Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 32
O que exatamente é se apaixonar?
Visão Izumi
— Garotinha a quanto tempo.
— Goji, olá!
Yuna foi viajar, então voltei para casa, até porque já era de tarde. Abri a porta de casa, comi, meus tios estavam fazendo festa no quintal, por isso fui direto para meu quarto onde poderia ter silêncio, foi quando lembrei, normalmente seria naquele horário que entraria em call com a Yuna.
Por motivos óbvios não nos falamos mais naquele dia, ela passou o resto da tarde e noite no carro, mas acabei sentindo alguma falta daquilo, antes que percebesse aquilo tinha se tornado rotina, ou será que…
— Talvez seja amor?
Pela primeira vez pensei naquela possibilidade, a sequência lógica era simples: era muito pouco sociável, infelizmente tinha que conviver e me comunicar com outros da minha espécie eventualmente, porém nunca tinha sentido falta de falar com alguém antes, conclusão: Yuna era no mínimo especial de alguma forma.
Entre amar e ser um homosapiens especial, do sexo pelo qual me atraia, havia uma diferença… provavelmente? Enfim, eu achava que tinha, por isso precisava descobrir de alguma forma quais eram meus sentimentos.
Frente aquele dilema, fiz a melhor coisa possível, pesquisar no youtube: tutorial de como descobrir se está apaixonado… Êh, não parece a melhor das fontes, né? Sim, também pensei nisso, por isso resolvi escolher um lugar melhor ainda Fatos desconhecidos… Não, pera.
Enfim, depois de passar por muitas fontes duvidosas, consegui encontrar alguns a “nata” da informação mais confiável e interessante sobre os sinais do apaixonamento(ps: essa palavra não existe, ok?). Antes de tudo, porém, devo registrar uma reclamação: vi muitas pessoas tratando essa como uma pergunta óbvia! Como assim óbvia, já achava difícil saber se estava com fome ou sono, imagina ter certeza sobre meus sentimentos.
Claro, não acho que comparar o mundo pela minha régua seja o melhor, não sei se já notaram, acho que é um pouco “imperceptível”, mas não era alguém exatamente normal, no mínimo podia ser chamado de humano diferenciado.
Voltando à discussão sobre a pergunta mais importante do século: como ter certeza de que está apaixonado. Depois de muito pensar cheguei a melhor solução de todas, abri o excel e criei uma planilha, seria simples, apenas juntei alguns sinais que supostamente revelariam se alguém está apaixonado, bastava marcar com sim ou não e depois contar.
Indo para os ditos sinais conseguidos na internet e não muito confiáveis, consegui isso:
1° Sinal: sentimentos incontroláveis. Então, naquele tinha marcado “sim”, afinal naquela categoria se enquadra: sorrir quando pensa na pessoa, não conseguir parar de pensar sobre ela e coisas do tipo.
2° Sinal: Ficar ansioso quando a pessoa não responde, reler mensagens e mais… Marquei não, nunca tinha feito algo como aquilo, o fato da Yuna sempre me responder e rápido talvez tivesse alguma influência, mas enfim, próximo!
3° Sinal: Falar muito sobre ela com os amigos. Não queria pensar sobre isso, podemos dizer que deixei em branco.
4° Sinal: ficar meio nas nuvens e mais empolgado com séries e músicas românticas. Novamente não, porque já ficava nas nuvens com animes de romance antes de conhecer a Yuna, na verdade ficava assim com vários tipos de animações nipônicas.
5° Sinal: não encontra defeitos e sempre defende a pessoa. Obviamente marquei não, afinal, desde o começo seria impossível que eu encontrasse defeitos em alguém que era de fato perfeita, por tanto aquela categoria não contava, ou pelo menos foi algo do tipo que se passava pela minha cabeça.
6° Sinal: medo de perder. Só sim.
7° Sinal: quando está com ela o tempo passa mais rápido e não quer que acabe nunca esses momentos. SIM para cralho.
Preciso dizer que sem contar as últimas duas categorias que demorei aproximadamente 0,5 segundos para preencher, gastei em média uma hora por categoria, enfim não era uma pessoa lá muito decidida.
Por outro lado, era alguém que aguentava ficar acordado por muito tempo, por isso sendo de madrugada ou não, pouco me importava. Feliz que tinha acabado de preencher fui contar os votos, bem, já devem ter notado mais obtive um lindo empate.
Na verdade, até existe um critério de desempate(mais conhecido como moeda), porém tinha um problema fundamental com aquela lista, a maioria dos sinais eu sentia quando pensava em animes, por isso tinha problema em contar com eles.
A primeira tentativa tinha sido um fracasso completo, frente aquilo levantei e comecei a andar de um lado para o outro dentro do meu quarto, enquanto pensava em outra forma de confirmar meus sentimentos.
Minha segunda ideia foi uma abordagem mais matemática. Consideremos dessa forma, primeiro se o que eu sentia por animes fosse = X, o que eu sentia pela Yuna = Y, Amizade = A, amor = Z, D = atração sexual, B = diversão, P = intimidade.
Logo pensei, X, Y, A, D, B, P e Z ∈ C.
Sendo em nível de importância: B < D ≤ P < X < A < Z
E Y = Z ⇔ Y ≅ A + 1,5D ≥ B + P + X
→ Z ≥ B + P + X
→ A ≥ B + P + X – 1,5D e dado que A > X, 1,5D < P+B
→ 1,5D ≅ P + B – alguma coisa.
→ Y = (B + P) + x – 1,5D ⇒ Y = 1,5D + alguma coisa + X – 1,5D
→ Z = Y = X + alguma coisa.
Ok, acho que já deu para pegar a ideia, né? Ainda fiquei algumas horas brincando com isso, enchi meu caderno com várias suposições do tipo, mas sempre tinha um problema, eu só tinha um monte de variáveis e nenhum número concreto, por isso nunca consegui resolver nada.
Claro, talvez para aqueles que não conhecem os símbolos matemáticos, nem o que fiz consigam entender, mas não se preocupem muito com isso, no fim eu só descobri uma coisa, amor = amor + 2X² + 2X – {(2!/1!)[(X+1!/X-1! )](Log5+Log2)}, e não me perguntem como cheguei nisso, e sim 2X² + 2X – {(2!/1!)[(X+1!/X-1! )](Log5+Log2)} = 0, é um cálculo simples, só estava brincando um pouco.
Todas essas voltas a parte, continuava sem uma resposta, a única diferença é que agora um pouco mais cansado e com a cabeça doendo de tanto pensar, inclusive, apenas a título de curiosidade naquele ponto já era sábado de tarde e eu estava quase completando 24 horas andando de um lado para o outro pensando sobre o assunto.
Enfim, quando focava em algo costumava continuar pensando até achar a resposta, por isso minha próxima tentativa foi sentar em cima da cama e pensar, simplesmente pensar na Yuna e testar o que sentia.
Um pouco confortável, era quentinho, sim, tipo entrar na banheira quente, não, melhor, era como esquentar o corpo com um banho em um dia muito frio, você vai aos poucos conseguindo se livrar da sensação gélida e fica extremamente relaxado e a vontade.
Sim, quando percebi eu estava tomando banho dentro da minha mente. Ok, assim cheguei a conclusão de que simplesmente pensar não daria certo. Se eu já viajava muito naturalmente, quando focava nos meus pensamentos era como adicionar nitro a nave espacial que me levava ao mundo da lua.
Um pouco frustrado resolvi apostar na última tentativa, aquilo que sempre era minha salvação quando a decisão era muito difícil os dados! Tá, tá, aquilo era importante demais, de fato dados seria irresponsabilidade da minha parte, por isso abri minha coleção de moedas.
Logo na minha frente havia dez moedas diferentes, todas estavam limpas e eram lindas, a minhas favoritas da coleção, porém não conseguia decidir qual delas usar, por isso ainda tive que recorrer aos dados e depois de muito sofrimento e dúvida escolhi a moeda.
— Consegui!
Fiquei bem empolgado, mas apenas por três segundos, afinal lembrei que precisava decidir se amava ou não Yuna, não qual era minha moeda favorita. De qualquer forma, joguei a esfera de metal para cima, se caísse no lado que chama de cara daria não, se caísse no outro sim.
Já devem imaginar qual foi o resultado, mas ainda vou fazer drama, ok? A moeda voou para cima, então por efeito da gravidade ao chegar no seu pico de altura começou a descer, enquanto descrevia movimentos circulares em torno do próprio eixo, com um período de 0,5 segundos, ou seja, com uma frequência de 2Hz. Era um movimento tão perfeito que um físico poderia calcular o lado que seria, isso claro, levando em consideração o tempo de subida como 5,25 segundos e que a moeda foi originalmente lançada com a coroa virada para cima.
Não sei se alguém fez o calculo, mas em um piscar de olhos a moeda estava na minha mão, a terra estremeceu, o sol brilhou mais forte, lá foram os trovões podiam ser ouvidos e… sem inventar mais mentiras e indo ao resultado, tivemos cara, ou seja, não.
Por um instante ao ver o resultado pensei: decidir algo tão importante na sorte é meio idiota, foi um pensamento rápido, mas já era o suficiente, era exatamente o que estava procurando, finalmente tinha encontrado o que estava procurando.
Entenda a lógica, se o resultado fosse o que eu queria, não teria pensado em nada que desclassificaria o resultado, por tanto o simples fato de eu inventar uma desculpa para não o aceitar significava que desejava pelo sim… provavelmente.
— Ok, finalmente consegui algo!
Comemorei um pouco, apenas dançando sozinho dentro do quarto, até que minha visão começou a ficar embaçada, senti muita fome e principalmente sede, além de uma dor de cabeça, parecia que ia morrer. Naquele dia aprendi, passar mais de um dia sem beber água não é uma boa ideia, não façam isso, já sem comer ou dormir é de boa… acho.
Bebi água, também comi, então senti meu corpo bem cansado, o que na verdade foi mais uma prova, eu provavelmente não teria pensado tanto se não gostasse dela. Além do mais foi quando lembrei, até aquele momento não tinha visto o episódio de Oregairu(vulgo 2° melhor anime já concebido), afinal várias coisas tinham acontecido nesse meio tempo envolvendo a Yuna que me impediram, mais uma evidência de que amava ela.
Tendo chegado a uma conclusão, assisti o episódio, tomei banho e fui dormir, por algum motivo meu corpo estava meio cansado, de qualquer forma já era 2 da manhã do sábado, por isso só dormi 4 horas e acordei no horário de sempre do domingo.
Me levantei, me sentia surpreendentemente ótimo, nunca fui do tipo que precisava dormir muito, mais importante, tinha muitas coisas para fazer. Queria ligar para falar com a Yuna já naquela hora, até por me preocupar, mas antes precisava fazer outras coisas.
Abri meu armário, encontrei meu jogo de dardos, achei um calendário velho, recortei ele, encontrei fita crepe e depois de algum trabalho e gambiarra estava pronto.
Em minha frente havia um alvo, com um calendário colado, mais especificamente a parte do mês de mais, com os dias 1,2,3,4, 5, 29, 30 e 31 cortador. Não sei se preciso explicar, mas minha ideia era atirar o dardo no alvo, com isso decidir qual seria o dia da minha declaração.
Claro, se fosse só jogar acabaria errado, conhecia a mim mesmo, era covarde demais para querer me declarar e iria querer fugir, por isso criei algumas regras para mim mesmo:
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- 1° regra: em caso de errar o alvo a declaração ocorreria em até três dias úteis depois da mãe da Yuna acordar.
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- 2° regra: se a mãe da Yuna ainda não tiver acordado no dia definido a declaração é adiada em um dia.
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- 3° regra: como dia 17 de maio seria a última fase da olimpíada de física e ninguém merece ouvir uma declaração num dia desses, caso acertasse tal data deveria jogar de novo.
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- 4°regra: devo me declarar no dia decidido pelo jogo, caso não o faça a punição será… alguma coisa muito grave, acho.
Me senti orgulhoso de escrever tantas regras, mas notei algo, não havia nenhum incentivo para acertar o centro e para que serve um alvo se não for para acertar o centro? Dado esse dilema, defini uma 5° regra: se eu acertasse o centro a declaração era transferida para o mês seguinte e o processo se repetiria.
Agora talvez se preocupem, mas essa regra não vai mudar nada no curso da minha história de vida, até porque a última vez que tinha acertado o centro de um alvo tinha sido com 5 anos de idade, desde então estavam num jejum de 10 anos, o qual só quebraria um ano depois.
Enfim, sem mais enrolação joguei o dardo, como esperado errei a porra do alvo e é isso, também olhei para o celular, já era uma da tarde, por isso não pareceria tão estranho mandar mensagem nessa hora, por isso enviei para Yuna: quer entrar em call?
Então, vou começar a tentar postar um capítulo na terça, espero que tenha gostado e até.