Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 4
Os pensamentos negativos
Visão Yuna
Peguei no sono, então de repente acordei me sentindo muito mal, meu corpo estava quente, não conseguia mexer nada. O dia das olimpíadas está chegando, que péssimo momento, pensei. Peguei o celular por força do hábito, nessa hora vi que o Izumi estava online, então, em um impulso, acabei chamando ele para call.
Na hora não sabia muito o motivo para isso, mas costumo agir, assim que sinto a necessidade de fazer algo. Só deixando claro, não era impulsiva… Tá, sendo honesta, talvez um pouco, mas só um pouco.
De qualquer jeito, pensando nisso muito tempo depois, o chamei, porque queria um distrator, para ignorar as coisas que estavam me incomodando. Apesar de que no fundo, egoisticamente também desejava que ele me estendesse a mão, mesmo eu recusando isso mais de uma vez.
— Aconteceu alguma coisa? — Izumi pergunta normalmente.
— Nem, nada, apenas queria falar com você. — disse.
— Isso… Êh
Não podia ver ele no dia, mas de alguma forma sua aura de quem ficou tímido, conseguia passar pela internet. Foi impossível não rir internamente, quando ele se embolou com as palavras, tentando começar uma conversa.
— Humm! Bem, tenho o dia inteiro livre, já que não faço nada, na verdade, acho que vai ser divertido. — Izumi disse, particularmente baixo. Ele queria dar a entender que não tem problema o chamar repentinamente sem motivo, mas usando uma piada.
— Desculpe, não ouvi.
— Êh…
Admito, dizer isso foi um pouco sádico, mas ele era muito fofo, ele agindo de forma tímida. Não podia ver o Izumi, mas conseguia imaginar ele se escondendo atrás de algo, apenas por sua voz.
— A propósito, eu já estou quase acabando aquela novel que você recomendou, como ela chama mesmo? — disse.
Mas seria um problema, se não começássemos uma conversa de fato, logo, já que Izumi ficaria ainda mais tímido se isso acontecesse, o que seria um saco, por isso logo puxei um assunto para facilitar as coisas.
— Dungeon defense, ela é muito boa, né? — Izumi respondeu animado.
Era bem fácil entender o que lhe deixa animado. Depois Izumi animadamente guiou a conversa, falamos então por um tempo sobre futilidades, algo extremamente relaxante. Não sei exatamente como/quando, mas ele parece notar que algo estava errado, apesar de também ter entendido, pelos eventos da última vez, que eu não queria falar sobre isso, por isso evitou deixar o clima desconfortável. Izumi tinha se tornando um amigo precioso naquele momento.
Mesmo assim não podia deixar de me perguntar: apenas conversar com ele para meu entretenimento, pode ser chamado de amizade? Me sentia meio estranha tendo esse tipo de relação rasa com ele, apesar de ser a mesma que tinha, com a maioria das pessoas da minha classe. Porém pouco matutei sobre, no dia. Lembro que estava realmente gostando, queria apenas me divertir com o momento.
….
— Foi mal… Haha! É que eu… Cof! Cof! Cof! Cof!
Por fim algo que o Izumi disse, me fez imaginar um ratinho fofo, vestido com maquiagem de palhaço, cara de rabugento, reclamando com uma voz fina, enquanto está tremendo de medo de um gato. Não é a imagem mais comum do mundo, eu sei, mas me fez cair na gargalhada.
Rir é legal e tudo, porém quando está doente, forçar os músculos para rir nem sempre é agradável. Acabei não conseguindo me segurar, no meio da risada, tive um ataque de tosse, deixando claro que estou doente.
— Você está bem? — Izumi perguntou com preocupação.
— Fiquei meio gripada, não é nada de mais, acabei exagerando nas últimas semanas, tenho que ficar na cama agora, nem consigo fazer nada direito é um saco. — Acabei começando a reclamar.
Alguns pensamentos, que eu tinha naquele momento, começam a brotar com mais força. Ficar doente em momentos importantes, realmente me deixava para baixo. Assim que as coisas são, como em um jogo, quando você está perdendo ou sente que está, basta que algo de errado, um erro bobo, ou que o oponente tenha sorte em uma jogada, para sentir que tudo está dando errado e hoje não é seu dia.
Esse tipo de pensamento vinha me ocorrendo, as coisas não estavam dando certo. Primeiro não consegui dormir, depois fiquei doente do nada, parecia até uma maré de azar, claro, só parecia, até porque azar ou sorte não importam muito.
— Que azar, odeio ficar doente, apesar de que tem a vantagem de poder ficar assistindo anime.
— Haha! Isso não importa, em todos os sentidos é uma merda, não tem nada de bom.
— …
— Não consigo levantar, nem fazer nada de útil, vou acabar perdendo meu dia todo.
— …
— Não consigo cozinhar direito, não dá para fazer as coisas da casa, por isso estou morrendo de fome.
— …
— Além do mais estou toda dolorida, suando, a única coisa que consigo fazer é ficar falando.
— Hummm! Por que não pede comida, ou pede para alguém da família fazer? Também, por que não tenta dormir, tomar um banho para tirar o suor, ou algo do tipo? Normalmente as pessoas cuidam de nós quando estamos doentes.
— Não dá para fazer isso, para começo de conversa, não tem ninguém aqui em casa.
— Sério? Humm! Tem algumas outras coisas que dava para tentar, mas não tem ninguém na sua casa, humm! É complicado quando isso acontece, normalmente o que faço é dormir e me recuperar, também tenho alguns truques…
— Não consigo fazer nada no momento.
— Está tão mal assim? Então deveria ir para o hospital, chame a ambulância, ou algum amigo, eu posso até…
Izumi pareceu pensar em se oferecer para ajudar, mas recua, afinal, convenhamos, seria bem suspeito, alguém que nunca viu, pedir para ir na sua casa, bem quando está completamente indefeso.
— Não, não tão mal assim, seria um exagero fazer tudo isso.
— Então por que não tirar o dia de folga para descansar?
Pensei em dizer: mas eu não posso descansar, ou dizer que estou simplesmente muito mal, mas de repente tinha tido um estalo. Estava tendo pensamentos negativos de novo, sem nem perceber.
Escrevi rapidamente em um pedaço de papel: “O dia está uma merda”, depois disso rasguei o papel. Eu demorei um pouco fazendo isso, por isso Izumi tentou me chamar durante esse tempo, quando finalmente acabei o pequeno ritual, disse:
— Foi mal, minha internet caiu, prefiro não ficar gastando 4G, se voltar eu te chamo de novo.
— Ok, de boa.
— A propósito, obrigado, hoje foi divertido, apesar de eu estar mal. — Graças ao Izumi, eu pude pelo menos rir um pouco e passar o tempo, em um dia bem chato, sem dúvidas tinha sido divertido.
Como já tinha me despedido, desliguei a chamada e meu celular, tinha algumas coisas que queria fazer. Tendo admitido o problema, precisava me livrar dos pensamentos negativos de alguma forma, coisa que eu fazia com bastante frequência, mas…
— Meu corpo está só muito pesado, não tem como eu fazer exercícios.
Reconhecido um pensamento negativo, deve-se distanciar dele o máximo possível, no caso minha técnica era simples, escrever em um papel o pensamento e rasgar. Não fazia isso para me livrar dele, só para separar ele de mim, afinal o que estamos pensando e o que somos são coisas diferentes, escrever num papel ajuda meu cérebro a entender isso, já rasgar, é só pelo efeito dramático mesmo.
Então olhando para o papel rasgado, precisava entender dentro de mim mesmo, que aqueles pensamentos só atrapalhavam. Por fim para de fato me livrar do pensamento, o que fazia era direcionar atenção para outra coisa, normalmente esporte. Já que se tentar combater pensamentos negativos, pensando positivo assim do nada, definitivamente não vai conseguir, não tem como combater pensamento com pensamento, o mais normal é usar uma atividade física para isso.
Obviamente não tinha como usar o caminho dos esportes desta vez, até tentei por 10 segundos e quase morri, mas ainda tinha alguns métodos, primeiro fazendo algumas perguntas para mim mesmo, a que funciona melhor é: o que tenho para agradecer?
Eu já estava bastante acostumada a fazer isso, por isso para mim funcionava bem rápido. Mesmo assim, bem que podia ser mais fácil se livrar da negatividade, na moral, colabora aí cérebro? Maldita seja essa programação desatualizada, que temos.
— Esse sistema operacional é tão idade da pedra, já estamos no século 21, já passou da hora de rever seus conceitos, entendeu, DNA? — Apenas deixando claro, eu não falava sozinha… Com frequência.
No fim ainda lembro que li o resto da tal novel, Dungeon Defense, foi até que divertido. Obviamente, também poderia ter assistido uma série, ou qualquer atividade prazerosa, que não exigisse esforço físico, de preferência nem mental, porque estava com uma dor de cabeça foda.