Anti-herói Invocado - Capítulo 15
Dentro daquele escuro poço, pequenos som eram ecoados para a parte de fora.
— Cóf cóf.
Quase sem movimento de tão lentos, Miguel tenta inutilmente se levantar, enquanto se escorada nas paredes.
“Merda. Eu tô vivo? O que é isso, ouço um pequeno ruído no meu ouvido.
O garoto, ainda deitado, olha para os lados. O pouco que se podia ver só revelava que as paredes eram feitas de tijolos de pedra. O resto era escuridão.
“Não consigo ver bem, mas aqueles nerds provavelmente vão procurar por mim. Agora eu preciso comer alguma coisa”.
Miguel cruza suas pernas e ergue vagarosamente sua mão despejando suas frutas ali mesmo. Como se estivesse ao ponto de morrer de fome, Miguel simplesmente come como um animal.
O garoto usava suas mãos sujas como uma concha, comendo diretamente pela boca.
Após se sujar ao máximo possível, o garoto se estica o pouco que pode, apoiando-se na parede de tijolos.
— Eu estava morrendo? É tudo tão confuso… Preciso de água.
Enquanto os olhos do garoto se fecham vagarosamente, ele o interrompe com um repentino arregalar.
— Eles! O que aconteceu com eles?
Com todas as forças que ainda tinha, Miguel se escora em seus joelhos e tenta forçar seu levantamento.
— Aaaaa! Aí.
O garoto retorna ao ponto onde estava e aperta fortemente sua canela, enquanto serrava seus dentes.
— Tsk. Merda, arde tanto, mas está tão gelado aqui.
Ele olhava atentamente para o único lugar que lhe provia luz, sua visão turva pouco lhe deixa ver algo tão distante.
— O que posso fazer? Tô machucado e nem tenho como escalar isso, acho que só me resta esperar mesmo.
Sem tempo para procurar por uma reposta, logo sente algo escorrendo de sua testa a seu nariz. Levando sua mão a cabeça, logo o líquido escorre por seus dedos.
Afastando sua mão até que a suas vistas. Seus olhos se arregalam e logo o garoto olha para cima.
“De que-quem é o sangue? Ta pingando… lá de cima. E-eu preciso sair!
O garoto despeja rapidamente alguns galhos do anél. Freneticamente, o garoto passa as mãos por todos a procura do mais firme.
— Tá, só preciso achar algo para amarrar, uma tala deve funcionar.
Arrancando rapidamente os cadarços de seu tênis, Miguel estende sua perna e puxa sua calça. Ele coloca o galho, que vai do tornozelo ao joelho e amarra com seus cadarços.
— Acho que só preciso esperar um pouco e logo devo conseguir escalar isso.
Mais uma vez as gotas descem pelo seus rosto, dessa vez era a água que o cobria.
— Chuva. Finalmente posso beber algo, vou tentar dormir para não ter que passar por essa noite fria.
O garoto fecha seus olhos e sem precisar esperar muito tempo, seu exausto corpo o força a dormir.
“Parece que acordei, então ainda estou vivo. Certo, acho melhor testar a tala. A minha perna tirou tanta atenção, que até me esqueci de toda essa dor na minha barriga e costas”.
Na tentativa de se levantar, Miguel se apoia em cada mínima abertura que encontrava nas paredes. Logo após alguns longos segundos, Miguel finalmente estava de pé.
— Parece bom, mas prefiro não mexer muito.
Olhando para baixo, em meio a toda aquela escuridão, Miguel observa algo jogado no chão.
O garoto se abaixa vagarosamente, até que alcança o objeto.
O que é isso? Talvez um caderno. Não consigo ver bem, mas parece estar muito molhado. Melhor guardar.
O garoto encosta o suposto caderno em seu anél e o mesmo some repentinamente.
Miguel fixa seus olhos novamente na única saída daquele lugar. Logo ao lado a mancha de alguém que continuava a escorrer.
— Nem ferrando. Eu preciso tentar!
Sem muita dificuldade, o garoto acha grandes aberturas nos desgastados tijolos. Mesmo pegando firmemente, sua mão escorregava com facilidade.
— É mesmo, choveu ontem.
Olhando novamente para baixo, Miguel escorrega suas costas vagarosamente pelas paredes até que esteja sentado.
— Parece… Eles devem estar vindo.
Miguel estava ferido, o suficiente para que não consiga se virar completamente sozinho. Suas mãos descem vagarosamente por seu rosto.
“Acordei de novo… Três dias… talvez eles tenha desistido? Eles tentaram?
As olheiras nunca estiveram tão profundas, o garoto estava jogado no chão apenas olhando para cima, como uma mosca olha a lâmpada.
— É injusto, ver essa porra escorrendo pelas parede, sabendo que ele não deveria estar ali. Ou que sequer um amigo meu, veio me procurar.
O garoto sacou sua lamina e a coloca no chão, a observando por alguns minutos.
— O que faço com você? Pensando bem. Quanto tempo faz que estamos aqui, que não vejo minha fa-família…
A boca e garganta secas do garoto mal o deixava proferir algo, enquanto balbuciava e murmurava, Miguel pegou a adaga no chão.
— Tão afiada… tenho duas opções para usar você… não custa tentar.
Levantando com dificuldade, o garoto tenta se manter em pé enquanto olha para a lamina. Ele se aproxima da parede e bate ela contra a parede.
A faca bate e faz um grande furo na parede, talvez com força o suficiente, crava-la lá não seria impossível.
— Haaa. Que droga.
Uma após a outra, o garoto continuava a bater a faca na parede até que a mesma entrasse profundamente. Lentamente o garoto continua a esfaquear a parede até que seus pés não encostem mais no chão.
Cada vez mais alto, a luz do sol já atingia a pele do garoto, ele finalmente estava no topo.
Miguel segurou no topo do poço e jogou sua perna para o outro lado, com apenas uma rolada o garoto caiu para o lado de fora do buraco.
O garoto podia ouvir o próprio coração bater, sua pé estava banhada pelo suor e seu rosto marcado pela exaustão.
— Eu tenho medo, do que vem em seguida.
Miguel sentou e escorou uma mão no joelho e outra na árvore ao seu lado, ele manca até o outro lado do poço onde uma grande poça de sangue manchava a grama ao redor.
— O que? Não… eu não entendo.
Escorado no poço havia um jovem moreno. Em seu peito, um enorme buraco que atravessa de um lado ao outro, todo o sangue de Caio estava espalhado pelo chão.
O garoto anda para trás ainda mancando, após um escorregar repentino que leva o garoto ao chão.
Miguel olha para o chão e vê outra poça de sangue, a origem pareci ser de outro lugar.
Olhando para trás, o garoto vê o outro cadáver. Assim como Caio, Clotilde a tempos teve seu estômago expelido para o exterior do corpo.
— O que!?
No rosto o desespero, com as pernas tremendo o garoto persistia em tentar levantar.
O jovem balançava a cabeça de um lado para o outro, em seguida se vira e levanta, machucado o garoto manca enquanto foge do lugar.
Ofegante, o garoto continuava a andar com uma mão na barriga e outra em qualquer coisa que poderia se escorar, enquanto passava pelo mesmo caminho por onde andou a dias.
O garoto chegava cá vez amis próximo ao final da floresta, com a luz cada vez mais forte, a gruta já era quase visível.
Chegando finalmente ao fim da floresta o garoto foi surpreendido por uma enorme força que o arremessa para trás. O mesmo poderoso vento que o derrubou torcia o tronco das árvores que estavam próximas ao garoto.
Pouco distante de si, uma enorme ave se preparava para voar batendo suas gigantescas assas. Na boca do amedrontador animal, algo aprecia expelir mais do líquido vermelho que estava pelo chão do local.
A metade do que já foi um corpo foi engolida de uma vez só pela ave, que não esperou mais antes de partir, abanando vento por toda a área.
Sentado no chão, Miguel não conseguia tirar os olhos daquela cena. Era como se uma nuvem se sangue tivesse passado por ali.
Sendo banhado pela chuva de sangue, outro corpo estava próximo ao entrada da gruta, aqueles cabelos loiros logo se tingiram vermelhos junto ao resto do corpo.
Aqueles não eram os únicos restos, ao lado um braço decepado com um anél no dedo também estava jogado, no entanto esses eram os únicos corpos que não tinham pele verde esmeralda.
Pessoas vivas além de Miguel, parecia ser algo impensável naquele local.
O rosto do jovem se contorcer, seus dentes serravam enquanto a saliva escorria de sua boca seca. E seus olhos focados tremulavam.
Miguel bateu sua cabeça no tronco ao lado com toda sua força, seu sangue logo começou a escorrer pela testa.
Voltando brevemente a si, a certeza que o ocorrido já era datado veio, o cheiro putre percorria pelo ar, contaminando toda e qualquer planta dali.
Não era como se aquilo tirasse a atenção do garoto atormentado, mas logo ao lado dos cadáveres, estavam suas armas negras, que agora eram tão claras como nunca, praticamente transparentes como vidro. Partiam-se como o mais frágil papel.
De dentro das transparentes armas, algo negro aprecia evaporar, como se fosse sua própria tinta.
— Tudo bem, tudo bem, tudo bem. E-eu só…
O garoto mancava pelo meio daquele sangue seco ao mato, com passos vagarosos, o garoto de repente para.
— Não quero dormir aqui.
O garoto entra na gruta e após alguns instantes sai com algumas cobertas em mãos. Após colocá-las sobre os corpos no local, ele os encara como se tivesse assistindo algo.
— Me… desculpem. É minha culpa. Fui fraco e burro.
O sangue seco espalhado por seu rosto era lavado pelas lágrimas constantes.
O garoto se vira para a esquerda e começa a caminhar vagarosamente, após alguns minutos ele senta e encosta em uma árvore, era um pequeno clareira, rodeada por quatro árvores.
— Foi aqui… eu acho.
O garoto continuou encostado naquela mesma árvore encarando algumas frutas velhas e secas que alguém havia despejado ali.
O garoto repentinamente pegou um livro velho e úmido de seu Anél. Folheando o mesmo, apenas poucas folhas não estavam completamente molhadas e as outras estavam manchadas com tinta.
Após passar por quase todas as folhas, próximo ao final algo parecia ser legível, seguido apenas por páginas em branco.
Diversas horas estando apenas sentado naquela mesmo lugar, o garoto se levanta com a mínima luz que adentrava a floresta.
Miguel estende sua mão e pega vários tecidos do anél, amarrando-os calmamente ele faz um grande pano, feito de partes de roupas e até mesmo peles de animais.
Ainda mancando, ele se aproxima dos mesmo corpos ao chão, aos poucos o garoto enrola os corpos.
Miguel reproduz as mesmas viagens, levando os sacos em seus braços um por um até os outros dois corpos ao lado do poço.
— La dizia que era por aqui né.
Miguel se agacha com dificuldade até que chega ao chão. Com sua arma, o garoto cava a terra do chão até bater em algo.
Confuso Miguel continuou a cavar até revelar um outro esqueleto enterrado poucos centímetros a baixo do solo.
— Ma… Não. Mais que porra! Anjo desgraçado, fui enganado! — Gritou o garoto, enquanto cravava seus dedos na terra.
O jovem continua a escavar em lugares próximos em busca de um local vazio.
Ao fim da tarde, Miguel havia terminado sua busca e escavação.
Colocando saco por saco, o garoto joga toda a terra de volta ao local de origem.
— Eu… só posso o fazer isso. Assim como antes não posso fazer o bastante por vocês.
Miguel junta suas Mãos a frente de seu peito por alguns segundo, depois de se apoiar numa árvore, levantar e vai embora.