A Lenda do Imortal Shinigami - Capitulo 1
As gotas de chuva desciam os céus perante aquele temível cenário de guerra, o meu olhar cansado percorria o local observando se havia mais alguma coisa de pé para que eu cortasse.
— Então… Finalmente matei todos eles… — Suspirei enquanto me ajoelhava no chão já cansado.
O local estava repleto de corpos, o sangue escorria pelo local formando riachos pequenos de sangue e lama; após todo aquele embate que tive com aqueles Malditos Youkais, eu finalmente havia conseguido matar todos.
Com o corpo repleto de sangue e algumas flechas cravadas em minhas costas eu dizia: — Arrumar alimento está ficando cada vez mais difícil… Quanto tempo será que se passou desde que saí em busca de comida? 10 dias será? — Dizia enquanto olhava para os céus chuvosos, meu corpo manchado com o sangue do inimigo, e o meu, era limpo conforme a chuva batia em minha pele.
— Passou-se um pouco mais de 100 anos, bom velhinho — uma voz estranha falou ao fundo, o que me fez ficar em guarda e olhar em sua direção, apesar de estar debilitado e cansado — Opa, Opa, calma lá…
Olhei para a pessoa que falava comigo, estava a cerca de 20 metros de distância, tinha cabelos vermelhos e uma marca na cara, era uma pessoa normal à primeira vista, mas devido aos anos de combate eu percebia que em minha frente a pessoa não era nem um pouco normal.
— Quem é você? E o que você quer comigo? — Perguntei pondo minha mão no cabo de minha espada já pronto para sacá-la.
— Eu apenas vim aqui ver você… E aproveitei para responder o tempo que passou aqui lutando… 100 anos… — Novamente o ruivo falou que eu havia passado 100 anos aqui lutando, era impossível isso para um humano qualquer, mas não para mim que já estou vivendo nesse apocalipse a séculos e séculos.
— Mas como não notei o tempo passar… — perguntei olhando ao meu redor vendo os corpos dilacerados de meus inimigos.
— Simples, a energia ao seu redor está densa em um nível exorbitante… — Curvo a cabeça para o lado sem entender o significado disso. — Ah… Muita energia em volta de você, o tempo parece normal para você mas a energia densa fez sua mente se enganar.
Fico alguns segundos olhando para o solo, não entendendo o porquê disso estar acontecendo comigo.
” Mas que merda… 3 milênios vendo tudo e todos que amo morrerem… e agora mal noto o tempo passar… ” pensava consigo mesmo o velho moreno de mais de 2 metros.
— espera um pouco… se passaram 100 anos, isso significa que… — Não conseguia terminar minha frase pois seria interrompido.
— Sim, Yelena morreu a 55 anos atrás, os monges seus amigos 30 atrás e a criança que você tentou salvar… ele foi o mais perto, morreu a 5 anos atrás.
As palavras do ruivo faziam com que meu corpo ficasse gelado dos pés a cabeça, eu tremia, fúria, medo, desespero… Tudo estava misturado, acho que comecei a ficar louco vendo que os últimos Humanos morreram…
— Ei, calma lá grandão, olha pra mim aqui… — O ruivo iria dar passos longos em minha direção, assustado tentei sacar minha espada, mas eu parecia estar em câmera lenta. — Eu sou Chronos, senhor do tempo… E estou aqui para dar uma segunda chance a humanoide…
Aquela fala fez meu corpo arrepiar, Chronos em minha frente? Isso era loucura.
— Irei te dar 2 coisas, esta orbe do tempo… e uma parte de minha consciência para conversar… — A discussão era séria mas o ruivo estava totalmente descontraído.
Saio da câmera lenta com um estalar de dedos de Chronos; a espada passou perto da garganta dele, como se ele soubesse o futuro ele desviou facilmente do movimento.
— Mas que merda… — Veria ele sorrindo e me estendendo uma mão, e nessa mão havia a orbe do tempo que ele acabará de falar.
— Apenas aceite, irei te dar a orbe para que possa voltar 5 anos antes da grande queda, vai voltar 3 milênios e vai ter seu corpo de 14 anos de novo… — Eu estendia a mão e pegava a orbe, ele sorria me olhando e logo ouvia ele dizer em voz baixa: “vejo que eles chegaram… quebre a orbe e salve esse mundo desta merda de futuro Kai…”.
Num impulso eu apertei a orbe com força e esmaguei ela em Minhas mãos, tudo ao meu redor ficou lento e antes de tudo ficar escuro vi uma última cena; Chronos sendo preso por outros dois homens, estes com asas e auréolas, anjos? Eu não sabia, mas logo tudo apagou…
Ouço um barulho de alguém batendo na porta e logo uma voz masculina: — Filho! Acorda, não acredito que vai conseguir se atrasar pela 8° vez na semana! — Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar, meu pai adotivo!
Saltei da cama e corri abrir a porta, olhando para baixo vi o seu semblante calmo no rosto, num impulso eu o abracei, sem ter reação dele que assustado não soube o que fazer.
— Filho?! Você tá bem? — perguntou o homem.
— Estou ótimo pai! — Algumas lágrimas do meu rosto correram…
Meu pai estava confuso, quando mais novo eu nunca o chamava de pai ou era carinhoso, apenas o chamei de pai quando ele estava morrendo.
— Bom filho, vamos tomar café da manhã — gaguejou se afastando com um sorriso no rosto.
Eu fico parado observando por alguns segundos a casa, e olhando pela janela em meus pensamentos as palavras vem.
” Eu tenho um objetivo… Impedir a grande queda, usar todo o meu conhecimento do futuro para isso…” com um olhar confiante eu parava no parapeito da janela sorrindo vendo o nascer do sol.
Algumas horas se passaram e meu semblante confiante parecia ter desabado…
“Droga, eu esqueci que nessa época eu só ajudava na fazenda e não treinava nunca.” Pensava nisso enquanto ajudava meu pai com o carregamento de trigo para a cidade.
— Filho, quer ir comigo para a cidade? — Falou se virando para mim após o carregamento, em minhas memórias eu lembrava de ter aceitado ir com ele.
— Claro, por que não? — Disse subindo na carroça, o olhar do meu pai parecia brilhar enquanto via eu aceitando.
As minhas lembranças pareciam um pouco confusas, talvez seja efeito de voltar no tempo? Ou talvez eu apenas não me lembre direito de como as coisas ocorreram nesta época.
— Eu soube que hoje tem um teste na cidade, para aqueles jovens mestres que querem ser espadachins especializados… — Dizia meu pai, me lembrando de algo muito importante, eu não havia feito esse teste, o diretor simplesmente me encontrou numa briga de rua e mandou, ele nem pediu simplesmente mandou, que eu entrasse na escola mesmo sendo alguém sem nome…
Pessoas órfãs e sem família são consideradas imundas e desgraça na maioria das vezes, mas o diretor da escola é contra esses pensamentos, se não estou enganado talvez eu consiga entrar na escola novamente.
— Sim, teremos um dia divertido hoje então… — Um sorriso surgiu em meu rosto novamente, parece que eu precisava fazer uma briga de rua como sempre fiz bem…