Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 27
Falar andando > sentado?
Visão Yuna
— Netinha, já está na hora de acordar, você tem escola hoje.
Fiquei tensa na hora, a voz era da minha vó e surgia do nada, me lembrando da situação em que estava. Para evitar problemas disse que já ia descer, entrei no banheiro, troquei de roupa, desci distrai minha vó um pouquinho, mandei Izumi descer e me encontrar lá fora numa praça perto da minha casa, por fim sai dizendo que ia para escola.
Olhei rapidamente o celular, novamente não tinha nenhuma notícia nova da minha mãe, ela continuava bem, mas em coma.
Tinha dito para o Izumi me esperar numa praça perto da minha casa, por isso assim que saí, fui andando para lá, apesar de andar devagar, já que acabei parando para olhar o celular várias vezes, mesmo sabendo que nada mudaria.
Enfim, em algum momento cheguei, então encontrei Izumi sentado em um banco, segurando uma folha com espinhos, ele parecia estranhamente interessado nela, a olhando por vários ângulos, até que acabou espetando o dedo.
Foi um ato bem fofo, algo como uma criança curiosa que sai tocando nas coisas sem pensar e se machuca, além do mais a reação do Izumi foi bem engraçada. A propósito, devo ter ficado uns 30 segundo na frente dele o observando, antes que ele finalmente notasse minha presença, sem dúvidas ele era uma pessoa que vivia em outro mundo e de certa forma conseguia me absorver para lá.
— Yuna!
— Puft! Só me notou agora?
— Desculpa, é que eu estava… brincando, acho?
— Você deveria prestar mais atenção no mundo a sua volta e ser mais sério. — disse me aproximando muito dele e o olhando olho no olho.
— Desculpa, desculpa.
Izumi sempre se encolhia como um tatu-bola quando ficava tímido, tentando se esconder em uma bolinha. Isso era bem engraçado, por isso quando vi ele ficando assim resolvi me aproximar mais um pouco e o provocar.
— …
Depois de um tempo o garoto parecia prestes a entrar dentro de si mesmo, por isso parei de brincar, já tinha tido o suficiente para relaxar, por isso respirei fundo e disse:
— Valeu.
— Êh… de nada? — Izumi disse meio que perguntando porque estava agradecendo.
— Quer andar um pouco? — disse ignorando a pergunta.
— Sim, claro! — Izumi respondeu prontamente, me olhando com um misto de expectativa, timidez e indecisão.
Então começamos a andar, conhecia bem aquela praça, por isso fui guiando.
— Ok, ei, pode me dar um conselho? — perguntei.
— Sim.
Izumi olha para baixo, seu olhar fica oscilante, sua respiração levemente acelerada, seus músculos se contraem um pouco, se olhar para sua mão vai ver que ele mexia os dedos sem parar, seu ombro parecia tensionado.
— Puft! Nessas horas você deveria tentar parecer mais confiante.
— Eu estou tentando. — Izumi diz com um olhar um pouco triste.
— Estava só brincando, sua falta de confiança é fofa, por isso me relaxa.
— Você é uma pessoa um pouco estranha.
— Todos são de certa forma.
— Hum.
— Êh…
— sobre o que mesmo você queria o conselho? — Izumi pergunta meio desconfortável.
— Verdade, êh, ok, tudo começou quando descobri que minha mãe tinha sofrido um acidente de carro e…
Izumi me olhou cheio de preocupação, sim, suas expressões eram realmente óbvias, ele estava preocupado sobre ela, bem, eu também estava, mas não queria que ele tivesse que se sentir ansioso sobre, por isso disse com uma voz calma, disse o mesmo que os médicos haviam dito para mim:
— Não se preocupe, ela não corre risco de vida, está apenas em coma, no entanto deve acordar a qualquer momento.
— Entendo, ufa! Mas se vai dizer que tudo ficará bem, não deveria acreditar nisso antes.
— Verdade, né? — disse com um sorriso irônico.
Izumi olhou para mim por alguns segundos, achei que ele fosse dizer algumas palavras de consolo, como: vai ficar tudo bem, ou relaxa, mas não, ele só continuou olhando para mim.
Ficamos algum tempo daquela forma, foi algo bem natural, só sei que Izumi parecia ter um olhar bastante confiante, era raro ver ele daquela forma. Seus olhos transmitiam calma e paciência de quem diz: sou todo a ouvidos.
Desviei o olhar um pouco, olhei novamente para meu celular, apenas por instantes, então me virei de novo para ele. Naquele momento mudei de opinião, o Izumi inseguro podia ser fofo e divertido, mas a confiança que ele conseguiu transmitir naquele momento, era muito mais relaxante.
— Droga! Isso é irritante, não consigo parar de pensar sobre isso, a todo instante! — disse gritando, como se reclamando para o mundo, então continuei falando baixo e rápido: — Não consigo nem pensar direito em alguns momentos, me sinto fora do controle e fraca, isso é muito frustrante.
Foi assim que eu comecei meu primeiro desabafo da vida, apesar de que não foi um daqueles de lavar a alma ou para descarregar raiva, foi um proto-desabafo, podemos chamar assim.
— …
Izumi me olhou calmo, acabamos sentando na grama, foram alguns longos segundos de silêncio, depois das primeiras palavras.
— É desconfortável, eu gosto de controlar e organizar as coisas, mas não consigo fazer isso, por isso acabo ficando irritada e com vontade de matar alguém, ao mesmo tempo que com medo.
Não vou dizer que me esforcei muito para ter coerência interna no que dizia, apenas falava algumas frases, parava, por isso seria até difícil de entender alguma coisa.
Em minha defesa, era muito estranho falar tanto sobre o que pensava, normalmente no dia a dia nossas conversas são superficiais, nunca sobre nossas frustrações, medos, incertezas ou filosofia de vida.
Sempre que a conversa fica tensa ou séria demais, temos, ou pelo menos eu tinha, o instinto de desviar um pouco, permanecer na superfície.
Apesar de todo o desconforto, novamente depois de uma longa pausa, algumas ideias se organizaram na minha mente, então disse:
— No fim sou um pouco… Hum! Izumi, se você tivesse que… — parei de falar.
— Tivesse que?
— Esquece, já sei a resposta.
Qual era a pergunta? Não tenho nenhum motivo para deixar você curiosos, por isso vou dizer, seria algo como: se você tivesse que brigar com alguém que gosta, porque acha que essa pessoa está errada, o que faria?
Também devo dar o motivo da pergunta, que era simples, além de me preocupar com a sauda da minha mãe, também me preocupava muito com a relação e as brigas que haviam na família.
Enfim, com aquele proto-desabafo, consegui organizar algumas ideias, por isso decidi…
Visão Izumi
— Não se preocupe, ela não corre risco de vida, está apenas em coma, no entanto deve acordar a qualquer momento.
— Entendo, ufa! Mas se vai dizer que tudo ficará bem, não deveria acreditar nisso antes.
— Verdade, né? — Yuna disse com um sorriso um pouco ansioso, ela estava definitivamente muito preocupada e ansiosa sobre aquilo.
Parei e pensei um pouco, então….
Nota do autor:
Desculpa, eu sei que acabei o capítulo do nada, mas é que vou dividir ele em duas partes. Eu queria fazer uma parte só, mas não consegui acabar a tempo, eu até tinha acabado de escrever tudo bonitinho, mas na hora da revisão decidi mudar muitas coisas várias vezes.
Não sei se consegui, mas tentei e vou sempre fazer o meu melhor para manter as coisas divertidas, não quero evitar colocar monólogos enormes explicando algo, e espero conseguir.
Enfim, agora estou bem empolgado para reescrever a próxima parte, espero conseguir deixar ela boa, também espero que gostem.
Acho que foi isso. Até logo!