A Ascensão do Dragão Prateado - Vol.2 Capítulo 94
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- Vol.2 Capítulo 94 - Café e conflito: Preparando-se para a próxima fase
— Urgh!
Levantando da cama, Silver se vestiu com uma camisa de manga longa cobrindo as bandagens enroladas em ambos antebraços e torso.
Yuki estava bastante determinada a ‘testar’ sua regeneração e a cidade sofreu tanto quanto seu corpo por isso.
Seu ‘coração’ o ajudou a diminuir em muito o tempo de recuperação mas não deu nenhum tipo de anestesia e tinha um limite na quantidade de dano que ele cobria.
Agora, a dor era a menor das preocupações em sua mente. Na noite anterior ele usou praticamente tudo que poderia contra Yuki ontem e mesmo assim não conseguiu vencê-la.
Foi um golpe enorme no seu ego embora já soubesse que ainda não estava no nível deles. As ameaças feitas contra Shirou e Lorie pareciam incrivelmente patéticas agora e isso o deixou tão irritado quanto frustrado.
Enquanto caminhava pelas ruas, Silver foi reconhecido pelos moradores e turistas, graças a sua participação no torneio. No entanto, ninguém se atreveu a incomodá-lo devido à expressão fria em seu rosto.
Ele entrou no mesmo estabelecimento no qual se encontrou com Moon no dia anterior, sendo recebido com a visão do grupo sentado em uma mesa próxima.
A direita estavam Seiji e Mari lado a lado, no centro Mia, Freud e Lina nesta exata ordem e a esquerda a matriarca.
Tomando o único espaço vazio, Silver sentou próximo a Moon, quem havia percebido sua chegada desde sua entrada. Uma xícara de café foi posta em sua mesa logo após, olhando para a responsável por isso, ele recebeu apenas um sorriso gentil.
‘Foi uma boa ideia ter pedido o café antecipadamente’
A jovem levantou o punho em sua mente por esta pequena vitória, apreciando o sorriso que recebeu em retorno.
— Eu não concordo em mandar os dois mais fracos do grupo para a próxima fase — A fênix apontou sinceramente.
— Embora eu odeie concordar com esse projeto de pássaro, ela está certa — Lina apoiou.
— Quem você está chamando de pássaro abraçadora de árvores?!
— Não dá para ser mais óbvio que isso, rato alado!
Mais e mais insultos foram atirados, e a única coisa as impedindo de tornar essa discussão em uma batalha física era o raiju, que não estava nem um pouco feliz com isso.
Se levantando, o jovem expressou seu descontentamento.
— Eu e Mari não somos fracos!
A espadachim, por outro lado, permaneceu congelada olhando para ninguém em específico.
As cenas do torneio ainda estavam passando em sua mente, a deixando cada vez menos confiante em suas próprias habilidades.
‘Silver já está muito à frente. Eu já sabia disso desde o incidente com Mia, nós somos fracos’
Pensando nisso, o olhar de Mari subitamente se tornou ainda mais dulo.
A dupla olhou brevemente para ele, antes de voltarem a discutir ignorando completamente seus protestos.
Tendo ficado cientes dos acontecimentos durante a guerra na gangue do dragão prateado, a imagem já ruim do duo ficou ainda pior por não terem contribuído em nada do início ao fim.
Silver e Moon apenas observaram a situação, aproveitando tranquilamente o café em suas xícaras.
— Silver, o que você acha disso?
— Hm? — Sendo mencionado subitamente, o jovem pausou por um instante antes de responder — Tanto faz.
Alguns bons segundos se foram antes que todos na mesa, com exceção de Moon e Freud, reagiram fortemente.
O jovem apenas havia tapado os ouvidos tentando abafar os gritos da dupla ao seu lado, enquanto a matriarca simplesmente esperou por uma explicação.
— Como assim ‘tanto faz’?!
— Estamos discutindo seriamente aqui, sabe?
— O que tem de sério em nos chamar de fracos?!
Baixando a xícara em suas mãos, Silver suspirou com um rosto repleto de irritação. Só porque ele estava entretido pela ‘briga’ das duas não quer dizer que o jovem apreciou todos esses gritos direcionados a si.
— Eu quis dizer exatamente isso. Não me importa quem vai participar da próxima fase e nem se eles vão foder as coisas e passarem vergonha na frente de toda a plateia. Comigo aqui, é impossível perder este torneio.
‘Como eu pensei. Realmente não tem jeito de voltarmos a como era durante a infância?’
Ele se importou com o olhar machucado de Mari? Nenhum pouco.
Sua relação já não era tão próxima quanto foi na infância, e ela também não era mais criança. O discurso que ele fez antes da guerra foi uma coisa, mas estava na hora dela começar a andar com as próprias pernas.
E sobre Seiji, ele deixou de dar tanta importância a esse aí muito tempo atrás.
Mia e Lina queriam desesperadamente provar seu valor, principalmente a fênix, que não participou dos eventos da gangue por ter ficado presa em casa. Essa foi a razão delas protestarem contra a participação da dupla e reagirem tão fortemente às palavras de Silver.
Freud abriu a boca parecendo querer perguntar algo, porém fechou logo em seguida e se manteve em silêncio.
— Obrigado pelo café — Demonstrando seu apreço pelo gesto verbalmente, Silver fechou os olhos aproveitando o calor trazido pela bebida e de sua irritação anterior diminuindo consideravelmente.
— Sem problemas — Se elogiando mentalmente mais uma vez, Moon continuou — Deu tudo certo ontem?
Sua curiosidade ficou clara, mas ela não pressionaria caso ele não quisesse entrar no assunto.
— Na medida do possível — Faltavam palavras para dizer se aquela situação realmente seria considerada boa ou ruim.
— Ouvi dizer que uma parte da cidade foi destruída ontem. Até mesmo cogitaram adiar o torneio.
A destruição da luta do dia anterior não foi pequena, alguns prédios desabaram enquanto outros ficaram completamente inutilizáveis. As ruas também ficaram bem danificadas e demoraria um tempo para todas as construções voltarem ao que foram.
O torneio não ser adiado se deve ao fato dos diretores decidirem contra demonstrar este tipo de fraqueza, eles não tinham medo de quem quer que tenha feito isso.
Ao menos foi o que pareceu.
Na verdade, Yuki avisou os mais ‘importantes’ dentre eles antecipadamente não por respeito, mas puramente para não ter que lidar com eles enquanto lutava com Silver.
Embora Kōri e Taiju não tenham gostado nada disso, a dupla decidiu manter suas reclamações para outro momento. Shirou apenas ignorou as excentricidades de sua velha companheira, enquanto Arseus estava louco para ver a bruxa sangrenta em ação novamente ou então lutar também.
Independente dos pensamentos que eles mantinham, nenhum deles interferiu e a mesma mensagem foi passada para os demais diretores.
— Concordo com Silver — Desta vez, a jovem se referiu aos demais presentes na mesa.
Haviam alguns motivos para a matriarca dizer isso, e o principal era o ‘protagonismo’ de Seiji.
Tão fraco quanto fosse, o jovem ainda seria o ‘protagonista’ deste mundo o que fazia as coisas se dobrarem ao seu favor. Sua derrota pelas mãos de Silver se deve a enorme diferença de poder entre eles, contra oponentes em um nível igual ele deveria conseguir vencer.
‘Se não conseguir, ele é indigno de ser o protagonista’
Já Mari estava agindo estranhamente, algo que a matriarca julgou ter a ver com Silver pelo olhar vazio que a espadachim mostrou quando ele se pronunciou.
— Não esperarmos nada deles só faz eles se esforçarem ainda mais para provar que estamos errados.
‘Se eu mostrar para Silver que sou forte, nós podemos recomeçar certo? Assim como foi durante a infância, desde o início’
A reação da dupla apoiou as palavras da matriarca, com Mari ganhando uma fagulha de esperança no fundo dos olhos e Seiji pausou completamente seus gritos.
— Além de que, se eles perderem de alguma forma, suas explicações não vão ser só para nós.
O torneio era, afinal, uma forma de provar a dominância entre as escolas. Se a dupla conseguisse a façanha de tornar sua escola a primeira entre as quatro melhores a não chegar nas finais, Shirou com certeza os puniria de alguma forma.
Isso sem falar no que os demais colegas de time e todos os alunos da academia poderiam fazer com eles.
No fim, a culpa seria deles e as consequências também seriam deles para arcar.
— Vamos vencer! — Com uma aparência mais resoluta, Mari declarou olhando especificamente para Silver, ignorando o rosto pálido de seu companheiro.
— Bem, boa sorte com isso — comentou o dragão antes de se voltar para sua segunda xícara de café recém entregue.
— Tomar tanto café não faz mal? — A preocupação no tom da matriarca trouxe um leve sorriso ao rosto do jovem.
— Minha regeneração cobre esse tipo de problema.
— Realmente? — Pensando nas diversas coisas em que ter este tipo de regeneração seria útil para Silver, fez o rosto da garota tomar um tom profundo de vermelho, o que também fez ele olhá-la estranhamente.
Após isso, nenhuma objeção sobre a participação da dupla foi levantada e, assim, foi encerrada esta reunião.
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— E é por isso que eu e meu parceiro aqui somos os mais adequados para a próxima fase — Terminando seu discurso, o jovem olhou para seus companheiros por alguma resposta.
Diferente do uniforme usado no baile de abertura, ele não tinha o capacete cobrindo seu rosto mostrando seus cabelos curtos escuros e pele bronzeada.
Algumas cicatrizes finas cruzavam seu rosto, mas nada grande o suficiente para ser notável e o jovem usava uma roupa clara apertada demais considerando seu físico.
Um momento de silêncio se passou, e os seus olhos passaram por aqueles presentes, travando em sua tão proclamada rival que estava perdida nos próprios pensamentos.
— Hm? — Como se sentisse o olhar, Shōri levantou a cabeça olhando diretamente para ele.
As chamas douradas que queimavam nas pupilas da ‘invencível’ o fizeram sentir um arrepio na espinha, sem saber o porquê isso aconteceu.
— Desde quando… — Escaneando os demais na sala, ela continuou — Vocês são tão fracos?
Suas pupilas voltaram ao normal no momento seguinte, fazendo a garota amaldiçoar internamente. Reativar sua [Autoridade] exigiu muita concentração e era muito difícil de manter constantemente ativado como foi durante a luta com Silver.
‘Se esse é o motivo, eu só tenho que arranjar outra luta com ele’
Talvez por estar obcecada demais com a derrota anterior, ela nem mesmo cogitou desafiar Arseus.
— Nós? Da última vez que eu vi, era você quem estava levando uma surra do ‘dragão’ da Shoutai.
Ver a invencível sendo derrotada foi sem dúvidas satisfatório para a maioria deles, como a maioria dos presentes já sofreram pelas mãos da jovem.
Bem como também levantou certa curiosidade de lutar contra tal oponente quem venceu a invencível para provar serem melhores que a última.
— Espero seu desafio quando voltarmos a academia, isso é, se o seu papai deixar — O desdém era óbvio no tom da garota ao tocar na ferida do jovem.
Durante os tempos dela na academia, Nikitís foi o mais persistente com os desafios, gastando rios de dinheiro por conta disso. Quando a situação chegou aos ouvidos de seu pai, o homem não ficou nada feliz e decidiu cortar os fundos do jovem ao mínimo, deixando o suficiente apenas para as necessidades diárias.
Isso, é claro, o dissuadiu a desafiá-la novamente, além de quase torná-lo uma piada na academia. A única coisa impedindo sua situação de se tornar motivo de risada pelos estudantes foi seu posto como segundo mais forte entre os primeiranistas, mas não serviu para calá-los completamente.
O silêncio do jovem fez o desdém de Shōri aumentar, e ela levantou, cruzando os braços, caminhando em direção a porta da sala.
— Faça o que quiser — Aprimorar sua [Autoridade] era a única coisa em sua mente no momento e, por quê ela deveria se importar se alguns aleatórios da sua academia queriam se provar? Haviam coisas mais importantes a se resolver.
‘Tipo conseguir dinheiro o suficiente para desafiar Silver de novo… E para a àrea de treino também, não posso esquecer dessa parte’
Simples assim, os participantes da academia Álympos foram decididos.
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Ame questionou se sua presença era realmente necessária aqui, enquanto encarava a xícara de chá em sua frente com um olhar vazio.
‘Eles não aceitariam opiniões vindas da “inútil” e eu nem mesmo gosto de chá’
Ela foi tecnicamente arrastada pelo seu ‘irmão’ a comparecer a este encontro em um lugar que nunca viria por conta própria. Era um estabelecimento voltado para a nobreza com direito a discursos e formas de se agir exageradamente constrangedoras e, embora a sala fosse realmente bela, tal beleza não poderia ser apreciada com a companhia presente.
— Como eu disse, é dever do futuro patriarca dos Kaze limpar a sujeira que certos… — pausando e olhando para a jovem, Arai continuou — seres patéticos fizeram. Por isso, vou participar da próxima fase sem objeções.
—- Também vou participar — Foi uma surpresa para todos na sala que o dono da voz tivesse se pronunciado.
Kaen Flamma.
Um jovem de aparência comum que fazia parte dos poucos não-nobres na academia Souzan e um dos poucos que olharam Ame nos olhos.
A garota realmente ficou sem palavras quando ele perguntou por quantas ‘reconstruções’ ela havia passado, mas, com o tempo entendeu que esse era seu modo de questionar a força das pessoas. O jovem não tinha o costume de falar muito após esta pergunta, porém algo deve tê-lo incentivado a participar do torneio.
— Parece que está decidido. Eu e meu parceiro silencioso somos os próximos.
Com a declaração de Arai, os representantes da academia Souzan foram selecionados.