A Garota e o Contrato da Espada - Capítulo 15
Assim como Kaori havia previsto, os jornais não paravam de mostrar fotos da invasão de Evelin. Diversos vídeos dela desaparecendo e aparecendo rodaram a internet. Teorias e mais teorias apareciam para tentar explicar esse estranho fenômeno. Obviamente a maioria das pessoas não acreditava na veracidade daqueles vídeos, alguns diziam que eram falhas na câmera, vídeos adulterados ou coisas do tipo. Poucos eram aqueles que realmente acreditavam que uma mulher com poderes mágicos invadiu a empresa Vertrag. Nem mesmo aqueles que presenciaram tudo aquilo com seus próprios olhos conseguiam acreditar.
— Por sorte os humanos têm o hábito de não acreditar naquilo que não entenderam — Comentou Gier ao ver a reação do povo — Mas aquilo que você fez foi muito imprudente. Nosso disfarce já era
A garota ficou calada diante das reclamações da espada. Ela tentava criar algum plano mentalmente para driblar esse problema. Talvez eu possa mudar a cor do cabelo de novo, mas eu nem sei como eu fiz da última vez, pensava a garota. Outro passo em falso poderia acabar com todas as suas chances de conseguir uma vingança.
Agora que Yuki era protegida pelos humanos e os demônios, chegar até ela sem sofrer ou causar danos era praticamente impossível. Usar magia demais chamaria atenção dos demônios, causando problemas para ela, usar métodos mundanos faria com que ela entrasse em confronto com inocentes. A Rainha do Gelo havia prendido Evelin em uma grande arapuca. Enquanto ela pensava em milhares de formas diferentes de derrotar Yuki, uma delas chamou a atenção dela por motivos desconhecidos.
— Se eu simplesmente ignorar tudo, fazer como fiz hoje e enfrentar ela de cara? Assim, tudo que eu quero, é a minha vingança — A garota parou por um momento e respirou fundo enquanto encarava Gier em suas mãos — Eu não ligo se nunca mais poder pisar nessa cidade depois disso, nem mesmo nesse país ou mundo…
Um silêncio tomou o lugar, com essas palavras podia-se interpretar muitas coisas diferentes, em sua maioria coisas ruins. Todos pareciam pensar bem e analisar o que foi dito e suas consequências.
— Até que não seria ruim você sair da cidade — Disse Kaori quebrando o silêncio — Você chamou atenção de muita gente por aqui apenas por existir. Fazer a sua vingança e sumir até a poeira baixar seria um bom plano.
— Você tem certeza? Não sabemos quanto tempo teríamos que ficar fora depois disso — Indagou Gier
Evelin pensou por um tempo, mas ela já parecia decidida. A garota estava disposta a arriscar tudo que tinha apenas para conseguir sua vingança.
— Certo, vamos fazer isso. Kaori — Disse ela, assustando a garota demônio ao ouvir seu nome ser mencionado — Eu vou precisar da sua ajuda para concluir isso. Eu sei que você já fez muito por mim, mas espero que me ajude mais um pouco.
Ao terminar de falar, ergueu sua mão em direção a Kaori esperando um aperto de mãos.
— Já que você insisti — Disse devolvendo o cumprimento de Evelin — Mas com uma condição! Você tem que prometer voltar para cá quando a poeira baixar. Nada de fugir para outro mundo ou coisa parecida.
A garota ficou confusa ao ouvir a declaração, parecia ser algo carinhoso demais para ser dito por Kaori. Ao perceber como foi interpretada, envergonhada ela virou as costas soltando a mão de Evelin e cruzando os braços.
— Não é porque eu quero que você volte! — Começou a se explicar — Eu disse isso, porque você ainda tá devendo pro Issac! A única pessoa que eu preciso perto de mim é o meu querido mestre.
Evelin estava surpresa com esse novo lado da garota demônio.
— Tudo bem, infelizmente eu ainda tenho assuntos pendentes com o tal Issac — Disse ela colocando a mão no ombro de Kaori — Eu acho que Gier vai sentir falta do Katsuo, ele pareceu gostar de conversar com aquele garoto.
— O que você está insinuando? — Indagou a espada.
— Pode tirar o cavalinho da chuva! O mestre é só meu e de mais ninguém — Exclamou Kaori, se virando novamente.
Gier e a garota demônio começaram uma pequena discussão e Evelin fez algo que não fazia a meses, rir. Algo tão banal que fazia quase todo dia enquanto conversava com seus pais ou assistia alguma comédia boba na televisão, agora era algo raro. Graças a Kaori e Gier, ela teve a chance de rir uma última vez antes de enfrentar o inferno que vinha pela frente. A grande batalha se aproximava, sangue seria derramado e cabeças rolaram. Tudo o que já havia mudado, mudaria mais uma vez.