Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 28
Falar andando < sentado?
Visão Izumi
— Não se preocupe, ela não corre risco de vida, está apenas em coma, deve acordar a qualquer momento.
— Entendo, ufa! Mas se vai dizer que tudo ficará bem, não deveria acreditar nisso antes.
— Verdade, né? — Yuna disse com um sorriso um pouco ansioso, ela estava definitivamente muito preocupada e ansiosa sobre aquilo.
Parei e pensei um pouco, então a encarei da forma mais confiante que consegui. Tinha entendido na hora que não havia nada que pudesse falar, mas queria pelo menos “ajudar” ouvindo, me tornar tecnicamente um diário digievoluido.
Enfim, me senti bastante frustrado no fundo, apesar de que ouvir era de fato o melhor que poderia ser feito.
— Droga! Isso é irritante, não consigo parar de pensar sobre isso, a todo instante!
E quase morri de susto. Foi do nada, uma aura vermelha vazou da Yuna, o vento mudou, o clima se tornou congelante e meu coração parou por um instante.
Pelo menos consegui fazer a outra parte começar a se soltar mais, podemos dizer que foi um avanço, né? Até que as coisas estavam indo bem, mas estava um pouco preocupado se minha bomba de sangue pessoal iria ou não explodir no processo. Pensei: por favor aguente firme, coração!
Escondendo meu interior que queria explodir, tentei manter a poker face, respirar calmo, usei uma técnica que alguém me ensinou um dia, respirar calmamente e imaginar que o ar é um dragão entrando lentamente e rasgando sua garganta, é doloroso, mas te faz se acalmar na hora, só que não.
Truques inúteis a parte, consegui surpreendentemente me manter calmo e sério, ouvindo atentamente o que Yuna seguiu falando:
— Não consigo nem pensar direito em alguns momentos, me sinto fora do controle e fraca, isso é muito frustrante.
Não posso dizer que entendi algo na hora, nem acho que fosse esperado da minha parte entender de fato, mas ainda fazia o melhor para absorver e pensar sobre.
Então o silêncio e… Nada! Só a quietude do vento gelado que batia, como já devem imaginar não tinha certeza do que fazer, até porque não era uma pessoa muito útil, apesar disso decidi me sentar.
Talvez queria um motivo para aquele ato? Uma explicação simples seria, minhas pernas estavam muito tensas, ao ponto que tive cãibra, para disfarçar e lidar melhor com a dor, sentei e por sorte Yuna acompanhou em um movimento natural.
Um silêncio curto seguiu, antes que Yuna respirasse fundo, olhasse por alguns instantes e começasse a falar de novo, alternando entre paradas e mudanças no tom de voz antes de perguntar:
— No fim sou um pouco… Hum! Izumi, se você tivesse que… — Yuna parou de falar do nada.
— Tivesse que?
— Esquece, já sei a resposta.
Yuna me olhou com confiança, como se tivesse descoberto algo incrível, mas eu só conseguia pensar: como assim, esquece? Começar a dizer algo e parar do nada é muito cruel, porra!!
Claro, não tive coragem de insistir em perguntar, na verdade, nem tive tempo disso, já que Yuna levantou na hora, pegou o celular rapidamente e “perguntou”:
— Quer vir comigo?
— Si-sim!
Algo do olhar dela dizia que eu não tinha permissão de recusar, por isso me levantei logo e a segui sem perguntar nada, também não me importava muito. Apenas um detalhe, talvez estivesse se perguntando: você não vai voltar para casa nunca? Mas preciso lhes informar, meus pais estavam fora naquela semana, por isso não tinha ninguém para ver que passei bastante tempo fora.
Continuando nosso caminho, a Yuna estava andando bem rápido e em silêncio, compenetrada pensando sobre várias, preferi não interromper.
Por fim chegamos a uma lanchonete e…
— Glup! Yumi?
Visão Yuna
Enfim, com aquele proto-desabafo, consegui organizar algumas ideias, por isso decidi me levantar, peguei meu celular, mandei mensagem para duas pessoas, a primeira que respondeu foi Yumi, apesar de ser muito cedo.
Obviamente queria começar pedindo desculpa para ela e também conversar um pouco com minha amiga próxima, mas estava um pouco tensa e ainda queria conversar mais com Izumi, por isso perguntei:
— Quer vir comigo?
— Si-sim!
Fui andando rápido, enquanto tentava manter minha mente focada em uma coisa de cada vez. Logo chegamos e em instantes Izumi já estava escondido atrás de mim de uma forma bem fofa.
Aparentemente ele tinha medo da Yumi, nunca entendi porque, mas ela seria “assustadora” quando está irritada, apesar disso considerava ela bem calma, eu era bem mais briguenta e explosiva, por exemplo.
Enfim, vendo a situação em instantes me aproximei do garoto, então sussurrei em seu ouvido:
— Ei! Eu não sou boa em pedir desculpas, me ajuda.
— Hum! — Izumi fez que sim com a cabeça, então mudou sua postura de alguém que iria fugir a qualquer momento, para alguém que queria fugir, mas não pode.
Ele respirou fundo, cumprimentou Yumi normalmente, até andou na minha frente. A parte de ser ruim em me desculpar era “verdade” dependendo do ponto de vista, mas devo admitir que o principal motivo para eu ter dito aquilo, foi porque queria ver como Izumi reagiria e sem dúvidas foi uma boa decisão, achava muito divertido ver ele enfrentando os medos, pensava no fundo do meu coração: fight Izumi, fight!
A propósito, enfrentar o medo no caso do Izumi seria não se esconder atrás de mim, olhar Yumi no olho e falar eventualmente.
E sim, a título de curiosidade, foi por um motivo idiota e um pouco sádico, que consegui pedir ajuda diretamente pela primeira vez para o Izumi.
Motivos a parte, de fato ter ele do meu lado de certa forma era bastante relaxante, mesmo que ele não tivesse feito nada em particular, além do mais pedir desculpa para Yumi por ter sido babaca quando estava com raiva, não era exatamente a coisa mais difícil que pretendia fazer no dia.
Visão Izumi
Eu virei um totem antiestresse e olha no que deu, esse devia ser o título do capítulo, mas não rolou.
Enfim, Yuna e Yumi estavam conversando animadamente sobre várias coisas, estávamos os três sentados em uma mesa de lanchonete, no caso Yuna do meu lado e Yumi do outro lado.
A delicada mão da linda loira do meu lado, tocava minha mão, melhor, exprimia ela até fazer purê. Vendo pelo lado bom, como a garota costumava não mostrar os sentimentos facilmente, naquele momento consegui uma medida fácil para eles, a força com a qual ela quebrava meu Metacampo.
Sobre ter virado um totem, bem, não tinha como encontrar um bom momento para entrar na conversa entre as duas, é como quando você quer entrar em um prédio porta giratória, mas não param de entrar e sair pessoas, aí você nunca consegue acertar o time de ir.
A propósito, apesar de não participar, ouvi atentamente o que elas falavam, por exemplo, foi assim que descobri a razão da Yumi estar irritada no dia que a conheci, ela tinha sido rejeitada pelo Brien, fato com o qual não tinha a menor relação!
Também fiquei sabendo muito mais detalhes sobre o que Yuna tinha feito na última noite antes de nos encontrarmos, mas você já sabe isso, então pouco importa.
Enfim, depois de ter ficado inutilmente petrificado por bastante tempo, Yumi se despediu, foi quando reclamei:
— Ei! Isso sobre não ser boa em pedir desculpas era mentira, né? Além do mais, seja mais gentil com minha mão.
— Hehe! — Yuna sorriu inocentemente desviando o olhar.
— Buu! Cruel.
— Foi mal, foi mal, mas ter você por perto realmente me ajudou a relaxar.
— Sim, minha mão sentiu isso muito bem quanto você não gosta de estar errada! — reclamei brincando.
A propósito, o motivo pelo qual ela apertava minha mão com tanta força, era porque Yuna ficava irritada quando tinha que admitir que estava errada, independente do assunto ela odiava estar errada e só nos desculpamos quando erramos.
— De qualquer forma, por que tem tanto medo da Yumi?
— Porque ela é assustadora.
— É maldade chamar uma garota de assustadora, além do mais Yumi é bonita, no mínimo acima da média no quesito aparência.
— Não faz diferença, o importante é a aura!
— Hahaha!
— Êh…
Yuna começou a rir muito, em um primeiro momento não ligaria, o problema foi quando lembrei que estava num lugar com outras pessoas, as quais deram uma olhada de canto de olho na garota rindo e para mim por consequência. Foi do nada, assim que notei os olhares, fui parar dentro de uma caixa escura fechada e horrível para respirar, até que Yuna parou de rir e as pessoas de olhar.
— Você as vezes é mais idiota do que eu esperava.
— Ei! — reclamei.
— Sério, só o que seria a aura de uma pessoa?
— Humm! É uma fumaça colorida que vaza das pessoas.
Visão Yuna
— Sério, só o que seria a aura de uma pessoa? — perguntei honestamente curiosa.
— Humm! É uma fumaça colorida que vaza das pessoas. — Ok, melhor não pensar muito sobre a lógica disso.
— E qual seria minha aura? — perguntei.
— Humm! Dependendo da hora, às vezes é como se o seu cabelo se espalhasse por toda a área e formasse cordas que congelam o tempo, às vezes é como se a fumaça fosse um tigre, às vezes é como um anjo… — Ele ainda deu muitos outros exemplos, mas não importa, apenas vamos pular para o último: — Ah! E em alguns momentos é como um filhote de gatinho fofo.
Fiquei ouvindo atentamente, em alguns momentos me perguntava como seria passar um dia dentro da cabeça do Izumi, em outros momentos achava engraçado, até ele falar sobre filhote de gatinho, pô! Ai não, nem para ser um gato, ou pelo menos um filhote de gato imponente, mas…
— Pera, como assim filhote de gatinho?! — perguntei irritadinha.
— Glup!
— No máximo um filhote de tigre, de gato não!
— Mas você estava tão fofinha ontem.
— Não, mas… — comecei a ficar tímida.
— Agora também, aura de gatinho.
— Não.
— gatinho, gatinho, gatinho fofo, hehe!
E de repente eu estava sendo provocada pelo Izumi, algo definitivamente estava errado com as regras do universo naquele momento.
— Para ou eu te mato — disse de brincadeira.
Visão Izumi
— Para ou eu te mato.
Definitivamente vou morrer hoje! Foi a primeira coisa que pensei, mas enfim, apenas respondi:
— Não sabia que você tinha esse ponto fraco.
— Não é um ponto fraco, eu não tenho nenhum problema em ser chamada de fofinha… — Yuna disse, mas conseguia ver ela um pouco irritada quando disse o final da frase.
— Yuna, você é linda, forte, incrível e fofinha.
Ela claramente reage mais a última palavra, sim, eu tinha a prova cabal, Yuna lidava com qualquer elogio como se fosse natural, menos quando esse elogio vinha no diminutivo. Até quando de forma elogiosa ela não gostava de ser vista como “fraca”, ou ser comparada a algo pequeno e frágil como filhotes.
No começo achei divertido, mas depois de pensar por instantes, disse apenas o óbvio:
— Mas não tem problema ser fofinha, você sempre me olha como se estivesse vendo um animalzinho.
— Sim, mas… — Yuna ficou perdida nos pensamentos por um tempo, então disse um pouco envergonhada: — Droga! Me chama de fo… Enfim, diga aquilo de novo.
Visão Yuna
— Mas não tem problema ser fofinha, você sempre me olha como se estivesse vendo um animalzinho.
— Sim, mas…
Logo comecei a entender o porque odiava ser comparada a um filhote, eu sempre quis ter uma imagem forte e imponente, tinha um certo medo de ser vista como frágil de qualquer forma, mas…
— Droga! Me chama de fo… Enfim, diz aquilo de novo — disse.
— Fofinha, fofinha, fofinha — Izumi disse acariciando minha cabeça.
— Hum! Como eu pensava, na verdade, acho que gosto de quando você diz isso.
Aos poucos ia me adaptando a ideia de poder ser fraca, pelo menos quando com Izumi me sentia confortável para assim ser.
— ? — Izumi me olhou um pouco confuso pela mudança repentina.
— Claro, se fosse outra pessoa me chamando disso eu a mataria.
Só deixando claro, nunca fui alguém adepta a violência ou violenta, apenas socaria a pessoa ou bateria nela com a coisa dura mais próxima, tudo coisa light, no máximo um hematoma ou um osso quebrado. Enfim, ironia a parte, depois de uma pequena pausa, olhei diretamente nos olhos do Izumi e disse:
— Mas quando é você não tem problema, porque você é especial.
— Isso… — Izumi ficou obviamente muito envergonhado, desviando um pouco o olhar, no fundo do meu coração comemorei um pouco, vendo que o jogo tinha virado.
— Ei! Você é competitiva até nessas horas! — Izumi reclamou notando minha comemoração.
— Hehe!
— Suspiro!
Sorrimos um para o outro, e sim, dizer você é especial, foi quase igual a dizer eu te amo, então, por que não falei a segunda frase? Não sei, naquele momento já tinha a vaga ideia de que amava o Izumi, mas não tive a ideia de dizer, sim, fui muito lerda desculpa, mas estava com outras coisas na cabeça, de qualquer forma acabaria me declarando em…
E acabou por hj, o que acharam? Esse cap teve bem mais troca de perspectiva e sim, ele vai ter uma parte três, essa parte acabou dando mais trabalho e sendo mais difícil de fazer do que esperava, ainda assim estou adorando escrever, espero que gostem do resultado final também e foi isso, até!