A Ascensão do Imperador - Capítulo 5
Uma sala fechada com iluminação precária, sem janelas, com apenas uma porta de metal. Nela havia um homem que estava amarrado pelos braços, ele era preso ao teto ficando suspenso do chão. Com um saco em sua cabeça, ele tentava dizer algo, porém, apenas gemidos podiam ser ouvidos.
Então, a única porta que dava entrada ao cubículo foi aberta, 3 homens cobertos com túnicas brancas entraram na sala. O que estava no centro tinha uma rapieira com ornamento prateado. Eles iriam retomar a sessão de tortura.
— Estamos sem tempo, é melhor começar a falar. — dizia um dos homens de branco.
O homem preso após ouvir a ameaça, se debateu ao ar, seu corpo estava com múltiplos hematomas em seu tronco e braços. Mutilado por cortes profundos, seu corpo pingava sangue no chão.
— Sabem o que fazer, não quero suja minha roupa hoje. — o do centro abaixou seu capuz, revelando assim ser uma mulher de longos cabelos prateados — Amanhã é o dia daquela missão, temos que terminar isso agora.
Um dos homens bateu com enorme violência no sequestrado, a força foi tanta que ele cuspiu sangue, sujando o saco de pano em sua cabeça. A mulher de branco pegou um maço de cigarros em seu bolso, ela tragou o cigarro enquanto via a cena de tortura. Aquilo já não a atingia, ela assistia os seus subordinados se divertirem enquanto revezavam os golpes.
Vendo o sangue sendo expelido pelo homem a cada golpe que recebia, ela só podia pensar o que de tão relevante ele sabia, já que estava preso a quase uma semana. Tentando decifrar se as duas missões dela tinham alguma relação.
“Porra, eu não gosto de Verossin, essa cidade fede.”
[…]
Akira e Kenjirou estavam em uma sala, parecia uma sala de escritório comum cadeiras confortáveis e uma mesa central de madeira, entretanto, ela estava bagunçada. Era um lugar caótico com pilhas de papéis, gavetas abertas, pastas e arquivos revirados no chão. Aquele era o escritório de Akira, o líder da Guilda Aliança.
— Que bom que realmente você voltou, jovem. — sentado em sua cadeira ele encarava o jovem— Bem, ainda não sei o seu nome.
— Kenjirou, mas pode me chamar de Ken.
Ele se sentou em uma cadeira e ficou de frente ao líder, estava ansioso para saber o porquê de ter sido chamado ao escritório de Akira.
— Certo, Ken, desculpa o estado do meu escritório, é difícil receber visitas, mas você é um caso especial.
Ele levantou uma pasta, a quantidade de papéis anexados a ela era anormal. Com um sorriso ele a colocou sobre a mesa.
— Registros, específico de uma missão a 15 anos atrás, talvez o que você procure esteja aqui.
— Então nisso tem…
Ken então é interrompido por Akira.
— Sim, o relatório da primeira missão de incursão ao Monstro Ancião, Basilisco. E você sabe o que tem aqui.
O jovem então olhou perplexo para o arquivo, as informações que ele tanto procurava estavam ao alcance finalmente.
— Ok vamos aos negócios. — dizia Kenjirou determinado, mudando sua postura de imediato.
Em uma enorme gargalhada, Akira ficou contente com a reação do jovem caçador, uma reação que ele esperava desde seu primeiro encontro que teve ontem com o mesmo.
— Vamos negociar então.
Com os olhos fixos cheios de determinação, Akira o encara de volta.
— Vou ser o mais breve. Vamos matar o Rei dos Répteis, o Basilisco.
— Isso é impossível, ele é 10x mais forte que um monstro nível épico. — retrucou Kenjirou bastante cético.
Ele soube logo que uma nomenclatura como “Monstro Ancião” não era apenas algo superficial. O nível de perigo dessa missão era impensável para simples caçadores.
— Então você sabe os ranqueamentos, não se preocupe, vamos ter três Caçadores Ranking D e muitos outros caçadores. Vamos conseguir! — exclamou enquanto cerrava seu punho, sua vontade de cumprir essa missão era incrível.
— Três? — indagou Kenjirou, confuso com a afirmação dita.
— Sim, eu, John e você. Não tente me enganar ocultando sua corrente de fluxo, nós temos quase a mesma força.
Ao dizer aquelas palavras, o silêncio se estabeleceu no local. Akira fitou o jovem a sua frente, ainda com o punho cerrado, a sua percepção não o lhe enganava, a força deles eram equiparadas.
As pupilas de Akira estavam levemente brilhantes, ele conseguia ver o interior do garoto, a sua Corrente de Fluxo. Ela corria de um jeito bem peculiar, diferente dos outros caçadores que ele já analisou, o seu fluxo não era distribuído por igual em todo o corpo, mas era constante, pulsando ritmado com seu coração seguia o caminho de suas veias, e sempre se dissipava em um lugar; suas mãos.
“Talvez eu tenha sido um pouco agressivo.”
Pensou o líder, pensando que dera um passo além na sua negociação, pressionando mais ainda Kenjirou.
— Não se preocupe, vou deixar essa informação apenas entre nós, porém, preciso da ajuda de pessoas fortes, o pagamento será alto. — ele tranquilizava o jovem.
Em resposta, Kenjirou soltou uma leve respiração, ele ficou aliviado sabendo que poderia contar com a descrição do líder.
— Obrigado, mas se tentar não me observar usando o seu fluxo, ficaria agradecido.
Quebrando o clima pesado, os dois riem levemente, estabelecendo uma relação de confiança na negociação.
O jovem então leu os arquivos de registros da missão, descrições bastante detalhadas estavam lá, sobre os caçadores e até mesmo o ninho da criatura, o coração da Grande Floresta. Quando ele estava prestes a virar a folha para ler o nome de todos os integrantes presentes a porta do escritório foi aberta.
Era John, ele estava com uma roupa diferente, algo mais casual. Uma blusa cinza e shorts, ambos sem estampa. Ele estava com uma carta na mão, que estava sem remetente, com passos lentos ele entrou no escritório.
— Jhon, meu amigo eu consegui, o garoto vai nos ajudar, finalmente vamos terminar aquela missão. — dizia Akira bastante animado.
Sem dizer uma palavra ele apenas colocou a carta sobre a mesa. Os dois estranharam a atitude do vice-líder, Akira ainda mais, ele já viu seu amigo assim poucas vezes. Seu semblante era nervoso, seus dedos tremiam mesmo que ele tentasse disfarçar os apertando.
Akira observou a carta e viu que ela estava endereçada-lhe. Quando olhou o verso, viu ter uma coisa anormal nela, um selo roxo. Ele então decidiu romper o lacre e abrir a carta e leu sua mensagem em silêncio.
Passados segundos ele então amassou a carta com suas mãos e levantou de sua cadeira.
— Onde a carta estava? — perguntou ele.
— Em sua casa Akira, eu passei lá antes de vir aqui e sua mãe me disse que entregaram ela hoje de manhã, como era para você, eu a trouxe direto. — respondeu John enquanto se aproximava de seu amigo.
— Esse arrombado conseguiu, ele mexeu com a minha família, eu vou matar ele. — em risos descontrolados Akira arrumava seus cabelos bagunçados, seus olhos estavam brilhantes, a quantidade de Fluxo que ele emanava era perigosa até mesmo para os dois.
— Não faça nada precipitado, vamos resolver isso.
John tentava controlar seu amigo por puro medo, sabia que se deixasse ele sair a situação seria irreversível.
— Saia da minha frente, não me atrapalhe agora.
Ele tirou seu amigo de sua frente e saiu do escritório. John ia logo o seguindo tentando o parar com palavras.
Após os dois saírem, Kenjirou pegou o papel amassado e por curiosidade o desamassou. Ele ainda relutou em ler o conteúdo, mas teve que saber que se tratava a mensagem para saber o que fazer.
[Senhor Akira Kyles, filho de Luke Kyles e de Karina Kyles. Estamos com o seu irmão, Shun, queremos sua presença hoje as 16:00h, no extremo leste da cidade, próximo ao galpão abandonado. Por favor, não se atrase, a vida do seu irmão está conosco.]
“Mas que merda é essa!?”
O conteúdo da carta o deixou incrédulo, mal podia acreditar na ameaça que tinha nela.
“Como eles raptaram o garoto? Eu o encontrei hoje de manhã, mas ele falou que a carta foi entregue pela manhã, eles estavam nos seguindo e eu não percebi? Como…”
Um enorme estrondo atrapalhou o seu questionamento, ele então jogou a carta no chão e saiu do escritório descendo um lance de escadas que dava no salão principal da guilda. E lá ele viu uma cena assustadora, John sobre seus joelhos cuspindo sangue, Akira estava a sua frente.
— Não vou pedir de novo, saia logo, John, ou eu quebro outra costela sua. — ameaçava com seu punho cerrado, sua mão estava bastante vermelha e tinha manchas de sangue.
O vice-líder abaixado se levantou muito rápido, desferindo um soco no queixo do seu amigo, o projetando alguns centímetros para trás. Muitas pessoas que estavam na guilda gritaram de espanto, enquanto só podiam ver a demonstração de força dos dois homens mais fortes da cidade.
— Eu sou John Hanover, o escudo da Guilda Aliança, como o Tanque mais forte da cidade, eu não posso te deixar passar! — exclamou enquanto ficou em posição de defesa com seus braços levantados, ele era como uma muralha fechando a porta.
Akira inspirou ar seus pulmões. O ar ao seu redor vibrava de forma sútil, ele estava usando seu Fluxo para impulsionar seu ataque contra o seu amigo. Com os olhos firmes em seu oponente, ele inclinou seu lado direito para atrás. Toda aquela vibração ia se deslocando para seu punho direito, que já estava machucado.
— Então fodasse, não vou me segurar.
Alguns caçadores ao verem aquele uso de fluxo, gritaram para que John saísse do portão. Mas ele ignorou os pedidos, ele sabia que seu amigo iria atacar com tudo e iria defender aquele golpe.
Akira, fixou seu pé esquerdo no chão e impulsionou o seu punho em direção ao rosto de Jhon. Que logo foi sucedido de estrondo, muito mais forte que o anterior.
Uma mão segurava o soco feroz do líder Akira, o golpe foi parado em sua metade. As bandagens que estavam na mão rasgaram com a força e fricção do golpe recebido. Kenjirou parou o golpe com apenas uma mão.
— Já pode parar com isso, AGORA!