Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 25
Quente, apertado e reconfortante, abraço
Visão Izumi
O último capítulo acabou com a situação meio tensa, mas não sou um grande fã de tensão, por isso permita-me quebrar o clima com um fato curioso, eu não gostava de abraços.
Por que?
1° eu, meio que, odiava isso de ter que decidir entre aperto de mão e abraço, sério, nunca acertava. Às vezes estendia a mão e a pessoa vinha abraçando, ou o contrário, bem, normalmente conseguia reagir rápido o suficiente para não ser vergonhoso, mesmo assim isso só dava trabalho! Por que não definir uma norma universal? Por exemplo, sempre cumprimentar abraçando, ou sempre com um aperto de mão. Vale dizer, que se fossem decidir uma forma geral, eu era team aperto de mão
2° tem gente que quer quebrar suas costas no abraço, tem gente com barba , tem gente muito baixa, ou seja, abraçar dava trabalho… Tá, fato era: não sabia como abraçar direito, por isso sempre acabava me contorcendo todo, sério, devia ser demência, mas sempre fazia merda na hora de abraçar.
3° abraços são… Na real, não tinha um terceiro motivo, ou pelo menos não consegui lembrar de mais nenhum, mas só dois motivos são meio que muito pouco, por isso o terceiro é: porque eu não gostava, pô!
Dados todos esses fatos, estava abraçando a Yuna, o que achava disso? Sim, definitivamente sempre amei abraços, era team abraço desde moleque! Enfim, mudanças de opinião à parte, acho que preciso dizer como cheguei lá.
Aconteceram muitas coisas, mas sem muita importância, como eu ter ficado um tempo em casa indeciso e blá blá blá, no fim não tinha certeza de nada, mas como queria falar com a Yuna e ela não tinha respondido nem visto as mensagens, pensei: por que não ir na casa dela? Ok, pensando agora parece meio estranho, mas eu inocentemente não vi nada de errado em ir até lá do nada, já sabia onde ela morava e fui, detalhe, quando finalmente tomei essa decisão já era bem tarde. Enfim, depois fui, toquei na casa dela, até acabei falando com a vó dela, descobri que ela não estava, fui andando por aí meio sem rumo e encontrei ela, afinal Yuna estava justamente voltando para casa de um festa(acho).
Quando a vi de longe, pensei em simplesmente ir cumprimenta-lá, mas ao chegar mais perto percebi as lágrimas. Vale dizer, Yuna não estava em prantos, ela estava com o olho um pouco vermelho, com cara de triste e tão perdida em pensamentos que nem tinha notado minha aproximação.
A cena foi como uma facada no meu coração, apenas ver por um segundo foi sufocante, a sensação era de uma falta de ar angustiante, sem dúvidas algo muito pior que a falta de fôlego.
Então a abracei, nem sei porque, foi instantâneo. Assim como instintivamente fechamos o olho, quando algo vem em sua direção, meu corpo se moveu ao ver seu estado triste, só posso dizer que não tive controle sobre isso.
Logo depois senti algum medo, afinal era só eu. Pense, se você estivesse com um problema, iria querer que alguém útil e incrível te ajudasse ou um Izumi? Qualquer um com neurônios escolheria o primeiro, não podia deixar de pensar que Yuna deu azar.
Mas naquele ponto, já me via envolto pelo calor do outro lado, e queria transmitir um pouco do meu calor também, de alguma forma.
Surpreendentemente Yuna respondeu se aconchegando no meu peito, nunca tinha visto ela agindo daquela forma, meio que, parecia com um pequeno animal indefeso e lindo.
Sim, se quiser saber, provavelmente foi naquele momento que eu me apaixonei, antes eu gostava, admirava e respeitava a Yuna, mas naquele momento tive um clique, eu queria estar perto dela, estar com ela o máximo possível, mais que isso, queria ser parte da vida dela.
Claro, não espere de mim ter notado isso na hora, afinal eu era tão bom em entender os meus sentimentos, quanto era com os dos outros, mas não demoraria tanto, juro!
Enfim, quentes, reconfortantes e acolhedores, naquele dia passei a amar abraço, eles são incríveis, afinal, se sentir o toque de outro humano pode nos acalmar, então abraços seriam a mega-evolução de simples toque, como quando ficamos de mãos dadas.
Visão Yuna
Adorava abraços, eles eram apertados, importantes, reconfortantes, principalmente nos piores momentos, mesmo hoje lembrar daquele instante enche meu coração de calor. Lembrar dos “grandes” braços que me envolviam, ter um peito onde chorar, foi reconfortante, foi muito mais reconfortante do que eu esperava.
Era tão quente, que lágrimas começaram a fluir sem parar, não tinha tantos motivos assim para chorar, mas me senti tão confortável, que consegui soltar o acumulado da vida inteira e quitar minha dívida de anos com as glândulas lacrimais,
Foi estranho, nunca tinha conseguido chorar na frente de alguém, me sentia fraca, era vergonhoso, normalmente a ideia de alguém me ver chorando, me enchia de raiva e aversão, mas naquela hora não tive qualquer vergonha, era apenas reconfortante.
Prefiro ser mais concreta, porém daquele dia minhas memórias são bem vagas, lembro de sensações, de uma quase aura quente à minha volta, da minha raiva diminuindo, lentamente parando de pensar na minha mãe, apesar de que apenas por um tempo.
Aos poucos as memórias do passado vinham, enquanto refletia internamente, reclamar, ser preguiçosa, eu queria poder ser um pouco mais mimada, pelo menos de vez em quando.
Tinha um ideal de força e de produtividade, que era impossível de manter, todos precisam de uma(ou mais) pessoa para mostrar seu lado fraco sem hesitar.
Agora que falamos da parte boa, uma reclamação sobre mim mesma do passado, idiota! Não suje a roupa dos outros chorando de forma patética! Ok, podia pegar mais leve comigo, mas queria pelo menos ser a melhor possível chorando.
Na verdade, mesmo naquela hora me preocupei com isso, tive um pouco de medo de estar sendo patética, mas por algum motivo, Izumi fez até esse sentimento sumir, era algum tipo de hack só pode!
Claro, eu sabia porque Izumi conseguia fazer todas essas minhas preocupações idiotas e orgulho idiota sumirem. Ele era tão fácil de ler e entender, que na forma como me abraçava eu conseguia sentir: quanto ele se preocupava e como estava inseguro sobre tudo. Era um pouco estranho, ele não escondia suas fraquezas nunca, melhor, nem conseguia esconder.
Nem sempre isso é uma qualidade, Izumi era muitas vezes inocente, tímido e um pouco frágil, por esses fatores ele era fácil de enganar, muitas vezes era subjugado pelos outros, mesmo assim, por causa desses pontos, era muito mais fácil e confortável de ser frágil próxima dele.
— Izumi, obrigado… — disse.
Me encostei sobre seu corpo, como um animal pedindo carinho. Izumi ficou um pouco sem reação, mas acabou fazendo cafuné na minha cabeça. Sorri, me sentia muito sortuda de ter sido bem Izumi quem me encontrou naquele dia. Se fosse alguém que estava na balada, teria disfarçado o choro na hora e empurrado todos os meus sentimentos para o fundo da minha alma. Se fosse uma pessoa aleatória, bem… seria problemático, mas vamos supor que seria uma pessoa normal, a qual só passaria reto. Se fosse um familiar, o que nem era possível, mas vamos supor, tenho certeza de que teria escondido o choro e apenas dito que estava dando PT, ou algo do tipo. Se fosse a Yumi, provavelmente ela teria notado o choro, então daria alguns passos para trás, me dando tempo de recuperar a compostura, antes de vir falar comigo.
Dito isso tudo, de fato tive muita sorte, além de uma lição, às vezes(quase sempre) tentar fazer/aguentar tudo sozinha é um erro, que no fim só nos leva ao limite, e chegar no limite é perigoso.
Visão Izumi
O tempo parou, parecia uma eternidade passando, enquanto via a Yuna chorar. Sabe, como eu deveria ter lidado com aquilo? Droga! Aquele choro todo tinha vindo do nada, não sabia o que fazer! Sério, o que deveria ter feito? Bem, de qualquer forma apenas esperei.
— Obrigado, obrigado… — Yuna disse baixo, com uma voz estrangulada, parecia até eu falando, nunca tinha a visto assim, mas todos ficam felizes ao receber um obrigado, por isso sorri como resposta.
— Pode dizer que vai ficar tudo bem? — Yuna perguntou/pediu, naturalmente respondi com:
— Vai dar tudo certo. — Preferi dizer sinônimos, porque parecia ficar melhor.
— Não foi o que pedi!
— Desculpa! — respondi me encolhendo todo.
— Puft! — Yuna riu um pouco, enquanto se levantava.
Depois andamos silenciosamente, mesmo brincando um pouco, Yuna ainda estava meio abalada, por isso apenas me seguia lentamente, não acho que precisávamos trocar palavras naquele instante.
Logo chegamos na casa dela, não queria a deixar sozinha, mesmo assim entrar seria complicado, por isso naturalmente disse para ela entrar sozinha, mas…
— Espera! — Yuna disse meio que no susto segurando minha camiseta com força, então depois de hesitar por um tempo, ela disse: — Não me deixe sozinha, por favor.
Acho que fudeu, pensei. Sério, o que eu deveria fazer naquela hora?