Amor é Mais Complicado do que Parece - Capítulo 43
Um dia no mínimo surpreendente
Visão Izumi
Desde o parque se passaram algumas semanas, tanto que já estava quase de férias. Olhei em volta, notei que minha classe ia comer junta na padaria, ou algo do tipo, apenas fingi não notar para não ser inconveniente, arrumei as coisas para ir embora, foi quando lembrei que tinha emprestado minha borracha para a Carla.
— Ei!… — Tentei a chamar, mas ela estava falando com as amigas. Ela bem que podia só ter lembrado de me devolver, seria bem mais fácil, mas deixei para lá, preferia não ser um incômodo, eventualmente recuperaria a borracha mesmo.
Apenas esqueci sobre o assunto e comecei a pensar sobre outra coisa. No caso acho que estava relembrando, na minha mente, dos eventos do último capítulo de chainsaw man, enfim, como sempre antes que notasse, minhas pernas me levaram para casa rápido.
Ao chegar já pude ouvir alguém gritando: “ou pega umas cervejas!” e o barulho de pessoas falando, eram meus parentes, se eles estavam em casa significava que todo mundo tinha se reunido para fazer um churrasco, o que era um saco.
Não tinha nada contra carne, mas eles eram um pouco barulhentos. De qualquer forma, era apenas o habitual, quando não estavam viajando ou trabalhando, estavam festejando, essa era minha família.
Ignorei o churrasco, abri a porta em silêncio, como sempre fazia. O plano era simples, ir logo para meu quarto sem chamar muita atenção, então mais tarde pensar se queria descer ou não. Infelizmente, porém, a ideia de entrar como um espião sem ser notado falhou, pois…
— Ei! Izumi vem cá, uma amiga veio te visitar!
Primeiro duvidei dos meus ouvidos, mas eles sempre funcionaram muito bem, por isso minha próxima dúvida foi: quem é? Claro, no fim apenas imaginei que fosse ser a Yuna, o que inclusive estava correto como descobriria poucos segundos depois, quando:
— Olá! — Yuna me cumprimentou com um sorriso animado.
Na hora senti calafrios, antes que notasse havia vários abutres a minha volta, cheio de curiosidade e prontos para me atacar Quando é que fui cercado desse jeito? Me perguntava, mas não tinha nenhuma resposta.
Ainda tentei olhar em volta, mas, antes que pudesse dar meu primeiro respiro para fora daquele rio de surpresas, a correnteza veio forte e me levou de tal forma que não tinha como reagir. Ou seja, Yuna se aproximou, me deu um selinho e disse:
— Ei! Quer ir viajar?
Internamente eu só podia gritar: como chegamos a isso? Como isso aconteceu caralho!?! Bem, por mais que eu gritasse as perguntas dentro de mim, ninguém lia mentes naquele lugar, por isso fiquei sem resposta, para ver como, às vezes, faz falta não ter um professor Xavier por perto.
Por sorte, eu ainda tinha um negócio chamado: garganta, sem contar as cordas vocálicas e, apesar de me sentir metaforicamente me afogando num rio de acontecimentos inesperados, elas funcionavam muito bem, por isso as usei para perguntar:
— Aconteceu algum time skip e não me contaram?
Poderia ter feito uma pergunta mais complexa? Sem dúvidas poderia, mas a surpresa bugou um pouco minha mente. Além do mais não existia nenhuma pergunta que definisse melhor minha dúvida.
Entenda, em um momento eu estava com a Yuna de boa, conversamos pela internet e eu conhecia a mãe dela e só. No outro, do nada ela estava conversando de boa no meio da minha família.
Qualquer pessoa normal ao se deparar com essa situação pensaria: parece que falta um pedaço dessa história; sendo, portanto, a suposição mais lógica, acreditar que algum deus estava entediado e me teletransportou no tempo só de zoas.
Enfim, depois do baque inicial, minha mente até que voltou a funcionar. Para evitar um monte de perguntas e ter que ficar falando muito, até pensei em dar a desculpa: ela é uma colega de classe, o professor nos deu trabalho pra fazer, vamos para a sala acabar tudo, não se preocupe.
Obviamente era uma desculpa meio longa, mas era a melhor que podia pensar, com isso explicava o porque ela tinha ido me visitar, dava um jeito de ficar sozinho com ela e, ao escolher a sala ou invés do quarto, gerava menos desconfiança, genial, né? Pena que nem tive a chance de dizer isso, afinal…
— Por que não me contou que estava namorando filhão?
Depois de ouvir a pergunta notei que Yuna já tinha contado, então não tinha muito como evitar, sabia que seria forçado a ficar no churrasco respondendo perguntas, apesar de que quem mais queria respostas era eu.
— Quem diria, grande Izumi, eu pensei que você iria precisar de umas dicas minhas — disse um tio.
Vendo pelo lado bom, a partir daquele momento eles pararam de se preocupar com a minha fala de vida social, de bônus, eu não teria mais que lidar com a pergunta: e as namoradinhas? Por isso até podia ser uma coisa boa, bastava passar por toda a enxurrada de perguntas iniciais, pelo menos foi assim que enxerguei na hora.
Visão Yuna
Acordei com sono no dia seguinte, estava meio cansada, problemas de não dormir. Enfim, por sorte as provas na terça foram mais fáceis.
Voltando da escola fui direto pra casa do Izumi, apenas para chegar antes dele. Lá toquei a campainha, logo me atenderam, disse que era a namorada dele, eles pareciam surpresos, mas me deixaram entrar.
Ao olhar em volta notei que a casa estava cheia, imaginei que fosse uma reunião de família, só que em plena terça-feira? Devem concordar, um churrasco em tal dia é estranho.
Enfim, aquele que me atendeu foi coincidentemente o pai do Izumi, um homem normal, de cabelo preto, um pouco mais alto que o filho, magro e até que bonito.
Ao seu lado estava um irmão dele e sua esposa. O homem era um pouco gordo, usava roupa social e parecia um cara chato de escritório, já sua esposa era uma linda loira.
No fim, mal tive tempo de me apresentar, interagi um pouco com os três e logo Izumi chegou, então o chamaram.