A Rosa Fantasma - Capítulo 20
Olhos avermelhados e cabelos castanho-claro. Uma garota exibida com ações que abusam da impulsividade e do deboche. Possuí a imaginação de uma criança, no entanto, é mais forte e astuta que muitos adultos.
Essa é Karen Klann, uma completa… IDIOTA!
— Não apareça do nada apenas para roubar o meu momento de glória, babaca! — Ellen tentou de tudo para levantar, mas a perda de sangue tinha adormecido os seus membros. — Huh… Estou com frio…
Sinto as minhas roupas completamente encharcadas pela chuva… Porém, não está chovendo aqui dentro.
Estou com tanta raiva… Mas de quem é esse sentimento? Pertence a você, Owen?
Perdoe-me por não ter sido capaz de salvar todas essas pessoas. Perdoe-me por ter sido tão inútil! Por favor, não fique com raiva de mim. A sua raiva machuca mais do que o pior dos ferimentos. Está doendo, Owen… Dói tanto…
Fitou os três monstros que haviam se voltado na sua direção.
— Ah… Isso não vai ser nada agradável…
Com uma óbvia expressão de divertimento em seu rosto desfigurado, Léo foi se aproximando da garota que agonizava. Porém, antes que as suas garras pudessem alcançá-la, ele foi atingido por dois disparos de arma de fogo nas costas.
— Afaste-se dela!
Um homem alto de cabelos castanhos estava parado em cima do amontoado de escombros na entrada do apartamento. A ponta trêmula da pistola na sua mão direita passava de um monstro para o outro. No entanto, essa tremedeira não estava sendo causada por medo, e sim pela fúria que queimava em seu interior.
— Ell… Foram estas coisas que machucaram você…?
— Adam…?
Ellen finalmente notou a presença dele. Só que, ao invés de demonstrar alegria, ela explodiu.
— O que diabos você está fazendo aqui?! Começou a me perseguir agora, foi?! Seu doente! Pervertido! E pare de encurtar o meu nome, é nojento!
Adam franziu o cenho e se permitiu mostrar um pequeno sorriso. Apesar de estar sendo tratado com tanta crueldade, saber que a sua amiga ainda estava consciente, fez com que a sua raiva diminuísse um pouco.
— Viu irmã? Eu disse que ela ficaria brava.
— Roooaaaaaa!!
O grito gutural de Léo foi uma ordem para os seus subordinados atacarem o recém-chegado. Investida que foi recebida por uma chuva de balas.
Sempre que eram atingidas, as criaturas gritavam de dor, recuavam alguns passos, mas se negavam a desistir de um novo avanço. A ordem do seu líder era absoluta, e elas deveriam cumpri-las mesmo que acabassem morrendo no processo.
— Estas coisas não caem?!
A munição no tambor da arma acabou antes de finalizar qualquer inimigo, forçando Adam a sacar os dois facões gêmeos de lâminas curvadas que estavam na sua cintura.
— Aguente firme, querida. Já irei te resgatar.
— Não precisa ter pressa. — Ellen deu uma risada sofrida. — Estou em uma posição bastante confortável. Posso esperar a noooite toda…
Ele é um ex-companheiro de equipe. Pervertido, medroso e chorão. Apesar de alto e forte, não passa de uma criança com o coração feito de manteiga. Ainda assim, por ser alguém extremamente gentil, é capaz de sempre pensar no bem-estar das outras pessoas antes do seu próprio. Este é Adam Klann, outro idiota irremediável…
— Venham dançar.
A primeira criatura ameaçou atacar, mas sequer teve a oportunidade de levantar suas garras antes de ser cortado cinco vezes na altura do estômago e abdômen. Em seguida, foi chutado na cintura e jogado ao chão.
Já o segundo foi cortado três vezes antes de conseguir tomar qualquer iniciativa. Para não ter a cabeça separada do corpo, o monstro recuou o máximo que pôde até ser encurralado por uma parede. Nesse momento, o legior cravou um dos seus facões no peito dele, pregando-o na alvenaria.
Foi a vez de Léo fazer seu movimento, aparecendo pelas costas de Adam que, agilmente, agachou e desviou, deixando que as garras acertassem o rosto da criatura presa na parede. Um golpe tão violento que fez o mutante atingido despregar, voar cerca de um metro e cair sobre os escombros na entrada.
— Rooooaaaaa!!
Léo ergueu sua mão novamente e lançou um golpe circular. Dessa vez, sem dar brechas para que o soldado pudesse escapar. Porém, no mesmo instante, o disparo de uma arma ecoou e, assim que a munição atingiu a pele do monstro, um poderoso turbilhão de fogo o engoliu por inteiro.
— Não monopolize toda a diversão, irmão.
Karen estava de pé sobre a esquadria da janela. Sua mão direita segurava a arma que, além do gancho, também continha balas incendiárias. Sofia, ao lado dela, tremia enquanto observava o seu pai pegando fogo.
— AAAAH!! GAAAAH!! AAAAH!! ENTREGUE-A!! ENTREGUE-A PARA MIM!!
Apesar da agonia insuportável, Léo nem sequer tentou apagar as chamas que desfiguravam ainda mais o seu corpo. Ele só se importava com o fato da sua filha ainda estar respirando.
— Não… Não chegue perto! Não!
— VOCÊ É MINHA, APENAS MINHA!!
Sofia pensou em correr, mas estava encurralada. Era hora de encarar o seu pior pesadelo de frente.
— Criança, eu prometi que não deixaria ele te tocar, lembra? Por isso, contenha o medo. Tudo terminará bem. — Karen sussurrou. — Assim que entrarmos, preciso que fique agachada de frente para a janela. Independentemente do que acontecer, não se mova. Continue abaixada, okay? Irei acabar com isso bem rápido.
Assim que as duas saltaram para dentro do quarto, Sofia atendeu ao pedido da morena.
— DEVOLVA-ME!! ELA É MINHA!!
Movido pelo ódio irracional, o monstro avançou sem pensar nas consequências. Ele sequer enxergava Karen logo à frente, pois os seus olhos estavam focados unicamente na criança ruiva, fonte da sua obsessão compulsiva.
— Você devia ter um pouco mais respeito pela sua oponente!
A ágil morena correu em disparada de encontro ao mutante. Assim que os dois estavam a menos de três passos um do outro, ela deslizou de joelhos, passou por baixo do braço direito dele e levantou a sua arma, pressionando o gatilho em seguida.
— Agora, exploda!
A onda de choque provocada por essa nova explosão de fogo, fez Leó voar por cima da sua filha e atravessar a janela destruída. Mesmo do quarto andar, foi possível ouvir o som dele se chocando contra o chão.
— Ele se foi…?
Vagarosamente, Sofia levantou e caminhou até a janela. Ao olhar para baixo, ela esperava encontrar o cadáver do seu pai estirado na calçada. No entanto, não tinha ninguém lá.
Léo havia desaparecido.
Ele ainda estava vivo.