Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 31
Provavelmente a pessoa mais importante para mim, mãe.
Visão Yuna
Chegamos ao quarto 148. Uma porta em madeira comum, marrom, variando levemente de cor, algumas partes mais ou menos escuras, ela também estava um pouco gasta em sua base, era provavelmente grande de mais, por isso arrastava no chão, sendo, portanto, difícil de abrir, além do mais a maçaneta era de bolinha, que é bem pior para segurar convenhamos. Entrei.
Era um quarto pequeno, que me parecia branco demais. Só havia uma cama de hospital, uma pequena janela, um pequeno banheiro no canto, uma cesta de lixo encostada na parede.
Meu olhar recaiu sobre a cama, perto dela haviam alguns equipamentos, cuja utilidade desconhecia e nem sei descrever, até porque minhas memórias daquele momento são pouco turvas, afinal minha visão começou a se misturar com lembranças do passado.
Uns três anos antes, uma cena parecida, a mesma sala branca, daquela vez com mais equipamentos, além disso a pessoa na maca era meu pai, não disse ainda, mas ele morreu em um acidente de carro.
Era inevitável, minha mente ligava aquela visão com a morte, meu coração acelerou e mesmo tentando tinha dificuldade de manter a respiração estável. Tentei pensar em outra coisa, por isso me concentrei em olhar para minha mãe.
Uma linda mulher deitada sobre a cama. Seu lindo cabelo curto médio longo, estava trançado, por ser mais fácil de cuidar. Ela tinha na face um inalador, imagino que com oxigênio, ou algo do tipo, já em seu braço, ligada a sua veia, havia uma agulha daquelas que injetam soro.
Passei um longo tempo olhando para seu rosto, tinha uma expressão pacífica, olhos fechados, além de pacífica diria que era um pouco vazia. Meu coração acelerou.
A propósito, ela estava vestindo roupas hospitalares, apesar de que como ela vestia uma manta branca cobrindo seu corpo, eu só podia ver uma pequena parte do busto, sua cabeça e um dos seus braços e me parecia um pouco magra demais, apesar de que era só meu cérebro se enganado pela ansiedade.
— Mãe…
Disse quase inconscientemente, claro sem resposta, ela estava em coma. Já sabia disso, sabia, sabia, sabia, mas doía muito de ver.
Uma singela lágrima quase escorreu, eu a limpei rapidamente e nada mais, apenas um vazio, ver ela assim me deixava vazia, algo como uma fome dolorida talvez? Momentaneamente minha pressão deve ter ido para as alturas, mas consegui me manter bem de uma forma ou de outra, apenas um pouco melancólica.
— Espero que ela acorde logo — Goji disse.
— Eu também.
Não falamos mais nada sobre ela no dia, não tivemos coragem. Era incômodo notar a realidade, ou pensar muito sobre isso, ou talvez ele apenas tenha querido me dar esse tempo.
Nós jantamos, depois fomos para o hotel, Goji ainda tinha que trabalhar. Deitei na cama, senti um cansaço me tomar, parecia que minha mente tinha gastado toda sua energia.
Algumas horas se passaram, dormi feito pedra, mas ainda acordei um pouco cansada, Goji também acordou mais ou menos na mesma hora, dá uma olhada no celular e disse:
— Parece que ela ainda não acordou.
— Infelizmente, é uma pena.
— Mas ela deve acordar logo.
— Entendo — disse.
— De qualquer forma acho que vou ficar por aqui até ela acordar, e você?
— Também, até porque vai ser logo! — disse tentando ser otimista, ou tentando me convencer do meu próprio otimismo, quem sabe.
— Sim, verdade aquela ali não consegue ficar tanto tempo assim longe do escritório, se passar mais tempo a alma dela sai do corpo para ir trabalhar.
— Verdade — disse rindo
Depois disso tomamos café da manhã, jogamos uno e fizemos outras coisas para descontrair durante a manhã, até que Goji abriu seu computador para trabalhar, já eu decidi sair para nadar um pouco.
Andei, andei e andei, o problema de quando estamos pensando em outra coisa, é que esquecemos do mundo, no fim acabei andando até minha perna não aguentar mais, o que não podia ser chamado de a melhor decisão que já tomei.
Depois daquilo fiquei naturalmente morrendo de fome, me virei para encontrar algo gostoso para comer, inclusive comi vários doces, apenas para ficar com peso na consciência depois, por isso deixo minha reclamação para quem inventou aquela porra viciante chamada: churros! Visitei o hospital de novo.
Não tinha nada para fazer, por isso fui para um parque próximo, gostava da natureza, por isso fiquei lá por um tempo, apenas descansando e esperando o tempo passar, apesar de que em todo lugar tinha formigueiro naquela merda, acabei até sentando em um sem querer, mas não quero comentar sobre isso. Visitei o hospital de novo.
Voltei a andar pelo parque, já estava com as pernas recuperadas, era jovem e atlética afinal. Encontrei outro carrinho de churros, comi um claro, era muito bom, por isso… suspiro! Eu peguei mais um para comer, não resisti. Passei rapidinho no hospital.
Olhei no google maps, descobri que tinha um fliperama no shopping daquela cidade, fui ver como era, afinal faziam uns 7 anos que não ia, passei 10 minutos lá dentro, lembro como ficava extremamente competitiva e viciada naquele tipo de lugar e sai jurando nunca mais entrar.
Depois fui comer em um restaurante no shopping mesmo, um que as enfermeiras tinham dito que era bom, inclusive, deixo meu agradecimento a elas, foi uma excelente recomendação, além do mais elas eram bem legais me tornei próxima delas.
Ainda visitei o hospital pela penúltima vez no dia. Voltei para o hotel, tomei banho, fiquei assistindo algumas coisas no celular, jantei com o Goji e ainda visitei o hospital com ele, ficamos um tempo na sala com minha mãe e depois voltamos e jogamos uno de novo, inclusive eu venci 5 de 8 partidas, um fato “muito” importante.
Me deitei na cama, me aconcheguei e foi quando percebi que não tinha feito nada o dia inteiro, mas foi assim que desperdicei… Digo, passei meu sábado.
No fim ainda levantei antes de dormir, me sentiria mal se não fizesse nada o dia inteiro, por isso fiquei até de madrugada escrevendo, surpreendentemente fui muito produtiva, rapidamente 6 mil palavras surgiram na tela do computador, apesar de que depois de as reler elas foram reduzidas pela metade.
Yo! Capítulo supressa, que talvez vire padrão, o que acham? Bem, não garanto nada, mas sempre que der vou postar um capítulo extra.
Enfim, foi isso, até logo.