Anti-herói Invocado - Capítulo 17
Em meio a noite, os barulhos dos animais noturnos tomavam conta. Miguel caminha se esgueirando pelas árvores até chegar ao encontro das luzes de uma grande casa.
Com o constante e vagaroso som da neve sendo amassada pelos seus pés, o garoto se aproximava cada vez mais da casa que tinha formato de éle, fazendo um seminário contorno em um jardim enfeitado de arbustos e árvores.
As defesas já eram visíveis, aquela casa era rodeada de soldados, tendo não só alguns nas entradas como alguns que apenas rondavam pelo local.
Escondido atrás das árvores, que não se distanciaram nem quinze metros da casa, Miguel observa dois homens amargurados que tagarelavam enquanto caminhavam por um trio de pedras que era ligada a mansão.
“Não poderia esquecer esses rostos de arrombados em lugar algum”.
— Haha! Agora podemos relaxar, essa dívida vai ser paga com aquela adaga que o Igory levou ao lorde.
— Não via a hora, já faz tempo que não voltava para minha casa na capital. Trabalhar de soldado aqui é…
— Esqueça isso, estamos livres ago…
A conversa dos homens é interrompida por uma grande pedra que atinge o rosto do soldado, junto a pedra a mandíbula dele é arrancada do rosto, levando o homem diretamente ao chão.
— Arrombado de merda, — disse Miguel, pronto para socar o soldado que ainda estava em pé.
Ao mesmo tempo em que Miguel deu o soco, o homem desvia para o lado e revida com outro, que is direto ao estômago do garoto.
Miguel esquivou para o lado enquanto o homem leva sua mão até a cintura para sacar a espada.
— Pro seu azar eu tenho mão leve.
Miguel puxa a espada do soldado de suas próprias costas e perfura o estômago do homem, que fica imóvel e cospe sangue.
— Seu merda! Matou o Lione.
— Acho que você precisa se preocupar mais com você.
Miguel segurou o punhal com força e puxou para a esquerda, rasgando metade da barriga do homem, junto a armadura.
Após o homem cair, Miguel se ajoelha ofegante. Em sua camisa são formados grandes marcas de sangue, proveniente de suas feridas que haviam se aberto.
— Merda… — Miguel lacrimejava, ao mesmo tempo em que socou com força seu estômago e mantel o punho até respirar normalmente.
Miguel se levantou, se apoiando nos próprios joelhos, em seguida caminhando lentamente me direção as luzes das janelas.
— Acho que aqui é o bastante. Aprendi com o Brasil que toda segurança tem falha.
Com espaçados suspiros, Miguel observava uma das paredes da casa que não tinha ronda alguma de guardas, mesmo que logo acima houvesse uma pequena janela que expelia luz.
O garoto andou poucos metros para trás, se encontrando com uma grande árvore. Ele escala galho pó galho até chegar ao topo da árvore, onde não houvesse mais galhos firmes o bastante para sustentá-lo.
Engatinhando pelo último galho seguro da árvore, Miguel chegou até sua ponta. O garoto se levanta enquanto tenta se equilibrar. Em um salto desequilibrado, ele chega até a janela e agarra sua borda.
“Vai filha da puta!”.
Numa rápida puxada, o garoto se espreme para dentro. Tentando não fazer barulho com sua queda, ele faz os movimentos mais lentos possíveis, caindo quase como em câmera lenta.
“Tá, não devo estar tão longe assim, aquele lixo disse que a arma já tá com o lorde. Só preciso achar ele”.
Miguel anda vagarosamente pelo cômodo, ele havia entrado em um banheiro de pedra, nele havia apenas uma privada e um espelho logo ao lado da porta.
Miguel passa de uma só vez pela porta, abrindo-a de uma vez. Logo após sair do banheiro o garoto para por um instante, suspira e continua a andar sorrateiramente pela casa.
Miguel olha atenciosamente aos arredores, antes de se agachar. Sem pessoa alguma aos arredores, ele anda pelo corredor onde estava e chega a uma espaçosa sala com uma escada no meio que levava para baixo.
“Não tem ninguém aqui, também acho que ouvi conversas lá em baixo, melhor descer logo”.
Descendo-a vagarosamente, o garoto não perde tempo e procura por qualquer ser vivo no local, no entanto até mesmo uma tossindo faria eco naquele salão vazio.
Pouco distante da escadaria, estava um grande trono no meio do salão, que ficava de frente a uma enorme porta, atrás do trono, havia outro corredor com várias portas em si.
O garoto ignora toda aquela sala decorada com riquezas e suas vidraças enfeitadas, e vai em direção ao corredor.
Sem que ele nem houvesse pisado os pés no local, uma das portas mais ao fundo se abriu e uma voz logo foi ouvida de dentro.
O garoto corre na direção do trono e se senta nele para se esconder da pessoa que se aproximava rapidamente.
Na visão periférica do garoto, apenas uma empregada com algumas peças de roupas estava subindo rapidamente a escada.
— Licia porque está correndo tão rápido assim nas escadas? — Com uma voz grave mas feminina, alguém interrompe a pressa da empregada.
No topo da escadaria, a empregada é barrada por outra que parecia extremamente séria.
— Olá senhorita Luana, é-é que o lorde está escolhendo uma roupa para a reunião de hoje, parece ser algo sério então…
— Haaa. Entendi, tome cuidado para não cair, vou enviar uma carta do lorde para o rei.
As duas se separam, uma para cima e outra caminha até uma porta que parecia levar diretamente para fora da casa.
Após alguns segundos, o garoto sai de trás do trono e caminha novamente em direção ao corredor.
“Tenho quase certeza que aquela empregada saiu da mesma sala onde o lorde tá”.
Já tendo passado por algumas portas, o garoto fica de frente para uma, a única de que vazava alguma luz de dentro. O garoto leva sua mão até a maçaneta antes de dar um rápido suspiro. Ele puxa a porta até que esteja totalmente aberta.
Mesmo que a sala tivesse o tamanho de um quarto qualquer, parecia completamente dedicada para se vestir, em uma parede havia um gente espelho, com vários líquidos em potes.
No meio, um homem, alto e loiro, seus cabelos lhe faziam ser facilmente confundido com uma mulher, Miguel só não havia se confundido pela musculatura do homem sem roupas superiores, apesar de estar de costas para a porta.
O silêncio, Miguel permanecia nervoso e quieto, enquanto o lorde não falava nada enquanto apertava um pente de madeira até que se quebrasse.
— Licia, trouxe as rou… Você não é a licia.
O lorde virou sua cabeça até ver Miguel. Em seu rosto nenhuma felicidade era vista, pelo contrário, ele parecia muito frustrado.
Cruzando olhares, o garoto pareceu gelar por alguns segundos antes de ir em direção ao homem.
— Intruso. Ótimo para descontar minha raiva.
O homem se vira por completo e solta o pente em sua mão, assim que o garoto chegar perto de si, ele lhe dá um soco pela direita.
Miguel defende o soco com os dois braços, mas assim que ergue seu braço, outro soco vai em direção a suas costelas pela direita.
O garoto pulou para trás esquivando-se do soco e voltou para frente com outro pulo, socando a cara do lorde. Seu soco pega o maxilar em cheio levando o rosto do homem totalmente para a esquerda.
O homem se vira e chuta a barriga do garoto que cai de costas, em seguida ele aponta suas duas mãos para o garoto e fala algo, repentinamente uma esfera de água bate na barriga de Miguel.
“Um mago. Merda logo onde eu já estava machucado”.
O lorde continua apontando suas mãos, o garoto se levanta e logo é atacado por outra esfera. Por sorte Miguel ergue suas mãos a tempo para se defender.
O garoto corre e chuta com toda a força a barriga do homem, que tenta segurar totalmente em vão.
O homem é empurrado e bate suas costas em uma mesa de madeira derrubando diversos papéis além de uma adaga levemente cinza.
— Achei! — disse Miguel, olhando para a arma no chão.
Miguel agacha estendendo sua mão para pegá-la, mas é interrompido por uma joelhada do lorde.
— Você era o dono é, foi mal mas preciso dela para pagar outra injustiça do rei.
Outro chute do homem vai em direção ao rosto do garoto, que fica imobilizado no chão.
Miguel tenta empurrar a perna para cima, que quase não se mexia. De repente ele solta uma das mãos que segurava a perna e a estende em direção a adaga.
— Nada disso, você não pode levá-la consigo.
Miguel gira e fica livre, ele se levanta e dá outro soco na barriga do homem, que se contrai. O garoto da um chute na perna do homem que solta um estralo no mesmo momento.
— Seu bastardo! Vou ter que curar isso antes da reunião com os nobres!
O lorde fala palavras incompreensíveis antes de sua mão direita ser revestida por uma grossa camada de água, logo em seguida ele dá um gancho no garoto que fica desnorteado e cambaleia.
Miguel se agacha rapidamente e pega a adaga no chão, logo em seguida se afastando do lorde.
— Ei tome muito cuidado com isso, aposto que você nem sabe o que tem com você. Saiba que se eu morrer, todas as minhas vila ficarão sem proteção e logo serão atacadas.
— É Eu sei. E acho que sei bem mais do que você o que tenho aqui.
Miguel joga a adaga no peito do homem, a mesma continua cravada nele.
— Arrrk! Seu…!
Miguel interrompe os resmungou do lorde com um chute bem no punhal da adaga que entra quase por completo no peito dele.
— Aaaaa! Eu, não. — O lorde cospe sangue enquanto cai vagarosamente na direção garoto.
Miguel segurou o homem com dificuldade, ele gira o homem e o deita no chão, em seguida ele puxou a adaga do peito ate que ela estivesse totalmente no exterior do corpo.
Miguel se levantou com a arma em suas mãos. Completamente ofegante, o garoto caminha até uma bancada a seu lado. Se escorando nela.
O garoto olhou para frente, dando de cara com o espelho a sua frente. Miguel estala os olhos logo antes de levar suas mãos ao rosto. Suas olheiras eram enormes e escuras seus cabelos já desciam quase até seus ombros.
— Eu? Co-como assim?
A cara do garoto se moldou na surpresa, medo e raiva. Repentinamente Miguel leva seu punho até o espelho, que se estilhaços em centenas de cacos no chão
Em um breve grito de dor pelos cacos em sua mão, Miguel molhou novamente seus olhos.
— Rápido Cerquem a quarto! Vão por fora também!
As dezenas de passos ecoavam pelos corredores daquela mansão. Os soldados estavam se espalhando rapidamente por toda a área.
Miguel não parava de ofegar, parecia que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer segundo. Ele apertou seus olhos o máximo possível, tudo ficará negro e os passos foram ficando cada vez mais baixo.
O garoto abriu seus olhos, surpreendentemente tudo continuará completamente escuro e silencioso.
— Que nojento, você falha tanto. Sua vida não tem importância e você ainda escolhe acabar com a dos outros. Você é uma praga.
Miguel observa mais ao longe, aquela sombra se aproximava cada vez mais, seus passos s tornavam cada vez mais altos quase ensurdecedores, até que repentinamente param.
— Deveria agradecer a Kassiarel por estar a salvo.
A silhueta se desmancha revelando um garoto limpo e bem vestido. Ele era diferente, mas extremamente semelhante a Miguel, ainda que parecesse muito mais jovem.
— Na-não!
— Pare de se vitimizar, você matou papai e nós nos dividimos, ainda assim você continuou, você matou o tio também! Você escondeu seu corpo na casa, quanto tempo faz!? Você… lembra do cheiro?
— Para com isso, agora sou julgado até por mim mesmo.
— Não sou você, você fez não ser.
— Não importa! Eu não tive escolha, olha tudo o que tivemos que passar por conta deles!
— Quieto! Porquê o lixo dos outros é sempre mais fedido? Diga… o que você acha!
— Pare de besteira, enquanto estamos aqui…
— Diga! Não mude de assunto!
— E-eu… Não queria matar! Queria estar deitado agora na minha cama com meus pais do meu lado, não queria ter visto nenhum deles se despedaçar com o tempo! Também não queria ter matado esses soldados com famílias! Eu tinha sim uma opção, poderia ter morrido sem fazer nada! Tá feliz!?
— É claro que não. Me diz o que acontece agora! O que você vai fazer!?
— Não sei, mesmo que tenha chegado até aqui, ainda sinto vontade de desistir.
— Mas você pode, sempre é uma opção, ou nós podemos ir juntos! Podemos fugir, não precisamos assumir essa responsabilidade, vamos!
— Mas assim vou matar todas as pessoas dessas vilas, vão ficar com fome ate se atacarem.
— E daí? Do que importa? Vai mesmo ficar em uma cela para que os outros possam caminhar por aí?
— Eu também quero andar, quero saber qual a sensação de correr. Eu… quero que os que me deixaram na gaiola experimentem ficar sem pernas também.
Miguel aperta suas mãos enquanto direciona seu olhar irado fixamente para o garoto.
— Juntos, podemos nós fazê-los experimentarem. É só quebrar.
O garoto caminha até Miguel e aperta suas mãos que seguravam uma lamina.
— Vamos pegar todos.
— Vamos pegar todos.
Miguel limpa as lagrimas em seus olhos, novamente no quarto, fortes estrondos são ouvidos atrás da porta.
— Ei você, tenho certeza que é aquele cara da vila. Talvez você seja um terrorista, se entregue podemos aproveitar a viagem do lorde para a capital e levá-lo a julgamento. Você poderá ser julgado pelo rei e os invocados em pessoa!
— … Tão presos quanto eu.
Miguel desfere vários socos contra a adaga, que se trinca a cada golpe. Após sua sequência de golpes, a lamina finalmente se parte, como se fosse vidro. De dentro da arma uma grande fumaça preta é expelida, a mesma se alastra por todo o local.
— O que você está fazendo aí!?
A fumaça continua se alastrando pelo local, ela parecia de alguma forma querer sair como se tivesse vida própria, vazava tanto pela porta quanto pela janela, até pelo vão das paredes.
Miguel pula pela mesma parede pela qual a fumaça estava saindo, estando novamente fora da mansão. O garoto vê dois soldados que pareciam estar perdidos em meio a fumaça. Miguel aproveitou e continuou seguindo em linha reta o mais rápido que podia correr.
Nas suas costas a mansão ficava cada vez mais longe. Não demora muito e logo diversos monstros correm em direção a casa, desde goblins até lobos gigantes ou criaturas com formas inumanas que estavam escondidas nas árvores aos arredores da casa.
Os gritos agonizantes, tantos dos habitantes da casa, quanto dos monstros que morressem não paravam de chegar, era ecoados por todo canto. Miguel continua correndo sem olhar para trás. Logo a distância o sol já anunciava a alvorada, que não parava de brilhar.