Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 33
Tentando passar o tempo
Visão Yuna
Acordei com o sol na minha cara e me levantei, como tinha ido dormir tarde estava um pouco cansada, mas fui rapidamente olhar meu celular, não havia nenhuma notícia, o que foi como um balde de água fria para qualquer energia dentro de mim.
Goji logo acordou também e… Na verdade, para poupar tempo podemos dizer que foi tudo igual a manhã de sábado. Mais uma vez resolvi andar por aí, logo me peguei fazendo nada de novo, mas dessa vez seria diferente, queria tentar me concentrar em algo útil.
Poderia dizer centenas de coisa que fiz naquela manhã, ou melhor, que pensei em fazer, mas nada disso importa, afinal não lembro de nada, acho que tentei pensar sobre tudo, mas na realidade não conseguia sequer me concentrar.
Lá para uma da tarde recebi uma mensagem, já sabem que era o Izumi, então vamos pular para a parte que eu respondi sim e entramos em call. Não tinha nada para fazer, por isso achei uma boa ideia sentar embaixo de uma árvore, aproveitar a sombra, então começamos a conversar.
No início foi tudo bem, era relaxante e uma boa forma de passar o tempo apesar de que ainda não conseguia me concentrar completamente na conversa, até que do nada veio uma pergunta muito assertiva:
— Você está bem? Sua voz parece um pouco ansiosa, não consegue parar e se preocupar, né? — Izumi tinha se tornado muito bom em me entender, era um pouco irritante, antes conseguia enganar ele tão fácil, mas fui me tornando um livro aberto para ele, claro, não tanto quanto ele era um para mim, ok?
— Como notou…ahan! Digo, relaxa, estou 100%.
— Não minta na cara dura — Izumi disse.
— Tá, eu admito, não estou nem conseguindo formar pensamentos direito, enfim, já que notou o que queria esconder, tem a obrigação de me acalmar, agora! — disse em forma de brincadeira algo bem irracional.
— Ok, êh… Co-como eu te acalmo?
— Não sei, se soubesse já teria feito, você também tem que descobrir e rápido!
— Isso não é um pouco demais?
— É, você deveria entender a ironia, sabe?
— Se vai ser irônica não use verbos no imperativo!
— Acontece, hehe! Sou inocente.
— Sua aura me diz que é definitivamente culpada!
— Você pode ver a aura por celular agora?
— Não, na verdade não, mas acho que se ligar a câmera consigo.
Assim entramos em uma conversa que não fazia sentido, mas como Izumi comentou sobre de brincadeira resolvi realmente fazer isso, claro, mandei Izumi fazer também, até porque queria…
— Isso… — Izumi fica um pouco tímido.
Preciso dizer uma curiosidade, entre as coisas que pensei em fazer de manhã estava me exercitar, o que isso significa? Bem, eu estava vestindo um top para facilitar o exercícios, estava curiosa para ver o que o Izumi faria se posicionasse a câmera de forma provocante.
— O que foi, pervertido?
— Não, nada.
— Hehe!
— Você fez de propósito não?
— O que acha? — respondi.
— Você não fica com vergonha? — Izumi responde perguntando.
— Não, nem um pouco, principalmente se for com você. — Então dei meu golpe final.
— …
— Fatality — disse.
— Suspiro! — Izumi então relaxou, até porque já estava mais do que claro que eu estava apenas o provocando, porém seria chato acabar nessa hora, por isso disse:
— Mas e aí, como estou com essa roupa?
— Você quer me provocar até o fim, né?
— Sim e responde, ok? — disse de forma impositiva.
— Sim! — Izumi respondeu meio assustado e continuou: — Você está, bem… Já sei! Antes posso fazer uma pergunta? Qual seria a melhor resposta para dar nessa situação?
— Puft! Não sei, mas pelo menos estou mais relaxada agora.
— Agora virei seu brinquedo anti stress, sinf!
— Sim.
Assim fui meio que passando o tempo, também notando como Izumi estava um pouco diferente, estávamos mais próximos do que antes e mais diretos, o que eu gostava.
Meu celular vibrou, era o Goji ligando, meu coração quase parou quando vi aquilo, desliguei com o Izumi na hora sem nem explicar nada, atendi e recebi a notícia: finalmente minha mãe tinha acordado, inclusive uma curiosidade, ela tentou levantar literalmente 10 segundos depois de abrir os olhos, segundo uma enfermeira que viu a cena.
Claro que as enfermeiras a pararam, a forçando a descansar, o que ela não gostou nem um pouco, por sorte eu cheguei lá logo, então consegui a convencer a pegar leve, mesmo assim como ela acordou com tanta disposição, maldita coroa!
Depois disso o Goji veio, nós meio que comemoramos, eles conversaram por um tempo, enquanto fiquei um pouco quieta durante esse tempo, minha mãe notou, então disse bem diretamente:
— Agora poderia dar um tempo para nós duas conversamos depois de tanto tempo.
— Sim claro. — Goji disse.
— Não precisava fazer isso, não tem nada que ele não possa ouvir.
— De fato, mas tem algo que você não gosta de mostrar, né?
Não entendi na hora, nem percebi que tinha começado a lacrimejar, por isso perguntei:
— O que?
— Quantos anos você tem mesmo? — E ao invés de responder ela fez uma pergunta idiota.
— 17, como pode esquecer da idade de sua querida filhinha! — Reclamei.
— Verdade, me desculpe esquecer, você ainda é uma…. Aham! Enfim, acho que não deveria ter esquecido disso. — ela definitivamente ia dizer criança, mas não liguei os pontos na hora e perguntei:
— Não entendi?
— Chega mais perto, que vou te responder tudo.
Fiz como ela pediu, mesmo sem entender o motivo. Um abraço forte, ela passa a mão pela minha cabeça, então sussurra gentilmente:
— Você ainda tem problema para chorar na frente dos outros, né?
— Que? Não, eu consigo chorar sem proble… — Não consegui nem acabar de mentir, água salgada, que só deveria servir para umedecer os olhos, começou a fluir por todo meu rosto.
— Foi estressante, né?
— …
— Deve ter sido cansativo.
— …
— Você sempre segura demais suas lágrimas, você é sempre tão madura, que eu quase esqueci, que ainda é só uma criança, desculpe por isso.
— Não… — Tentei dizer alguma coisa, ao mesmo tempo que procurando recuperar a compostura.
— Sem se segurar, você sempre tentou guardar de mais seus sentimentos, sempre tive uma política de mínima interferência possível na criação, mas não ache que pode ficar mentindo para mim, só relaxe, ok?
Minha mãe era um pouco assustadora, ela precisou de menos de um minuto para entender só me olhando o que tinha sentido enquanto ela estava em coma, além disso não tinha como ir contra o que ela dizia, não porque ela era impositiva, mas… Sei lá, ela só parecia estar tão certa, que as pessoas tenderiam a concordar.
— …
Então desabei um pouco.
— Issso, isso e desculpa eu deveria… — Ela não acabou de falar, uma curiosidade, minha mãe também odiava admitir que estava errada, mas, mesmo sem admitir, a partir daquele dia ela começou a trabalhar menos e ficar mais comigo, inclusive interferindo até um pouco demais com minha relação com o Izumi, mas isso é história para outro dia.
Ficamos um pouco em um clima triste, mais confortável, até que o clima mudou completamente, quando minha mãe perguntou animada:
— Mas você cresceu um pouco nesse tempo, inclusive, se apaixonou por quem?
— Eu…
Poderia admitir para qualquer pessoa que estava apaixonada pelo Izumi sem nenhuma vergonha, para qualquer pessoa menos para minha mãe!
— É o Izumi, né?
— Não..
— Hehe! Te peguei.
Claro, era completamente ilusória a ideia de que eu conseguiria esconder algo dela, mas não esperava que fosse tão rápido, ela tinha poderes psíquicos, só pode.
— Como descobriu? — perguntei inconformada.
— Só um chute, quando conheci ele imaginei que isso pudesse acontecer.
— Mas vocês só conversaram por alguns minutos.
— Sem mais perguntas, agora é hora de contar tudo para sua mãe.
Vergonha e lágrimas se misturaram, uma visão no mínimo irônica, mas eu conseguia entender que essa era sua forma de se envolver mais comigo e ser mais uma mãe, que ela não tinha sido tanto assim nos últimos anos.
Decidi publicar o capítulo extra na sexta… Provavelmente, acho.