Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 13
Olhar como de um peixe-morto, por causa do olhar focalizado num ponto, como raios de luz com a lupa.
Visão Yuna
— Yuna?
De repente surge um garoto com olhar um pouco morto, que parecia desnecessariamente surpreso ao me ver, não é possível que eu estivesse tão diferente assim!
— Eu mesma, por que você está aqui?
— Bem, tinha a feira de profissões, aí eu vim com a escola e estava, meio que, procurando a sala para onde deveria ir, apesar de sem muito afinco, honestamente.
— Entendo, que sorte, depois te digo onde fica a sala, sei onde é, por enquanto se sente, não quero ficar esperando sozinha.
— Esperando?
— Sim, minha mãe, a propósito, por que seus olhos estão parecendo os de um zumbi que correu uma maratona?
— Não tem como estar tão ruim assim? — Izumi perguntou preocupado, não consegui deixar de rir.
— Mas por que um zumbi correria uma maratona — Izumi perguntou, mas era uma pergunta inútil, por isso podemos fingir que nunca aconteceu.
— Enfim, está bem? — perguntei
— Sim, de boa, é só que, decidir quais palestras eu ia ouvir já foi quase um inferno, depois ainda fui chamado como exemplo para o palco, tinham muitos olhos, minha perna até tremeu um pouco(muito), por sorte tinham mais 10 pessoas comigo e eu só precisava colocar as peças no cenário.
— Só como isso foi acontecer?
— Estava na palestra de audiovisual, ai o professor, ou deveria chamar de palestrante? Enfim, o cara que fica em cima do palco, resolveu mostrar para todos como são os cenários de teatro, e mandou a gente montar.
— Haha!
— O pior, teatro nem é exatamente audiovisual!
— Se for gravado é.
— Sim, mas… Não fode!
— Que raro, você também fala palavrões?
— Sim, o tempo todo. — “O tempo todo”, mas eu nunca tinha ouvido.
— Eu achei que você fosse do tipo certinho.
— Provavelmente sou, não que eu ligue muito.
— E quais palestras você viu além da de audiovisual, além disso, qual você vai ver logo?
— Suspiro! A minha primeira foi jornalismo, depois do intervalo será engenharia, suspiro! Mas estou com preguiça só de pensar, minha energia foi completamente sugada depois de pisar no palco.
Izumi, diferente de mim, era alguém aberto sobre suas feridas, não tinha notado isso ainda, mas ele nunca tentava parecer forte de forma alguma, essa parte dele era um bocado fofa, apesar de sua má tendência a ignorar os problemas, por outro lado.
— Humm! Pode ser um pouco difícil, mas você deveria tentar pisar num palco outras vez , sabia. — disse gentilmente.
— Por que? Não peça algo tão sádico.
— É importante enfrentar seus medos, não é tão fácil assim, eu sei, mas, enfim, tente pelo menos se animar e ouvir seriamente a próxima palestra, sempre é um desperdício de tempo, se seu corpo estiver fazendo algo, mas a alma não. — disse passando a mão na cabeça dele.
— Valeu, me sinto com um pouco mais de energia. — Izumi diz extremamente baixo.
A propósito, falando de palestra, lembrei que tinha apenas sentado para descansar, mas o lugar que minha mãe falou para esperar era um pouco diferente, como podia ser tão distraída? Sei lá, pô!
— Enfim, tenho que ir encontrar minha mãe, o prédio, em que serão as últimas palestras, é aquele, na porta das salas está qual palestra terá em cada sala, não deve ter problemas em encontrar a sua, agora sho! Sho! — disse brincando, mas era meio séria, já que se ele não se apressasse, podia chegar mesmo um pouco atrasado, tínhamos enrolado um pouco de mais, além do mais eu queria ficar com minha mãe sozinha um pouco.
— Que maldade. — Izumi disse ironicamente.
— Yuna!
Uma voz ao fundo me chama, era minha mãe, entre o tempo de eu reconhecer de onde veio a voz e chamar a outra pessoa para cá, Izumi desapareceu, sumiu. Ele definitivamente era rápido para determinar o momento de fugir, tinha que adimitir. Na hora fiquei curiosa sobre onde ele tinha ido, mas quando meu olhar percorreu os arredores, encontrei ele a uma distância estratégica, se mantendo relativamente perto, enquanto bebia água num bebedouro próximo.
— Desculpa te deixei esperando muito.
— Não sem problemas, mas por que demorou tanto, aconteceu alguma coisa?
— Foi só que os alunos não paravam de fazer perguntas.
— Sério isso? Que eu saiba o normal é o mais constrangedor silêncio possível, quando o palestrante abre para perguntas.
Aquela famosa situação onde um olha para cara do outro, aí olha para o professor e você reza para alguém falar alguma coisa? Bem, nessas horas eu simplesmente perguntava algo a mim mesma, por isso não tinha esse problema de verdade.
— Devo ter cativado um pouco demais minha plateia no final das contas.
— Sim, sim. — respondi ironicamente, mas provavelmente foi isso mesmo.
— Agora falando sério, soube que você quer escrever um livro, falou sobre isso com seu professor de literatura, né?
— Bem…
— Particularmente eu não recomendo, equilibrar um hobby tão trabalhoso, com estudos, sua vida social e sua saúde, se tentar fazer os quatro, muito provavelmente pelo menos um deles vai sofrer bastante, talvez os três, diria que esse seja o melhor momento.
— Mas…
Eu não queria escrever depois, na verdade eu nem ligava tanto assim para escrever, isso era apenas um hábito que eu continuava mantendo, porque…
— Por favor, acho que vai ser melhor assim, além do mais acho que já sabe, mas não é bom lidar com as coisas dessa forma.
Com ela falando daquela forma, o que eu podia dizer? Isso é injusto, muito injusto.
— Mas…
Não conseguia encontrar qualquer coisa para dizer, as palavras simplesmente não vinham.
— Ei! Acho que a senhora está um pouco errada.
Uma voz surge do nada, um garoto que tinha se aproximado vagarosamente, cuja presença é muito fraca, por isso nós duas não notamos até que ele estivesse do atrás de nós, uma voz um pouco fraca, típica do Izumi, a única coisa que não entendia na hora e me perguntava era: o que caralhos esse moleque pretende? Não que eu estivesse irritada de verdade, só surpresa mesmo.
Visão Izumi
— Ei! Acho que a senhora está um pouco errada.
Eu disse isso no impulso, para que isso, droga? Eu fugi rápido para o bebedouro quando percebi que poderia ser inconveniente ficar, mesmo assim estava ouvindo e meio no impulso, eu resolvi dar minha opinião.
Simplesmente não conseguia ficar apenas olhando, droga? Isso não faz sentido, mas ver aquilo parecia doer em mim, muito estranho, sem sentido, como eu imaginava, humanos realmente vem com defeito de fábrica, no mínimo eu vim, certeza.
Olhei para Yuna, ela parecia estar sem reação, meio que, deu tela azul, talvez? Sei lá, nem sabia o que deveria fazer, muito menos o que passava na mente da Yuna.
— Quem é você?
Clama Izumi, calma, ela é uma professora, você consegue convencer ela, é como falar com qualquer outro professor. Na hora, pensei isso para me acalmar, a propósito ela não era uma professora de fato, mas eu tinha entendido isso pela conversa dela com a Yuna, o que foi conveniente para me acalmar, se for com um professor eu conseguia falar, até certo ponto.
— Sou colega de classe da Yuna, estou fazendo o mesmo que ela, e desculpa ser mal educado, é só que quando eu estava passando ouvi o que você disse, mas, na verdade, acho que escrever agora pode ser muito útil. — Sim, eu disse várias mentiras.
Não fazia a menor ideia do que estava dizendo, nenhuma mesma. Meu coração acelerou, me sentia ansioso, apenas queria correr o quanto antes. Por sorte, pelo menos minha mente estava trabalhando feito louca, por isso logo conseguia pensar em muitas coisas para dizer, mas do que deveria inclusive. Não que isso fosse fazer diferença, a Yuna teve problema em convencer ela de algo, só qual era a chance de EU conseguir fazer isso?
— Por que você acha isso?
Respirei um pouco aliviado quando ela se colocou em posição de me ouvir, ao perguntar gentilmente pela minha opinião. Claro, isso não muda o fato de que minhas pernas logo começariam a tremer incontrolavelmente.
— Primeiro, isso é bom para melhorar a desenvoltura, se expressa por texto pode ser difícil, nesse caso treinar é muito importante, isso também é uma boa forma de treinar ortografia e gramática, além do mais pode até mesmo render dinheiro.
— Render dinheiro?
Eu realmente não fazia ideia do que estava falando, mas enfim continuei falando, meio que, no desespero.
— Sim, olhe por exemplo meu blog.
Mostro alguns números falsos, mas não exagerados.
— Além do mais é uma boa forma de conhecer pessoas e…
Comecei a ficar nervoso e me embolar, além do mais foi uma montanha de mentiras muito grande, mesmo assim acho que pode dar certo, né? Não, claro que não!
— Entendo, tudo bem, acho que não tem problema, mesmo assim, Yuna, não deixe que isso afete seus estudos. — ela disse com um sorriso um pouco suspeito.
Senti um peso enorme saindo das minhas costas quando ouvi as palavras da mãe da Yuna, que por algum motivo aceitou com muita facilidade o que eu disse, apesar de nem ter prestado atenção de verdade, como eu descobriria logo.
E não precisa me avisar, eu sei, os argumentos que eu dei nem tinham a ver com os problemas que a mãe da Yuna tinha apontado para começo de conversa, não fazia sentido ela se convencer, mas ela o fez, por algum motivo, nem me pergunte qual.
Então a Yuna finalmente abriu a boca…