Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 34
Uma quase briga na escola.
Visão Yuna
Dando um resumo rápido: minha mãe acordou, falei com ela, voltei para casa, descansei um pouco, lembrei que tinha desligado na cara do Izumi e me desculpei, então segunda chegou, tive que acordar cedo, morrendo de sono depois de tudo e mesmo assim fui obrigada a ir para a escola.
Chegando no local recebi olharem estranhos, foi quando lembrei que tinha brigado com a Mia, adolescentes tem muito tempo livre para não fazer nada, por isso adoram fofocar sobre a vida alheia e para dar combustível a isso eu faltei na sexta e fiquei 3 ou 4 dias sem responder ninguém, então…
— Suspiro! Vai ser um dia longo — disse para mim mesma.
Depois ainda descobriria que a Mia saiu por aí falando mal de mim, mas o importante era: acordei de mau-humor, pessoas falando de mim pelas costas me deixava mais irritada e nunca fui exatamente uma pessoa calma, mas ainda piorou, já que em seguida me encontrei com Mia no corredor.
— Olha quem temos aqui — Mia disse.
— Bom dia, putinha. — respondi a cumprimentando com um sorriso.
Não sei como estava meu olhar naquela hora, mas no mínimo posso dizer que Yumi, quem vinha rápido me cumprimentar, deu um passo para trás depois de me ver. Não sei se Mia queria que eu pedisse desculpa ou algo do tipo, mas ela ficou me encarando por um tempo parecendo irritada, enquanto isso eu estava perfeitamente calma, pensando em como matar ela.
Muito tempo depois ela admitiria que ficou muito irritada comigo naquela noite, porque tinha dito coisas que realmente eram verdadeiras, mas na hora ela parecia estar entre só seguir reto em silêncio ou discutir comigo.
Yumi chegou lentamente até perto de mim, então me deu um peteleco na cabeça, como quem diz: sem brigar, por isso eu disse animado com o mais puramente falso sorriso do mundo:
— De qualquer forma, desculpa por nada, acho que estava de cabeça quente, enfim até a próxima.
— Você… — Mia ainda fala alguma coisa, mas sei lá, soava que nem um mosquito zumbindo no seu ouvido, você só ignora e vai embora.
— Vamos para sala — Yumi disse.
No caminho algumas pessoas no corredor ainda me olhavam de canto, na verdade, ser hostil com a Mia na frente de todo mundo só tinha sido mais combustível. Obviamente conseguia ouvir algumas pessoas cochicharem sobre mim, não que estivesse todos contra minha pessoa, eu ainda era relativamente popular, então tinham pessoas me defendendo ou falando mal de mim, o problema era que falavam pelas costas e isso era irritante
Mesmo assim não conseguia deixar de pensar: não aconteceu nada de mais interessante no final de semana, porra! Famosos, é nessas horas que alguém tinha que ter se separado, xingado no twitter, qualquer coisa!
Enfim, infelizmente não tinha nenhum assunto convenientemente mais interessante do que eu para as pessoas da escola, por isso pensei em…
— Nem pense em ir brigar com quem está falando mal de você, ok? — Yumi disse.
— Você sabe muito bem que nunca faria isso… provavelmente, acho.
— Suspiro! Nem pense nisso, sem piorar as coisas sem motivo, só porque acordou de mau-humor.
— Não acordei de mau-humor, além do mais estou perfeitamente calma, não precisa se preocupar — disse mentindo.
— Claro, claro.
De resto o dia seguiu calmo, apesar de que estava morrendo de sono, o que me fazia não conseguir prestar atenção na aula, por isso acabava errando muitos exercícios fáceis e errar só me deixava mais irritada e sim quando já estava puta ficava mais irritada por qualquer coisa.
Depois das aulas tivemos educação física, na qual aquele lance de competição entre salas ainda estava acontecendo, lembra foi no capítulo 20? Enfim, já tinha dito, mas relembrando, o interclasse durava quase um mês, já que a escola organizava ele de forma a só pegar algumas aulas da semana, pra organizar melhor o calendário.
Novamente eu seria do time titular, até porque o esporte seria basquete, o qual, diferente do vôlei, eu dominava e era muito boa em. Obviamente, não estaria contando tudo isso se não fosse acontecer algo na competição, no caso o algo era Mia, a segunda melhor jogadora da nossa classe.
O primeiro jogo começou, logo peguei a bola e fiz o primeiro ponto. Comecei jogando no ataque de ala, já a Mia era a armadora, porém parecia não querer passar a bola para mim, independente disso eu marquei quase todos os pontos.
…
— Ha! Ha! Ha! Vai precisar ser mais rápido que isso para me marcar — disse apenas provocando o outro lado.
Dei um giro em alta velocidade me livrando de uma marcadora, logo chegam outras duas perto, no entanto nesse ponto eu já tinha pulado para lançar a bola, que sai da minha mão e vai descreve uma parábola perfeita até a sexta, mais 3 pontos.
— Boa caralho!
Comemoramos nossa primeira vitória, modéstia à parte, a melhor jogadora do time fui eu sem dúvidas, tinha feito metade dos pontos. Por outro lado, a pessoa que deu mais assistências foi Mia, mesmo quase não passando para mim, o que me irritou. Lembro que até pensei em dizer para as outras: vamos time! Colaborem, como conseguem deixar ela ser a segunda melhor, porra!
Já no segundo jogo a situação mudou, afinal tinham sempre duas garotas em cima de mim? Além do mais o suor já começava a me atrapalhar, sempre fui do tipo que exagerava no começo e ficava sem energia para o resto, mas, por sorte, tinha muita resistência, além de experiência jogando basquete.
No fim a situação ainda ficou um pouco difícil, o outro time tinha uma gigante e, para piorar, estava perto de menstruar, por isso meus peitos estavam sensíveis e doía na hora de trombar, inclusive, fica de curiosidade mais um dos problemas da TPM.
De qualquer forma continuei jogando com tudo, enquanto me sentia irritada por fazer tudo “sozinha”, ok, era uma avaliação injusta porque Mia jogava muito bem, no entanto nunca admitiria isso.
— Pii!
O juiz apitou o fim do primeiro tempo. Não jogamos de forma profissional, por isso tínhamos dois tempos de 7:50 minutos cada partida, no momento estava 10 pontos atrás, uma distância complicada.
Nossa treinadora, professora de artes, que não sabia nada sobre basquete, estava falando sobre como fomos bem e tals, na real isso nem valia nada, então não importava. Vale dizer, a escola de fato tinha um time profissional de basquete, do qual nunca cheguei a participar por vários motivos.
— Vocês duas parem de brigar, se continuarem assim a gente vai perder.
Depois da professora nos liberar, nossas companheiras de time reclamam.
— Não estamos brigando. — Mia e eu dissemos ao mesmo tempo.
— Estão sim.
— Não, é só essa garota que não quer me passar, eu estou jogando normalmente. — Novamente dissemos juntas.
— Suspiro! Colaborem por favor, se não vamos perder esse jogo.
Meio contrariada estava prestes a voltar para o jogo, Yumi me parou e disse:
— Só passe para ela porra.
— Mas ela é ruim, vai atrapalhar.
— Esse jogo nem importa, caralho! Entenda, se passar para ela, você talvez possa se resolver com Mia, então tudo ficará bem, convenhamos você não quer que o clima da sala continue assim.
No fim Yumi me convenceu, por pior que Mia “fosse”, se eu passasse bastante para ela, talvez pudesse colocar panos quentes em tudo isso, além do mais era só um jogo, que não valia absolutamente nada.
Do meu ponto de vista perder o jogo se tornou um sacrifício aceitável, afinal se fosse perder seria culpa da Mia mesmo e nem me irritaria, porém surpreendentemente conseguimos virar, na hora imaginei que o outro time tivesse ficado cansado.
…
— Ha! Ha! Ha! Droga!
Estava irritada e cansada, já estávamos na metade do primeiro tempo da final e eu tinha feito literalmente todos os pontos do meu time, me sentia jogando sozinha, claro, estava ignorando a pessoa que tinha feito os passes excelentes para eu pontuar.
Outra coisa, não que meu time fosse inútil, apenas que estávamos sendo pressionadas para defesa quase o tempo todo, mas graças as garotas que tinham bom entrosamento conseguimos pelo menos defender bem.
O segundo tempo começou, consegui empatar o jogo com uma cesta de três, depois fomos ainda mais pressionadas, até porque o time começou a sofrer bastante com o cansaço, defender é mais cansativo do que atacar afinal.
Para piorar éramos dependentes dos meus contra ataques, como Mia estava sendo muito bem marcada era difícil ela conseguir dar os mesmos passes longos que dava no primeiro tempo, por isso comecei a ter que sair driblando mais e mais.
O tempo continuou passando, enquanto mantivemos o jogo empatado de uma forma ou de outra, com a Mia jogando tão bem na defesa que até mesmo no dia eu admiti que ela estava indo bem.
…
— Boa!
Mia se esticou até o limite, então roubou a bola, com isso conseguimos uma chance de virar, estava 30 – 30 no finalzinho do jogo, por isso ela disse alto e com confiança para mim:
— Vamos, é agora ou nunca.
— Sim — respondi.
Mia saiu jogando, ela conseguiu driblar um, dois, uma puta jogada, chega perto da cesta, mas uma gigante apareceu em seu caminho, ela pulou, porém, invés de jogar na cesta, ela mandou a bola para trás, entendo perfeitamente sua intenção, era um passe.
— Droga! Marquem a Yuna!
As jogadoras tentaram chegar em mim, contudo nesse ponto já estava no ar. A bola laranja saiu da minha mão, fazendo um movimento parabólico até o alvo, então a rede balançou, marquei três.
— Isso!
— Boa!
Comemoramos animadamente, mas de forma rápida, o jogo não tinha acabado, estávamos preparadas para voltar para defesa, quando Ana, a capitão do outro time disse calmamente:
— Vocês duas estão em outro nível de sincronia, hein? Foi um bom jogo, vocês são incríveis.
— Primeiro não estamos em sincronia — Mia reclamou.
— Segundo, ainda tem 30 segundos de jogo, não fale como se já estivesse acabado, não tem graça se for assim ok? — disse irritada.
— Se desistirem agora eu mato vocês — Mia completa.
— Ok.
Assim acabamos motivando o outro time, inclusive depois reclamamos com nosso próprio time por estar relaxando, o jogo continuou e fizemos mais duas sextas, apesar de que Ana com medo da nossa ameaça jogou com tudo até o fim e empatou, até que, faltando poucos segundos estava muito longe da sexta, por isso gritei:
— Pule!
Estava em um ângulo ruim para acertar três pontos, mesmo assim lancei fingindo tentar fazer um ponto, na verdade era um passe, o qual Mia entendeu e pulou para receber na hora certa.
— Boa! — disse.
— Idiota, não faça isso, se não fosse eu salvando a gente empatava! — Mia reclamou.
— Que nada, foi uma jogada perfeita.
De alguma forma, depois de tudo fiquei de boa com a Mia, quando contei para Yumi que seu plano tinha dado certo ela me olhou como se fosse óbvio. Agora, momento curiosidade, conhecia a Mia desde os 7 anos de idade, nesse período devíamos ter brigado umas 30 vezes, sendo que delas 31 das nossas discussões foram resolvidas jogando basquete.
Ainda fiquei conversando com Yumi, nos últimos dias não tínhamos feito muito isso, ela tinha sido rejeitada recentemente, por isso queria saber como ela estava, enfim, o tempo passou, até que recebi uma mensagem da minha mãe me pedindo para comprar guaraná no caminho para casa.
Visão Izumi
Uma mensagem chegou até minha pessoa em uma segunda a tarde, no caso era uma pessoa desconhecida pelo whatsapp e a tal mensagem era:
“Ei! Izuminho dê um pulo aqui, acabei de voltar, quero comemorar minha alta, vamos surpreender minha filha, chegue em 15 min, ok?
Ps: é a Lila.”
E foi assim que descobri o nome da mãe da Yuna, digo, dá Lila, que inclusive conseguiu meu número de alguma forma misteriosa, mas o mais importante na mensagem era: “chegar em só 15 minutos”, como faria isso? Aí já era para foder com minha pobre pessoa.
Resultado: sai correndo de casa, mas dessa vez meus pais não estavam viajando, inclusive estavam fazendo churrasco no meu tio, que morava ao lado(vizinho), por isso dei alguma desculpa e eles me deixaram ir, nunca tinha dado problema por isso tinha bastante liberdade.