Anti-herói Invocado - Capítulo 13
— Então é isso que vamos fazer hoje.
— Você é retardado Miguel? — disse Ariel.
— É, acha mesmo que podemos escalar uma montanha? Somos um bando de sedentários!
Os garotos discutiam entre si em um pequeno círculo com apenas os quatro, todos estavam sentados e Miguel encostado em uma parede da gruta.
Como sempre a única iluminação que os permitiam ver algo ali dentro era a luz que passava pela entrada da gruta, a mesma estava batendo diretamente no rosto de Miguel.
— Miguel, consegue nós dizer porquê quer fazer isso?
— Na verdade não, acho que só fiquei entediado depois de tanto tempo sem fazer nada interessante, tipo, nós apenas ficamos colhendo frutas todos os dias, por aí.
— Eu realmente não acho que subir uma montanha seja algo divertido!
As tentativas de Heitor de desanimar o grupo estavam tendo sucesso, todos pareciam cada vez mais indignados com a proposta de Miguel.
Enquanto Miguel apenas ouvia o que seus amigos discutiam, a luz que batia diretamente em seu rosto sessou. Alguém provavelmente havia rapado a passagem.
Observando a silhueta que cobria a luz do sol, Miguel parecia já imaginar o que viria a seguir, expressando um leve desgosto.
— haha, eu ouvi tudo! Vocês pretendem sair né.
— Tsk, e o que você tem a ver com isso mesmo?
Miguel grosseiramente responde a garota, espantando tanto a garota quanto seus amigos.
Felipe pareceu nervoso por um segundo, logo em seguida puxando Ariel e Heitor, se direcionando até a saída.
— Bem, acho que já terminamos de conversar, então vamos lá de uma vez, — disse Felipe.
Miguel se levanta e vai atrás de seus amigos, ignorando Angélica que é deixada para trás.
Os garotos que estavam contornando a montanha pela esquerda, enquanto se afastavam cada vez mais dos outros, logo tem seu silêncio finalizado pela garota que gritava enquanto corria em sua direção.
— Ei não me deixe falando sozinha assim.
Miguel parecia cada vez mais irritado, até mesmo sua sobrancelha pareciam tremular.
Até que Angélica finalmente alcance o grupo, os mesmo já estavam parados em frente à um das paredes da montanha.
Após alguns segundo observando os garotos começam a subir um por um, encaixando suas mãos em qualquer mínima enteada nas rochas que entrassem.
— Espera como viemos parar aqui!? — disse Heitor.
— Es-espera, o que vocês estão fazendo.
— Unh, você não disse que havia ouvido nossa conversa? Nós vamos escalar essa montanha.
— É sério como acabamos fazendo isso?!
Angélica com uma expressão de surpresa, ainda meio hesitante parte em sua perseguição.
— Você realmente vai fazer isso?
— Não tenha a ideia errada sobre mim. Já escalei montanhas antes.
Ignorando a garota, Miguel volta sua atenção para cima e continua a subir juntamente a seus amigos.
Mesmo que tivesse levado algum tempo, o grupo que já havia escalado consideravelmente, perdia uma gota a cada movimento na subida.
— Miguel o quanto exatamente você pretende subir?
— É, ainda não é meio dia, mas não podemos ficar o dia inteiro aqui, — disse Angélica.
Miguel olha para Angélica irritado, é após limpar seu suor em sua manga, diz “Eu pretendia subir até o topo na verdade” em seguida acelera sua escalada, ignorando a todos.
“Droga, nem sei a quanto tempo estamos subindo isso, mas já estou ficando cansado, imagino que eles também devam estar”.
Olhando para cima Miguel podia ver algo que se parecia com uma plataforma, parecia ser grande o suficiente para que eles subissem todos a juntos.
Se aproximando cada vez mais. Agora Miguel e seus colegas já poderiam escalá-la.
“O que é isso? É quase como um caminho do chão ao topo, talvez houvesse uma continuação para baixo mas parece ter desmoronado”.
— Ei galera, o caminho continua aqui para cima!
— Isso é ótimo, mas agora eu realmente quero comer algo.
Não demora muito tempo para que todos estejam sentados no chão, rapidamente Heitor despeja várias frutas no pano do chão.
Tentando não dar muita atenção para toda a comida a sua frente, Angélica fingia não ligar, olhando o cenário ao seu redor.
— Tudo bem, pode comer; mas nem tanto.
— Não seja tão mau educado Miguel.
— Eu sei, só estou brincando.
Assim que a comida havia acabado, os jovens retornaram a sua caminhada.
Toda a escalada até o topo não era mais necessária, o caminho do qual haviam encontrado provavelmente poderia os levaria até o topo sem problemas. Isso é, claro; tirando as várias rachadura e desmoronamentos de terra naquele caminho.
Quando mais andavam, mais o ar se tornava rarefeito e o topo ficava cada vez mais visível.
Chegando lá depois de algumas horas, finalmente tiveram a visão do cume. Era praticamente plano e assim como no resto da montanha só haviam plantas e grandes pedras.
Andando pelo lugar tudo que puderam ver não era nada demais, mas não demorou muito para que aquele silêncio acabasse e diversos piados tomarem seu lugar.
— Acho que é isso, esses piados devem ser dos filhotes daquele grande pássaro.
Miguel não hesita em sair andando pelo local a procura de um ninho ou o que pudesse ser.
Andando pelo cume para lá e para cá, o garoto finalmente chegou em uma das beiradas da montanha, e lá finalmente estava, um grande ninho, feito com grossos gravetos e abrigando três filhotes, os mesmos tinham aproximadamente 50 centímetros.
— Eu achei eles, estão aqui venham rápido!
— Bem já estamos aqui, não custa olhar né? — disse Ariel, se virando para os outros.
Se aproximando cada vez mais de Miguel, o barulho só aumentava, chegando lá voltaram totalmente sua atenção para os pequeninos e carentes de penas.
Não demora muito para que Ariel nota-se a fixação de seu amigo em outra coisa da qual não fosse as aves.
— Miguel, o que foi?
Após a pergunta Miguel relutantemente aponta para o chão próximo ao ninho. Eram ossos, velhos e sujos; pareciam que quebrariam até mesmo com uma pequena queda. O que mais se aproximava ainda que fracamente, era um crânio humano.
— Es-espera, como isso…
Interrompido pela enorme sombra que os cobriam, seguido de uma grande ventania, um altíssimo grasno que viera logo de cima dos jovens retira completamente suas atenções.
Era o grande pássaro que estava ali. Com cerca de quatro metros, dentes tão afiados e grandes quanto uma espada, diferente de aves comuns suas penas pareciam duras e grossas, era praticamente uma armadura o cobrindo.
Após cruzarem seus olhares por uma fração de segundos, a ave da uma veloz investida diretamente dos céus. Aqueles que conseguiram tirar sua atenção daquele afiado olhar, só conseguiram ver as enormes patas que portavam suas monstruosas unhas.
Os jovens não demoram muito para começarem a correr, era uma questão de vida e morte para eles.
Pouco antes de se despedirem do topo, um rasante monstruoso da ave separa Miguel e Angélica dos outros, que continua a correr.
Prestes a retomarem sua fuga, Miguel da uma última olhada para trás, até onde a floresta se poderia alcançar, a quilômetros e quilômetros de distância. Eram quase imperceptíveis, o pequeno ponto marrom que se parecia com uma carruagem.
— Angélica! Ataque a ave com tudo!
Relutantemente a garota saca sua varinha e a direciona para o céu.
Um veloz raio invertido é direcionado para o céu, a luz quase cegante atinge a ave. Que se afasta enquanto libera fumaça por onde passa.
Antes que pudesse finalmente fugir dali, Miguel vê sua colega caindo inconsciente sobre o chão.
“O que?!”
Com todo o esforço que podia fazer com seu magro corpo, Miguel coloca a garota em seu ombro e anda rapidamente até seus amigos.
— Felipe, por favor segura isso.
— Tudo bem.
Descendo o mais rápido que podiam, sem dar a mínima para qualquer possível deslizamento, os jovens finalmente chegam em um lugar do qual podiam se sentir seguros.
— O-o que foi isso? — indaga Heitor.
— Eu não sei, mas que tal voltarmos.
— Realmente, acho que é melhor assim. aparentemente ela não vai acordar né Ariel?
— Não, ela usou muita mana, deve ter sobrecarregado e desmaiou.
— Como assim sobrecarregado?
— Miguel você não leu o livro? Eu sei que você não tem ataques de mana, mas deve ter tido alguma explicação sobre lá.
— Realmente não me lembro.
— De qualquer forma, vamos voltar.
Agora mais calmos os jovens descem vagarosamente. Não demora muito para que chegassem no sopé e finalmente pudessem voltar para a caverna.
Como esperado, uma multidão se forma em volta do grupo. A garota estava desacordada nas costas de Felipe e isso era no mínimo preocupante em um ambiente como aquele.
Miguel não ficou no meio para dar explicações e desvia de todos, indo diretamente para sua cama.
Finalmente deitado, dessa vez não havia garota para impedir seu descanso, enquanto se deita Miguel se encolhe como um tatu.
“Dessa vez a culpa foi minha”.
Em uma olhada rápida o garoto vê um pequeno amontoado de pedras pouco distante de si.
O garoto rasteja sorrateiramente até a parede e afasta as pedras dali uma por uma, assim que o faz um buraco se torna visível, no entanto não havia coisa alguma dentro.
“Só adicionei mais um problema… preciso dormir”.
Engatinhando de volta a sua cama, o garoto se deita e rapidamente fecha seus olhos, pegando no sono.