Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 20
Meus avós
Visão Yuna
Lá pelas 8 da noite voltei para casa, quando cheguei, encontrei minha mãe saindo do carro, então comentei meio rindo:
— Que coincidência.
— Verdade, vamos entrar.
Entramos rapidamente, então minha mãe colocou algumas coisas no micro-ondas, nós comemos, por fim ela disse:
— Vamos conversar um pouco.
Ela estava séria, então senti um leve, assim não muito, mas um leve cagaço, afinal ela parecia estar um pouco irritada, por outro lado, ela quase sempre ficava um pouco estressada depois do trabalho, inutilidades a parte, ela disse:
— Vou ter que ficar um tempo fora, por isso você vai ter que ficar com seus avós.
— Entendo.
— Vou sair amanhã de manhã, eles devem chegar lá pela tarde, apenas se comporte enquanto eu estiver fora, ok?
Depois de dizer isso ela foi dormir, para conseguir acordar cedo, fiquei um tempinho olhando para o nada, fiquei um pouco triste pela notícia. Enfim, vida que segue! Esquentei um pouco de comida, comi, então fui dormir também.
Trim! Trim! O despertador tocou que nem um desgraçado.
— De quem foi a ideia de acordar 5 da matina para se despedir! — reclamei comigo mesma.
Uma grande burrice, para piorar isso nem serviu de nada, na cozinha apenas me restava eram um papelzinho com essa mensagem: “já fui, deixei umas coisinhas prontas para você comer rápido se acordar atrasada, também sobrou um pouco das últimas compras, então (se quiser) se tiver tempo pode cozinhar algo”.
— Haha! Parece que não tenho nenhuma moral, bem ela conhece a filha que tem, mas dessa vez foi diferente, acordei cedo. — Não tinha nenhum motivo para responder para o papel, mas fiz sem pensar muito.
Me arrumei, fiquei um pouco frustrada por não ter nem me despedido, então sentei no sofá para tirar um cochilo, resultado: nem preparei nada para comer, fui correndo para escola, quase me atrasei, sorte que meus avós tinham chegado cedo, eles tocando a campainha me acordou.
Na verdade, eles chegarem tão cedo, deve ter sido o que fez minha mãe sair ainda mais cedo, de qualquer forma cheguei na escola sem problemas.
— Que raro, você chegando a essa hora, acordou atrasada? — Yumi me perguntou.
— Minha mãe vai ficar fora por um tempo, por isso acabei acordando atrasada, também não tive ela para me trazer, então demorei um pouco mais.
— Sério, que azar, quanto tempo ela vai ficar fora?
— Quase um mês, um pouco mais, mas é até bom porque assim fico mais livre.
— Então ela nem vai estar aqui na Olimpíada de física?
— Claro que não, mas que diferença faz?
— Sei lá, pensei que fosse querer ter alguém para mostrar o troféu, principalmente você que fica motivada com esse tipo de coisa, além do mais sua mãe sempre ia nesse tipo de coisa.
— Não sou assim, que visão ruim é essa que tem de mim! — reclamei.
— É só verdade.
— Ok, eu até queria, enfim, tecnicamente vou ter alguém,
— Vai?
— O izumi também passou para a última fase.
— A verdade tinha esquecido. — Em geral, contava a maior parte da minha vida para Yumi, por isso ela obviamente sabia quem era o Izumi.
— Agora vamos ter aula do que?
— Hoje é interclasses, falamos disso ontem, idiota! — Yumi disse batendo na minha cabeça de brincadeira.
— A verdade tinha esquecido completamente, qual é o esporte de hoje?
— Ei! Não sou seu HD externo conveniente, tente se lembrar das coisas, ou pelo menos abra o site do colégio, sempre tem tudo lá!
— Preguiça.
— Suspiro! Hoje e amanhã teremos….
— Ei! Vai jogar vôlei hoje?
Aparentemente o time de vôlei da nossa sala estava com uma a menos, por isso vieram me chamar logo. Honestamente, estava muito mais interessada no basquete, que aconteceria na terça e quarta da semana que vem. Apesar disso, era competitiva, ainda me sentia um pouco frustrada/irritada por não ter me despedido, estava querendo algo para me distrair e não tinha nenhum motivo para recusar, por isso respondi:
— Claro, sem problemas.
— A propósito, qual sua experiência com vôlei? — Shijou, a “capitã” do time, perguntou parecendo sem muitas expectativas.
— Eu jogava um pouco há muito tempo atrás.
— Entendo.
Era bem óbvio que Shijou estava insatisfeita com minha resposta, claro, podia entender seu sentimento de querer vencer e estar infeliz por jogar com uma novata. Por outro lado, as outras garotas do time apenas disseram:
— Também não tenho muita experiência, não se preocupe.
— Sim, sim, o importante vai ser se divertir. — Está aí uma frase da qual não gostava, mas isso é outra história.
— Qualquer coisa a gente só te põe no banco e chama alguém menos pior.
— Ei! Tenham um pouco mais de confiança em mim! — reclamei de brincadeira.
— Claro, claro, se você participasse mais da educação física, talvez eu confiasse mais.
— Ei! Quando fala assim, fica parecendo que só me escolheram por falta de opções — disse.
— Claro que não, foi por extrema falta de opção é porque você é alta, haha!
— Haha!
No fim acabei rindo como resposta, mas uma parte de mim ficou levemente irritada, só um pouco, por isso fiquei com vontade de provar minhas capacidades. Enfim, algum tempo se passou, fomos para quadra os dois times se arrumaram rapidamente então o juiz(professor de educação física) disse:
— Podem começar.
A propósito, o interclasses tinha 8 times, na verdade competiam todas as salas de ensino médio, que no caso eram 4 por ano, por isso os professores fizeram algumas gambiarras para formar apenas 8 times no final. Enfim, na terça teríamos os 4 jogos das quartas e dois da semi, sim, eles deixam quarta apenas para final, por vários motivos que não importam muito. A propósito, os primeiros jogos tinham 3 sets, enquanto a final tinha 5.
Recebemos a bola! Por sorte, comecei o jogo no ataque, onde conseguiria me destacar mais, então quando uma bola sobrou para mim, a levantadora tinha mandado até um pouco alto demais, mas…
Poo! Um som alto foi ouvido, afinal bati na bola com toda a minha força, o que a fez ir direto para a quadra do outro time como uma pedrada e pronto, primeiro ponto feito. Sorri pela primeira vez naquele dia, esportes realmente me empolgavam, principalmente quando não esperam muito de mim, apenas para completar disse para minhas companheiras de time:
— Ei! Stephanie pode ir mais para a direita e para trás, eu consigo pular bem alto então acho, que consigo pegar bolas altas, mas não tenho muita confiança em passar, por isso seria bom ter você posicionada para facilitar o segundo toque, desculpa atrapalhar.
— Sim, sem problemas, mas você não tinha dito que não treinava faz tempo?
— Sim, ainda consigo fazer algumas coisas, conte comigo! — disse.
Algum tempo se passou e … Poo! Mais um alto estrondo, foi meu sexto ponto no jogo e comecei a ficar cansada, tinha um físico bom, mas ficar pulando o tempo todo era complicado, principalmente porque estava me forçando a pular mais alto que o meu normal, como não tinha muita técnica precisava compensar com força, mesmo assim disse:
— Capitã, sendo bem honesta, elas já se acostumaram comigo, não vou conseguir fazer mais muitos pontos hoje.
— Tinha imaginado, não se preocupe, agora é minha vez de me mostrar e qualquer coisa se você ficar muito inútil podemos sempre te jogar fora e procurar outra jogadora.
— Que maldade, mesmo eu me esforçando.
— Hehe! Eu quero vencer.
— Não se preocupe, eu também.
E eu fiquei muito competitiva, era um jogo importante? Não, mas tinha um “juiz”, tinha um adversário e tinha um placar contando pontos, o que já eram elementos o suficiente para me fazer querer vencer e muito.
Assim o jogo seguiu, no começo basicamente monopolizei os pontos, mas depois de um tempo fiquei apenas com o primeiro toque. Meu passe não era muito bom, além do mais o time tinha armador para isso, sim acabei de escanteio, mandando uma bomba ou outra.
— Para mim! — Peço a bola.
— Claro.
Shijou fez um excelente lançamento, já estava um pouco frustrada por não ter participado tanto do jogo quanto queria, além do mais era o final do segundo set, apenas precisava marcar para ganharmos. Respirei fundo, pulei com tudo o que tinha, vi como o outro time estava meio desorganizado na direita, não tive dúvidas…
— Vai!
Poo!! Bati na bola com força, pude quase a ver se deformando em câmera lenta, então se movendo para o canto da quadra. Uma garota ainda tentou pular para a alcançar, não esperava esse tipo de reação rápida, fiquei até tensa por alguns segundos, afinal foram por milímetros, exatamente entre a mão da defensora e a linha, um…
— Isso que eu chamo de um ponto perfeito, boa! — Shijou me abraçou comemorando, o resto das garotas não comemoravam tanto assim, mas pareciam felizes principalmente pela capitã e um pouco pela vitória.
— Ufa! — suspirei de alívio.
Marquei o último ponto do jogo, na verdade, ainda teve a semifinal depois, que vencemos, mas estava cansada e joguei mal nela, por isso vamos fingir que não aconteceu. Enfim, passamos para a final, mas por estar morrendo sem fôlego fui removida do jogo, por isso tive que ficar assistindo um pouco, para piorar estava toda suada, eu suava muito.
— E ai? — Yumi se sentou do meu lado e me perguntou, enquanto eu assistia o outro jogo da semifinal.
— Meio morta e você?
— De boa, não é como se eu tivesse jogado.
— Não é sobre isso que quero saber.
— Não, ainda não me declarei, ele faltou na aula, vou me declarar ou algo do tipo quando ele vier para a escola.
— Ele não veio?
— Sim, deveria ser mais atenta ao redor!
— Foi mal, fiquei muito focada no jogo, inclusive, não está a fim de dar um ombro para que eu possa descansar um pouco.
— Não, sai você está suada! — Yumi reclamou me afastando com o braço.
…
Antes que eu percebesse o dia acabou, assim que voltei para casa senti o cheiro de comida, minha vó tinha preparado algumas coisas e me cumprimenta assim que entro em casa:
— Netinha, a quanto tempo.
— Sim, é bom te ver.
Eu a abracei um pouco, tinha a visto de manhã, mas considerando que tive de sair correndo, devem imaginar que não tive muito tempo. Olhei em volta, logo vi meu avô, que também me cumprimentou dizendo:
— A quanto tempo, Yuna.
— Sim, depois a gente tem que tirar uma revanche no xadrez.
— De fato, mas e a sua mãe, foi embora cedo?
— Sim, ela estava ocupada, aparentemente.
— Mesmo assim devia ter esperado, já faz tempo desde a última vez que nos vimos e ela nem para dar um oi.
— Amor. — Minha vó deu uma “bronca” no meu avô que estava reclamando.
— Hunf! Ela deveria trabalhar menos e focar mais no importante, não concorda?
E os dois olham para mim, como se esperando que eu concordasse, droga! Reclamei internamente, já que não tinha quase nada a ver com a briga entre eles. Normalmente não sou do tipo de fugir de brigas, mas naquele caso apenas dei um sorriso, que não diz nada, apenas queria escapar logo. Depois suspirei por dentro, essas situações eram muito problemáticas, não sabia bem o que fazer e tinha medo de acabar ficando puta e gritando com todo mundo se tentasse me meter.
…
— Você precisa ser mais paciente.
No momento estava perdendo na partida de xadrez, pior, estavam também recebendo dicas do oponente, o que pouco humilhante, mas depois de três derrotas desisti.
— Já vai parar.
— Cansei de perder por hoje, além do mais tenho que estudar.
— Entendo, também vou tocar minhas coisas, depois a gente joga mais.
— Claro.
Fui para meu quarto e passei quase a noite inteira estudando, quis aproveitar que estava focada, até adiantei algumas matérias. Fui tomar banho, jantei com meus avós, o que foi um pouco divertido então me deitei.
Por fim relaxei, a luz estava desligada, o dia não era nem quente, nem frio, a janela estava fechada, a casa estava silenciosa, não havia nada para chamar minha atenção.
Me acomodei na cama, olhando um pouco para o nada, fiquei pensando no jogo de xadrez.
— Droga! O que tenho que fazer para vencer? — perguntei para o nada.
Não tinha nem ideia da resposta, ou do porquê das minhas derrotas, mas se fosse antes teria perguntado para meu pai, já que ele sempre tinha as respostas certas para qualquer problema e definitivamente não queria perguntar para meu vô. Inclusive, eu diria que meu pai sabia mais sobre como meu avô joga do que ninguém, afinal ele também tinha aprendido com o vovô
Me deitei sobre o travesseiro, depois de um longo tempo me debatendo na cama, consegui pegar no sono.