A Ascensão do Imperador - Capítulo 11
Raios de sol eram refletidos da janela e tocavam o rosto de Kenjirou, despertando-o do leve sono. Percebendo que adormeceu sentado na cadeira, ele olhou para os lados e não viu ninguém na casa, pelo horário, pensou que todos estivessem dormindo ainda.
Enquanto se alongava ele lembrou da sua conversa com Akira ontem à noite, sobre o estado de sua mãe e todo o seu plano para cura-la.
— Veneno para uma poção, nunca li que poderia ter tal efeito.
O veneno paralisante do rei dos répteis tinha uma característica singular, a de retardar a produção de mana de seus alvos, enfraquecendo-os. Doses controladas desse remédio na teoria poderiam estabilizar por anos a senhora Kyles.
“Surpreendente.”
Só podia pensar o quão engenhoso era pensar em tal plano suicida e ir com tanta dedicação.
Em sua rotina matinal, Ken meditava em pé, os sons vindos da rua iam sendo suprimidos, ouvindo apenas as batidas do seu coração e seu ritmo. Logo depois o jovem pode visualizar seu fluxo de mana, saindo do seu coração.
Distribuindo a mana por seu corpo, o fluxo suave começou a percorrer por seus membros e fez com que seus punhos pegassem fogo. Uma leve chama foi crescendo na palma de suas mãos.
— Só não queima a casa, outro incêndio na rua seria uma merda.
Shun que já havia acordado o alertou nas escadas. No mesmo instante, ele se desconcentrou apagando as suas chamas e olhou para o garoto.
— Pensei que estivem todos dormindo.
— O que você fazia, você é realmente um mago? — O garoto tinha inúmeras perguntas para Ken, ele nem sabia por onde começar.
— Sou, mas não algo como você vê, não sou um nobre da Primeira Ordem ou algo assim.
Ele se aproximou da criança, levantando seu dedo indicador, continuou:
— Tenho que ter um controle natural da minha mana, como se fosse respirar, para que assim, eu possa controlar a magia inata que meu corpo gera. Só posso manifestar as chamas pelas minhas mãos e braços, mas é algo inconsistente na maior parte do tempo.
O seu dedo indicador levantado começou a criar uma leve centelha em sua ponta.
— Wow, isso é foda, queria ser um mago também.
A frase do garoto foi algo inocente, mas ele não sabia o quão amaldiçoado é ser um mago, se ele não fosse de uma das 12 Famílias da Primeira Ordem, ele seria considerado como um produto falho, algo menos que um mago. Ken não disse nada, só deu um sorriso e parou com sua demonstração.
— Mas o seu irmão é forte, acredito que mais do que muitos magos, ele é um caçador ranqueado.
O orgulho do garoto cresceu, empinando seu nariz ele riu como se fosse superior ao jovem.
— Eu disse seu irmão, não você — retrucou Kenjirou.
Shun não gostou da resposta e ficou com uma cara séria.
— Serei, só espere e chutarei sua bunda até lá.
— Você precisa de no mínimo 100 anos para me alcançar — disse Ken enquanto ria.
Com a provocação, Shun deu um leve soco na barriga do jovem, sua determinação era similar ao do seu irmão, que mudou a expressão para uma convencida.
Sem dizer alguma palavra o garoto começou a vasculhar algo na cozinha, os sons de pratos, talheres e panelas batendo começaram a ficar mais altos quanto mais tempo passava.
O garoto então saiu com alguns pratos e começou arrumar a mesa.
— Me ajuda aqui, você não fugirá sem tomar o devido café da manhã.
Com a chamada autoritária do garoto, o jovem começou o ajudar. Minutos depois, Akira desceu as escadas com sua mãe, ambos estavam felizes que Kenjirou ainda estava na casa para tomar café da manhã com eles, uma refeição leve com frutas frescas e desidratadas, pães e água.
[…]
A manhã já havia passado, Kenjirou e Akira caminhavam em direção à guilda, aquela manhã de sábado era o dia em que muitos aventureiros e caçadores oficializados chegariam de suas viagens em torno das cidades e da Grande Floresta. O distrito onde os caçadores passam a maior parte do tempo estava bem movimentado mais do que o usual.
Os dois caminhavam, sem dizer nada desde que entraram na rua principal que dava à guilda. Todos reconheceram Akira, seu icônico estilo de cabelo e sua postura eram notáveis de longe, mas o jovem ao seu lado era como um mistério, um jovem de cabelos bagunçados, olhos castanhos e uma roupa casual, muitos tentavam descobrir se ele era um caçador.
Ambos emanavam a mesma presença o que assustou os mais perceptivos.
Quando chegaram no final da rua, uma pessoa veio correndo na direção deles.
— Chefe, antes de entrar tenho que falar algo — Lucas, o novato da guilda parou o seu chefe antes que ele subisse as escadas.
Akira olhou penetrantemente, o garoto sentiu um arrepio em todo o seu corpo, mas, se manteve fixo com as mãos estendidas.
— Akira… — Ken tentou continuar, mas foi interrompido pelos gritos de vários homens que estavam tanto na entrada, como na escadaria que dava acesso à Guilda Aliança.
— Está tudo sob controle Lucas, ajude Lirie e os outros operadores, assim que John chegar ele ficará no comando.
O garoto não entendeu o porquê daquelas ordens, porém assentiu em resposta, mesmo confuso querendo explicar a situação ele sentiu que o líder da guilda já sabia, ou imaginava o que estava acontecendo.
Os dois caçadores voltaram a andar, rumo ao seu destino. Os homens eufóricos quando viram o famoso Akira Kyles, abriram um corredor, xingamentos, vaias e até gritos eram ouvidos dos homens que estavam furiosos.
Entrando na guilda eles perceberam que a confusão estava prestes a começar, um homem careca de armadura de placas prateada era o estopim da confusão, ele gritava e berrava com os funcionários da guilda.
Clap Clap
Akira bateu palmas, o som reverberou por todo o salão calando a todos, menos o homem de armadura. Todos os caçadores que estavam no tumulto pararam.
— Carlos, poderia não gritar com meus funcionários?
— Olha só quem apareceu, o poderoso ranqueado da cidade Verossin — O homem estava furioso, o seu tom mesclava um deboche e insatisfação.
— Não te dei o cargo de Comandante da Incursão para isso, pare com o escândalo, agora! — exclamou Akira.
“Comandante da Incursão!? Então era ele que comandava aquela frota quando cheguei na cidade.”
— Seu filho da puta, sabe o quanto gastei nessa porra de operação, os lucros estavam na minha mão, e agora… — O homem moveu sua mão para a sua espada na bainha.
— Fique calmo, Carlos — disse Akira que parou o movimento do homem, a diferença de força era grande, mesmo com toda a sua fúria, o homem não conseguia mover a mão do simples aperto.
— Mas…
— Eu sei, aqueles desgraçados do Punho Esmeralda, eu já imaginava isso, resolverei tudo então se acalme — sussurrou para Carlos.
Carlos se acalmou, deixando a espada em sua bainha. Akira chamou a atenção de todos, pediu que todos os caçadores que estavam a serviço da incursão entrassem, eles logo encheram todo o salão.
Homens, mulheres e velhos ocuparam todos os assentos, alguns ficaram em pé esperando o pronunciamento do líder, todos os funcionários da guilda tentavam ao máximo ajudar em meio a confusão.
— Algo aconteceu, a Central das Guildas Unidas retirou nosso contrato de exclusividade da última incursão momentos depois de toda a tropa se mobilizar, por isso a Guilda do Punho Esmeralda, que era a mais próxima do local, conseguiu completar a missão antes da nossa chegada. Isso foi um ato inconstitucional da parte deles, por isso eu, Akira Kyles, Líder da Guilda Aliança, irei até à filial dela, na cidade de Rimevale.
Todos os caçadores ficaram em silêncio, mesmos furiosos, eles não mais iriam descontar sua frustração em Akira, que teve seu contrato revogado por burocratas e forças superiores, entretanto ele recorrerá contra tal medida o que deixou os ânimos sobre controle.
— E eu também tenho uma novidade — Akira segurou no ombro de Ken que ficou ao seu lado a todo tempo e continuou o discurso: — Completamos a cota de segurança estabelecida de 3 Caçadores Ranqueados para a Incursão do Basilisco, este garoto aqui é um caçador ranque D, com isso semana que vem iniciaremos a famosa missão. Se alegrem, ficaremos ricos meus amigos, retornaremos a glória da antiga Guilda Aliança.
Ao final do discurso, todos os homens e mulheres ficaram calados por segundos, e logo em seguida gritaram com todas as suas forças até suas vozes falharem, uma animação tomou conta da antiga raiva e fúria dos caçadores.
— Cara, eu não lembro de ter concordado com isso — disse Ken para Akira.
— E o que você tem a perder indo? — perguntou em meio as risadas e animação.
[…]
Ainda era noite, John havia ido para sua casa, Shun e Karina estavam em seus quartos dormindo. Akira e Kenjirou estavam conversando sobre as coisas que aconteceram nos últimos dias.
— Ken, preciso de sua ajuda, eu sei quem ordenou o ataque para mim e meu irmão, e tenho que fazer algo a respeito.
— Não precisa dizer mais, estou dentro — disse o jovem sem nem pensar.
Kenjirou ainda se sentia culpado pelo que aconteceu, imaginado que se tivesse interceptado os homens de branco momentos antes do rapto da criança, muitos desses problemas poderiam ter sido evitados.
— Adoro sua determinação, mas será algo difícil, apenas nós dois, mais ninguém envolvido, vamos para a cidade vizinha de Rimevale. Terei que encarar burocratas e depois quebrar o filho da puta do Roman.
— Esse tal Roman seria um dos seus vários inimigos jurados? — perguntou Ken, num tom mais irônico.
— Sim, é o líder da Guilda Punho Esmeralda.
— Espera — O jovem estendeu sua mão e ficou sem reação, continuando: — Um caçador, provavelmente ranqueado, líder de uma guilda? Você é maluco.