Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 15
Frustração, arrependimento em forma de raiva contra si mesmo.
Visão Izumi
Só, só, só… Nenhuma palavra foi encontrada na minha mente, por um instante eu tive um completo branco.
Talvez eu devesse dar um contexto antes, né? Mas nada disso me importava, como cheguei ali, ou coisas triviais do tipo, sumiram completamente da minha memória, apenas aquela singela lágrima, que fluiu de maneira repentina importava. Não sabia o porquê, mas de algo eu tinha certeza, eram emoções honestas que brotavam repentinamente, algo que veio sem aviso.
— Você está bem? — perguntei no susto.
Não fui capaz de pensar em nada além daquelas palavras, não consegui dizer nada mais glamoroso, nada mais útil, na verdade… Bem, lembro que o dia estava frio, muito frio, congelante, me sentia preso dentro de um frio congelante. Lembro que já estava um pouco cansado de andar, muito cansado, senti um peso me fazendo abaixar o olhar para o chão.
Em uma noite escura, todos os vários postes de iluminação, naquele instante, se tornam como luzes de um teatro, focando sua luz naquilo mostrado para o público,Yuna. Uma lágrima, ou talvez, algumas lágrimas, que foram seguidas por um olhar surpreso e uma tristeza meio escondida.
Conversamos, então? Complicado dizer, claro, lembro perfeitamente de tudo que foi dito naquele dia, mas minha incapacidade em encontrar as palavras para dizer, tornam difícil chamar aquilo tudo de conversa.
…
Fui para casa.
Queria ter a abraçado, fiquei parado.
Queria ter a ajudado, com o que?
Queria escrever com ela, apenas li.
Queria, queria, queria.
Queria não me arrepender, apenas queria isso.
— Suspiro!
Olhei para o teto sem saber ao certo o que fazer, ele olhou de volta para mim, me irritou um pouco a maneira como o teto me encarava. Fui para o meu quarto, me enrolei nas cobertas, peguei o celular e comecei a ler, mas logo acabei, li surpreendentemente rápido, bem, também eram poucos capítulos, só 50.
— Suspiro!
Senti a preguiça tomando meu corpo inteiro, não, era um sentimento um pouco diferente, mas eu disfarçava com preguiça, suponho.
Frustração, um sentimento, até então, desconhecido para mim, talvez por nunca ter desejado por algo de verdade, nunca tinha me sentido frustrado por não conseguir, quem sabe.
Enfim, depois de fazer algumas coisas e engasgar com um copo de água, porque estava com preguiça de engolir, olhei o horário, 3:04 da manhã, não rolava mandar mensagem naquela hora, né? Então decidi que falaria com ela no dia seguinte quando acordasse.
Olhei para o teto mais uma vez, cheguei a conclusão: agora acho que eu deveria dormir… Virava de um lado para o outro, tinha falhado no meu objetivo, dado que estava aparentemente acordado. Me belisquei, só para confirmar, sim, estava acordado, não que nem nas outras vezes, em que tinha sonhado, comigo mesmo sem conseguir dormir, um sonho um pouco estranho, sei.
Tentei dormir mais uma vez, novamente fracassei. Em minha defesa, não que eu fosse tão incompetente a ponto de não conseguir fazer algo fácil como dormir, era só que… Bem, não tinha um bom motivo, só não foi.
Ok, só não foi, não é uma boa explicação, por isso, humm! Então, meio que, eu estava com muitas dúvidas, já era alguém que pensava demais sobre nada, então imagina com um monte de perguntas pipocando na minha mente, foi só o inferno!
Como mostrar que eu me importo? Comunicação dá muito trabalho, devemos dizer tudo diretamente, mas as pessoas sempre dizem para ter esse tal de senso, saber quando não falar algo, isso me complicava todo.
Qual é a unidade métrica para ações da vida? Sério, essa é complicada, a vida além de não ensinar, não tem nem uma porra de uma unidade métrica, tipo, como eu saberia que se já conversei o bastante por um dia, se já estudei o bastante, se já fiz coisas ruins e boas o bastante? Com comida é relativamente fácil, tem a pirâmide alimentar e tudo mais, mas com todas essas coisas era muito complicado.
Como não se arrepender? Outra questão complicada, como a gente faz para não se arrepender, se não sabemos o futuro? Na verdade, nem sequer podemos saber o que teria acontecido, se tivéssemos mudado as decisões do passado, mesmo assim nos arrependemos, por um repensar de uma saída melhor, que nem sabemos se seria melhor mesmo, isso não faz nenhum sentido.
Por sorte, aos poucos peguei no sono, na minha mente surge um lindo olho azul, refletindo a luz, levemente molhado por água e incrivelmente marcante, um arrepio vem junto.
— Apenas queria não me arrepender. — murmurei dormindo.
Visão Yuna
— Somos amigos, você não tem permissão para ser contra essa ideia ou duvidar disso, ok? — Izumi me olha um pouco assustado e distante, depois que eu disse isso com um tom amigável, puxando ele para perto e o encarando no olho.
Eu exagerei um pouco, sim, mas pessoas normais não entrariam em pane só por causa disso, não, na verdade, nem mesmo considerando que era o Izumi, eu imaginei que isso pudesse acontecer.
Enfim, Izumi voltou ao normal em pouco tempo, disse algo idiota fazendo referência a um anime que não conhecia, falamos algumas cosas então…
— Espero que tenha entendido. — disse séria.
— Sim senho… Digo, Yuna — Aí ele me respondeu com a porra de uma piada! Mas achei engraçado então perdoo.
— Estou falando sério, sabe.
— Sim, eu sei. — Espero que saiba mesmo! Pensei. — Agora vou, meio que, sabe? Falar com os professores, fingir que sempre estive ouvindo as palestras, e volto logo, a excursão já era para estar acabando mesmo.
— Ok, nos vemos logo. — disse.
Izumi saiu correndo, ele queria acabar tudo rápido, também fui avisar a diretora que iria embora mais cedo, com minha mãe literalmente na escola, fica fácil de conseguir permissão.
Então fiquei no portão esperando o Izumi vir, mas, quando ele chegou, um arrependimento bateu, droga! Por que eu decidi falar sobre mim mesma do nada?! Isso era muito vergonhoso, comecei até a ficar um pouco ansiosa, queria fugir dali, mas já não tinha o que fazer.
Enquanto eu morria de vergonha internamente, caminhávamos em um silêncio absoluto, apenas o som do vento nas folhas das árvores podia ser ouvido, naquela rua deserta, quase poético, né? Pena que não conseguia me concentrar no entorno, porque meu rosto começava a queimar de vergonha.
Eu sempre consegui me comunicar com as pessoas sem problemas nenhum, mas quando chega no assunto eu mesma, principalmente um hobby que não compartilhava com praticamente ninguém, a vergonha era inevitável.
Enfim, depois de andar um bocado, fomos até um lugar bastante isolado da cidade, um lindo parque, relativamente próximo da escola. Um lugar particularmente especial para mim, mas que era, na realidade, apenas um campo aberto, com alguns postes de eletricidade e algumas árvores.
Não era um lugar feio, porém, pelo contrário, era lindo, ou pelo menos, tinha um charme especial para mim. A luz do sol que aos poucos sumia no horizonte, as lindas nuvens, a paisagem que ia aos poucos escurecendo.
No canto dessa linda paisagem, um pequeno morrinho, ver ele me trazia memórias, lembrava de uma pequena garota olhando para o nada, do seu rosto algumas lágrimas escorriam, em sua frente um livro jogado, ela estava muito triste, mas por algum motivo começou a ler o livro, então deu um sorriso deprimente.
— Você está bem?
Izumi pergunta meio desesperado, me pergunto por que? Lágrimas rolavam, não em grande quantidade, mas suficiente para a luz dos postes refletir e Izumi notar, naquele momento então… Merda! Merda! Esqueci que o Izumi estava, senti minha pele queimando, ouvir a voz do Izumi me quebrou completamente.
Que sentimento é esse? Me perguntei por um instante, sabia a resposta, vergonha, eu apenas queria enfiar minha cabeça em outro lugar, droga! Tinha deixado outra pessoa me ver chorando, nunca tinha cometido esse erro antes… Ahan! Um detalhe importante, que fique claro, antes dos 5 anos não conta, a regra é clara, e não aceito discordâncias, ok?
— Eh…
Me senti levemente irritada, envergonhada e sem reação, droga! Repetia na minha mente, como eu consegui esquecer que o Izumi estava lá? Não sei, realmente não sei como. Em minha defesa, vale lembrar, ele nunca teve muita presença, ficou em silêncio o tempo todo, por isso, por um mísero instante, acabei me descuidando, mesmo assim… Aquilo era muito vergonhoso!!!!!!!!!!!!!!!!