para provocá-lo.
— Eu aceito — Ele aceitou sem hesitação, talvez por que ele viu Silver como um inimigo perigoso ou algo assim.
— Oh, se vocês duas quiserem chamar a atenção do seu querido Seiji eu sugiro que vocês me derrotem primeiro. Afinal, mesmo sendo um idiota ele deve prestar alguma atenção se vocês derrotarem o homem que mandou ele para a enfermeira no primeiro dia de aula.
Ouvindo isso, ambas olharam para ele completamente furiosas. Até mesmo Shizukana que mantinha uma expressão frio a maioria do tempo, tinha raiva escrita por todo rosto enquanto o encarava.
Com o objetivo quase completo, Silver voltou sua atenção para Ame.
— Já para você, acho que seu pai ficaria feliz em saber a localização da pessoa que cortou o braço dele. Se você vencer eu posso te dizer.
A jovem sabia o porquê seu pai a odiava e que ter tal informação não iria mudar nada mas, talvez, e só talvez ele fosse mais gentil se ela desse essa informação. E isso era tudo que ela precisava.
Mais uma vez com a atenção total de todos seus oponentes, Silver sorriu com suas pupilas se partindo em fendas.
— Então, o que estão esperando? Vamos lutar.
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— [Primeira forma – Arrancada] — Ultrapassando dois inimigos simultaneamente, a matriarca viu os dois caírem com feridas de garra no peito.
Enquanto Silver iniciava sua luta, Moon estava correndo como um lobo entre as ovelhas, isso até um músico se intrometer.
Ele era um oponente complicado dependendo da situação, e a jovem entendeu a razão de Silver tê-lo ‘poupado’.
Komori-uta tinha um poder semelhante e obviamente inspirado no flautista de Hamelin. Seu poder deixava as pessoas em transe e sujeitas a ouvirem alguns comandos simples.
Esse poder poderia ser irritante apenas se ele tivesse uma plateia, caso contrário seria bastante inútil. Ainda mais que os alvos poderiam resistir caso fossem mais fortes que Komori-uta, o que não era lá muito difícil já que o jovem se focou em ser um músico ao invés de lutador.
Além do mais, ele tinha uma fraqueza fatal em que todas ordens deveriam ser passadas por meio da música.
— Ei! Você era amiga daquele rato, não é?! — Logo após se recuperar do chute, Komori-uta reconheceu Moon.
— Hoh? — Porém ele cometeu um erro com as palavras.
A matriarca, que havia decidido dar um golpe de misericórdia para o inimigo, mudou de ideia.
— Era só ter fechado a boca e eu te derrubaria sem dor. Mas já que você se acha tão bom, deixe-me te mostrar seu lugar.
Os olhos da jovem brilharam em azul, com ela ignorando qualquer coisa a mais que o músico disse.
Era a hora dele ser ensinado a não cantar fora do tom.
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— Ei, vocês tem alguma função de gravação nessa coisa? — John perguntou entusiasmado.
— Eu não conheço todas as funções da máquina. Mas por que você quer isso? — Hitomi estava sinceramente interessada na razão por trás da pergunta súbita.
— Porque o pomposinho ali acabou de cavar a própria cova.
— Só por isso?
— Aquele cara é algum tipo de ídolo né? Então gravar ele sendo surrado assim acabaria com sua carreira não acha? — Só de imaginar a face que o chefe pomposo faria já deixou o homem animado.
A estrategista não tinha certeza se pegou tudo, mas ela pôde ver ressentimento nos olhos de John, e com certeza não estava relacionado ao jovem músico.
— Ele não gosta de Taiju.
E a resposta veio de Shirou que conhecia bem a animosidade do homem em relação ao diretor. Se John houvesse participado do baile, ele teria criado problemas dignos de criar regras novas apenas para atacar Taiju.
— Não é questão de ‘não gostar’, aquele maluco respirar o mesmo ar que nós é um insulto à humanidade.
O homem nunca se esqueceu da primeira vez que encontrou Taiju. Ele mesmo já teve seus tempos com a arrogância no céu mas, mesmo naquela época, ele não se comparava ao diretor nesse quesito.
Dito isso, John sabia que não poderia vencê-lo em uma luta, no entanto, se seus alunos ganhassem dos dele ainda sim era uma vitória certo? E diga o que quiser, mas ele tinha confiança nos seus alunos, com exceção de Seiji e talvez Mari.
Isso tinha muito a ver com o primeiro ter atrapalhado sua primeira aula, duvidado dele e ainda criar uma briga no processo, enquanto a outra foi o estopim de tudo demorando demais para se trocar.
‘Bem, eu não posso reclamar da luta. Foi um bom entretenimento’
— Faz sentido. Porém eles não vão te deixar usar essa função mesmo que existisse com um objetivo desse — Na verdade, além do motivo ser uma furada, a chance de insultar um dos diretores das quatro grandes já era o suficiente para eles recusarem.
— Que seja — Dando de ombros, o homem continuou — O show já está começando mesmo, então não dá tempo de pedir.
Sob o olhar de todos na sala, John retirou outro balde de pipoca de lugar algum, se ajeitando na cadeira para ficar mais confortável.
— Alguém quer? — Ele ofereceu e, mais uma vez, ninguém aceitou — Sobra mais para mim.