Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 24
Um pequeno deslize
Visão Izumi
Enfim, com ou sem resposta, estava mais calmo, por isso decidi mandar uma mensagem para Yuna, para nos vermos, queria me encontrar com ela, mas ela nunca visualizou aquela mensagem… Ok, talvez nunca tenha sido muito exagerado.
Visão Yuna
Já estava quase pronta para ir, quando recebi uma ligação, era do hospital, minha mãe tinha sofrido um acidente de carro.
— Merda!
Depois de receber a notícia deixei meu celular cair, por sorte ele não quebrou, o que já foi um grande alívio. Voltei correndo para casa, naquele momento era mais fácil resolver as coisas de casa, além do mais correr era uma forma de desabafar os sentimentos sozinha.
Chegando em casa, vi que minha vó estava fora, além do mais nesses momentos era melhor não contar com meu vô, droga! Definitivamente não tinha acontecido em um momento bom, mas eu provavelmente era a única entre os contatos de emergência da minha mãe que poderia atender naquela hora.
Minha família era bem pequena, minha mãe não tinha irmãs, além do mais o pouco de família que tínhamos era, como posso dizer? Brigados, se odiavam, não podiam se ver.
— Olá, é da saúde seguros, eu preciso tirar uma dúvida…
No fim só restava ao meu lado dar o meu melhor para resolver o problema, por isso ignorei todo o resto para pensar nisso.
— O meu cpf é 5…
— Ela tem 42…
— Sou sua filha, por vários motivos, nessas horas sou a responsável…
— Eu sou menor, mas…
Vale dizer antes que se preocupem, minha mãe não vai morrer, na verdade, mesmo no dia o médico já tinha me explicado que ela não corria muito risco de vida, o que não evitou que eu logo começasse a sentir dor no peito, maldita seja a taquicardia!
Enfim, tive que continuar fazendo várias ligações, o que foi um pouco estressante, nada demais, só aquela raivinha que te deixa com vontade de ter um liquidificador gigante, então colocar várias pessoas e ficar vendo… Ahan! Mudando de assunto, logo meu celular começou a apitar sem bateria.
— Droga! Cada powerbank, cadê a…
Fiquei muito irritada, procurei por todo canto, mas minha vó tinha que ter arrumado meu quarto, odiava quando mexiam nas minhas coisas, mas ainda consegui encontrar meu powerbank depois de um tempo e de ter revirado a casa inteira e quebrado umas coisinhas.
Claro, ter bateria não melhorou muito a situação, afinal mesmo depois de 7 horas minha mãe não tinha acordado e esperar por boas notícias apenas me corroía, enquanto eu tentava me distrair ou resolver coisas que precisava, mas não conseguia.
Inclusive, comecei a sentir uma certa dor de cabeça e náuseas, fazia tempo que não tinha sintomas do tipo, por isso tranquei o quarto para ficar pensando sobre e me acalmando sozinha, achava vergonhoso deixar as pessoas me notarem mal de qualquer forma.
— Não vai querer comer netinha?
— Não, não estou com fome agora, além do mais tenho que fazer umas coisas.
Minha vó ainda veio encher o saco, mas não estava exatamente com vontade de comer na hora, apenas fiquei deitada na cama olhando para o celular esperando alguma boa notícia, que não vinham.
Logo notei, também, que meus olhos tinham começado a doer, sempre tive esse problema, não aguentava ficar tantas horas assim usando telas sem parar, principalmente quando usava entrando em uma ambiente escuro como meu quarto. Por outro lado, a título de curiosidade, um certo Izumi tinha como seu habitat natural quartos escuros com muitas telas.
Depois de um tempo percebi que não conseguiria me acalmar sozinha tão facilmente, na verdade, nem estava muito calma para pensar muito sobre o que fazer, existem momentos em que não estamos lá muito aptos a tomar decisões.
No fim decidi sair de casa, sabia que uma “amiga” minha estava dando uma festa na casa dela, afinal apesar de ser quinta-feira, o dia seguinte nem era feriado, mas ela decidiu o tornar um. De qualquer jeito, não que ir numa festa seja uma decisão ruim, a única coisa que eu deveria saber, conhecendo a mim mesma, era que aquele não era exatamente um bom lugar para que eu me acalmasse, mas sem mais spoilers.
Enfim, falei com minha avó, disse que voltaria tarde, ele não se importou muito, essa era uma das vantagens de ter notas boas em tudo, ser responsável e comportada, eu tinha bastante liberdade.
Por fim, antes de sair decidi desligar o celular, já estava muito cansada, queria distrair a mente um pouco, não podia sair sem, mas pelo menos desligando eu conseguiria “esquecer” dele(só que não).
No caminho me deparei com um semáforo vermelho, senti meu pé doendo por causa do salto, e lembrei porque odiava o usar, entre outras coisas, depois cheguei no lugar, no começo por algum motivo não quiseram me deixar entrar, porém bastou insistir um pouco com meu jeitinho “fofo” de quem queria matar alguém e entrei.
A propósito, depois fui falar com a tal amiga, conversamos por um tempo, ela me explicou como funcionavam as coisas, ela tinha até arrumado uns caras para ficarem vendendo bebida, era tipo uma balada particular.
Informada, olhei em volta, logo encontrei pessoas que conhecia, era Mia, seu grupo e uns desconhecidos, não tinha nada pra fazer então fui falar com eles.
— Yuna, não achei que fosse vir.
— Nem eu achei que fosse, mas resolvi dar um surpreendida, já que eu senti todo mundo implorando pela minha presença, haha!
Comecei falando com ironia, os outros pareciam rir. Olhei em volta, mas estava meio mal iluminado naquela espelunca, por isso não conseguia enxergar direito. Na verdade, talvez fosse de propósito, aquela escuridão somada ao álcool, é a salvação para pessoas feias.
— Vocês tem sorte de ter um corpo assim, eu tenho só engordado ultimamente.
Mia comentou, ao que só pude pensar como resposta: na verdade, é só você voltar a fazer um pouquinho, pelo menos um pouquinho de exercícios, preguiçosa do caralho! Obviamente me segurei para não falar isso.
— Nossa eu fui muito mal na prova, é muito azar… Blá, blá, blá
Não foi o que ela disse, mas “ blá, blá, blá”, foi tudo que entendi, mina chata, que só reclama, para piorar por causa da música alta não conseguia nem ouvir direito! E sim, era eu quem estava chata naquele dia, mas em minha defesa tinha sido um dia estressante e foda-se! Lembrar ainda me deixa puta.
Vale dizer constantemente levava minha mão até o bolso, pegava no meu celular e me segurava para não o ligar, não conseguia parar de pensar sobre minha mãe, mas queria parar um pouco. Depois de um tempo ouvi uma voz vindo de algum lugar:
— Ei! Quer vir comigo?
E olha se não tivemos um exemplar de: cara dando em cima de mim, apesar de nem ter tentado usar uma cantada, na real, ele nem sequer tinha tentado se enturmar até aquele ponto, nem sabia quem era ele, além do mais ele nem era muito bonito. Ok, no mínimo ele tentou, por isso não serei tão má na descrição, sem dúvidas ele conseguiu uns 5 pontos… de 1000, claro. Então, apesar de querer só cortar a cabeça dele fora, ainda fui gentil o suficiente para deixar ele vivo e tentando fugir responder:
— Na verdade, eu ainda vou encontrar outras amigas ali, talvez depois.
— Se quiser eu vou com você.
Que cara irritante, entenda que tomou um fora, idiota! Vale dizer que pensei, em quebrar o copo e enfiar na garganta dele, mas achei um pouco de exagero
— Vai encontrar com quem, espero que não seja a vaca dá… Porque.. — Mia surgiu do nada no meio da conversa, então começou a falar sem parar, pelo lado bom, pelo menos ela era mais interessante do que aquele cara, pelo lado ruim, ainda era um saco ouvir ela falando mal de pessoas que nem conhecia.
Enfim, sou uma pessoa razoável, por isso apenas virei o copo que estava na minha mão, péssima ideia diga-se de passagem, e decidi que era melhor ir embora, não tinha intenção de brigar com todo mundo e não confiava em mim mesma para não fazer isso naquele momento. Enfim, apenas disse:
— Eu já vou indo.
— Já? Fica mais um pouco, vai.
— Na moral, fica aí.
Por algum motivo tentaram me manter lá, além de até ajudar o garoto que estava dando em cima de mim.
Enquanto as pessoas continuavam enchendo o saco, bebi um pouco, mas não o suficiente para ficar bêbada. A propósito, mostrando uma paciência ímpar na minha vida em momentos de raiva, eu até cedi um pouco e fiquei porque pediram, mas não por muito tempo, afinal logo perguntei:
— Espera quanto é essa cerveja? — Seria ruim se eu não tivesse dinheiro para pagar.
— Relaxa, aquele idiota está pagando.
Entendi! Por isso todos queriam tanto que eu ficasse, gado idiota, suspiro!
— Entendi, realmente conveniente.
— Sim, demos sorte.
— Enfim, vou indo.
— Espera! Não ouviu o que eu disse, comida e bebida de graça e tals.
— Não estou interessada.
— Ei! Você já vai, por que?
— Não enche, estou com dor de cabeça.
— Mas não precisa ter tanta pressa, né? — Mia perguntou de boa.
— Vai tomar no cú, fodasse, bando de chato, Mia você só fica reclamando para as outras, mas na verdade você apenas quer se mostrar, mesmo assim ninguém está aí para isso, as outras apenas te seguem por conveniência e você, eu não tenho nenhum interesse, não te conheço, sequer lembro seu nome, não me importo com seu dinheiro também!
Várias coisas aconteceram, de alguma forma eu disse qualquer coisa aleatória, extremamente irritada e sai do lugar, já era inclusive quase de madrugada, o que para uma festa como aquela, significava a hora que ela começava de verdade, mas para mim que não estava particularmente interessada, era mesmo um bom horário para vazar.
Andei um pouco, mas no caminho para casa, por algum motivo me senti meio tonta, até parecia que tinha bebido demais, ou algo do tipo, o que pelo meu histórico e o da minha mãe “nunca” aconteceria. O super poder da minha família de ficar bêbada com uma(3 na verdade) lata de cerveja à parte, continuei andando.
Sentei no meio do caminho para descansar, aproveitei para finalmente abrir meu celular, inúmeras notificações, várias já tinham se acumulado, porque enquanto estava resolvendo os bagulhos da minha mãe, não abri instagram, dicord, whatsapp ou face, por motivos óbvios, não tinha tempo para isso.
Pii! Pii! As mensagens não paravam, maioria no whatsapp, muitas sobre a “briga” que tinha acabado de acontecer. Nos grupos haviam pessoas me defendendo ou xingando para todo lado, na verdade, nem tantas, mas mais do que deveriam. Eu até conhecia bastante gente, e entendia como todos adoram dar pitaco na treta alheia, contudo tanta gente se metendo me irritou bastante. Sendo honesta, tudo naquele dia me irritava, talvez o problema fosse eu estar extremamente ansiosa e mal, mas ainda acho justo culpar os outros.
— Calem a boca, encheção de saco! — Gritei alto, não tinha ninguém por perto mesmo, ou seja, foi um grito tipo para mim mesma. Mas logo em seguida? trintin! Alguém ligou para mim, atendi e disse:
— Não enche, porra!
Depois de desligar vi que era a Yumi, entendi na hiora: tinha feito merda, mas porra! Fiquei irritada com o péssimo timing da garota, suspiro! De qualquer forma, resolveria mais tarde com ela pedindo desculpas ou algo do tipo. Enfim, apesar de todas aquelas notificações, nenhuma era a que eu queria, boas notícias vindas do hospital.
Voltei a andar, até que cheguei em alguma loja, sei lá, o importante era que tinha um tipo de banco na frente, onde podia sentar além de… Então a PORRA da minha visão começou a embaçar.
— Mas que poorra! — disse pura.
Enfim, obviamente aquele evento não foi importante, apenas comentei sobre el, porque logo em seguida uma voz familiar apareceu.
— Finalmente te encontrei.
— Que!?!
Por algum motivo do nada o dono da voz me abraçou com força. Não tinha percebido na época, mas deve ter sido uma visão bem patética para um observador de fora, sorte que estava escuro, por isso Izumi não pode ver bem.
Uma garota sozinha, no escuro, na frente de uma loja, com lágrimas escorrendo pelo rosto. De certa forma aquela foi a sequência de coisas que deram errado e eventos que me obrigariam a me abrir mais com Izumi e todos.
Ok, isso demorou mais para fazer do que eu esperava, quase atrasei o capítulo, kk, bem, ão me sinto muito confiante para escrever drama e o foco vai continuar sendo um romance fofinho, mas espero que tenha ficado bom, é isso e até logo.